quarta-feira, 30 de agosto de 2017

A Luz - XXVI


A Luz - '26'

Caminhando,  seguido pelos passos do Baio e a Pintada, com a Encantadora no sentimento,  nos olhos as cenas se formavam, pois onde olhava via os quatro eternos amigos,  as bagunças, o som das músicas, as risadas, as fogueiras.
Óh Lua quantas vezes tua luz de testemunha da promessa de boa fé de que quando acabasse a vida iríamos esperar pra voltar todos juntos,  pois se tem algo abençoado é o bom amigo verdade...

Alguns passos à frente a Pintada em disparada, vai sentido a cachoeira, mais que rápido o Mensageiro sai correndo, saltando sobre a anca do Baio e sai na corrida, na ‘cola’ da Pintada seu coração acelera, uma sensação gostosa. Ele desce do lombo do Baio, se aproxima e vê uma menina com uma flor na mão. 
Abre um sorriso e a Menina diz: Tudo bem?? 
Ele diz: Que sim!! 
Diz ela: Foi difícil?? 
Diz ele: Por muitas achei que não conseguiria... 
Diz ela: Sabe quem sou?? 
Diz ele: Meu Anjo! 
Ela sorri e diz: Força maior que a minha e a sua juntas,  foi a de seu Amor pela a Encantadora. O amor é muito poderoso. 
Ele responde:  É! Eu não sabia da força que eu tinha, até eu precisar me sacrificar, lutar pra voltar aqui onde tudo começou. Tantas lembranças. Preciso dizer à Graciosa sobre o Arpoador. Meu Amor tão perto, tantos sentimentos juntos, suga demais a vida, preciso de um pouco de paz, e ela está a passos de mim. Meu amor, minha vida, meu lar, meus simples afazeres, que delícia!! Que delícia!! Que delícia!! 
A menina sorri com uma lágrima nos olhos,  pois sabia que estava chegando a hora de descer à vida, pois por um momento cuidou desse amor e agora esse amor aqui na terra a cuidaria...

Cansado ele vai pescar. A noite chegando precisa se alimentar não só o corpo, mas também seu espírito, pois está muito sofrido, atacado por todos os lados nesses dias difíceis que tem sido amar. Se sentir vivo é difícil, mas é preciso.  Quando se é alma absorve muito mais dos que vivem pra Moeda que Brilha, é difícil ter sensibilidade nos olhos, ouvidos e jeito de ver e levar a vida. É difícil combater o inimigo, a tentação e a fraqueza...

Volta o Mensageiro com a madeira e o peixe, a Menina deitada sobre a Pintada, a Lua sorrindo, a fogueira acesa,  uma energia boa. O Mensageiro adormece, inicia-se a viagem espiritual. Já fora de si, vai a um lugar único, tão íntimo, que poucos se permitem. É o de julgar a si mesmo permitindo-se aceitar o que realmente é, o que realmente ver  para que serve, para que veio. Se é alguém ou se não é nada, se é bom ou ruim, sombra ou luz, dia ou noite, vida ou morte, azar ou sorte, e a Menina ali o iluminando garantindo sua volta com a real consciência do que é do que quer...

Amanhece, o Mensageiro acorda.  A Menina tinha partido. Uma sensação gostosa. Ele todo largado olhando o céu, desenhado um anjo na areia. A Menina no pensamento, a Encantadora no coração, o bom caminho na razão, uma vontade de não fazer nada, tudo tão perfeito que não dá vontade de mexer, ha tantos e tantos dias a vida batia, tudo dando errado, tipo fase maldita. Agora ali paz, alegria, há um passo de seu amor, sua força na luta e nos momentos só é também de dor, sorrindo, chorando, tudo junto o desejo do amanhã com a alegria, do ontem onde ela se fez vida e viva pra todo sempre com a força do amor de almas que de tão abençoado. Que pra uns é pura fantasia...

Levanta todo preguiçoso, entra na cachoeira e ali fica largado, deixando lavar até a alma, sem pensamentos, apenas quieto, sentido- se vivo. Aos olhos, a cena de namoro e brincadeira do Baio e a Pintada, amigos de caminhada nessa difícil jornada. Já animado coloca seu melhor pano, agradece seu anjo, conversa com Deus e sai em direção à sua amiga Graciosa com uma dor no coração, saudade de seu amigo, seu irmão Arpoador que tanto lê, trouxe alegrias, hoje trás a dor da perda e a alegria da boa saudade...

Por Rodrigo 'cC'