No Cume - '24'
Empolgado com sonho, pois nada tão lindo tinha acontecido
nesse caminho de espinhos. Volta a si o Mensageiro se reencontrando em seu
pensamento, totalmente livre dos venenos que nesses tempos entre o perigo da
libido e do inimigo trouxeram, transformado em medo, mas a vida é de momentos
e de volta, estão vivos os seus sonhos lá do começo, quando vivia e não
sobrevivia, de olhar de novo nos olhos da Encantadora, fazer seu Veleiro, sair
sem destino e viver esse amor que se fez forte no sacrifício...
Cavalgando nos
campos de natureza farta, apreciando esse novo mundo tão lindo e puro, seu povo
não serve a Reis, mas também são explorados por eles, sua crença é a Mãe
Natureza. Veem a vida com beleza, tendo certeza que a alma precisa estar na pureza. Na pele pinturas, poucas vestimentas e muitas penas. O último povo na terra ainda
puro, até a chegada do velho mundo e muda tudo trazendo a má fé, a ganância entre
outros absurdos...
À frente reconhece o Cume onde subia com a Encantadora, a Graciosa e seu amigo Arpoador. Que saudade sentia, do tempo de jovem, onde parecia
estar passeando pela vida, praia, musica, diversão e alegria, mas amadurece-se, vai
embora a inocência, as brincadeiras, vem a adolescência, tempo de adrenalina e logo
chega a idade e vem a responsabilidade cercada de dificuldades...
Chegando ao Cume
avista os navios no mar, a vila na praia. De repente ele sente uma sensação ruim, olha
pra trás e vê o Arpoador, mas não da atenção, apenas faz um desejo a Deus que
acompanhe seu amigo. Ali no Cume lembra-se de uma floresta de árvores pequenas
carregadas de vidas, em seus galhos muitas orquídeas e folhagens um lugar
lindo...
A Encantadora em seu lar, cuidando do seu pomar e jardim que construiu com
os mimos do Mensageiro que sempre saia e voltava ligeiro. Na esperança do
retorno de seu amado que a meses tinha saído e ela apenas tinha o sentido, mas
não sabia se estava indo ou vindo, isso a torturava, pois ela mais que si o
amava, ele a tinha tornado encantada, mas ela sabia que ele estava vivo...
A
Graciosa a dias ansiosa, como se assustada com o que tinha lido no abraço do
Arpoador que também tinha partido à meses. Ela tentando entender o que seria isso
de ela ver antes de acontecer e ela sabia que ele ia atrás da lenda da Menina
Pequena e do protetor das geleiras, pois em suas últimas palavras, falava com verdade
nos olhos como se também soubesse que se despedia e que aquele abraço seria o último em seu amor pra nunca mais ser visto...
Nervosa a Graciosa vai até a casa da
Encantadora de coração apertado contando sobre esse Don Proibido que
ultimamente quando tocava ás pessoas, as almas que iam partir, ela sentia e que
estava assustada, pois ao abraçar o Arpoador, ela leu sua despedida, sentindo algo
tão bom e perigoso naquele abraço, que deu vontade de não soltar mais e viver ali. Mas esse Don da cura precisa de um sacrifício: Ter um coração puro, uma mente
limpa e o amor entre um homem e uma mulher ás vezes deixa tudo turvo...
A
Encantadora diz: - O Arpoador sempre respeitou e nós duas sabemos desse amor dele
por você, mesmo sem ele nunca ter lhe dito, ele vive só até hoje, guardando o amor
dele pra você.
Diz a Graciosa: - Eu sei, mas meu amor é por todos, dedico minha vida
a ajudar o próximo. Minha alma veio pra cumprir essa missão, mas eu penso em parar, eu não quero saber nada do que vai acontecer com as pessoas, pois eu amo
todas...
Diz a Encantadora: - Estou com saudade do meu Mensageiro! Eu não devia ter dito pra ele ir, ele não queria! Mas eu insisti e agora estou aqui sozinha e ele por
ai. É difícil isso de sentir, às vezes é bom em outras dói, é como se nossas
almas fossem ligadas.
Diz a Graciosa: - Esse amor é eterno, é um amor entre almas, tem pureza, nada o corrompe, nem mesmo a riqueza, nem a tentação, nem mesmo a
maldição!...
Sentado, relaxando, fumando seu cachimbo bem na paz, olhando seu
destino, de coração aliviado fala pra Deus: - Eu sei que o mal está no chão e anda entre nós, eu consigo distinguir hoje o que é de Deus e o que é
do Homem, o que é do Mal. Não gosto da Moeda que Brilha! Invenção do Mal, dada
aos homens pra desviar o real sentido da vida trazendo diferença entre nós e
acredito que o Senhor não intervém no mal que causa tudo isso, pois assim
separa os bons dos ruins. Vejo a guerra e tudo que gira em torno da Moeda que
Brilha, tenho medo do que essa maldição do velho mundo possa vir a fazer no
novo mundo e eu te agradeço essa vida difícil, pois assim me conheci melhor e
evolui. Sei que o Senhor é gigante e está em tudo eu te vi de várias maneiras
em minha jornada, entre outros povos, outras crenças. O Mensageiro levanta-se e
desce do Cume sentido seu lar...
-Por Rodrigo 'cC'-