quarta-feira, 30 de agosto de 2017

No Cume - XXIV

No Cume - '24'

Empolgado com sonho, pois nada tão lindo tinha acontecido nesse caminho de espinhos. Volta a si o Mensageiro se reencontrando em seu pensamento, totalmente livre dos venenos que nesses tempos entre o perigo da libido e do inimigo trouxeram, transformado em medo, mas a vida é de momentos e de volta, estão vivos os seus sonhos lá do começo, quando vivia e não sobrevivia, de olhar de novo nos olhos da Encantadora, fazer seu Veleiro, sair sem destino e viver esse amor que se fez forte no sacrifício... 

Cavalgando nos campos de natureza farta, apreciando esse novo mundo tão lindo e puro, seu povo não serve a Reis, mas também são explorados por eles, sua crença é a Mãe Natureza. Veem a vida com beleza, tendo certeza que a alma precisa estar na pureza. Na pele pinturas, poucas vestimentas e muitas penas. O último povo na terra ainda puro, até a chegada do velho mundo e muda tudo trazendo a má fé, a ganância entre outros absurdos... 

À frente reconhece o Cume onde subia com a Encantadora, a Graciosa e seu amigo Arpoador. Que saudade sentia, do tempo de jovem, onde parecia estar passeando pela vida, praia, musica, diversão e alegria, mas amadurece-se, vai embora a inocência, as brincadeiras, vem a adolescência, tempo de adrenalina e logo chega a idade e vem a responsabilidade cercada de dificuldades... 
Chegando ao Cume avista os navios no mar, a vila na praia. De repente ele sente uma sensação ruim, olha pra trás e vê o Arpoador,  mas não da atenção, apenas faz um desejo a Deus que acompanhe seu amigo. Ali no Cume lembra-se de uma floresta de árvores pequenas carregadas de vidas, em seus galhos muitas orquídeas e folhagens um lugar lindo... 

A Encantadora em seu lar, cuidando do seu pomar e jardim que construiu com os mimos do Mensageiro que sempre saia e voltava ligeiro. Na esperança do retorno de seu amado que a meses tinha saído e ela apenas tinha o sentido, mas não sabia se estava indo ou vindo, isso a torturava, pois ela mais que si o amava, ele a tinha tornado encantada, mas ela sabia que ele estava vivo... 

A Graciosa a dias ansiosa, como se assustada com o que tinha lido no abraço do Arpoador que também tinha partido à meses. Ela tentando entender o que seria isso de ela ver antes de acontecer e ela sabia que ele ia atrás da lenda da Menina Pequena e do protetor das geleiras, pois em suas últimas palavras, falava com verdade nos olhos como se também soubesse que se despedia e que aquele abraço seria o último em seu amor pra nunca mais ser visto... 
Nervosa a Graciosa vai até a casa da Encantadora de coração apertado contando sobre esse Don Proibido que ultimamente quando tocava ás pessoas, as almas que iam partir, ela sentia e que estava assustada, pois ao abraçar o Arpoador, ela leu sua despedida, sentindo algo tão bom e perigoso naquele abraço, que deu vontade de não soltar mais e viver ali. Mas esse Don da cura precisa de um sacrifício: Ter um coração puro, uma mente limpa e o amor entre um homem e uma mulher ás vezes deixa tudo turvo...  

A Encantadora diz: - O Arpoador sempre respeitou e nós duas sabemos desse amor dele por você, mesmo sem ele nunca ter lhe dito, ele vive só até hoje, guardando o amor dele pra você.
Diz a Graciosa: - Eu sei, mas meu amor é por todos, dedico minha vida a ajudar o próximo. Minha alma veio pra cumprir essa missão, mas eu penso em parar, eu não quero saber nada do que vai acontecer com as pessoas, pois eu amo todas...
Diz a Encantadora: - Estou com saudade do meu Mensageiro! Eu não devia ter dito pra ele ir, ele não queria! Mas eu insisti e agora estou aqui sozinha e ele por ai. É difícil isso de sentir, às vezes é bom em outras dói, é como se nossas almas fossem ligadas.
Diz a Graciosa: - Esse amor é eterno, é um amor entre almas, tem pureza, nada o corrompe, nem mesmo a riqueza, nem a tentação, nem mesmo a maldição!... 

Sentado, relaxando, fumando seu cachimbo bem na paz, olhando seu destino, de coração aliviado fala pra Deus: - Eu sei que o mal está no chão e anda entre nós, eu consigo distinguir hoje o que é de Deus  e o que é do Homem,  o que é do Mal. Não gosto da Moeda que Brilha! Invenção do Mal, dada aos homens pra desviar o real sentido da vida trazendo diferença entre nós e acredito que o Senhor não intervém no mal que causa tudo isso, pois assim separa os bons dos ruins. Vejo a guerra e tudo que gira em torno da Moeda que Brilha, tenho medo do que essa maldição do velho mundo possa vir a fazer no novo mundo e eu te agradeço essa vida difícil, pois assim me conheci melhor e evolui. Sei que o Senhor é gigante e está em tudo eu te vi de várias maneiras em minha jornada, entre outros povos, outras crenças. O Mensageiro levanta-se e desce do Cume sentido seu lar...

-Por Rodrigo 'cC'-