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quinta-feira, 25 de maio de 2023

Jerônimo - (Conto Rodrigo 'cC')


Jerônimo
(Por Rodrigo ‘cC)
Paraná
- Oi, tudo bem Piá? -Gostou mais de qual desses? - Eu gosto da tartaruga que leva a vida com calma sem pressa de chegar ao fim. - Já foi ver a onça?
- Espere ai, vou falar pra mãe que vamos ver a onça.
- Calma espere!! -Sua mãe não pode me ver.
E vem o: - “MAS” por quê?
- É que só algumas crianças que me veem. Já vi me chamarem de amigo imaginário e até gostei, mas sou Genôrimo.
Diz o Curioso:- É Jerônimo.
E recebe um: - Foi o que disse. - Genôrimo.
E de volta vem o: - Então tá.
Jerônimo conta que gostou de brincar no Parque Alvorada e conviver com os animais aqui no Passeio Público levou sóis e luas assim.
- E ninguém lhe vê?  
Diz o Curioso e recebe de resposta do imaginário Jerônimo:
- Só algumas crianças que tem essa chance de olhar entre o tempo e o espaço.
O Curioso diz: Mas como vamos ver a tal onça se não posso falar com estranho?
Responde o Jerônimo: -É, sou bem estranho mesmo, mas faz assim. -Pega sua mãe pela mão e me segue.
Assim faz o Curioso que no caminho vai quieto e o Jerônimo tagarelando:
- Gosta de gatos? Pois agora verá o maior de sua vida. -Na floresta anda livre, é a poderosa mais temida, sendo a mais habilidosa, lutadora de toda a mata atlântica, mas aqui - Tadinha está agoniada, feita pelo homem na jaula uma fraca, sofrida esperando os dias ao fim da vida.
O Curioso diz: Mas todos esses animais existem na natureza?
Jerônimo diz: - Sim! Em algum lugar nesse mundão, obra da criação.
A mãe do Curioso distraída como se tivesse algo lhe afligindo, se distrai e anda muitos passos atrás. Os dois em caminhada pelo Passeio Público, o Curioso abismado com o tamanho das Carpas alaranjadas em meio a outras gigantes.  
O Jerônimo fala ao Curioso: - Pegue os frutos do jerivá, jogue na água e se encante com o tamanho da quantidade.
Assim o Curioso faz, pois já havia percebido no primeiro contato no parquinho onde só ele movia a areia para o castelo, enquanto "Jerônimo" no seu faz de conta me ajudava em nosso castelo imaginário. Sim é hilário, mas ele não me espanta e sim sua sabedoria a um Curioso encantar.
A conversa anda e de repente o Curioso vê o pouso das aves brancas e Jerônimo diz:
- Essa é a cegonha, diz à lenda que elas trazem os bebês a Curitiba.
 Abismado o curioso vê uma porta e vai em sua direção, ao entrar vê uma sucuri gigante, aranhas variadas, entre outras cobras, mas um barulho lhe chama atenção, é o chocalho de uma cascavel onde leva a mão no vidro e ouve de Jerônimo:
 -Se fosse na natureza você estava pego, estava morto! - Tá maluco Piá? -Não se Iluda com o que te atrai na vida, o que cobiça os olhos e ouvidos vem do perigo, atente-se com isso. - Vai viver uma única vez nessa pele, de valor a vida lhe dada, ande com todos, mas ande só, não conte de sua vida, não deixe que lhe julguem pela sua própria boca, isso é um perigo!
Curioso, nervoso retruca: - Nunca nem minha mãe falou assim comigo!
Fecha a cara, mas vê que se não fosse o vidro a vida podia ter se ido ao encanto da cobra pelo barulho no ouvido. 
Já lá fora Curioso encanta-se com as araras de todas as cores, papagaios contando de algo que lhes foi dito quando nas mãos do homem, presos sozinhos àquilo, ver os dias perdidos. No gigante viveiro, primavera, canto de todas as cores sabiás pretas, correntinhas brancas, laranjeiras, coleirinhas, pintassilgo, o nervoso canário terra ,o bem te vi, o sanhaço, o saíra, o beija-flor, o joão-de-barro, sangue de boi, curió, tiziu, entre outros tantos. 
Uma moça sentada no banco lendo, seus olhos em lágrimas a história estar comovente, a outra num pra cá e pra lá os cabelos ao vento esperando algo..

Num outro momento, no pedalinho quanta alegria era, Curioso que só ria e com toda força pedalava, aquele primeiro contanto com a maravilhosa sensação do pedalo. Seu passeio perto da margem do lago, muitos micos em atrapalhadas de um-pega-num- pega, as cegonhas alçando voos com seus gritos e já imaginava se seria um piá ou uma guria a nova criança que a Curitiba chegaria.
 Já fora do Pedalinho que havia levado o Curioso a um mundo encantado, olha para outra direção e vê a roda gigante. É o Parque Alvorada o lugar mais legal que eu iria em minha vida, um ônibus gigante vermelho envidraçado cortava a cena entre a sombra das árvores, o barulho do recreio no Colégio Tiradentes.
O dia passa... Na Praça dos Gigantes pelados em pedra entalhada, meu olhar sentido leste, Inácio Lustosa lá no fim o sol se ia, olho à minha direita, cabeludos, rock and roll, Let's dance. O gigantesco Shopping Mueller.
Minha mãe pergunta: - Shopping ou parque?
Na mesma hora a puxo em direção ao parque.

Um dia de alegria, muita mesmo, um dia daqueles em que se esquece do mundo. No giro da roda gigante Curioso perguntou:
-E essa sua roupa, calça bege, camisa de saco e sandália de couro, marcas nas costas?
 Jerônimo diz: - Vim de outro tempo.
Curioso pergunta: - O que lhe aconteceu?
Jerônimo diz: Morri no tronco para que castigassem meu Pai, mas esquece disso, hoje é um dia único de alegria.
O Curioso entendeu na alma o que disse Jerônimo de que essa Curitiba primitiva não existe mais e no carrinho bate-bate quanta risada do Curioso qual batia mais que andava. No terror do trem fantasma, mas que nada! -Sou Imaginário alma boa, não atormentada. E o riso frouxo a noite toda. Agora a lua cheia iluminava a cena da despedida e o agradecimento do Curioso que há um dia havia enterrado seu pai e hoje apenas deu o dia de paz a sua mãe reagindo alegremente, acalmando seu coração com a melhor reação, após o pior dia como um sinal de paz a vida que seguiria.

Hoje aqui sentado no Passeio Público, trinta anos depois de não ver mais o "Genôrimo", me lembro desse dia entre tantos outros que me livrou da maldade, sei que cresci e já não consigo te deixar entrar no meu imaginar, mas sinto que aqui está e sua mensagem a mim guardada; de ser grato por não ser pior, por acordar e ir dormir..
Musica: Valeu Amigo - Mcs Pikeno e Menor 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Puta - (Conto Rodrigo 'cC')


Puta...
(Por Rodrigo 'cC)

Inicio dos anos noventa Paraná..
Um Lar pobre, meus pais evangélicos de educação rígida. A maior força dentro do lar era Deus. Eu “porra loka” nada gostava do que vivia, panelas sempre vazias, parei de estudar no primário, pois mais que o lápis, o feijão era necessário. Vida de favela, valeta aberta, cercas banguelas de madeira, no campinho a bola ia e atrás a piazada levando a poeira, num ouvir dizer do tal do filme do Rambo, hoje brincaremos de novo com a imaginação, armas de madeira a mão: Matei? -Não matou. - Não? Pronto, dois piás saindo no soco e bem louco ficou o ancião: -Parem! Parem com isso! Mas que nada, é assim mesmo a piazada que sai na “porrada” e no outro momento saem correndo no olhar mãe se esconde e na pergunta: - limpou a casa? – Não. Então ai vem a surra que fazia gritar no ar a vara de marmelo, quando era do pai a escolha era humilde, batia com o que via, vassoura, fio de luz, com mão, nem media a força que machucava no fundo da alma, mas que nada é assim que se educa, pois dizia que em seu tempo de criança nem falar podia ,que era hora pra tudo, que nem lembrava de brincar, apenas as sementes de café catar uma a uma, dia após dia. 

Até que se viu grande na vida, mas só no tamanho, pois o trabalho agora na cidade era árduo, fazia a tal massa, construía casas, mas não tinha a sua, pagava até pra respirar, pois nem doente podia ficar. Quanta judiaria era manter uma família, minha mão era mágica na agulha, fazia de um trapo dado pelas patroas, pois quase todas trabalhavam em diárias pra Famílias ricas e esses trapos que já não serviam tornavam-se uma nova roupa, cheia de vida, nem a mesma parecia. Em seu olhar a alegria de transformar reciclar e do que já não servia um sorriso roubar, mas que nada sua filha ingrata, mas preferida, pois fazia tudo que os meus pais queriam.  Ela fingia, fazia a boa menina, eu era sapeca guria tipo moleca pulava feito perereca, gostava mesmo de aprontar.
Tornei-me a dita sapeca, mas era verdadeira, não conseguia viver a mentira que nada mais é do que uma traíra que vai te morder um dia e nada dura para sempre. Por isso a dura árvore solta à semente, mas não há o que faça. Quem gosta sempre mente, tem problema de ser si mesmo e arruma jeitos e argumentos para ser mais do que é, como se ninguém a conhecesse, pensa que a mentira para sempre será segredo, mas que tolice desperdiçar a vida criando ferida as quais te acompanharão para o resto da vida.

 A adolescência chegou, minha irmã tipo àquelas que passam o dia e a noite pela janela falando tipo tagarela do que não interessa.
Eu a maluca sem estudo, sem coragem, a passar a vida sendo diarista. Virei puta!
Musica: No soy una señora - Loredana Berte

Da minha casa fui expulsa, mas não estava nem vendo. Por dentro já vinha doendo desde pequena por ser tratada na indiferença, pois para minha família toda correta, eu já estava perdida muito cedo na vida ser assim, eles mesmos me diziam o que podia esperar da vida.
Fui para o mundo, nada para mim era absurdo.
O tempo passou, sou muito gata, bundão, peitão, rosto perfeito, mais que rápido um velho desses que gosta de ter uma “novinha” para se sentir “O Cara” queria me bancar, mas que nada: - O que vou querer com um velho babão direto, de papo besta se achando o garotão? -Credo! - Isso não é pra mim não. -- Minha Irmã toda certinha, trinta anos, dentro de casa, tipo parasita com filho de mais de um e sou eu que sou a puta. Mas vai que vai, não tem o que faça minha mãe por mim de coração partido e pra minha irmã decepcionada, mas para o pai eu sou a vergonha da família. Na verdade não sou vergonha e sim sem vergonha. Sem vergonha de ser quem sou e me aceitar. “Dane- se” o que tu venhas pensar. Sim na adolescência eu estava perdida, mas agora sei bem o que faço da vida, por isso para marido de tantas eu “dei” e hoje estou formada, mas por muitos fui julgada. Há anos quando fui mãe, meu Filho sofria, mas o engraçado é que eu que brincava com o filho no parque, ia ao estádio gritar junto torcendo ao seu lado, foi eu que com meu filho nunca dei um grito, foi eu que sentava todo dia na mesa da sala fazer a lição, assim junto, foi eu mãe solteira que conquistei a amizade do meu filho ao ponto de nele nem mais doer o dito “o filho da puta”, tudo na conversa, na palavra bem dita, na verdade de dizer meus porquês.

Hoje já adolescente, meu filho de mim tem orgulho, sou médica oncologista pediatra, acalmo essas crianças, dou esperança a elas no leito de morte, que nada tem culpa e nem me veem como uma puta, pois quando Deus toca nossa vida precisamos apenas deixar que toque a cura e não que ser puta tenha sido uma doença, pois sem essa puta não existiria essa oncologista, mas assim que deixei a “puta” me veio a maior maravilha, o Amor da minha vida, um homem que nesse meio tempo que me amou incondicionalmente, me fez ver a vida diferente.  Um anjo desses sem asa que Deus envia e a gente nem desconfia e na moral e no respeito uma me mostrando o outro lado da vida. Conheci-o na noitada, numa balada, pois tirando o de casa e vaidade o resto era cerveja e balada. Mas que nada!! Eu “puta” fui ludibriada pelo poder da boa palavra, por um homem que me amava mais que tudo, me ajudou a entender o que eu mesma por mim podia fazer.

Voltei mulher para os estudos na escola parecia que em minha testa estava estampado “Puta”, mas sem amargura o foco é a cura que vinha na palavra mansa de quem o meu bem queria na vida e assim fomos nos envolvendo.  Eu queria transar, mas o homem só fazia amor, então ao vestido branco eu me envolvia e meu filho nos olhos sorria. Uma nova vida, um lar, pena foi o Julgamento, porque da vila onde nasci precisei ir embora, pois ali meu Filho feliz, nada mais era que um filho da puta e meu homem um “corno”, mas que nada!! Isso são só palavras. O perigo é a energia ruim, essa sim faz mal, o que nos é lançado pelos maus falados da vida que se apagam e iluminam e que por muitas não dependem apenas da gente que se não dermos atenção é capaz de nos deixar doentes na mente. Eu nunca me deixei abalar com o simples errado, julgado da palavra maldita, presto atenção na palavra bendita que sim soma. A vida nada me diminuiu e nunca fui puta, pois até onde sei “puta” é a namorada, a casada que se faz de santa, mas é safada, que faz do homem “corno”. Aquele que sabe e aceita ou o traído que nem sabe que está lhe desperdiçando a vida. Mas digo que quando fui garota de programa eu não procurava sexo, eram eles que me procuravam e tinham de tudo.
O Mal amado só colocava lágrimas sobre o lençol, sendo que a analista é mais barato. Tinha os que nunca tinham acontecido, davam aquela desculpa por da uma broxada. Tinha o chato carente que pensava que eu era sua amada. Mas que nada!! Ficava falando, a hora passava e já mandava pra lá. Tinha os bêbados que nada fazia, nem sabiam o que diziam. Tinha os rapidinhos já chegava e saía todo sem graça. Tinha os bravos, esses davam problemas era só soco e grito, mas logo passava, no fundo era comédia, mas quer sexo.

Hoje estou curada pelo Amor de um homem de prazer gostoso, sabe tudo onde, quando e como.  Até o som da sua voz me leva a delirar, não peco nos olhos, pensamentos,  não comparo meu homem ao da amiga, não me apego a vaidade, na atração a homens, estou salva, mudei minha vida, minha alma, mas não me arrependo, pois essa foi minha vida, minhas escolhas, minha escola..

Musica: O Amor - Novo Tom

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Mãe - (Conto Rodrigo 'cC')


MÃE
(Por Rodrigo 'cC)
Paraná...
Isso aconteceu comigo, meu nome é Esperança.
Ainda muito jovem na escola, adolescência atraente que mexe com o corpo, o desejo se esquece do medo, uma aventura, loucura do escondido, do proibido mistura louca de certo e errado. Sentimentos, anseios pelos sonhos, desejos que se tornem presente aquela pressa. Aquele Menino que passava perto meu corpo reagia, já nem era o pensamento que me dominava, era um fogo em meio ao corpo, minha própria saliva tocando meus lábios o gosto, um anseio ao pecado na musica que ouvia, nas minhas viagens sonhando acordada sozinha.
Esse Menino me enlouquece me aquece e nem me percebe, por outro lado o Cabeludo de tanto me perceber me conhece, sabe o que diz, também sei que tem a saliva que molha os lábios por mim. Um desejo piá louco que só quer amar, mas como ir contra o meu corpo, contra o que desejo, contra o que atropela meu pensamento, como se não fosse nada?  Aquele que faz de tudo, não faz sentido nenhum em meu mundo. Que loucura estar perdida em um sei lá na vida.

O tempo passava a chama em mim aumentava, tinha por necessidade maior que tudo daquele Menino que mexia comigo em todos os sentidos, fui que nem vi. Eu já era quem não era, queria ele pra mim, mudei de comportamento, coloquei um shortinho, fiz a louca, comecei a colar nos “rolês” da pracinha na vila skate, uma bolinha na quadra,as gurias, as piazadas. Adolescentes,  não há o que façam geração pós geração fervendo a praça.

Eu nada combinava com a personagem que vesti para atrair o Menino que com um sorriso veio e me disse: - Gosto de você do jeito que é! O natural atrai. Eu sem saber o que dizer, cheguei perto e dele roubei um beijo. ---Mas que beijo se nem beijar sabia?---  então ouvi um... - Calma Esperança, eu lhe ensino. Assim tudo calminho, fui entrando no perigo.
O Cabeludo ali de coração partido, nunca mais olhou para mim ou falou comigo, ali se perdeu no caminho, tornou-se na vila o dito chamado de perigo e assim ficou conhecido e eu movida pelo desejo e o que me interessava na vida, o menino trabalhador, um lindo.

O tempo foi passando e mais e mais eu me empolgando pelos desejos do corpo e da mente; baladas, churrascos, festinhas, escola, namorava o Menino do “rolê” que todas queriam,  mas o Menino me levava para casa, ia dormir, tudo certinho, que orgulho eu sentia. Ele sempre me cuidando, ligando no residencial para cuidar de mim. Era bom dia, boa noite, toda vez que ia comer algo diferente me levava, toda semana cinema, uma vida regrada, tipo agendada, no resto ele ficava em casa, um Menino tranquilo.

Mas sem que eu percebesse o Menino com seu personagem vestido era um cara da noite, curtia uns postos de gasolina, tinha um automóvel Kadet GSI turbinado, fazia rachas, arrastava as gurias do tudo topa para os “roles,” muito sexo por drogas e cervejas, um cara violento com as gurias do topa tudo. Ele era conhecido por talvez uns assassinatos, desses que ninguém sabe ninguém viu. Trabalhava de segunda a sábado livre de suspeitas, a família o via como o filhão.
De repente cai a máscara do personagem do Menino. Numa sexta feira em um posto de gasolina uma das gurias do "topa tudo" acabou que o enfeitiçou. Já tomava conta da carteira, do dinheiro e por ela ser aventureira deu moral a um outro piá, desses encantador pela beleza e o Menino ficou louco, pegou a pistola e em frente a todos sem pensar em seu personagem, mata sem dó o Piá e foi sem chance. As câmeras pegaram tudo, e o Menino fez a fuga do local.

Passaram dois dias quando o Menino apareceu em casa, a família e eu preocupada querendo  entender o que meus olhos viram nas imagens, mas meu coração tolo fingia que não via. Eu desequilibrada, acredito no Menino que me convenceu no mansinho que foi um vacilo e que nunca mais vai me trair ou matar alguém. Eu acreditei.

Réu primário, Brasil, nem ficou preso muito tempo.
Eu ia ao presido visitar meu Menino tão fofo, lindo comigo. Eu vi o Cabeludo lá, nem dei moral. Credo! Aquele vagabundo chamado perigo que isso!!  Deus me livre de ele me amar, tenho nojo dele, bandido. Sem olhar direito, vivendo o efeito do veneno de um personagem o qual veste seu Menino que só se importa consigo mesmo.  

Meu Menino fora da cadeia, tudo certo. Já tínhamos uma casa pronta esperando, pois quando o Menino preso recebia auxilio reclusão, eu trabalhando, a família ajudando.
Engravido, estou que é só alegria, ai chega a realidade cruel, a convivência, o de fato conhecer quem tu ama, quem tu oferece seus dias, sua vida. Essa foi à hora que me vi sendo agredida verbalmente por um homem que amava apenas si mesmo, queria só saber de cerveja, futebol com os amigos, pescaria, nem parecia que eu existia. Virei um nada na vida com minha filha pequena, com um pai que nem a percebia, acreditava que comprar o que precisava bastava, que nada tinha a ver com isso.
 Eu presa a uma vida que eu mesma criei, um monstro que eu alimentei. Agora um “noiado” de cocaína, vivia “duro,” me fazia lhe dar dinheiro, nem via nossa filha pequena. O amor que eu sentia foi embora e eu presa a uma vida que não queria, mas fraca de ideia não tomava atitude de sair disso.

O tempo foi passando... e sem o personagem o Menino virou monstro, não me sentia fazendo amor e sim estuprada, violentada, mentalmente fraca, acuada, sem vida, sem desejo por ela que seja.
Tento sair de casa escondida, fui flagrada e apanhei até quase a morte. Fui salva pelo cachorro que ele só maltratava chutava e naquele momento vi um anjo envolto a pelos de um grande cachorro vira lata. Os gritos, os vizinhos, minha filha caída num canto, eu na alma sangrando, a vida se indo como num espanto.

Meses depois acordo na UTI gritando minha filha, tudo se acalma. Estamos bem, estamos vivas. De volta ao meu lar, minha família, minha vila, a praça que agora brinco com minha filha, o Menino na cadeia de vulgo cicatriz, pois as tem por todo o corpo dada pelo cachorro vira-lata que foi meu anjo.
Então retomo minha vida, volto ao trabalho,  mas me volta o pesadelo. Minha filha com leucemia dias de hoje com uma chance de cura, uma nova vida, um cordão umbilical a célula angelical qual é capaz de livrar minha filha do sofrimento da morte certa.
Incerta estava minha emoção de depender de monstro para salvar minha filha.
Desesperada sem parar de tremer, pois o que de pior poderia acontecer. Tenta na justiça, mas o monstro se nega a ceder o seu espermatozoide para que essa vida seja gerada e sua filha salva, mas o Monstro quer a ver humilhada e quer dar a chance única que seja na forma natural, pois é pura a face do mal.

Eu em loucura sou chamada ao sacrifício, aceitar e ter que me deitar com quem tanto me estuprou para para salvar minha filha. A vida veio na forma maldita, mas eu vou salvar e começar as visitas intima.
O Cabeludo sabendo de tudo, o próprio perigo, por ela mal visto, maldito. Com sua moral no sistema prisional consegue transferência e chega ao presidio onde se encontra o Menino e assim que encarcerado vai até a cela do monstro e lhe dá uma única chance. A de fazer a coleta do espermatozoide que ele está com tudo certo ou será sua morte da forma mais dolorosa possível. O Monstro se” borrou todo”, pois sentiu o medo, topa. O Cabeludo conceituado, conhecido até mesmo pelo secretario do estado, faz com que a cena aconteça.
Tudo conquistado, sendo pago com o poder do respeito de quem no sistema tem o poder, sabe o que está dizendo que tem voz do lado de cá e o sistema não é bobo sabe que ele é faísca e que nada será bom o fogo. 

Chega o dia da visita intima a Esperança acabada sem dormir, sem paz, sem vida, há dias, entra sem pensar, pois seu único guia é sacrificar-se por sua filha. Ao entrar na visita se depara com o Cabeludo ao lado do Monstro com cara de assustado, o Cabeludo diz o que ele fez e que é para ela que faça a inseminação. Está tudo pago  e certo na clínica e salve sua filha. Ela com o mais belo sorriso, por uma mãe já dado, sai em disparada em alegria para salvar sua filha como se toda dor de uma vida fosse embora num só dia.

O Cabeludo há dias de sair do sistema, fica não com o sorriso de sua amada, mas com o rosto sofrido que ela havia chegado e com todo seu ódio mata aos poucos, da maneira mais cruel possível aquele Menino que cresceu e virou Monstro, sendo condenado por mais anos e anos de cadeia, lembrando daquele sorriso de mãe que salvaria sua filha. ouvindo esse som lembrando da Mãe.

Música: Mãe - Emicida

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Um Guerreiro Sulista - Rodrigo 'cC'

                                                                            
-Quem é você? Pergunta o assustado frango de granja.
Responde o velho Galo Índio: - Eu sou um guerreiro emplumado, um galo de rinha e tu Da Granja sabes quem és? Diz o Da Granja: - Não! - Ontem quando dormi tinham muitos e agora estou aqui sozinho. Porque todos me olham assim?
O Galo Índio diz: - Os franguinhos estão querendo te bater. As franguinhas curiosas, as galinhas com dó e os galos nem aí. - Vem cá meu pequeno assustado. Anuncia o Galo Índio, velho guerreiro, sangue nobre no terreiro. - Deixem o assustado em paz, ele não é como nós, sua vida em uma granja não tem infância, não completam o seu ciclo, aqui entre nós ele terá sua infância, uma vida e não viverá apenas quarenta e cinco dias. De lágrimas nos olhos os pequenos pintinhos índios chocados, pois imaginavam serem mortos ainda crianças sem o direito de lutar pela sua vida. Abençoado o velho guerreiro emplumado que não luta por dinheiro, religião, nem porque o homem quer, ele luta por honra de viver e passar seu gene que morre, mas não foge à luta. Já lutamos, antes mesmo da chegada do homem na natureza, honrando o pedaço do chão, a obra da Criação e o que trazemos no DNA.
O frango da granja diz: - E o que eu trago no DNA?
Os pintinhos zoando dizem:- Carne! Ele todo nervosinho diz: - Vocês querem brigar? Vem! Vem! Mas no seu passo desengonçado sai à captura de um mosquito que lhe foge, lhe indignando com seu limite.

Na cocheira tendo infância, vida saudável, água trocada diariamente, folhas, sementes selecionadas e variadas para que cresça saudável, sol necessário à vida dos emplumados. Os pintinhos arteiros ao ver os carros chegarem, correm para a cocheira ver a seleção dos frangos. Serão aprovados os frangos lidados pelas mãos do habilidoso tratador e os olhos do Galista. O frango da Granja assustado. Por uma fresta, com visão privilegiada coloca-se a assistir e os dois primeiros frangos começam a bater de luva, qual não causa dano perfurante, apenas impacto e já são desclassificados.
O velho Galo Índio encosta ao lado do frango da Granja e diz: - Olha! Veja porque estou vivo. Vou lhe dizer quem os humanos vão levar.
O Galo Índio diz: - O Tostado, o Havano, o Pintado e o Pulva, todos os outros vão para alimentação humana, são muito poucos frangos índios que vão para a rinha.
Diz o Da Granja: - O que é uma rinha?
O Velho Índio diz: - É uma Arena onde os humanos nos colocam para selecionar o que há de melhor em nós, assim permitindo nossa evolução e continuidade, evitando nossa extinção. Somos como todos, uma obra de Deus.
Nesse momento chega o velho cachorro americano zoando, perguntando ao velho Índio: - Qual é dessa bola de algodão de perna?
O Galo em riso responde? Esse é nosso novo irmão, esse é o Da Granja.
O cachorro Americano diz: Que sorte sua sair da granja! E pergunta: - Tu és aquele frango de granja de ovo, que é morto assim que se percebe que é macho ou que é morto com quarenta e cinco dias?
O Da Granja só consegue responder que é um abençoado por estar ali.
Se aproxima o velho boi Holandês para ver as peleias dizendo: - Velho Índio, quais de seus filhos irão soltar seu instinto, se tornar nobres entre os seus e irão passar essa riqueza dada pela criação a vocês?
Responde o velho Índio: - Quatro.
O boi saúda sua continuidade e o Da Granja pergunta: - E os outros?
O cachorro responde: - Nos sustentam, traz a esse lar o dinheiro preciso para diversidade precisa a vida.
O boi diz: - Não se assuste, fazemos parte do equilíbrio, cada um de nós se doa. A vida na terra é um ciclo.
Pergunta o Da Granja: - Quem são os humanos?
Chega o Carneiro dizendo: - São quem dominam a terra, são quem constroem e destroem. O Da Granja assustado ouve o Carneiro dizer: - Sabe o que é aquilo no pasto? O Da granja de olhar ansioso espera e o Carneiro diz: - É uma construtora de favelas.
-E o que é uma favela? Assustado pergunta o Da granja e o cachorro vira latas se atravessa na conversa e diz: - Vou lhe contar: - Eu vim de uma. É assim! Aquela máquina tomou o trabalho de cem famílias que aqui colhiam algodão e essas famílias, sem emprego foram para a cidade tentar a vida, mas chegando lá, sem instrução dada aos humanos nobres, assim como aqui na fazendo o galo, o boi e todos os outros animas são selecionados e tem uma vantagem dos que têm a melhor herança, no caso dos animais a genética e dos humanos o dinheiro que favorece e esses humanos que foram à cidade sem dinheiro, sem a educação necessária, acabaram sem o algodão para colher, pois foi assim que os seus foram modelados na forma de trabalho e sem a lida da roça chegaram a um ambiente assustador.
Diz o Da Granja: - Foi assim que me senti aqui.
O Vira Latas diz:- A favela é um lugar triste onde existe fome e pouca oportunidade, e diferente de mim que me virava para viver sem dono, sem lar, jogado no mundo, eles precisam de dinheiro e o dinheiro é uma prisão a qual te faz valer se tem no humano a genética, sua função na terra não diz nada, apenas o que lhe pertence. Diz quem é, de onde vem, para onde se vai. Não importa apenas o agora, o aqui. Eles se matam entre si, mas não como o velho Índio que luta por instinto. Eles se matam a toa, por valores materiais, implicância, ganancia.

O assustado Da Granja fica pensando na história dos seus, sem saber se é dos que tem direito aos quarenta e cinco dias de vida, ou se é o que nasce para morrer logo que sai do ovo por ser macho.
Achega-se o velho porco Caipira feliz da vida dizendo ao Da Granja: - Eu o Vira Latas e o velho Índio somos todos brasileiros, uma bagunça, não temos uma forma exata, uma cor exata, mas temos em nós a mistura precisa para nos tornamos únicos.
Diz o Da Granja de olhar assustado: - Devo temer o humano?
Responde o Velho Galo índio: - NÃO Da Granja, o tratador é uma bênção, ele nos sente, nos cura, vê cada um aqui na fazenda como um ser diferente, mesmo sendo da mesma espécie é algo incrível. Quando o humano nos prendeu o Criador mandou ao chão almas que nos sentem, nos amam, nos cuidam, nos preservam, nos levando além do tempo.
O cachorro Americano diz: - Eu preciso caçar, correr, fazer o que me faz feliz, eu vou sozinho para o mato.
O cavalo Baio chega dizendo: Os meus sofreram, foram usados para carregar o que os humanos construíam, nas guerras sangrentas sem querer estar, mas dava tudo para que aquela alma que ali estava ficasse viva.
O velho Pastor Alemão em lágrimas contava que seu avô tinha sido explodido embaixo de um tanque de guerra, obra de humanos para matar a si mesmos.
O Da granja assustado vê a vida com mais cuidado, o Boi diz: - Também fomos usados para força, mas também o que nós fornecemos no equilíbrio da vida faz bem, pois se não existíssemos o humano já teria sido extinto e teria, pois é o perigo para o desequilíbrio da obra da Criação. O Homem já tem como cultura deixar que nós animais possamos extravasar nossos instintos.
O Cavalo diz ao Velho Galo Índio: - Tu és o mais corajoso dentre todos os animas na terra, não tem mão para agarrar, nem dentes para dilacerar e fica ali frente a frente sem medo da morte. Não se rende nunca, não corre, nem da morte foge, luta por instinto não assassino, mas para que os seus perdurem e honrado complete seu ciclo até o ultimo suspiro.

Pensativo o Da Granja vê luzes chegando, eram humanos que vieram para proteger os animais, acabar com a rinha, mas não sabiam o que faziam. Perdiam todos aqueles animais de instinto guerreiro lhes dado pela criação que ficam cegos diante de um desafio a lutar pela vida e colocados aos montes juntos na carroceria de uma camionete.
Aqueles quatro selecionados que teriam direito a lutar pela sua vida, enquanto os outros seriam direcionados ao consumo humano com direito a infância, melhor tratamento possível com exercícios alimentação da melhor. Virou genocídio, um massacre sem sentido, pois despreparados sem ter onde por os animais e sem saber cuidar dessa espécie única, de valentia única que se não cuidados se matam ainda pinto, que não carrega em si a covardia e o medo da morte apenas para que os seus existam..

 -Por Rodrigo 'cC'-
13/11/2019

Música de fundo: Now We Are Free - Lisa Gerrard
do filme - Gladiador

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Piá do djanho. (Conto - Rodrigo 'cC)

Piá do djanho
(Por Rodrigo 'cC) 

Paraná dias de hoje.
Tudo que eu mais desperdicei, me falta agora. Ainda não disse nada à amigos, nem aos meus pais, os quais já não existe convívio desde nosso conflito de geração no inicio da adolescência, que estou morrendo e já não há o que fazer. Não vou falar nada, quero que seja uma surpresa. Não quero àqueles olhares com pena e nem conversas repetitivas, que sim vão me adoecer ainda mais.

Eu não quero enlouquecer em pensar no quanto errei e permiti que o julgamento comece ainda em vida, nem tenho dinheiro pra fazer uma viajem ou viver uma aventura. Também não vou deixar nada, pois não há o que deixar e nem a quem, além de desesperado pra conseguir o dinheiro do funeral, queria eu pelo menos não dar trabalho até na hora da morte, trabalho esse que nunca gostei e me falta, que sim foi o agravante pra minha vida virar no avesso e o câncer me destruir por dentro, nessa vida urbana a qual valemos o que temos.

Sou um quarentão, cresci na periferia ambiente rústico e simples, casa de madeira, cerca de arame, um campinho de terra, uma singela igreja, uma benzedeira, galinhas, hortas nos quintais. Lá embaixo no final da vila, um campo que todo ano muda da noite pro dia com a geada e dali vem à paina para a raia que vai ao ar no vento dos dias tipo luz de geladeira onde o sol está no céu, mas não esquenta e venta desde ás ferias de julho até o inicio de setembro.  Eu desmanchava os sacos de batatas para fazer o fio para soltar a raia. Minha melhor roupa era a da escola, eu não gostava de estudar, meu pai não tinha paciência para ensinar, minha mãe analfabeta.

O tempo passou fiz quatorze anos e vi o que o dinheiro podia fazer e que tudo girava em torno dele. No inicio dos anos noventa, chegada do crack, onde ainda se fumava maconha escondido.  Eu mesmo tinha medo do “velho do Saco” e maconheiro, o terror das ruas dos anos oitenta, onde eu fui criança, mas agora nos anos noventa com a chegada das novidades e tecnologias o Real valendo muito. Esses anos noventa foi a virada ao avesso, do tudo proibido, da ditadura. Ali chegou a liberdade e a ousadia, um limite entre o antigo e novo Brasil, o fim do sim senhor, não senhor.

Inicia-se então o terror, meu vulgo na vila é Fantasia 1993. Vem o amigo "Zica" gritando: - Fantasia!! Fantasia!! Eu no balanço, na sombra da goiabeira e chega com uma “fita” dizendo:- Tira o fone do walkman e coloca essa fita, chegou no correio quem mandou foi a Bum Bum! Você tá com a moral no litoral de Sampa Fantasia!! Então eu falo: -Sai fora Pouca Rola!! Baixa a voz que estou curioso no som, me deixa ler o nome do som, Racionais MC’s – Raio X Do Brasil,

Musica: Fim de semana no parque - Racionais Mcs

Então pergunto:- "Zica"o que você achou do som? Ele responde:- Pesado, realista. - Eu concordo com ele e me vem na lembrança o que mais senti na vida. A fome!! E foi essa fome que criou esse Piá ruim. Comecei roubando frutas, galinhas, milho verde aqui na vila, ai fui para Curitiba catar papelão de carroça, puxada pelo Pocotó.
Fiquei deslumbrado com a cidade, comecei a andar, olhar todas aquelas pessoas bem vestidas, os carros, os ônibus expressos articulados, rua quinze, aquele calçadão parecia uma passarela, quanta pessoa bem vestida. Meus Pais nesse momento já não gostavam do que as minhas escolhas vinham me transformando. Eu me olhava no reflexo das vitrines e não gostava do que via, conhecia ganância a qualquer preço, sem formação religiosa, criado largado, nem percebia que em mim uma alma havia. Fiz amizade com o piá do prédio, brincávamos no parque, na Boca Maldita, jogávamos bola, sua mãe com dó me levou roupas novas, acabei querido por essa família. 

Cansei de fazer esses quatorze quilômetros da periferia até o centro da capital Curitiba a pé, só pra brincar nos sábados e domingos com o meu amigo Rico.
O tempo passou...  
Agora já fora da saia da mãe, o Rico se mostrou um Piá do atentado e eu também não era santo. Começamos a frequentar a pista do Gaúcho, o Largo da Ordem, a ver ás Gurias com outras intenções, e dinheiro pro Rico era mato, assim como minha malandragem.
Vamos a uma festa, conheço a boliviana, ideia vai e vem e essa musica tocando.

 
 Easy Lady -Spagna (tradução)

 Começamos a dançar e fazer passinhos lado a lado formando uma rodinha e em meio da musica cada um tirava sua própria “pira” nos passos e voltávamos no lado a lado no passinho, o riso solto no ar, na mente o vinho, na mão a maconha da boa queimando lentamente, acalmando a mente deixando minha timidez ausente, um sorriso maroto, um pensamento bobo da boca é solto, das outras vem o riso. É bem isso que eu preciso e desde então conheci a minha primeira paixão a maconha.

A Boliviana me filmando com os olhos, me percebendo nas atitudes. Ela sabia que eu não pertencia àquele ambiente, sabia que eu era diferente. Então ela se aproxima e me faz um convite:- Você quer ir à minha festa semana que vem? - Eu pergunto:- Onde?  Ela responde:- Em Foz do Iguaçu.  Eu digo:- Não!!  O Rico ouvindo a conversa disse: - Vamos sim!! Então ela chega mais perto e tenta me beijar.  Eu a cortei no ato para atentá-la e deixá-la pensando em mim.

Passou a semana de boa.... Chegou sexta feira, roubei um Opala Diplomata, passei pegar o Rico e assim fomos para Foz do Iguaçu, chegando lá, estavam a só a nata, os filhos de figurões fazendeiros, políticos do Paraná. A Boliviana vem com cede de mim e eu nem aí. Todos curiosos por mim, pois o Rico todos sabiam quem era. Eu me conservei a não dizer de minha vida. O pai da Boliviana na churrasqueira, me envolvi  pois, estava com muita fome, efeito da maconha, eu era de falar bobagens pra roubar risos. O pai da Boliviana acabou se encantando pelo Opala Diplomata, queria comprá-lo de qualquer jeito,  até que mandei a verdade! Disse que roubei  o Opala somente pra vir a festa, que eu era da periferia da Capital, ai fizemos negócio.

Voltei para a capital com dez quilos de maconha e um de crack, cheguei na Vila, colei no Zica meu verdadeiro amigo. Achamos um ponto certo e começamos a vender a droga. De primeira foi suave, em um mês vendemos tudo. Entrei em contato com o pai da Boliviana que me pediu duas F1000 e assim foi... Levei as camionetes e trouxe a droga, mas dessa vez eu trouxe as armas.  Afastei-me do Rico, do ambiente da nata e me ancorei na vila. Criei o respeito, fiz um parque, uma cancha de areia na associação e "acabava" com quem roubava na vila.

Eu era o pior inimigo de meu Pai e o motivo dos joelhos calejados de minha Mãe a pedir a Deus que me protegesse, mas ali eu já com dezessete, possuía casa, carro, moto, Jet Sky, barco e mais um inimigo. Um policial da "pretona" o qual amava a mesma princesa que eu, uma verdadeira prenda do sul.  O nosso primeiro confronto foi em frente ao mercadinho da vila, ele na viatura e eu sem camiseta, cueca aparecendo, boné de aba reta.  Então ele vem me dar uma geral e me jura de morte, diz que terá tudo que eu tenho e que a prenda, o tráfico é tudo dele e que vai vir à noite, que terei a noite mais longa e sofrida. Eu esperei ele chegar no lugar certo, dei uma cotovelada no queixo e o botei pra dormir e foi só rajada em minha direção. Fiz a fuga passei no mocó, peguei uns plaquês de Real e fui pro Litoral de São Paulo, pedi pro “Zica” sumir da vila. Silenciamos o tráfico e a "pretona" apavorando.

Eu em 1995 curtindo o litoral de São Paulo, um skate, uma magrela BMX, acaba minha maconha. Saí no role, olho à frente tinha uma galerinha e eu passando por eles, um fala: - Dae brow! Tu dá um role de skate ou só leva pra passeá?? Nesse momento, parei a magrela, tirei o skate da mochila e com uma manobra atrás da outra, uma sequência pra quem tem o dom. Um violão se anuncia, se levanta. Era a “Bum Bum” com aquela voz.

La Isla Bonita - Madonna - (Tradução)

Eu hipnotizado pelo movimento do corpo e a voz da “Bum Bum” pergunto:- Alguém sabe onde consigo maconha estou a fim de dar uma relaxada na mente. Nesse instante vem à pergunta:- De onde tu é brow? Eu respondo:- Sou do Paraná. Vem outra pergunta: - Mas de onde?  Eu digo:- Aí tu quer saber demais pra dizer da maconha. Eu me despeço:- Falô ai, tô saindo procurar.

A “Bum Bum” grita: Calam-se!!! -Marrento vamos ai, eu sei onde tem-. Então ela colocou minha mochila nas costas e subiu no apoio da minha BMX e fomos atrás da maconha. Chegamos a uma vila de palafitas, eu fiquei chocado de como as pessoas viviam ali e já me veio o sentimento de revolta contra o sistema.  A “Bum Bum” me leva ao patrão das palafitas ele diz:- Quanto?  Eu digo:- Um quilograma. Ele diz:- Vai traficar? Eu digo:- Não!  É pra mim fumar. Ele falou:-Tá difícil conseguir maconha aqui, se eu te vender isso tudo fico sem.  Eu disse:-Como assim difícil? --- a Maconha? Pensei:---  Eu disse:- Irmão eu tenho de quanto tu quiser sou Paraná e o contato é forte. Ele me disse: Me traga vinte quilos. Então mandei uma carta pro amigo Zica e ele trouxe de Foz cinquenta quilos de maconha. Vendi em uma semana e assim fiquei mais de dez anos vivendo de boa.

Até que de repente chega o “Zica” no chalé onde eu vivia no Litoral de São Paulo, com a noticia que o policial da "pretona" tinha matado meu Irmão e que meu pai havia me jurado de morte.
Foi então que voltei ao Paraná, minha periferia da capital e fui atrás da minha prenda a qual me disse que estava cansada de ser pressionada a ter algo com o policial da "pretona", dizendo  que havia abandonado até a escola. Eu pedi a ela que descobrisse onde ele morava e assim ela fez. Ela tinha medo de ser morta por não querer ele e assim foi... Matei o policial, por amá-la e a partir dali tudo mudou.

Quando meu pai me viu na vila de volta, colocou a casa a venda e foi embora. Eu mesmo comprei a casa onde me criei, deixei-a fechada, nunca mais entrei dentro dela. Continua lá com toda mobília do jeito que minha mãe deixou quando partiu.
Naquele momento, eu já havia feito conexão do pai da Boliviana no oeste catarinense, com litoral paulista e a metropolitana da Capital do Paraná, já não precisava mais ter biqueira. Proibi o tráfico na Vila onde me criei.  Distribui mudas frutíferas em todas as casas da vila, ajudava quem estava no “perrengue” e  tudo através do “Zica” meu irmão, desses que escolhemos na vida e temos mais intimidade que a própria família.

Assim que matei o Policial da "pretona" fui embora do Paraná, para o interior do Rio Grande do Sul, um lugar onde as pessoas nem sonhavam que eu era o “Fantasia” meu vulgo.
Há dias na cidade, uma casa simples, uma vida simples, atrai os olhos da guria mais avesso de mim. Eu a chamava de Princesa, aqueles vestidos, andar comportado, não dava conversa a ninguém, mas ela sempre me namorava nos olhos. Eu sonhava com ela acordado e dormindo, ia pra igreja pra poder ficar perto dela e comecei a prestar atenção no que o padre dizia, comecei a entender Deus, me apaixonei pela historia de Cristo, minha frequência na Igreja aumentou. Parei de fumar maconha, beber vinho, já não queria saber das putas. Arrumei um emprego, já não conversava mais com o amigo “Zica”, nem pedia dinheiro do tráfico.

Passaram-se cinco anos. Eu outra pessoa, casei com a Princesa.
De repente chega uma carta, pedindo pra que eu ligasse pro ”Zica”. Esperei a Princesa sair e liguei. Ela me sentindo estranho, fez que foi, mas voltou e ouviu: -Alô Dona G, deixa eu falar com o “Zica”? Ela em choro diz: - Ele está morto.  Eu em choque pergunto:- Qual foi? Ela me conta que foi traição, que havia um piá novo na vila e que o “Zica” deu ideia demais mostrou como funciona e os contatos. O piá o matou, matou também a Prenda e o filho de vocês. Pergunto eu:- Mas que filho? Nem sabia? Ela diz:-Foram cinco anos pra te achar. A Princesa na outra linha ouvindo tudo.  Eu como se de um segundo pra outro a maldade me cegasse, a Princesa com toda a calma e bom jeito se aproximou de mim, me abraçou, me entendeu, tentou me consolar e disse o que eu sabia, de como minha vida havia se transformado, a paz que eu havia encontrado, o sonho de ser pai, mas eu precisava salvar a Vila, voltar porque eu havia começado aquilo e precisava sair de perto dela pra que a morte não a tocasse. Eu não podia deixar aquele Piá destruir e matar inocentes. Fiquei bem louco, cego.

Chego a minha Vila na escondida, vendo tudo que tenho menos a casa de meus Pais. Sigo para Foz do Iguaçu, levo ideia, proibi a venda de droga ao Piá e começa a caça. Volto a periferia da Capital, pego um por um dos aliados dos Piás na vila, tudo numa noite só e deixo o Piá em desespero ,pois matei todos seus aliados com as próprias mãos,  arma é coisa de ”cuzão” e aqui não. O Piá acoado dentro de casa, eu chego ao lado da própria morte, como uma sombra sem ser vista no seu momento de cochilo, vem o sensação do medo, ele abre os olhos, estou ali a sua frente. Ele vai na arma, aponta, dispara, mas não tem bala e ali começa a verdadeira maldade, aquela cegueira de quem bate sem controle, obra da raiva que mata sem ver nada e assim foi a torturante morte do Piá ganancioso. Assim que sai dali entrei em minha Ômega Suprema. Passou a cegueira como forma de castigo que fez dizer o que eu fiz. Imediatamente veio a cena da Princesa que era meu Anjo em vida, era a obra de Deus em minha vida, o que eu fui, o que me transformei e de novo cego fiquei, mas não tem o que mude a atitude feita, mesmo que um erro pensado, O certo e deixá-lo protegido no pensamento, pois depois de feito não tem jeito e vem o preço, e veio.
Voltei sem a Anja Gaúcha e nem uma boa razão pra minha vida.
Caio no mundão, desando, reencontro às putas, o vinho, a maconha e agora de novo virei um sem vergonha.

Anos se passam, já não durmo, nem me cuido, uma vida sedentária, a grana é precisa.  Eu volto à antiga vida, mas agora caio na cocaína, acaba a paz que a maconha trás e vem o desespero da droga, do susto, do espio, a vida que já nem é vida. Bendito é esse meu vulgo “Fantasia”, ligo o som do carro, pego um CD antigo, coloco no carro e toca essa musica

Música:Dancing In The Dark - Bruce Springsteen (Tradução)

Continuo a vida vagando na noite, noiado, espiadão, quando estou no carro olho mais no retrovisor com medo do passado do que no para-brisa e cuidar melhor da vida. Um alucinado todo errado, achando que se foda, que está tudo certo, mas veio o tempo, o preço, uma conta no banco bem gorda se tornou magrela, a moral foi embora com a nóia, quem confiava já desconfia, mal falado, julgado ainda vivo, todo depressivo, a vida como um desperdício já tremendo com a lata na mão, me pego com câncer no pulmão, nem sei se estou morto ou estou vivo.

Agora te olhando Rico, vendo que tu está aqui me ouvindo e tentando me salvar, foi bom acontecer isso, já perto do meu último suspiro, poder olhar esse sorriso de quem está de bem com a vida, de quem aproveitou o significado da família. Quero lhe fazer um pedido:- Me leva na minha vila, estou há um tempo morando na rua, mas a casa da minha família é minha e eu nunca mais entrei nela desde que saí de lá. Diz Rico como médico:- Tu esta mal Fantasia, não deve fazer esse esforço. Responde o Fantasia:- Rico, esse é o único esforço que quero fazer ainda em vida. Então seu amigo "Rico" disse:- Sim, eu te levarei.  E assim ele fez.

Ao chegar dentro da casa de sua família, veio tudo na mente àquilo que deveria ter feito e não fez. Em um minuto de silêncio andando em cada peça da casa, chega ao quarto de seus pais e lembra-se de sua mãe rezando o Pai Nosso de joelhos pedindo um bom caminho ao seu filho sem juízo. Nesse momento vem o último suspiro, um fim de vida bem vivida ou mal vivida com a certeza que o inferno viria depois da morte, mas estava enganado, ele veio em vida..

28/08/2019

quarta-feira, 8 de maio de 2019

O Mateiro - Rodrigo 'cC'


 O Mateiro
(Por Rodrigo 'cC)
 
Eu sou um Paranaense raiz, nascido no Vale do Ribeira, vivo do que tenho a minha volta aqui não dá pra criar nada, tem muita onça, jaguatirica, Leãozinho da cara suja, não da pra se plantar nada, muitos insetos. Alimento-me das varanas do palmito Jussara, frutas, caça, pesca, meus companheiros são dois cachorros urrador, o "Marelo e o Maiado" e meu cavalo baio. Aqui na minha casinha de pau a pique uso de luz lampião, um fogão de barro, um colchão de palha, uma espingarda, um facão na bainha, na parede um velho e rústico crucifixo e uma antiga pintura da mãe do Paraná, Paranaguá na parede retratando sua beleza.

Do meu rancho até Curitiba dá um dia no lombo do baio a moeda vem da caça e do Palmito, compro quase nada, só o fumo, a pinga, o sal e munição. Não gosto de pessoas, não confio nelas pois, vi meu pai ser morto por seu compadre em uma tocaia, por causa de um pote de ouro encontrado em uma caverna no Vale do Ribeira, vitima da ganância, que matou pra ficar com todas as moedas de ouro, eu consegui escapar e sair.
Fui pra casa, chegando lá minha mãe estava morta, eu era ainda muito pequeno, tinha muito pouco a dizer, quase não sabia as palavras, meu vulgo era Jacu, assim era conhecido pela minha timidez, eu era o mais puro bicho do mato, mas fui obrigado a cair no mundão e assim me tornei sozinho na vida. Pensar em vingança naquele momento seria a morte, cavalguei até me sentir seguro, construí meu próprio rancho, desbravei toda a mata, conhecia cada carreiro de paca, cotia, veado, cada fruteira, sua época, as aves que ali se alimentavam, conhecia a onça no cheiro, percebia a buia no mato, era um atirador habilidoso.
-O Marelo e o Maiado, pode acredita! Que num faia.- Essa onça mesmo que senti o cheiro se num fosse eles, eu tava morto, ela veio de trairagem pelas costas, o maiado percebeu, o marelo ja foi num pega e num pega com ela, ai tive de atira, pois ela queria me cumê. Eles tava me defendendo, foi só o barulho, ela gritou os cachorros grudaram em cima. Matei-a de faca, bem no meio do coração, sem dó. Depois disso, nunca mais voltou onça rodear o rancho à noite.

Eu estava até mais tranquilo, tirando palmito, caçando. Mas num dia, eu no rancho, chega um pescador conhecido dos tempos que derrubávamos árvores a machado, as vezes na empreita, ele tinha uns bois, bem lidado, era só dizer, que eles levavam a tora em uma pequena serraria movida a roda d’água. Ele me convidou para ir pra Paranaguá, eu aceitei na hora, peguei uns trocados o Maiado e Marelo nem precisava chamar, subi no lombo do baio e fomos que fomos, duas espingardas, mais os bulldogs do pescador, tínhamos dias, Mata Atlântica adentro, casa no caminho num há, temos que cuidar de onça, cobra, de não se perder ter atenção de algum mal intencionado por ai.
Na primeira noite uma lua gigante linda, uma fogueira, uma paca no fogo caçada pelos cachorros no caminho, que nem foi morta à tiro, bananeiras carregadas, morcegos a degustar nos buracos feito pelos passarinhos na banana, uma rede alta, um fogo alto, pois tirando o homem, nenhum animal tem apreço pelo fogo, assim se afastam.
O pescador gosta de dormir ao lado dos cachorros, os cavalos, ali juntos passaram a noite tranquila. Vai amanhecendo tinha tantos passarinhos diferentes naquela penca madura de bananas que nem deu vontade de sair dali, mas precisávamos ir e fomos nos alimentar com os passarinhos. Os cachorros não deixaram nem o osso da paca. E o pescador com suas histórias de que já havia pescado uma tal de baleia gigante, quem nem acreditei, pois nadar é com ele tipo peixe mesmo, some no fundo da água e eu nem banho sou muito chegado, mas vamos ver essa baleia.

Mais uma noite chega, fogueira, um frango que o pescador trouxe ainda vivo, uma polenta, a parte nobre do Palmito, uma varana refogada, mais uma noite de lua gigante e hoje de historia, o pescador fala de sua irmã artesã, que chama de Sardentinha, fala de sua mãe, de seu pai e que é um Caiçara e eu até gostei desse Caiçara, um povo abençoado no seu levar a vida e que se orgulha de sua cultura.

Estou curioso com o mar e o pescador retruca: -Sua mãe devia ser Caiçara. Aquele quadro é do Porto de Paranaguá. Eu bem “Jacu” pergunto: --O que é um Porto? O pescador na educação responde: -É aonde chegam os navios. - Mas o que é um navio? Ele diz: -- É uma escultura de madeira que dá pra ir além dos olhos. Eu digo: -- Não entendi nada!! Mas vou ver né?  Ele retruca: - Pescador não é só historia. Sim estamos perto, faltam dois dias, para tu ver água que não acaba nunca.  -- Mas é tanta água assim? digo eu. Ele diz: --Você está vendo aquela pedra lá, bem grande e gorda? Eu no ato digo:- - Sim!!  Ele diz: A baleia é maior. Eu retruco: -- Mas, credo que existe isso de onde?  -Está de história pescador?  O pescador explica: -Estou falando!!  Tu vai ver, tem até historia de sereia no mar. Dizem que é linda demais, te encanta com seu canto, te leva para o fundo do mar pra nunca mais. Credo!! Pensei eu: -- Essa de sereia. Eu curioso pergunto: - Mas é verdade mesmo? Tu já viu uma? Ele diz: Não, eu não vi, mas o meu avô falava que o avô dele, contava que era verdade sim. Eu sei lá!

Com essa sua historia passaram os dias, apenas puxando os cavalos, terrenos íngremes, muito araçás, cambuís, uvaia, grumixama, guabiroba, cereja, pitangueira, banana, jerivá pra tudo lado, pássaros que nunca ouvi e por eles sou apaixonado, é a música da mata diz o Pescador. Do ponto certo, ele me mostra. -Está vendo o mar? Eu impressionado só me delicio com a grandeza, ele me mostra onde esta a sua Vila, onde é de fato seu lar e pra lá fomos.
Chegamos à beira do mar, ele se jogou no mar com tanta vontade que até eu que não gostava muito de banho me joguei naquela imensidão de água, ruim salgada não gostei não pra beber, mas pra nadar é bom demais.

Cavalgamos na praia após andar puxando os cavalos por dias dentro da mata em carreiros, os cachorros em urros e latidos, tão impressionados quanto eu. Mais a frente eu vejo fumaças, umas casas e quatro moças sentadas embaixo de uma corticeira florida, quando uma percebe grita lá de dentro do mar, eu abobado com tanta beleza falei ao pescador: --Olha!! Uma Sereia!!  Ele disse: -Tá burro? Aquela é minha Irmã. Eu falei:- Foi mal, estou encantado. O pescador diz: - Tá bom! Sei... -Vamos pra casa pra tu ver o tamanho do protetor dela lá em casa.

Chegamos lá, eu jacu, na minha, quieto, com vergonha que nem consegui responder um simples bom dia. Ao contrário de mim, era a Sardentinha de cabelos de fogo, olho cor de mel, a mais bela cena que eu já havia visto que falava por nós dois. A mãe e pai do pescador me receberam muito bem, contei de minha historia, que estava largado no mundo e toda tristeza e simplicidade de vida. A tagarela Sardentinha não dizia uma palavra, só me olhava, eu tinha cara de brabo, de poucas palavras.
Passaram os dias, comi animais e peixes vindos do mar que nem sabia que existia,  ali eu senti o que era ser um Caiçara mais de perto, mas nessa vila em especial, tinha uma caravela e assim seguiram ao estremo Sul caçar uma baleia. A Sardentinha iria cuidar do baio e dos cães.
Apaixonei-me perdidamente, achava que seria impossível viver, se nunca havia sentido meu coração bater tão forte, minha mente não parava de desejar o mar, a vontade de ficar pra sempre na caravela. Nos momentos onde eu dava uma viajada nas ideias, me vinha a imagem da Sardentinha, mas eu sou do respeito, jamais a olharei de outro jeito, nem sei se seria capaz de atrair uma mulher se até virgem sou, nem beijar sei.

Há dias ao mar, chegamos ao ponto de caça. Eu vejo as baleias, nunca nem acreditei no que o pescador dizia e estou aqui cheio de coragem de caçar ela. Instinto de macho, mas primitivo que gosta de guerra, de aventura, de desafiar o perigo, de mostrar a si e ser capaz, como se ser caçador estivesse no seu mais íntimo, nasceu pra isso desde os mais primitivos existe carne passando gene preciso pra coragem habilidade de ouvir ver sem ser ouvido ou visto, mas aqui era mar, a caça gigante. Mas não da nada! Vamos que vamos e assim foi..

Arpoamos a baleia, a trouxemos pra caravela e retornamos.
Chegou à noite, olho a lua sorrindo e a única cena que se forma é a da Sardentinha, e meu coração batendo gostoso, meu corpo reagindo ao pensar nela durmo.
(--) Uma festa à beira da praia, todos felizes, a Sardentinha feliz em um vestido, uma coroa de flor na cabeça, toda linda, uma musica alegre, fartura nas mesas sobre a areia, a lua nascendo através do navio ancorado, a festa rolando, a Sardentinha vem de dentro da canoa, dentro da agua parecia a tal sereia, me encantei de vez.. Ela chega perto de mim com o vestido colado, molhado, senta sobre mim e me beija, eu nem sabia o que estava fazendo, foi instinto de macho. Entramos na canoa e nos descobrimos à noite inteira. (--)
 Do nada no susto acordo, uma gaivota me bicando já amanhecendo, olho na direção onde segundos atrás havia uma lua, agora vem o sol lindo, pulo da caravela no mar, dou uns mergulhos, volto a caravela, a gaivota que me acordou,  ficou voando sobre mim e agora se tornou minha amiga, acompanhando o tempo todo o navio, mora no mastro, ganha peixes está de boa, até fica me ouvindo fala da Sardentinha.

Passando em frente do Porto de Paranaguá, o pescador diz: - Tu conhece essa cena?  Eu digo: Sim! É a mesma da pintura do quadro da Mãe. Ele diz: - Será que um dia ela passou bem aqui? Eu digo: - Não sei , mas fiquei feliz agora!
Chegam na vila Caiçara de Guarapirocaba e a primeira coisa que vi quando desci da caravela, foi a Sardentinha me olhando.  Aí eu penso(--) Como não se encantar?? (--)
Todos em clima de festa, a noite chega, a lua sorri e como no sonho tudo se realiza. Descobrem-se e sentem a paixão no fogo do corpo, um bem querer de segunda cena o respeito a eles mesmo passado a noite de amor puro, de primeira entrega mutua. O Mateiro pede a mão da Sardentinha e o pai dela permite.

Nos meses no mar percebeu a boa alma que faria feliz sua pequena Sardentinha, que de primeira engravidou e trouxe o fruto do mais puro amor, que fez de volta a vida do Mateiro ser uma vida feliz..

Música Paranaense Beguine Caiçara - Reinaldo Godinho

08/05/2019

domingo, 5 de maio de 2019

Meu Pai que disse!! - Rodrigo 'cC'


Meu Pai que disse!! 
(Por Rodrigo 'cC') 
Sou um Canário da Terra, nasci entre os campos e araucárias, em um galho de Paineira num velho ninho de João de barro. Meu pai um velho guerreiro que em seu canto nos contava de como foi sua vida.
Que ele ainda de cor parda foi capturado, pois se encantou pela sua pequena em uma gaiola e assim caiu em um alçapão e na tortura humana foi obrigado a sobreviver seus dias muito agressivo. Meu pai era de canto alto e dobrado, corricho continuo, leal a sua amada foi obrigado a lutar em rinhas.
Ele conta que havia um circulo, vários canários pendurados em suas gaiolas, nervosos grudados à grade, cantando muito alto, muita raiva havia neles, prontos a morrer ou a matar.

Ele continua a contar:..
Eu que era só minha amada na cabeça, cantei como nunca havia cantado, entre corrichos rodava ao fundo da gaiola pronto pra briga! Tinha de vencer para voltar a ver minha amada e assim fiz, pois ou era ele ou eu e foi pensando assim que me mantive vivo, eu na minha gaiola onde vivia com sua mãe, quando não me tiravam dela só pra ouvir meu canto alto e nervoso, dobrando, canto em cima de canto. Eu nunca entendi se eu canto solto pra que me prender.

Um dia eu vi a chance de fugir, sai pela porta, sua mãe trancada na parte menor da gaiola onde ficava a cumbuca de ninho, num duelo entre a razão e o coração sua mãe no cantar diz: -Vai! Vai, vai!! Então o dono percebeu que fugi, colocou um alçapão, eu com raiva.
Tinha um canário que vivia solto e sempre ia cantar e me desaforar. Voei no poste dei um pau nele, cantei em seu território, o humilhei e ele teve que ir embora, pois é assim na lei da natureza. O território é sagrado. Aí voltei pra gaiola por onde saí, nem entrei naquele alçapão e percebi que no outro dia a porta estava aberta, me fui, cantei , voltei pra gaiola e assim todos os criadores de canários de rinhas me queriam, eu ia nos torneios com minha amada. Agora abria a porta eu ia buscar os canários nas gaiolas, postes, árvores não tinha, virei lenda. Até que um dia num ciclo de estação tínhamos acabado de trocar as penas no verão, é chegada a hora de se alimentar muito, outono, logo chegará o inverno, frio de racha o bico.

Um gavião Piem muda-se para uma araucária próxima a casa onde morávamos na gaiola, eu tinha o privilégio de sair e voltar pra gaiola. Ali quem cantava alto era eu,  numa dessas saídas fui provocar o Piem, ele ficou nervoso comigo, eu estava tirando capim de seu ninho, era o que eu queria, a raiva dele!!! Precisava desequilibra-lo e assim foi..
Chegou um dia que ele veio atrás de mim, eu no ar livre, não ia longe, fui em meio as árvores, casas e sentei em cima da gaiola, ele cego em ódio se choca com a gaiola que cai e livra sua mãe e assim voamos pra longe, mas muito longe! Sua mãe e eu e assim nos tornamos livres como Deus Pai e Mãe Natureza nos fez.

Vou te contar já filho: - O único ser que cria vagabundo é o humano, eu sou fiel, leal a sua mãe e a vocês, até aprenderem o que vim te passar em vida e depois “sai fora”, “se vira”. A ideia é assim: -Tu vai ter sua amada, vai trata-la no ninho enquanto choca seus filhos, se ela sair relaxa e se estica, tu vai enquanto ela não voltar, tratar seus filhos, ensinar a eles o que deve e vai passar seus dias com sua amada, protegê-la com sua vida, proteger seus filhos até que chegue o dia em que tu vai deixar que eles se vão, voar e cantar sua própria vida, fazer sua parte no equilíbrio preciso feito lá no início. Sua alma sobe, sua matéria desce e se manter vivo no eterno é com o gene, tu só se faz vivo no ensinamento.

Então já sabe né!! -Voa vai!! Logo deixará de ser pardo. Nos verões com suas trocas de penas o tornará amarelo, de cabeça laranja, e "fica a dica" a casa do João de barro e do bem-te-vi, não chove dentro.
 -Nunca vá onde têm telhados, a comida ali sai caro. - Eu e sua mãe iremos tirar outra ninhada, já tem poucos Canários da Terra e da tempo ainda nessa primavera e que o bom da Criação lhe proteja, que o mau da Criação não lhe veja.

E assim voei em direção aquele sol se pondo da cor da coroa na cabeça de meu Pai alaranjada e assim atrás da luz fui..

(05/05/2019)

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Culpado por Nascer - Rodrigo 'cC'


Culpado por Nascer
-por Rodrigo 'cC' -

Sou um filho do Paraná, criado na metropolitana da Capital, uma vila pobre. Nos anos noventa comecei a sofrer na escola. Primeiro eu sou o piá que as meninas querem, ficam em cima e os outros piás sentem raiva. Aí vem a pior parte, tu ser obrigado a viver uma situação de desconforto, e nada é bom ter medo, isso atrapalha até os estudos.  Os piás te tiram, ficam encarando e dão apelidos de viadinho, mas até onde vejo quem gosta de se encostar em piá são eles. Vai saber né??  E não há o que faça! Em todo lugar as meninas vem conversar, me namoram com os olhos, até uns papéis de carta vem na caixa de correio de casa, meu nome é o que mais tem no caderno de confidências, mas sempre aparece um piá do invejoso e ruim que gosta logo da menina que gosta de mim. Pronto!!! Já vem com agressão. Eu com medo da reação dos outros piás que faziam pressão, fiquei me defendendo dos piás sem revidar, foi a pior coisa que fiz, pois as meninas se revoltaram com o piá. Aí  fui mais maltratado ainda pelos piás.
As meninas no decorrer dos dias começaram a ter cuidados comigo. Aí “ferrou” de vez, eu perdi a paz na escola. Então conversei em casa meus "coroas" e eles me trocaram de escola. Agora eu estudava no Colégio Estadual do Paraná, mas até ai, eu já havia mudado de escola por quatro vezes e era sempre a mesma ideia, inveja e maldade por eu ter um ímã feminino. Mas agora era diferente eu havia feito amizade com o "Ogro" que também andava excluído pelos piás e as meninas nem olhavam. Dito e feito!!! E em alguns dias de aula, os piás vieram, me bateram, eu mandei um dane-se, e fiz o que meu "coroa" falou: - Fica na sua, até que te encostem, a partir dai defenda-se!! E assim fiz, era soco e bicuda de lá e de cá, ai entraram mais uns dois, fui me virando até a chegada do amigo Ogro, no que deu ruim para os piás. Desse momento em diante os piás na escola passaram a nos respeitar.  As meninas olhavam até pro "Ogro", ele tornou-se meu primeiro amigo de verdade. Empenhamos nos estudos.
 Todos os dias saíamos da escola a tarde e íamos do outro lado da rua no Passeio Público e uma “Maluca” com um violão canta essa musica.
Musica: Olhar 43 - RPM
O centro era o paraíso, ninguém sabia quem eu era, estava solto no mundão e num desses rolês, saímos da escola fomos ao shopping Mueller, numa sexta a tarde, pista de skate bombando, galera do colégio Tiradentes, do cursinho do Dom Bosco na praça dos Pelados no Passeio Publico centrão, na sua bela diversidade de tribos. Nós no Top Mueller, aquele fervo, gente de todos os lados, em uma mesa sentada me olhando e vendo a quantia de corte que eu dava nas meninas, o olhar das meninas e mulheres à minha volta, eu me irritava, não tinha paz, e é um perigo ser assim, alvo da inveja e da maldade de quem tem pelo diferente. Essa Mulher que me olhava veio até a mesa e me disse: - Dou lhe mil reais agora pra me acompanhar daqui até a noite. Eu perguntei: - Mas pra que? Ela disse: - Quero te conhecer na conversa. Então pensei: ---Será?? -Mas enfim vamos até sua mesa.  
Chegamos, lá as meninas já de maior idade, todas lindas, poucas roupas, uma me pergunta: - Tu mora no Atuba né? Eu disse que sim e fui conversando com a mulher. As meninas todas encantadas com o Ogro de simpatia e clareza no dizer, eu e ele conversamos sobre tudo e isso foi agradável. Chegou uma hora na conversa que a mulher tirou mil reais da bolsa, me deu e me disse que se eu quisesse ganhar muito mais, era pra eu ligar e ir fazer uma visita em sua mansão. Eu peguei seu cartão.
Passou uma semana eu e Ogro fomos ao Largo da Ordem e encontramos uma daquelas meninas que estava com a mulher que tinha me dado os mil reais, sentamos na mesma mesa, lá pela madrugada fomos levá-la na tal mansão, no Dodge Polara do Ogro que tocava essa musica.

Musica: Rhytm is a dance -Snap
Chegamos à mansão. Nem queriam abrir o portão quando viram o Polara, mas ai a Menina sai do carro cheirando a gasolina, um perfume que muitas meninas mais gostam.  Entramos e as meninas em volta aos bonitões bombados, e eu de calca rasgada, Adidas Marathon nos pés, peita branca e cabelo surfista, eu era mais feio que qualquer um ali, tinha músico bombado, modelo lutador, almofadinhas, todos com talentos, bem vestidos, cheirosos e bem penteados e Eu só precisei nascer. De repente vejo a mulher com um sorriso no rosto, eu educado e esperto a retribuí com um sorriso, ela gritou:!! - Segurança vai lá e paga três mil reais e de àquele Piá ali!! E ela me diz: - Isso é só por você ter entrado aqui. Nesse momento senti a maldade e a inveja na pele vinda da maioria ali. Eu na conversa com o Ogro e as meninas dominamos a churrasqueira e tomamos cerveja e meio de gole o Ogro qual eu havia ensinado tudo que aprendi sobre meninas. Ele até pegava mais que eu e nas ideias nada bobo conseguia entender as meninas. Passou pouco tempo, vieram duas gatas me buscar, fui apresentado a uma Paraguaia cheia do ouro que me ofereceu cinco mil, por uma noite, eu fui!!!  Era pobre cheio de dívidas, a calça rasgada, nem era estilo e sim a que tinha. Eu morava com minha mãe na Metropolitana da Capital e passávamos altos perrengues. Aceitei dar prazer por dinheiro, deixei a Paraguaia mais mole que a vida que ela levava.  Saímos quase amanhecendo, o Ogro para com seu Polara no sinaleiro, chegam uns playboys de Gol GTI rindo do Polora do Ogro, abre o sinal e morre o Polara o Ogro ficou verde, os Plays em vez de sair fora, ficaram se achando, tinha duas meninas muito gatas. Eu desci do Polara fui empurrá-lo, os plays se achando e as meninas que eles tentavam impressionar, me viram, se derreteram, tiraram o salto e vieram empurrar o Polara. Os piás saíram moendo com o Gol GTI, bravos e nós levamos as gatas de Polara, empurramos mais duas vezes até chegar na vila.. Tudo certo!

O tempo passou, comecei a ganhar muita “grana”, fazia o que queria, ia onde queria, me tornei um piá da noite Curitibana gostava mais do Studio 1250 e da Mustache. Me aperfeiçoei na dança sensual, fui convidado na mansão a ir pra outra em São Paulo capital. Fomos eu com meu inseparável amigo Ogro, só que agora de Puma GTB, um sonho dele que eu realizei, eu não tinha carro, levava minha vida na escondida, eu mentia um emprego que não tinha, colocava o básico em casa e o resto guardava.

Já na mansão em São Paulo, fui apresentado como o Piá do Sul, eu iria me apresentar em um palco, seria feito um leilão de vários piás e garotas. Quando chegou a minha vez escolhi essa musica,
começo a sensualizar, olhar sem vergonha, faço o contrário de todos, vou entre os patrões e patroas da grana e sensualizo, olho a olho, deixei que me tocassem, ali os lances foram lá pra cima, o Ogro só que ria, a mulher que havia me descoberto orgulhosa de seu Piá do Sul. Naquela noite entrei para o time dos profissionais do sexo anos 90, estava a nível nacional, viagens, apresentações em clubes de mulheres, fazia viagens por todo país para satisfazer as mulheres dos maiores figurões do país, conheci artistas, frequentei as melhores casas noturnas de todas as Capitais desse país, ao lado do "Ogro", rasgamos esse país em sua Puma GTB.
Chegou um momento, onde fiquei conhecido internacionalmente, turistas sexuais frequentavam essas mansões pessoas milionárias, famosas, mas a mulher que me descobriu não me vendia. Todas as meninas que foram pra fora do país, nunca mais ouvi falar, acredito que na maioria nem a família sabia delas. Eu tinha certa proteção da mulher que me descobriu, eu percebia que era a segunda coisa que ela mais gostava, primeiro vinha a "grana".

Passados já alguns anos e quanto mais postura de homem eu tinha mais atraia as mulheres e mais dinheiro eu ganhava, mas chegou um momento onde conheci em uma viagem, a Morena atendente de balcão em uma lanchonete no Rio de Janeiro e acabei por me encantar. Menti a ela sobre o que eu fazia. Comecei a deixar dos compromissos pra ir ao Rio de Janeiro
  
Musica: Alceu Valença - Dois animais
pra vê-la, que me enlouquecia, era tão humilde e simples, como eu podia não me apaixonar, não deseja-la todo instante, seu rosto é minha visão predileta, o som de sua voz a mais bela musica, seu corpo passeio de mão, de olhos fechados vejo ela, lá dentro as almas se tocam, o orgasmo vem no corpo, na mente no dizer dos lábios.

A mulher que me descobriu começou a me cobrar eu já “de saco cheio” a mandei a “merda” e ela em vingança, ordenou seus capangas a matar a Morena que eu havia me apaixonado. Aí começou a perseguição, a mulher queria que eu voltasse a fazer sexo por dinheiro, ameaçou minha mãe. Preocupado tirei minha mãe do Paraná, sai do país, fui para Espanha onde vivi por cinco anos trancado em um apartamento, vivia como um fugitivo e sem tocar uma mulher sequer. Eu tinha medo que mais meninas morressem. Acabei fechando meu coração e meu corpo em uma depressão.
Mas chegou uma hora que tive de me render, acabou a grana veio à fome e foi embora minha depressão. Conheci uma baiana e começamos a dançar em publico a troco de umas moedas, musicas brasileiras e a primeira foi essa.
Musica: Lambada -  Kaoma
Passado um tempo, tornamos famosos nas ruas da Espanha e a baiana me contou que tinha vindo atrás de sua irmã, que ela estava desconfiada que era escrava do sexo. Contei minha história a ela e decidi ajudá-la e assim fiz. Me infiltrei na noite da Espanha e conheci uma dona de mansão e em seu coração e corpo eu era só dela e ela minha. Eu sempre fui um bom ator, fazia com que as coisas seguissem ao meu desejo.
Já reconhecido por ser o Piá do Sul comecei a fazer shows nas mansões e clube de mulheres e dei de frente com a irmã da Baiana, reconhecendo-a pela sua mancha de nascença na bunda. Conversei com ela que me contou onde era seu cativeiro e pra quem trabalhava. Armei-me e os dias passaram. Criei uma confusão entre as senhoras do sexo, mudando meu talento de uma pra outra e com os dias dei um jeito de fazê-la esquecer o cofre aberto, chegando de pegada forte a fazendo sentir-se desejada, após amada e depois” fodida” que quando parei ela não se aguentou e os olhos fechou. Então roubei os passaportes de cinco brasileiras, tramei o dia da fuga e na cara de pau.

Vinte minutos para o embarque, os tiros da mansão, a força e começa uma perseguição. Eu em um Opel Kadett em uma direção agressiva e ao limite, duas BMW na minha cola, consigo chegar ao aeroporto, às meninas correm para o embarque, eu saco a pistola e atiro contra as BMW, logo chega a polícia, os seguranças da senhora do sexo fogem, eu sou detido e nessa confusão as meninas voltam ao Brasil e eu acabo sendo executado pela máfia do sexo. Me sentindo livre desse pesadelo que corta milênios que faz pessoas objetos de desejo, culpados por ou não, ainda existe escravidão e na memória vem o rosto da Morena que morreu por eu me apaixonar...

Musica: Belos e malditos - Capital inicial

19/04/2019