quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Cabeludo - Parte IV

Cabeludo - '04'

Nascido em uma terra selvagem, onde o poder era a força bruta, onde o valioso era o guerreiro habilidoso na espada ou arqueiro. Vindo de uma linhagem de grandes nomes, respeitados pelas crueldades, nasceu para matar. Muito cedo conheceu a espada e entre primos e amigos o mais habilidoso se tornou. Mas ele era um pensador..
 
Não aceitou pelo seu conceito de precisar de uma real razão para guerra e não apenas  tirar vidas por uma cultura que era torturar. Seu pai bruto deu-lhe um rumo: "-Vá embora, mas não me traga vergonha." Sua mãe sem sequer ter uma lágrima, o mal dizia com um olhar furioso, por ter gerado a derrota e não o vitorioso... Por pior que parecia havia amor naquela atitude,  pois o julgamento entre os selvagens seria rude e sua vida seria tortura, era melhor que ele fosse pra aventura.
 
Assustado saiu na direção que nasce o sol, pois lá havia uma cidade muito antiga protegida pelo povo da Lua que o pior dos Selvagens temia..

Na sua caminhada perdido, lutando pra se manter vivo, pois na terra antiga havia muito perigo nos campos guerreiros e na mata os ladrões de almas que vinham na calada da madrugada para roubar as almas perdidas das pessoas vivas que tira vida..

Em sua caminhada com seu coração puro, conhecedor das histórias, lendas e tribos caminhava entre o Campo e a Mata, em um deslize é pego dormindo e levado pra longe dali. Após dias sedado seu corpo cansado, acorda perdido em uma casa de pedra. Vai até a janela e vê a fartura, um lugar lindo, os meninos trabalhando e rindo. Assustado sem saber o que vinha, pois na sua tribo se trabalha no grito, não havia satisfação, só obrigação. Lá os selvagens não trabalhavam e caçavam apenas os meninos e as meninas criados pra servir e trazer guerreiros ao mundo. Apenas assim eram respeitados, uma selvageria como estilo de vida..

No outro dia ao amanhecer entra pela porta um Velho com palavras bem ditas, com uma fala mansa que trás paz a alma. O menino desinibido lhe diz que não escolheu estar ali, tinha seu caminho e que faria seu próprio destino, era um Selvagem trazia no sangue o perigo. O Velho se vira e com um gesto chama-lhe para uma caminhada.. Ele se encanta com tantas habilidades dos meninos que aprendem a serem construtores e agricultores, conhecem as letras, aprendem a dominar a flora pra curar e a fauna pro alimento do dia, terra de fartura.

O Velho lhe convida a ficar e percebe seu talento,  que é muito menino e os perigos de viver no campo e que na Mata estaria protegido, pois seu coração ainda era puro e o menino aceita sorrindo..

 O Velho sentia no menino  habilidades contidas ao longo de suas vidas, pois o menino tinha uma alma antiga, não precisa de muito. Ele percebia, tinha olhos pra tudo no que colocava suas mãos acontecia, tinha boa fala, era mais um raro esperado pelo Povo da Lua que trazia na cultura pra espalhar pela Terra seus escolhidos, com seus segredos escondidos..

 Já grande e forte o Cabeludo vai para Cidade Antiga do Povo da Lua aprender a deixar sua alma sair para viajar em suas vidas e trazer para o novo, despertar uma lição pra uma nova vida perdida dentro de si mesmo a cada regresso. O Cabeludo surpreende-se e tem a certeza da vontade de espalhar a bondade antiga vinda da Lua e perdida na Terra do livre arbítrio onde o Mal anda agindo..

Entendendo que o Mal anda no chão e da para sentir nas pessoas quem tem mais força a sair pela vida entendendo que o mais poderoso entre o Bem e o Mal é o Mestiço que tem as forças unidas. Um poder raro contido apenas no reencontro das almas certas ao longo das vidas..
 
Sai pelo mar em busca de novas terras, conhecendo novas culturas. A cada lugar uma nova aventura aprendia sobre a espiritualidade no mundo, percebendo que independente da crença de boa fé a busca é a mesma, é a pureza na alma e um bom sentido pra viver, iluminando-se pra um novo amanhecer..
 
Ele rodou o mundo via de varias maneiras a vida, não se prendeu a um Deus apenas e a forma de ver a vida. Um dia conversando, soube de um novo mundo, uma terra perdida de fauna e flora bem viva, um povo que tinha de crença a forma mais linda que era viver de uma forma mais primitiva.. Em harmonia com a natureza, esse povo que entende que por dentro somos luz e por fora sombra, que a força vem de dentro,  o que nos pertence na terra é a vida e que devemos agradecer a energia  cedida pela Fauna e a Flora, pois tudo no mundo tem energia, que se deve agradecer a vida..

 Sentido ao mundo novo, vê algo horrível, se assusta com os navios negreiros. A maior das barbaridades feitas pelo homem ao longo de sua vida na terra, uma brutalidade sentida em cada alma em suas noites e seus dias, famílias destruídas pela Maldita moeda que brilha, e pra onde a alma vai não tem nenhuma valia, pois é o brilho próprio que ilumina..

 Parando em um porto, entra no navio um caçador e de posse um Híbrido vindo do Norte, filho de homem com um povo quase extinto. Seria vendido pro circo, aquele enorme meio homem, meio símio, seus cabelos pelo corpo todo, suas presas gigantes e assustada estava a alma pura do Híbrido que no toque da mão sentia o Cabeludo..

 Já a terra a vista a alma do Híbrido se agita e o Cabeludo percebe o perigo, se afasta quietinho. Levanta-se o Híbrido arrebentando as correntes, solta um grito, recomeça a caçada dentro do navio. Mas o Híbrido no seu auge, agressivo, mata todos, menos o Cabeludo que esperto se manteve quieto na cena e o navio a deriva, colide com os corais partindo e afundando. O Híbrido cai no mar e o Cabeludo sobe num pedaço dos destroços e acaba dormindo..

 Já no veleiro do Mensageiro acorda assustado, mas vivo! Aos poucos volta a si e na conversa com seus salvadores chega ao novo mundo onde o povo era mais puro, mais primitivo.

 Chegando ao seu destino cheio de aventuras, mas de coração limpo, experimentando o amor de Olhos de Céu, pois sabia que o amor vem da pureza e quando chegasse ele ia ter certeza.

 Vivendo entre os puros, percebe a verdade sobre o mundo que mais que ver, ouvir e falar, é preciso sentir pra ter sentido.. E em volta da fogueira, sendo traduzido pelo Mensageiro na conversa com o Cacique sobre o povo da Caveira que tinha vindo do mundo antigo, do qual ele tinha salvo alguns da sua tribo o Mensageiro e ao olhar  para o Espiritualizado da Tribo que esta com o Sentido aceso o Cabeludo sente  a presença da alma do Híbrido...

- Por Rodrigo 'cC' -
 26/07/2017