O Porto Santo - 21
O Mensageiro já perto de casa, no Porto Santo, um lugar abençoado por si só, desde o tempo que era parada dos Índios. Mar de fartura, parada das Baleias que há tempos não apareciam. No pé dos picos fartura de bananeiras, entre outras
fruteiras com uma energia boa. De fato um lugar Santo...
Caminhando encontra uma
Moeda que Brilha, senta na praia olhando os navios, pensando sobre tudo que tinha
passado, tentando entender tudo e o porquê do lado sombrio é tudo mais
fácil e do lado claro que devia ser fácil é tão sofrido. Não achando um sentido, deixa pra lá, se lembrando da mensagem na passagem de Cristo, que usou sua
vida pra dar sentido ao maior poder na terra, o amor em sacrifício...
Chegando à uma taberna é seduzido pelo cheiro maravilhoso do tempero vindo da cozinha. Mais
que ligeiro vai entrando e é recebido com um sorriso, por um casal respeitoso
dizendo das delicias que serviria..
Já de banho tomado, de roupa trocada senta-se
à mesa e se delicia. Parecia que não comia há dias mas o tempero era uma
delicia, quando ele olha na porta uma Conhecida do vilarejo da Encantadora aproxima-se, senta-se e inicia uma conversa...
O Mensageiro pergunta da Encantadora, a
Conhecida diz que ela tinha cansado de esperar e tinha ido embora com um
Marinheiro, ali o Mensageiro perde o chão achando que pequeno era seu amor, que
ela havia encontrado um amor maior...
Perdido sem rumo o Mensageiro bebendo
um vinho, no pensamento um sofrimento que não o deixa em paz um segundo. Resolve
fechar seu coração com a Encantadora dentro e sai pelo mundo com a pressa de
quem quer chegar logo ao próprio fim...
Largado sem destino, a vida sem sentido, acompanhado pelo pensamento na forma de veneno que vai entorpecendo como a
mentira que tu acredita e entrega sua vida e se perde na decepção da falsa
impressão..
O Mensageiro ali jogado aos trapos perdendo aquela luz natural que
encantava foi se escondendo, fugindo do mundo, perdendo pelo caminho o amor
próprio, a alegria, o sentido da vida, os dias iguais, vazios, nas noites
intermináveis, duvidas levavam seu sono e sonho.Só olhava pra baixo estava tornando-se invisível...
Andando, bravo com tudo, havia mudado se tornado estúpido, não via futuro, brigava com Deus gritava, chorava e o pensamento o consumia. Uns
passos à frente vê uma Polaca com um Negro nas costas, chega perto e é recebido com
um sorriso. O Mensageiro desce do Baio oferecendo á eles os cavalos e vão
andando...
Chega a noite, o Mensageiro que estava há dias mal se alimentando, pega
umas frutas e um peixe, faz uma fogueira e fica ali olhando o fogo e o pensamento
o corroendo...
A Polaca ao perceber sua dor começa contar a sua história, dizendo que a dez
anos carregava seu amor nas costas, andava vagando pelo mundo a procura da cura, pois seu amor foi parando de falar, de ouvir. Depois de um tempo também não enxergava, depois veio os movimentos ...
O Mensageiro tocado, de novo briga com Deus, achando
injusto a vida. Ela diz que mesmo injusto ela é grata por não ser pior, pois dor
maior seria não ter mais ele em sua vida, diz ela ao Mensageiro sobre um outro
tempo onde ele era vida..
Ali sentada dando de comer na boca de seu amor, a
Polaca conta sobre o dia em que seu amor salvou sua vida. Ela era muito nova, estava
tomando banho em um riacho quando foi cercada por dois rapazes senhores do seu
amor que a atacaram tentando a violentar...
Seu amor cansado de sofrer, com raiva
do mundo, odiando a dor, reage aquilo, matando seus senhores.
Grata ela chega em sua
casa contando a história. Seu pai acorrenta seu amor, recomeçando a tortura.. A
Polaca chateada, pois onde tinha enfiado o seu amor que ofereceu sua vida a ela. Ali seu amor reconheceu a dor, a fome, a solidão e o medo. Já não estava na casa
dos senhores e sim na senzala onde só por existir estava ali...
Cansada da
violência entendendo que era responsável pelo caminho de seu amor, pois ela o
tinha levado até ali, dizendo que sua família seria grata. Mas não foi! O preconceito
por ele ser negro foi o que imperou e nem perto eles a deixavam aproxima-se dele. Quando ela não aguentava mais tanta dor, resgatou seu amor.
Os dias foram passando, foram felizes, fizeram muito das coisas que queriam e que a única coisa que dói nela, não é carregar ele nas costas, mas saber do tempo perdido, na covardia de não ter tido atitude e deixar passar o
tempo, de não ter salvado ele antes, pois a covardia foi maior que o tempo de
alegria...
O Mensageiro encantado como estivesse se resgatado, entendendo, sendo grato por não ter sido pior seu caminho, deixando de olhar para si. Volta a olhar vida como um todo, percebendo que não está morto, continua sua jornada voltando
pro vilarejo da Encantadora de coração partido, com pensamentos mais calmo, aceitando seu destino...
-Por Rodrigo 'cC'-