quarta-feira, 30 de agosto de 2017

O Mensageiro - Parte III

O Mensageiro - '03'

Após passar a última cena do Arpoador, ele se comove com o olhar da Graciosa e sai em direção a mata, esconde-se para viver em silencio. 
O Mensageiro levando mais um ensinamento no seu caminho de paradas e histórias ouvidas,  vistas e passadas adiante na ideia que a história sempre faz bem a alguém..

No lombo de seu baio, viajando pelas trilhas, aprendendo com as pessoas, ele sabia um pouco de tudo. Na vida faceiro ficava quando chegava no seu vilarejo, lugar gostoso um povo alegre, festeiro. Morava ali seu sonho na vida, uma menina que se tornou moça Encantadora. Ela era dança, falava com os olhos, seus movimentos naturais eram sensuais, um encanto em olhar, mas ela era brava, não gostava da vida de dona de casa, ela queria aventura, era ruim de lidar, não era qualquer conversinha, mas ele era ligeiro, pois era o Mensageiro, parava seus olhos contando o que via e sabia..

No barraco o Baio andava livre, era parceiro, pegava maçã no pé. Um lugar lindo que a Encantadora cuidava por ter muito amor na vida. Em suas viagens o Mensageiro sempre trazia uma novidade, só pra ver nela a alegria de ter ali toda forma de fruto e flor que traz luz e vida. Os sons da mata, no céu as estrelas, na luz da lua tudo podia.. Nos dias de paz os dois construía seu pequeno veleiro, que era o sonho aventureiro guardado no segredo, lá no primeiro beijo de um desejo comum de sair ao mundo num veleiro e esquecer  do tempo, pra viver o amor verdadeiro  na paz dos dias,  sem medo, apenas vivendo cada momento.. 

O Baio meio assustado, pois no balanço das ondas ficava meio atordoado, mas a sua companheira Pintada ali quietinha parada com o sorriso nos olhos falava. A Encantadora orgulhosa da ideia de seu amor em deixar os dois na ilha pra viverem livres, mais selvagens abençoados pelo natural.. 
Se aquela lua refletisse, seria visto as mais deliciosas cenas de dois amantes, livres em seu sonho se sentindo e fazendo o que gostavam. Seu teto era o céu, sua estrada era o mar, a brisa era velejar perto da terra de onde sempre vinha uma nova descoberta em seus passeios pela floresta, caçando, pescando, tipo meio bicho colhendo um fruto.. 

Mas um dia... muda o corpo da Encantadora e o Mensageiro viu primeiro. Era o desejo do segundo beijo que surgia, a luz que guia vinda da união de dois amores que mudam o rumo e dá sentido a vida no desejo dela um menino e o dele uma menina e aquela brincadeira gostosa com os nomes, sorrisos desejos para luz abençoada que vem vindo e ele mesmo fez o parto a luz da lua..  Nasce a pequena Olhos de Céu a Natureza sente a presença. Surge os golfinhos comemorando um ser bem vindo, as Baleias e seus cantos que com um encanto, a Gaivota olhando de pertinho a menina que tinha o encanto de muita pureza que alegrava a Natureza, que sem receio se deixa tocar sem medo.. 

Crescendo em um mundo livre na praia, na mata brincando, no veleiro seus cabelos ao vento da cor do por do sol absorvendo o melhor dos segredos de um Mensageiro e uma Encantadora atenciosa e protetora que se assustou com a amiga que Olhos de Céu acolheu. Era uma pequena onça negra que estava do lado da mãe que já tinha partido.. 

No veleiro a alegria na bagunça das amigas, o apego a proteção, a caça as duas eram como se fossem uma só. A sintonia perfeita crescia quando brincavam de aventura nas paradas pelo mundo novo onde pertenciam. A Encantadora já não a via como uma menina e com o Mensageiro perceberam que sozinha ela ficaria. Era hora dela conhecer o mundo do jeito que é.. 
Mudando o rumo entre conversas e certezas, entre o mundo novo e aldeia. Partiram rumo ao norte para uma tribo que tinha o Cacique que salvou o Mensageiro dos homens da Caveira e pelo na cara que vinha da água vestido em pele de bicho, contava ele pras duas da beleza da Natureza. Lá ao norte um lugar onde ele conheceu a sorte..

Velejando, avistam um Cabeludo agarrado a um pedaço de navio, o trazem a bordo. Cuidando, 
alimentando e curando. A Olhos de Céu encantada com a cena, pula no mar e vai sentido a praia com sua amiga, vigiada bem de perto, pois dominava a fera a qual tinha medo a tribo. Todos admiravam aquela beleza nunca vista. A Encantadora, fica tranquila, pois ali sente que Olhos de Céu é bem vinda. 

 Ao passar do tempo a volta da fogueira, o Mensageiro traduzia para tribo as histórias contidas na vida do Cabeludo vindo do mundo antigo, onde viver era um perigo e os valores invertidos. Olhos de Céu tornou-se uma mulher, pois havia completado seu ciclo. Era feliz com seu Cabeludo, na paz da tribo dando paz aos pais de ter dado-lhe um caminho..

- Por Rodrigo  'cC' -
13/07/2017