terça-feira, 3 de março de 2020

Conto: O Filho do Silva - Parte 14

j o • f e v e r e i r o: didática - aldeia indígena I


Parte 14 - (Continuação) 
-Por Rodrigo 'cC"-

Chego à fazenda a mãe da Paraguaia com um ar de preocupada, o pai dela também já querendo ir pra guerra dizendo que é meu e não tem o que vá contra e a Paraguaia com uma suave lágrima. Ligo para minha mãe e minha irmã atende, e nada poderia ser mais poderoso que um interagir com o amor puro gratuito de criança e já em voz espalhafatosa ela pergunta? – Cadê o Raoni? Já está vindo? Como ele é? E a mãe dele? Posso ir ai?
 Eu metralhado com tantas perguntas, mando um eu te amo gritado.
Minha Irmã diz: - Ó é assim, vou cantar uma música para o Raoni. - Coloca o telefone para ele.
Eu digo: - Não estou perto dele.
Ela diz: - Então eu canto para você e depois você canta para ele.
E ela começa..
Musica:Brincar de Índio - Xuxa 
Sorrio e entre todos ali na fazenda olhando eu cantando Xuxa de lágrimas nos olhos, interagindo e dançando como se minha irmã tivesse ali. Continuamos a conversar até que ela deu o celular para Mãe.  Já no Oi Filho dela já me senti abraçado e digo: - Mãe é hoje! Ou Eu vou à tribo e meto o louco e nem vou nada, mas dentro de mim quero essa bênção do Pai da Índia, os vejo mais puros sem mentiras, vivem bem melhor que os da civilização, sem mentira ou maldade de um para com o outro sem nada Babilônico que os diferencia ou que os façam ostentar. -Mãe o que acha?
 Ela diz: - Que pergunta Piá, claro que vai a Tribo.
Escuto o grito da minha Irmã: - Vou Junto!
Peço à mãe que diga a ela que não dará tempo e se desse, eu a levaria e ouço um resmungo: - Sou tia de um índio, ó que legal.
E já vem a pergunta: - Mãe, posso andar pelada e  fazer uns desenhos em mim?
A mãe ri e diz: - Claro que não guria!!
Eu dou risada, o coração conforta, a alma se sente abraçada. Desligo, olho para o Pai da Paraguaia que diz: - Piá do Silva tu é maluco e sua vida é louca!
E saímos em direção a caminhonete F1000. Quando chegamos lá fora, um bando de capangas armados e falo: - Não vamos apenas nós quatro?
O Pai da Paraguaia fala: Tá maluco? Se eu for lá estou pego.
Digo então: - Meu amigo vamos nós três apenas. Estou longe de guerra hoje. -Na volta conversamos.
Um dos Capangas fala: - Vai com a Toyota Bandeirantes que está ruim a estrada. Choveu muito.
Saímos de Toyota Bandeirantes, sentido a aventura, era aquela terra, era preciso 4x4 o tempo todo, muito liso. A Paraguaia dirigindo, logo se perdeu na curva, pois cometia um erro, ela fechava a mão na direção e na lama a ação fica mais rápida e leve, com a palma da mão aberta pressionando o volante. Trocamos de lugar, peguei a direção, seguimos viagem.
Quando chegamos a uma serrinha onde eu havia encontrado minha cachorra Princesa, ali tive de descer, colocar o guincho nas árvores e subir de arrasto. A Paraguaia na chuva me ajudando e a mãe dela dirigindo. Levamos mais de três horas pra andar dois quilômetros até que estourou o guincho e já era. Não teve o que fazer, passou a chuva, a Toyota ancorada no barranco pneu enfiado na lama, a Mãe da Paraguaia diz: - Que a dois Quilômetros tem a fazenda de um amigo da Família.
Fui lá pedir ajuda. Quando ela me avista voltando com dois bois riram de mim. - O empregado da fazenda disse que o trator estava estragado.
Amarrou os bois na Toyota e arrastou morro acima dava impressão que os bois nem estavam fazendo força. Eu e a Paraguai na cor do barro, vamos para carroceria e a mãe dela dirigindo e ao passar por uma ponte a Paraguaia diz: - Mãe para!!!
Ela se e joga no rio, eu fui atrás a Paraguaia tipo sereia, caiu aqui na agua e saiu ali na beirada, a correnteza da chuva não era nada e eu que pulei ali e fui parar uns trezentos metros lá na frente passei assustado, o pior foi voltar pela beira do rio, perdi meu tênis e aguentei as duas me tirando sarro vendo eu sofrendo me atolando, cheguei fedendo lama, tomei um banho no rio voltei pra carroceria da Toyota Bandeirante a Paraguaia me olha e diz um Eu te amo tão espontâneo que me fez bem e começou a cantar essa música..
Musica: One - U2 
 A mãe da Paraguaia parou na Fazenda de outro vizinho tomamos banho, me deu aquela fome fui a lareira me esquentei bem almoçamos seguimos viagem, chegamos na tribo Desliguei a Toyota e dali seguimos a pé, nada mais que quinhentos metros.  Chegamos e fomos recebidos por guerreiros e levados ao Cacique e ao Pajé.  Eu estava numa paz que nem eu acreditei. O ambiente puro, livre de maldade, já estava dando vontade de ficar ali com Raoni, a igualdade entre os Índios é sentida sem mentira, sem querer levar vantagens, tirando apenas o necessário à vida, sem ganância. De fato o melhor lugar do mundo pra se viver é voltar ao inicio, é ser puro, com sentidos mais primitivos, mais perto de sentir e entender o Criador e a Mãe Natureza, mas Piá Urbano já viu, iria pirar ficar lá sem o rico da civilização, tem meu projeto social, acabei de ganhar dez mil dólares em uma rinha de galo, para gastar. Quando voltei dos pensamentos o Cacique me olha sério, o Pajé com um olhar de análise e eu nem ai, sem se deixar sentir.  
A conversa se inicia e eu com fome, vi pinhão e grimpa. Comecei a fazer uma armada de pequenos pedaços da grimpa e colocando os pinhões entre as camadas de grimpa e fui pegar o isqueiro para acender e cai meu pedaço de maconha.  O Pajé me olhou, tentei disfarçar joguei no meio da grimpa e não acendo o fogo ai, mas vem um Piá Índio e mete fogo e aquilo virou um cheiro da erva. Senti uma vontade de pular junto no fogo. Fique corado, sem graça e eu nem entendia o que a mãe da Paraguaia falava com o Pajé e com Cacique. A Paraguaia chapada nem acompanhava para traduzir, sem falar que não parava de comer pinhão assado nem eu estava muito bom.

Anoiteceu, o Pajé disse que eu deveria dormir ali para que vissem no meu sono o comportamento de minha alma e eu lesado de enrolado vai se fácil, na hora de dormir me levaram a beira de um lago e ali dormi tendo de um lado o fogo, o outro a água, em cima da terra e abaixo do ar. Dormi e no meu sonho estive com Raoni e minha amada Índia, uma noite qual eu precisava. Fui à minha maior vontade, o meu mais forte desejo, estar junto aos dois. Amanhece e vejo ao meu lado os dois guerreiros que ficaram a me vigiar. Olho no chão vejo pegadas e voltamos a tribo.
Os guerreiros relata ao Pajé que a onça esteve lá me cheirou, deitou e dormiu ao meu lado até amanhecer e saiu de volta para floresta, a mãe da Paraguaia arregalou um olho para mim, a Paraguaia o mais belo sorriso. Me perdi, uma feliz e outra assustada, mas vem a noticia Raoni ficara comigo, pois o que há de mais poderoso o Tupã, me defender. Fazem uma dança a minha volta que chego sentir a energia do bom desejo me tocar me despeço e digo que o trarei na aldeia com frequência e que saberá  quem foi sua mãe e o que fez por ele.

Voltamos em direção à fazenda. Dias de muita chuva, muito barro e logo na primeira subida já usamos o guincho da Toyota pra nos rebocar morro acima. Tirava o guincho de uma árvore pra por em outra as quatro rodas patinando já não vencia tanta lama na subida, mais de hora para subir o morro e muito trabalho físico. Parei no cume do morro ao lado de uma fruteira, de repente mais de vinte Jacus sentaram em uma figueira.  Sentamos no capô da Toyota Bandeirante logo chegaram os bugios, vimos quatis, tucanos, Catetos, pacas, cotias, nunca havia visto uma flora com tanta fauna em volta. Ali ficamos horas de boa, tinha o dia inteiro para voltar, muita lama. Iríamos passar na fazenda do vizinho que passamos na vinda e eu havia prometido fazer um carneiro assado na brasa e teimei que o carneiro que eu assaria o fazendeiro gostaria  teimando que o carneiro que assaram para ele já havia passado da idade de carne nobre.

Saímos cortando o barro com a Toyota guerreira e barulhenta. Chegamos à fazenda e o carneiro estava morto e limpo.  Resolvemos pousar na fazenda, fazer o carneiro para o jantar. Fui temperar, a Paraguaia vem atrás para me ajudar, mas quando cheguei na cozinha dou de cara com uma Argentina com um cabelão negro  gigante, toda amável no comportamento que já se dispôs a nos ajudar. Pedi que pegasse três cabeças de alho, duas cebolas, um vinho branco seco, alecrim, colorau e sal. Trituro o alho, a cebola separados, coloco duas colheres de colorau, dez de sal, o alecrim e misturo tudo. Coloco a pimenta do reino e o sal na carne só depois adiciono os outros temperos misturados ao vinho e vou banhando e a cada pouco durante horas viro o pernil no tempero.
Acendo o fogo de chão. Metade da tarde, aquele vinho branco seco que a Argentina tinha trazido, ficou uma para o tempero da carne e eu e ela e a Paraguaia já estávamos na segunda garrafa. O carneiro no fogo a cada pouco eu o banhava com o tempero no vinho branco seco. Saladas, arroz e mais a farofa e os pernis de carneiro à mesa. O fazendeiro comeu e gostou  e concordou comigo que tem a hora certa de matar, que mesmo sendo da mesma raça o que manda é a hora de matar para que a carne fique nobre. Jantamos, recebi uns elogios a Paraguaia já de olho na Argentina vamos até a varanda, a Paraguaia pega o violão e canta essa canção...
Musica: O Amor e o Poder - Rosana 
Chega a filha mais nova do fazendeiro que o contrariava por gostar de meninas, entramos no papo de lua e seus efeitos na terra, no mar, nas plantas e eu de olho na direção do quarto da cama, eu estava com sono, cansado de lidar com lama, com o guincho, enxada, pá pra desatolar a Toyota. Vou para o banho, vou pro quarto deito durmo de repente sinto uma mão acariciando, meu corpo mudando, uma respiração se aproximando,  um beijo gostoso, abro os olhos e me deparo com...
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Continuação!!!
 👉(Em breve na parte 15) 

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