quinta-feira, 5 de março de 2020

Conto: O Filho do Silva - Parte 04

 Parte 04 - (Continuação)
-Por Rodrigo 'cC'-

No mirar uma arma ao outro, olho por trás do ombro do polaco, o Piá Ruim e vejo a guria linda, a qual saca a pistola e coloca na nuca do "Piá Ruim". A guria me olha nos olhos e atira no Piá Ruim matando-o.
Rapidamente ela vem em minha direção e diz:- Tu não vai pro inferno se depender de mim.
E diz: - Vamos entre! Vamos sair daqui!
Entrei no Scort XR3 e fomos para o Shopping Mueller. Marcamos de encontrar o "Patrão" da vila para contar como morreu o "Piá Ruim". No tempo de espera a Guria linda me diz o porque o matou, pois a ideia era proteger a minha alma e que não desejava a tormenta dada em sono aos que aqui na terra matam, que sou um Piá bom e que ela tem um apego especial por mim.
No centro da praça de alimentação um rapaz de violão a mão toca essa musica:
Música: Sangue Latino - Ney Matogrosso
De olhos em lágrimas a linda Paraguaia me tocou o coração e minha única reação foi entrar fundo nos olhos dela com os meus. Ali algo mudou e o meu coração ela tocou. Levantei-me, andei em passos lentos até ao músico e lhe dei cem reais por acalmar uma alma aflita que acabara de matar por mim e sua  música linda o quanto faz bem às vidas com suas palavras e som que tão bem faz, tenho a certeza de que a vida na terra sem ti não seria amena. Volto em passos lentos. A minha alma vejo em um momento, penso em minha culpa pela morte do "Piá Ruim," mas me perco em pensamento--- sou ou não o culpado? --- Tentei defender a Gaúcha doce prenda que não faz mal ao mundo e sim o encanta.
Chega o "Patrão" e a conversa se inicia: - Foi assim diz a paraguaia: - Eu matei o Piá Ruim para salvar a alma do Piá do Silva, tu sabes tanto quanto eu que também morre quem atira e o pesadelo nos vem em forma de tortura na madrugada vez ou outra e nunca acaba.
O Patrão vira-se para mim e pergunta: - Tu iria matar mesmo?
Eu digo: - O medo estava me movendo e por medo, acuado eu mataria. No meu pensamento sobre minha alma ou ir ou não pro inferno era igual toda onça na mata a lutar para defender sua vida, merece o inferno? - Nosso julgador é o Deus único o Senhor dos Exércitos de Israel dono das lições em vida, o único que sabe de fato o que sentimos por dentro e o tamanho do desespero e medo que em meio a guerra nos guia.-- Dessa mesma maneira, me sinto culpado, mesmo sabendo que não fiz mal ao "Piá Ruim" e sim defendi a Gaúcha.
A Paraguaia me diz: - Vamos comigo pro Paraguai?
Eu digo sim e peço ao "Patrão" que avise minha mãe.
Saímos andar no Shopping  Mueller. Paramos na Mesbla, comprei roupas, fomos ao subsolo brincar de autorama, pego um coelho em uma máquina e presenteio a Paraguaia, percebo que ela esta mais calma. Então vamos ao Scort XR3, saímos Rua Mateus Leme, viramos na Inácio Lustosa sentido a BR 277, ela baixa a capota do Scort XR3 e o céu é nosso teto e vem a música:
Musica: Self Control - Laura Braningan
Chegando em Guarapuava paramos em um sitio e ali é feita a troca, deixamos o Scort XR3 e pegamos uma D20 Bonanza de placa Paraguaia e seguimos sentido ao Paraguai.
No caminho vejo que se silencia a Guria Paraguaia, lágrimas escorrem em seu rosto e eu em respeito mantenho-me em silêncio. As lágrimas aumentam, sua voz soltava o som do choro. Peço que pare o carro no acostamento e trocamos de lugar. Pego a direção da D20 Bonanza e num trocar de marchas ao som do escape direto, a turbina a gritar nas trocas de marchas em seu alivio, o rádio desligado, ela com sua mão esquerda sobre a minha direita, descansando sobre o frigobar entre os bancos. Olho no retrovisor vem uma F1000 a me emburrar e o racha começa. Duas brutas camionetes cortando a BR277  entre curvas, decidas, retas, subidas, um duelo parelho, onde um passava e era ultrapassado, o velocímetro no limite, turbinas a gritar nas trocas repetidas, pneus no limite quase a deslizar nas curvas. A Paraguaia se alegra, procura uma fita cassete no porta luvas e encontra uma música e a põe a acelerar, a adrenalina na pilotagem agressiva a musica:
Musica: Nowhere Fast - Fire Inc
Já chegando na cidade de Laranjeiras do Sul, paramos em frente a um hotel e a F1000 parou também. Descemos e o Ruivo já adulto se espantou de eu ser um piá de quinze anos. Desce ao seu lado da F1000 uma negra feliz brincando com seu Ruivo: - Que isso!! Levando um coro de Piá?!
Rindo o ruivo responde: - Fazer o que!? Na risada todos.. 
O ruivo diz: - Então eu pago o jantar.
Assim foi, o seguimos, chegamos a beira da represa de Salto Santiago, um pasto com muito gado Nelore, uma casa na beira do alagado da represa. Que cena!! A lua sorrindo no céu e no reflexo da água, nenhuma nuvem, estrela bem visível, até estrela cadente rolou. O Ruivo tirou da carroceria da F1000 uma churrasqueira, um isopor recheado de garrafas de vinho no gelo. A Negra feliz, fez uma caipira, era umas sete da noite, horário de verão. Eu e o Ruivo fomos pescar pegamos cinco tilápias pra mais de quilo na ceva do Ruivo que sempre vinha de Carambeí só para se deliciar da cena com sua Negra feliz. Me apaixonei... Com ela era só risada. O Ruivo sofria com suas tiradas, mas ria junto, pois quem não ri de si é chato.
Fogueira duas belas camionetes, faróis ligados, a barraca do casal na carroceria da F1000, a tilápia aberta sobre a grelha, por cima queijo coloniais, tomate, salsinha e cebolinha, um toque de sal grosso, um banho de limão e brasa,  me senti como se conhecesse o casal a vida toda, um momento de vida. Então a Negra muito feliz fez uma proposta de cada um cantar uma música e pegou seu violão. O Ruivo cantou..
Musica: Ruby Tuesday - Nazareth
A cena continua, tilápia assada, vinho, já no grau da mente momento alegria, terminamos a refeição. A Paraguaia era a alegria em natureza levanta-se e fala para a Negra cantar uma música, que feliz conhecia a letra pedida e começa a tocar e a  Paraguaia a cantar ...
Musica: Fernando - Perla
O Ruivo e a Negra me olham fico meio sem entender, ai matei um copo de vinho de Colono docinho, tomo coragem, mas meio que sem respirar a Negra percebe e fala: - Minha vez!!! E começa a cantar, hora voz de Fred Mercuri e outras de Montserrat Caballe, sobre o teto da F1000 sem parar de olhar a lua e sem parar um segundo de chorar, molhando seu violão
Musica: How Can I Go On - Freddie Mercury e Montserrat Caballé
Chegou minha vez, meu pai me veio na mente, uma música qual ele gostava de cantar junto ao toca disco, no seu disco preferido, uma noite de estrelas na beira da represa me vem forte a lembrança e canto livre, leve..
Musica: S.O.S - Raul Seixas
A música e a noite me veio em conforto a até então o meu pior momento na vida, o casal se recolheu na barraca da F1000, a Paraguaia entrou na D20 Bonanza com uma garrafa de vinho. Entrei na camionete no banco do motorista, ela já havia aberto a cama no banco detrás e começamos a conversar. Ela pulou no banco do passageiro, me olhou no olho e foi sem nem ver, transamos a noite toda, perdi a virgindade e a vergonha ali mesmo, fui que fui, dormimos de sorriso, acordamos envergonhados, pegamos a estrada sem dizer uma palavra.

Chegamos em Foz do Iguaçu e novamente trocamos de carro e a Paraguaia assumiu a direção da Mercedes. Chegamos na aduana, polícia parando, vi no rosto dela o medo...
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👉(Continua na parte 05)
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