quarta-feira, 4 de março de 2020

Conto: O Filho do Silva - Parte 10

Parte 10 - (Continuação)
-Por Rodrigo 'cC"-
[...] Toca musica...
Musica: Oreru Nhamandú Tupã - Memória Viva Guarani
Ouço essa música vagando entre o tempo e o espaço entre a morte e a vida, sinto apenas solavancos, a Índia foge comigo numa armada de pau e couro puxada pelo gigante cachorro, pois sabia que viriam atrás de mim e pensava ela na sua bondade que eu seria um escravo do tráfico assim como os seus vem sendo há gerações explorados, sem direito a vida livre dada pelo Criador.
Eu havia dado a coragem precisa para que a Índia lutasse por sua vida e pela minha, pois nunca ousou fugir mesmo contrariada, pois os seu antigos preferia a morte a serem escravos. A Índia sempre teve essa vontade de fugir e lhe faltava coragem.

A mãe do Piá do Silva preocupada com o sonho de sua irmã que dizia que Deus tinha falado com seu irmão que a fez ligar para a Paraguaia que relatou que ele havia desaparecido. A mãe em berros dizia: - Tu não disse que o protegeria? - Vocês mataram meu Filho?
A Paraguaia conta que ele saiu andar à cavalo e foi encontrado apenas o cavalo, que iria mandar um táxi pegá-la para traze-la até Foz do Iguaçu e quando chegasse iria buscá-la. Assim foi.
Chegando na fazenda a Paraguaia percebe que há dias não vê a Índia. Passa um dia, dois de procura e se irrita, ela acredita que o "Piá do Silva" fugiu com a Índia e para as buscas  e ordena a captura do Piá do Silva e a morte da Índia em silencio ao capanga da fazenda.
Eu preso entre o tempo e o espaço escuto esse som...
Musica: Gennady Tkachenko-Papizh
Um lugar com formas de vidas inteligentes, de energia agradável, um lugar como a terra, mas sem a interferência do humano. Muito lindo, de uma paz que chega a dar prazer.
Em meio a esse passeio encontro meu Pai e vou abraça-lo, mas Ele é alma, é intocável, pergunto a ele se estou morto e me vem o choro, antes mesmo da resposta, que não estou morto, apenas estou em estado de iluminação da alma, que está muito fraco meu corpo e estou em silencio para que a natureza tente regenerar o corpo para que não me falte o sopro da vida. Me admirado com as formas de vidas não terrenas quando elas passam ao meu lado ou sorriem, é um prazer que não consigo explicar. Olho longe, ao alto do monte uma Luz pura, linda saldada pelas outras formas de vida. Era Jesus Cristo a iluminar com seu sorriso. Eu sem conseguir parar de olhar, vejo Jesus a erguer do chão uma garota de cabelos longos chorando, surge um rapaz que parecia até estar vivo interceder por ela junto a Jesus e ao cair no chão de joelhos o casal cabeludos, erguem as mãos ao céu e uma luz vem e os dois desaparecem. Meu Pai diz: - Deus os permitiu voltar. - É meu filho o amor é poderoso, o amor é Deus.
Quando viro-me para o lado, vejo Jesus Cristo que com um sorriso me alvejou, com a mesma luz do casal. Acordo com uma sensação boa, olhando para o céu me sentindo renovado, como se eu acabasse de nascer. Olho para o lado, a Índia assando uma lebre. Pergunto: -O que houve? Mas ela fala em guarani e eu português. Tento me levantar, ela oferece sua mão para me ajudar e ao tocá-la senti algo vibrar meu corpo, uma sensação gostosa.
Nos alimentamos, ficamos perto, sem dizer uma palavra e tive uma ideia, desenhei no chão uma casa, aponto com a mão e ela faz sinal com a cabeça que não. Desenho uma criança do lado de sua mãe segurando uma mão e eu de outra. Vejo a lágrima cair de seus olhos como se soubesse o risco que corria, segurei suas mãos e com os olhos em lágrimas a abracei, foi o abraço mais gostoso que já havia recebido e o mais grato por mim dado. Permanecemos em silencio a olhar para o céu, a lua chegando sorrindo
Musica: Ojos de Cielo - Mercedes Sosa
A noite cai como se a paz estivesse ali sentada com nós a volta da fogueira, de longe avistamos uma luz de carro, vamos em direção a luz, nos escondemos. A Caminhonete para, desce homens armados e vão em direção a fogueira, ouvem o latido do cachorro mais a frente, afastam-se da Caminhonete. Aproveitamos a chance e corremos em direção da caminhonete eu a roubo e voltamos para fazenda.
Minha mãe em desespero, pensando o pior, chega minha irmã e diz: - Calma Mãe o irmão está bem. - Ó sente, ele está vindo.
A mãe a abraça pensando --- Coitada, nem sabe o que diz.---  Melhor assim.
Olhei no retrovisor o cachorro vem correndo, parei a caminhonete e ele pula na carroceria. Os tiros repetidos não nos acerta. Enfim chegamos na fazenda, a Paraguaia correu em direção a caminhonete pensando ser os capangas da fazenda e se deparou comigo e com a Índia qual com seu ódio foi agredindo e indagando o que havia acontecido. Eu entrei na frente, minha mãe correu me abraçar e minha Irmã dizendo que ele estava bem, me sorriu e eu abracei com tanta vontade que não queria solta-la mais.
A Índia contou que eu havia caído do cavalo e pensou que eles iam me matar e que por isso eu estava sem direção correndo muito a cavalo e ela tentou me salvar.
Nesse momento eu não soltava a mão da Índia por nada e percebia o ódio na Paraguaia pela Índia e de seu pai por mim.
No outro dia cedo, comecei a ensinar a Índia um pouco da minha língua, o português, mostrando objetos, animais e dizendo os nomes.

Passaram os dias e eu ia ajudar a Índia na colheita da flor da Cannabis, quando vejo o pai da Paraguaia chegando a cavalo e me pergunta: - Por quê tu ajuda essa coisa aí, ao invés de dar atenção a minha filha que te ama e faz de tudo por você, além de ser milionária?
Eu respondo: - Tu quer um homem para sua filha que fique apenas por interesse e sem amor ou respeito algum por ela?
O Pai dela diz: - Não!
Eu digo a ele: - Sem amor, sua filha será apenas um objeto.
Ele me diz : - Pia do Silva, tu se interessa em ir para Florida USA, trabalhar com o anticristo?
Eu respondo: Não! Não quero.
O pai dela me tenta de novo dizendo: - Vai com o anticristo, tu é do bem e fará um ótimo trabalho com a falsa impressão na religião deturpada qual o diabo se manifesta dentro de suas igrejas.
E novamente eu nego.
Ele continua: - Darei a você o segundo lugar na hierarquia.
Eu nego de volta e digo a ele: - Quero comprar a Índia,
Ele diz: - Piá do Silva, pela sua honestidade comigo, a Índia a partir de agora está livre.
E me pergunta: - Por quê tu não quer dinheiro, poder? Como pode você não ter apego a nada? Como pode você se importar com as pessoas? Usa o dinheiro fazendo o bem aos outro? - Como pode comprar remédios, gás de cozinha, alimentos aos outro e continua pobre?
Eu digo: - Nada me dá mais prazer que ver alguém sorrir com o bem.
Seguro na mão da Índia que esta em extasie de alegria de estar livre e voltamos a sede da fazenda. Conto a minha Mãe sobre a liberdade da Índia.
O pai da Paraguaia me ensina a chegar na tribo dela, peguei a Caminhonete F1000 e vou levá-la de volta para os seus pais.
Chegando perto um rio e em seu sentido leste o sol se pondo, sentamos no capô da F1000 e nos tocamos e fizemos amor a noite toda. Amanhecendo chegamos na tribo, seus pais não se continham em lágrimas de tanta alegria, me agradeciam e eu nem entendia uma se quer palavra em Guarani, mas nem precisava, eu sentia a energia do bem.
Resolvi ficar o dia todo ali, muitas crianças curiosas por mim, pela caminhonete F1000, mas sem dizermos uma palavra nos entendemos, pois a energia da gratidão é universal.
A noite chega e vem a hora de ir embora, nos abraçamos e começa essa musica
Musica: Musica: Nhanerãmoi'i Karai Poty - Memória Viva Guarani 
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(👉 Continua na parte 11)
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