quarta-feira, 4 de março de 2020

Conto: O Filho do Silva - Parte 08

Parte 08 - (Continuação)
-Por Rodrigo 'cC"-

Acordamos preguiçosos e colados, mas não houve sexo, nossa sintonia era amiga. Passamos na panificadora e depois fomos até minha casa tomar o café. Ao entrar no quintal me deparei com os primeiros acordes  da musica que meu pai e mãe cantavam juntos. Entrei cantando e fazendo a parte do pai, minha mãe me olhava em lágrimas cantando junto a mim..
Música: Sem Limites Pra Sonhar - Fábio Jr e_Bonnie Tyler
e o rádio ela  fazia sua parte. Minha irmã grudada em minha perna com o cobertor companheiro e o urso de pelúcia, me ajuda a cantar a música. A "Japa" com uma lágrima a marcar o rosto diz: -Em minha casa ninguém conversa e senta a mesa.
Todos a acompanha, momento família, uma boa energia, cheiro gostoso de café no ar, um pão com margarina, o som da voz doce de minha irmã a ensina modos à mesa ao seu urso. Minha Mãe brigando com meu sujar a toalha da mesa ao molhar o pão no café com leite, a Japa a olhar. Minha irmã pede para que busque a Mana.
Penso no almoço e me vem uma lasanha de costela de boi na mente. Vou comprar os ingredientes, quando vou saindo a rua já me para no portão de sua casa o seu Gaiola, dona Dita grita: - Entre "Piá do Silva" que é tempo de amora e estou fazendo um doce e vou levar para sua Mãe.
A Japa curiosa nunca tinha visto tantas gaiolas, a Mana a olhar e sorrir.
A Japa pergunta ao seu Gaiola:-  Se você gosta de passarinho porque não solta tudo?
Seu Gaiola diz: - Fia, eu gosto do canto. Vem de uma cultura antiga não faço por mal, apenas não sei viver sem os cantos dos passarinhos.
Ela olha, manda um entendi a  Dita.
Eu  já me envolvo, ajudo dona Dita a colocar os doces nos vidros e para minha surpresa, D. Dita conta que meu pai por muitas passou ali conversar fazendo a mesma coisa, ajudando com os doces. Eu encantado, retribuo com o mais belo sorriso, pego um pão caseiro passo o doce e dou para a Japa que estava ali, quieta olhando o mundo novo, o jeito do povo da periferia. O seu Gaiola já com a Mana diz: - Dita, põe água ferver e serve uma erva mate pras visitas e ela diz: - Está atrasado meu véio, já esta na roda a cuia.
O seu Gaiola diz: - Por isso que te amo minha véia, sempre esperta!!
E segue dizendo: - Cuida de Mim o dia todo.
Diz Japa: - Vem aqui que vou te mostrar os passarinho nas gaiolas. A Japa pega Mana no colo o seu Gaiola diz:- Ó esse, é o Coleirinha. - Sabe Japa, passo meus dias aqui entre essas gaiolas a ouvir os cantos, tratar, cuidar de cada passarinho, esquecendo minhas dores, distraindo meus dias, nem é por maldade, aprendi quando muito pequeno. - Gostava de caçar, conhecer e ter novos cantos, foi uma paixão qual me pegou. que nem vi. Veja essa! É a sabia branca, perceba como ela me responde, me sente, quer ver?
Então começa a conversar com a sabiá branca, uma troca e a sabiá entre tantos, tão mansos como se aceitasse essa vida coagida, cantava na mão do seu Gaiola se alimentava. O pássaro preto a brigar com os gritos da Dita o Gaiola diz: Vai chamar sua mãe "Piá do Silva" para almoçar aqui. A "Japa" espantada com uma casa cercada de Gaiolas, uma maldade ao seu ver, mas com pessoas tão bondosas dentro. O Piá do Silva grita um Piá na Rua pra que vá avisar a mãe dele pra vir na casa do seu Gaiola. A Dita já grita na vizinha,  D Vitória. Seu Gaiola já chama o vizinho do outro lado, o Mecânico e ali nos juntamos, cortamos lenha no machado fazemos a fogueira envolta ao espeto com costela, vou no fogão a lenha fazer coração de boi, cebola, pimentão, tomate e um molho de alho para servir as porções. Naõ deixei nenhuma das mulheres ir para cozinha, todos na varanda da casa ao som dos passarinhos de tudo jeito e cores, mas não tem o que faça já chega o sanfoneiro e ja solta essa música:
Musica: Castelhana - Gaúcho da Fronteira
E no ato começa a dança, a cuia, a roda de boa prosa, crianças a brincar na rede, o cheiro da costela no ar Os mais chegados da vila trouxeram cada um algo a somar, a mesa farta com delicias, vinho do bom da Colônia de Colombo, a Japa de olho grande em meio a tanta alegria e igualdade entre o tratar de um para com o outro, não parava um segundo, ela muito sensível a maneira que cuidar da Mana que tinha síndrome de down, pois não a limitava, nem via a Mana com limites, mostrando gaiola por gaiola, dava a ela muita atenção, sentava no chão, brincavam na areia juntas, brincavam de boneca, ensinava palavras, cores, flores, frutos, animais e entendia sua Mana e sua vontades. Estavam conectadas por um sentimento nobre chamado amor.
Depois de tudo pronto, o almoço ao som dos pássaros em uma mesa improvisada de cavaletes e tábuas, eu fazendo a massa de panqueca para monta a lasanha de costela assada, com tomate cereja queijo colonial, palmito. Montei três lasanhas, um pouco de forno e com tudo pronto nos deliciamos de macarrão caseiro feito ali mesmo. Almoçamos cada um lavando seu prato e talher para respeitar a mulher da casa, a música começa e eu canto...
Música: Obras de Um Poeta - Chitãozinho e Xororó
...um protesto sem ser percebido para agrada minha amiga Japa qual nunca tinha visto tantas pessoas em uma só sintonia chamada alegria, coisa de vila, mas como a paz não dura muito tempo, vem um som de gritos, corro para rua ver o que era vejo a Argentina que cuida do tráfico com um amigo meu de infância, o Mané de joelhos com uma pistola na cabeça, uma Guria a dizer que ele tentou a violentar. A Argentina me diz: - Pois é "Pia do Silva" já que tu é voz ativa, de a ordem! -Vou matar o Mané.
Eu em susto, todos na rua a me olhar sem reação digo: - Leve ele e deixe-o cativo. Vamos conversar, depois vou ligar para Paraguaia.
Vou para o orelhão, ligo para Paraguaia que não se encontra em casa e seu pai joga em mim a responsabilidade da decisão e como se me sentisse, a Paraguaia pega sua moto 700 four, vem para vila. Liga seu walk man coloca o fone, o capacete, toca essa musica
Musica: Every Breath You Take - The Police
Eu a pensar sem parar em forma de tortura, pois o Mané foi meu melhor amigo na infância, brincamos de carrinho champ cross, estudamos o primário inteiro juntos, íamos e voltávamos da escola. De repente ouço a mãe dele a me gritar no portão, minha mãe me olha no olho, eu saio em direção ao portão...
--
(👉 continua na parte 09)
Para continuar lendo clicar nesse link:👇
https://pepperpimentinha.blogspot.com/2020/03/o-filho-do-silva-parte-09.html
 ---------------------------------------------------------------
Para ler o conto desde o início clique neste link:👇
 https://pepperpimentinha.blogspot.com/2020/02/o-filho-do-silva-conto-rodrigo-cc.html