segunda-feira, 20 de março de 2017

Vazio - SamBennett

Arte: Casey Weldon

Vazio
(Samantha Bennett)

Penso no vazio, 
penso em nada, no nada,
penso em ti.
Um "em ti" desconhecido, que me persegue 
com essa nostalgia estranha:
eu, um buraco negro, 
uma falha numa escuridão interna e eterna.
Falho, falhei; ouço-te, apenas.
Ouvir-te, mantém-me aqui, 
o meu corpo vivo (talvez), impávido e sereno, 
como se nada mais existisse: 
sou eu, apenas um corpo flutuante
naquele caminho que me persegue
 passo a passo na escuridão,
caminho de olhares mortos, 
assassinados pelo destino
que outrora os perseguiu. Imaginário.
Imagino, um espaço, 
um mundo branco de escuridão,
recolhido pela negra claridade que o envolve
suavemente naquele que parece ser,
detalhe a detalhe, SER.
 
Existe, apenas, um bater do coração, 
um ritmo acelerado, bate forte
como se essa força dependesse
da sua própria vida, bate, cada vez mais.
Esse bater abre uma luz naquele mundo negro,
uma luz, sim, enfim aquela luz parada,
tão esperada por ninguém,
que me faz viver a cada momento.
Nem eu a esperava, mas sabia que ela viria, um dia
e talvez ter a certeza
de que tudo nos pode mudar, e pode.

Palavras soltas,
um isolamento desaparecido,
uma prisão aberta.
Caminhei, caminhei, caminhei
sem que algo ou alguém me pudesse parar,
pareciam dias, anos, milênios...
e tu, ali me esperavas,
como se me chamasses: "Vem ter comigo,
vem embater no meu coração,
que ele por ti espera".

Impaciência, provocação,
sensação de viver de novo.
Penso no Vazio,
no nada que me rodeia, e fui...

  Tia Márcia, obrigada por tudo (19/03/2017)