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segunda-feira, 15 de abril de 2019

Matei meu Pai - Rodrigo 'cC'


África do Sul... Unamandla em seu lar de olhos fechados, vento ao rosto, sentindo sua espiritualidade a flor da pele, conectada à natureza, percebendo cada forma de vida. Seus olhos fechados a levava aonde ninguém mais ia, seu silêncio era seu guia, seus instintos bem vivos, tinha um dom quase instinto, o dom de filtro, trazendo para si a dor do outro.
Muito pequena precisou sair de sua tribo, todas as espécies de animais do Sul da África a olhava de perto, vivendo apenas com Impi seu pai, um astuto habilidoso com o corpo, que a amava que entendia que Unamandla era diferente de tudo e a todos, não se surpreendia quando as leoas deitavam a sua volta ou os elefantes brincavam com ela. Era o encanto em vida e como se já soubesse ainda criança, dizia ao seu pai que iria precisar ficar longe e que talvez nunca mais o visse, pois o seu destino era ajudar os filhos da mãe África que estão muito distantes e sofridos. Seu Pai se entristece com isso, mas o destino não falha.

Enquanto Impi sai buscar alimento para a pequena Unamandla, ela é capturada e segue em direção ao Brasil para ser vendida como escrava. Acorrentada sente a dor e a maldade em cada um naquele navio e segue em seu destino. Impi ao voltar para o seu lar, entende o que tinha acontecido e em choros se conforta ao saber que a filha tinha sua missão na vida e em seu melhor desejo por mais que triste, joga ao vento: -Você vai conseguir filha!!!

 Unamandla assustada com tanta covardia se assusta com os olhos e atitudes de crueldade qual ela nem sabia que existia. Em sua tribo de origem, o perigo era fazer parte do equilíbrio virando presa pra existir a vida que vem da morte, mas o sofrimento foi criado pelo humano, não vem da criação onde apenas a hierarquia precisa para que se entenda quem sim, quem não, quem nunca e o para sempre, que carrega no gene em qualquer espécie o melhor, possuir a sabedoria precisa para que se tenha êxito na vida, na defesa, no ataque, no que comer, aonde ir, por que ir. Estações que mudam a vida mudam junto, calor, frio, flores e frutos, que mudam, todos mudam, alimentação, comportamento, está gravado em todos os que a Criação desenhou: a vida, o destino vem individualizando, os caminhos nem são tão diferentes assim, por muitas nem precisamos sofrer. O exemplo faz situações parecidas, da para desviar o ruim da vida, da para olhar para o lado e aprender, sem dizer ou julgar e se preciso, abraçar mais, não dizer apenas observar e se sim, fazer e se não! Se afastar.

Enquanto isso no Brasil em uma oca... Pioca, nativa se agita em mais um sonho como pressentimento do que vem acontecendo de espiritualidade viva, também filtro, também sente a vida, sabe o que precisa fazer como se uma missão dada pela criação que tem seus escolhidos. Sai em partida sem dizer nada a ninguém com seu arco em direção ao mar, ela sabia o que faria, tinha visto no sonho e assim foi andando como se tivesse se vendo de cima, cada cena já vivida.

 Unamandla em solo Brasileiro acorrentada ao pesadelo de sofrer apenas por nascer, sente Pioca que vem em sua direção em uma trilha. Acorrentada Unamandla cansada cai de joelhos e no ato vem as chicotadas de imediato. O Covarde é atacado pelos cães que em fúria não paravam nem mesmo a tiros, todos os filhos na mãe África entenderam que ela era única, seu sorriso em meio a tanta dor era alivio, suas palavras em meio a tanta tristeza era riso, seu silêncio em meio à dor era energia.

Pioca há dias na mata sente a energia, o chamado de Unamandla a noite no mundo das almas chamado sonhos, as duas haviam interagindo em uma mesma missão e assim foi...
Já perto da Unamandla ela se deixa capturar e como se combinado a Pioca foi acorrentada a sua alma amiga.
Os dias passaram, foram vendidas em uma feira de escravos, seguiram a uma fazenda e ali conhecem o “demônio”. Ele vestia pele branca e assim que as vê, as separa, as alimenta, da banho, acolhe a cozinha da fazenda e assim passam os dias e mal elas sabiam que a pior coisa que podia acontecer naquele momento era nascer linda, eram as mais perseguidas, tomadas de suas famílias, estupradas, obrigadas a viver a pior das vidas, a tortura psicológica, física, a corrente, o tronco e quando não aguentavam mais a única ideia era o fim disso que nada tinha de vida, a morte do corpo era a liberdade da alma que não crescia, pois não sabia do amor apenas da dor.

Há dias da chegada do filho do “demônio” que vestia pele branca e que tratava sua mulher como qualquer uma, tinha maldade viva aos olhos, o filho, seu oposto, com ideia de igualdade o “demônio” de pele branca, tinha suas meninas, viviam machucadas, a tristeza nelas fazia morada, seus corpos, rostos lindos e sua pele marcada pela tirania do povo de alma cinza que não sabe o sentido da vida, veem o poder no que não os permite enxergar a ganância que lança na falsa impressão que o que vale na vida, brilha, se modela em dourado. Mas está errado, pois um erro de impressão leva a alma à escuridão que vem do fundo da terra como se fosse inevitável colher o que foi plantado.

 Unamandla e Pioca a espiritualidade em vida sentia as dores de seus povos e a maldade do “demônio” de pele branca.
Os dias seguiram o filho do “demônio” de pele branca com as cenas da fazenda, bebedeiras, estupros, escravidão, torturas, as vezes em que seu pai espancava ele e sua mãe.
Já crescido não vai conseguir engolir isso, é um ser de alma, não tem apreço, sua ganancia não tem preço, está com coragem de afrontar seu pai e assim vai ser.

Do outro lado da cena o “demônio” de pele branca, criando a cena para o filho com as duas ainda pequenas e indefesas, pagando o preço de nascerem lindas, mas ele estava enganado com as risadas de maldade dos senhores amigos de seu pai. A revolta nasce de um piá manso, mas de alma antiga, essas que tem missão na vida que de fato andam envolvidas no confronto não visto entre a bondade e a maldade, algo preciso vital ao equilíbrio. Dizem que os sábios não são apenas malvados ou apenas bonzinhos, a paz está no conforto caminhando no equilíbrio e para o bem. No chão algumas almas fazem sacrifício mesmo que o encontro com a morte seja seu único caminho.

A fazenda já perto...  Unamandla e Pioka conectadas com a cozinheira que as olhava com pena, elas nem percebiam, “pensava a cozinheira”, mas não!! Elas eram almas, viam à frente tinham instintos antigos, se enganava quem pensava que o negro e o índio que eram primitivos, pois estavam muito á frente, no entender, no sentir, no respeitar, no amar, no viver. Estavam no nível mais evoluído no ser que se pode, viviam em harmonia com a natureza tirando o preciso, acreditando no seu espírito, levando ele ao bom caminho sem se importar com o que tu tem, pois esse não é seu valor, se olham dentro, se conhecem no olhar até mesmo no caminhar, não mentem uns aos outros, pois não se contaminam, se preservam respeitam a terra, as vidas diversas, como as tribos hoje aqui reprimidas pela ganância na forma de moeda maldita.
A cozinheira conhecedora de muitas línguas que passaram ali naquela cozinha qual ela arrastava sua corrente, chega na fazenda o filho do “demônio” que veste pela branca e as meninas são preparadas, haverá festa no próximo dia, a cozinheira triste por ele ter voltado, pois a fazenda é um pedaço do inferno na terra e ele sempre foi muito humilhado pelo pai qual havia mandado pra Portugal resgatar os costumes, se colocar em seu lugar de branco, mas chegando lá ele conheceu uma alma perdida , uma estrangeira também cozinheira e ali conheceu o amor e que importa que é a crença do bem ,a igualdade, o direito de existir sendo quem seja, que o melhor vem do bem da paz da simpatia e educação, que por mais diferentes no seu jeito, nos é de direito ir e vir, viver sem julgar o que não, é tu que é o diferente e sim todos chegam.
A festa de comemoração pronta o Filho pergunta para a cozinheira e para mãe: - Vou ser obrigado a ser quem eu não sou? A Mãe diz:- Sim. Ele pergunta a ela:- A senhora está cansada? Ela diz:- Sim. Ele diz: - A partir de hoje, vamos viver entre meu céu e meu inferno, eu sou por todos. E assim foi indagado do que havia visto em Portugal ele responde: - Vii um lugar qual eu me nego a dizer, direi da África, fonte de nosso trabalho escravo, um povo livre ao mundo, vê a vida de seu primitivo, mas será que tem aqui também nesse Brasil o índio com sua espiritualidade e bondade que transborda, também primitivos e também fonte de trabalho e por que deixa-los viver como Deus fez quando criou o mundo. É porque nos sentimos como somos superiores e evoluídos??- Não!! Eu lhes digo, somos nós os primitivos que acorrentamos não os amamos ou os vemos como nós mesmos.
E no ato o “demônio” que veste branco, mandou que o levasse ao tronco e assim foi...
Virou gargalhada a senhores bêbados, agora com os olhos dos traumatizados escravos virados a ele tem a força precisa vinda de seu próprio sacrifício.

Dias se passaram ele na senzala, mas a cozinheira qual havia permitido Unamandla e Pioca conversarem e dizer de si, por conhecer muitas línguas e por ter a bondade natural e divina, pede para que as duas que se cuidem.

Passaram-se dois meses o filho retorna a casa da fazenda, mas agora com sangue nos olhos e coloca seu plano em prática, com muitas garruchas. Fora da fazenda a cozinheira as pega e traz para dentro de casa e da uma para cada menina que vai servir aos senhores dos horrores e o “demônio” que veste pele branca, seu Filho mesmo vai pegar e assim foi..  O circo e pão dos horrores acabam na hora da violência, da maldade nos olhos dos senhores dos horrores. As culpadas por nascerem lindas, em ira matam seus terroristas. O filho entra no quarto de seu pai o qual começa humilha-lo num tom irritante preciso, para se fazer isso, minha alma sacrifico, mas não vai ser em vão, muitas almas descansarão ao ver esse “demônio”  destruído. A verdade nos olhos do seu pai era covardia, um bosta e medo da morte que o carrega e após o último suspiro de ser morto por seu próprio filho que sem dó do pai, apenas de si mesmo, se preciso carregará esse peso, mas por outro lado com a certeza de que acabará ali. Da meia volta, da arma aos escravos que matam todos os carrascos que acompanhavam os senhores do horrores e recebem a liberdade. Foge junto com sua mãe, abandonando a fazenda sentido a liberdade.
Um lar pesado é igual âncora, não deixa que se esqueça não deixa que ande.

Já longe, dias antes da notícia no reino da matança da fazenda ele e sua mãe levam Pioca e Unamandla, todos os escravos foram para quilombos e para suas tribos indígenas. Eles fugiram para terras da Família de sua mãe qual foi obrigada ainda menina partir para que mantivesse a vida de sua família. Agora volta para nunca mais sentir na alma, no toque o inferno que é viver uma vida depressiva qual não é você que guia.. 
-Por Rodrigo 'cC'-
15/04/2019

sábado, 6 de abril de 2019

O Bruto e o Herói - Rodrigo 'cC'

06/04/2019
 O Bruto e o Herói 
por Rodrigo 'cC'
Meu Paraná, ainda muito pequeno fui chamado de Polaco pelo meu Herói meu pai. Sua vida era na boleia do caminhão para todo lado desse Brasil, ficava agoniado quando  passava dias parado. Minha Mãe quando ele estava na estrada, ouvia e cantava as músicas sertanejas brasileiras nas fitas que ele a trazia de agrado e ele sempre trazia um mimo, uma fruta diferente, um artesanato de um lugar novo nesse gigante solo diverso brasileiro.
Meu Herói é caminhoneiro, um vivente da saudade senão de casa, da estrada, das cenas vista pelo para-brisa ou o pôr-do-sol ao retrovisor o quão a estrada é outra, a luz da lua rasgando horas na madruga, ao sol esquentar a estrada, dias meses, o ronco do escape, o grito da turbina na subida da serra, na troca contínua o cuidado com as vidas, o respeitar faixas, as descidas o pesado e bruto com um astuto na troca na caixa simples ou reduzida, às vezes de pé no assoalho, só a descida livre vem a banguela e logo a pós a subida na habilidade de quem sabe a marcha, entra e de novo o ronco do escape. No gritar das turbinas, os pássaros na mata, o sertanejo de mãos na enxada sabe que vai indo seu trabalho, sua lida, seu cultivo pra uma mesa brasileira, cortando as cidades. Esses roncos de escapes cortam bairros, cidades estados, países para levar o essencial à vida, seja noite, frio, calor ou dia em meio a tempestade sobre o para-brisa seja na dor, na saúde ou na alegria a estrada a liberdade de ser útil a vida de quem for, aonde chega seu remédio, sua comida.

Na boleia do Bruto eu no banco do passageiro, férias de julho ou de janeiro, era eu um Piá vivo, realizado ao lado de meu herói meu Pai. Nessas férias ia meu amigo o Vermelho com o herói dele quando já ansioso na boleia do caminhão esperando a hora que não passava nunca, vira a esquina o ronco do Bruto o festejo da buzina a ar, eu preso ao sorriso faceiro de Piá, minha Mãe feliz a me olhar, meu Herói a nos olhar com a saudade da estrada, da saudade dela de nome Flor, entre todas a mais bela. Um resgate de vida um amor nascido à beira da estrada por uma Goiana qual estava perdida judiada pela vida nascida à beira da pista, numa pobre e triste vida, entre o quase nada a comer e vestir seu próprio existir.

Já crescida ao olhar cruel do Patrão de seu padrasto qual queria o seu corpo de menina. Ela diz para sua mãe a qual queria mesmo é saber da pinga.  Então em desespero foge sem rumo pela estrada da vida. Passou um dia, dois...  Em casa sentiram sua falta e então, passou a persegui-la.
Meu Herói longe, a frente da estrada, quando vê um fusca parado e do nada olha ao lado e percebe uma Menina prestes a ser violentada, seu senso de justiça o instiga, ele para seu Bruto, pega sua espingarda calibre doze, com seu trinta e oito na cintura. Dá um tiro no Fusca. O homem se assusta, a Menina em ódio ataca-o e ele revida a derrubando com um soco. Ela levanta-se em fúria, quer destrui-lo. Meu Herói dispara mais um tiro no fusca, faz com que o homem se ajoelhe e deixa que a Menina solte sua fúria no homem, e assim ela fez sem dó. Meu Herói atira nos pneus do fusca, pega a Flor já cansada e perdida que aceita sua gentileza de tira-la dali e assim seguiram..  Ela contava sua historia triste de vida e meu Herói traz ela para o Paraná ainda Menina. Minha avó a acolhe em casa, meu Herói volta à sua vida na estrada em suas missões, onde não tem parada pelo dia, pela madrugada.

O tempo passou a Menina Flor cresceu desabrochou e assim como eu, o Herói é o mesmo e assim são seus olhos por ele que por mim, depois de mulher me entregou seu amor e essa historia me foi dita na mesa num café da manha enquanto numa rádio tocava a música por ela pedida por marcar seu momento de descobrimento do que o amor fez por dentro,
(Musica: Pé na Estrada- Sula Miranda) 
 e assim fui educado com a certeza de o porque na minha existência e muito me agrada ser fruto da verdade do amor. Agora eu aqui na boleia indo pelas estradas do Brasil à frente o Bruto do Herói do Vermelho, nós a brincar no PX, como se estivéssemos na boleia, mas nada mais era que a imaginação de um dia ser Herói nesse Brasil. Descreviam o que viam pela janela, retrovisor do passageiro e pelo belo cenário que vem do para-brisa, brincavam de dizer de como um dia vai ser seu Bruto e mais adiante vem o mais belo, uma carreta, um baú da Bepo com cavalos desenhados, a mais bela carreta e pra terminar por se encanta r,mais vem atrás outra carreta da Bepo com a imagem de Cristo,  assim se gravou uma das imagens mais lindas.
O sol se pondo... Hora da parada num posto à beira estrada, de janta o arroz carreteiro, o som do violão rasgando uma moda sertaneja, daquelas que parte o coração nas verdades, nas conversas da musica sertaneja Brasileira, de versos e poesias e de muita alegria, de casais no arrasta pé de norte a sul. Nas rádios, seja na boleia do bruto, sentado em uma varanda de casa, fazendo a comida ou até no trabalho, no passeio de carro, no leste ou apenas a apreciar as notas e palavras ditas, a descansar no oeste, mas agora de um outro lado da história meu Herói no prestar atenção ao Bruto, na estrada me pergunta se eu gosto de música, eu digo que sim, ele pergunta: -Tu tem uma que mais goste? Eu digo:- Não! Ele diz: - Eu tenho. Eu digo: - Deixa eu ouvir. Ele pede pra que eu pegue uma fita com um coração desenhado com caneta.  Assim fiz ,desliguei o PX,  quando fui colocar a fita, ele segurou minha mão e disse: -Essa música me da força me trás lágrimas aos olhos e todas as vezes que estou” meio sei lá”. Escuto ela e na lembrança o amor da minha Flor Goiana que trouxe ao mundo você meu fruto. - Agora coloca a fita!! -Em silêncio olhe o que o para-brisa tem a mostrar e sinta a música a qual faz teu Pai escorrer pelos olhos .
(Musica: Caminhoneiro – Chitãozinho e Xororó) 
 Eu olho na mão de meu Herói ao cambio, seu pé no acelerador com uma tatuagem escrita, a mesma mensagem da bandana do Bruto (- Andar com fé eu vou-) no meio do para-brisa um adesivo do rosto de Jesus Cristo com o cabelo cobrindo um lado do rosto, enquanto o outro lado do rosto retrata o sacrifício, um pouco de sangue no coração de Cristo.

Meu Herói diz de quão é sábio é o homem que se modela, lado a lado, de igual sua Amada e diz:- Minha Amada é uma Flor que precisa ser cuidada regada, que precisa de boas conversas, de alegrias e ser realizada na vida, para que ela te realize. - Tudo vem mais fácil do Amor, o mais difícil é fortificar esse Amor e isso é uma missão para dois, não adianta um estar a frente e o outro atrás, tem que ser na igualdade, tirar o melhor um do outro, senão for pra ter paz filho!! Abandona que é sofrimento certo e desperdício de vida, pode até ser que tenha outra vida, mas nessa pele é só essa. - Então cuida de você e de quem estiver em seu coração, ao seu lado. Eu no meu entender disse:- Pai gostei mais ainda do nome da Mãe FLOR combinar com Amor.- gostei ! Achei da hora.

Inicia-se a subida da serra, o motor do Bruto sob pressão, eu a olhar a bandana do caminhão do Herói do Vermelho que dizia, (Cuida de Mim Pai). Fiquei comovido, olhei ao retrovisor o escape soprando, a poeira na rotação contínua da marcha reduzida, a neblina começa tomar conta. No PX o Vermelho descrevia da gigante Lua, de uma estrela cadente e um pedido em grito Pai do Céu serei caminhoneiro, um brasileiro que aos seus olhos passa o tempo, cenas tão grandiosas  quanto essa Lua, essa Serra que ecoa a subida dos Brutos e reflete na bela pintura do ônibus, tão linda carrega a imagem de uma menina feliz. A Saudade de meu Herói de sua Heroína na foto carregada no painel dentro da Bíblia, do dizer na viagem ao seu Vermelho de saber viver apenas na liberdade da estrada, só em seu mundo em suas viagens com a certeza de tarefa cumprida a cada chegada ao seu segundo lar e ensinar ao vermelho o valor do Bruto que metade do que ganha é despesa de combustível e a outra metade é manter seu lar, seu imóvel e que seu amor e cuidado com seu lar móvel e Bruto é mais que preciso, pois aqui eu vivo e sobrevivo. -  Não é fácil, é difícil, mas eu amo o que faço e é assim... Quando tem amor se faz bem feito. - Tu não vês o pão e os biscoitos de sua Mãe na feira? -Também tem amor, só que de uma forma diferente, pois lhe afirmo pequeno Vermelho, sem o amor naqueles pães, naqueles biscoitos, eu não conseguiria sozinho vencer o dia a dia, vencer a vida. - Tu também és uma construção do amor lá atrás.

No outro Bruto já chegando a uma cidade, curioso o Polaco pergunta Pai: - Qual é desses homens à beira da estrada que acenam com a mão aos Brutos? Seu Herói responde: - São “Chapas”, pessoas que nos ajudam encontrar endereços e descarregar os Brutos. Eu entendi a importância deles e ao som do PX aparece o Vermelho cantando essa musica e
 ( Musica: Viajante Solitário Cezar e Paulinho )
os Brutos que se conectaram ao Vermelho no PX faziam sinais de luz e musica de buzina a ar. A viagem seguia ao anoitecer já parados em um posto. Hoje era Churrascaria! Pensa a alegria! Mas nem era da carne e sim a variedade de sobremesas. Sentamos gratos a boa viagem  dirigida por homens, mas guiada por Deus. Saímos da churrascaria fomos em direção a cozinha do Bruto, um chimarrão, conversas e de repente Heróis de todo lado desse Brasil, mesmos sotaques e jeitos diferentes, falando uma língua só, aprendendo um com o outro sobre cargas regionais, dando dicas sobre caminhos, outros lugares onde já foram, conversando sobre seus Brutos, contando suas historias, falando de sua cidade tatuada atrás do caminhão.
Naquele momento eu já sentia saudade de minha cama, percebi que eu apesar de brincar na cabine e gostar muito dos Brutos, não tinha o amor preciso e o brilho nas palavras do Vermelho, pois meu sonho ainda não tive, mas o dele era o mesmo do Pai.

Amanheceu, descarregamos me despedi do Vermelho, eles iam carregar mamão para o Sul e nós íamos procurar uma carga para voltar pra casa e na sorte e bênção de Deus vamos conseguir.
Já há muitos quilômetros rodados e nada. Um Bruto logo à frente parado, meu Herói para e o motorista relata que precisa chegar com a carga, mas seu Bruto não aguenta e eu tocado chamo meu Herói de canto e peço que leve a carga. Fiquei comovido ao ouvir o motorista relatar que, ou ele consertava o caminhão ou pagava a prestação. Assim meu Herói fez,  o motorista grato, meu Herói transferiu o valor da carga na conta do motorista e fomos.... Após de ser baldeada e enlonada a carga, levamos ao seu destino.
Eu sentindo muita saudade da Mãe, de jogar bola na rua, brincar de se esconder, fazer travessuras, mas levo a lição do valor da comida a mesa, de fato sei do suor do meu Herói que cantava essa musica cheia de emoção ao voltar para seu lar regar sua Flor..
( Música: Tocando em frente - Sergio Reis)

domingo, 24 de março de 2019

O Poder do Amor - Rodrigo 'cC'

Música: Heatseeker - AC/DC 

O Poder do Amor
(Rodrigo 'cC')

Curitiba Paraná 1993... 

Um role para testar o motor de Opala no Chevette 77, nós o chamávamos de “astucioso” era sonho de Piá desde os tempos do carrinho de rolimã nas decidas de nosso role mãe Colombo Paraná. 

Minha "barca" é extensão de meu corpo, a musica é quem gera a emoção, o ronco do motor é quem da adrenalina, mas o role é de boa. Passamos no Parque São Lourenço para andar de rolimã com meu primo sempre junto.

Desde pequeno nos tornamos complementação um do outro, eu mais malandro e ele cuidadoso, tímido e ainda virgem. As meninas ficavam doidas no Primo. Ele era mais novo que eu, mas eu gosto dele, desse jeito de se guardar para o amor verdade. 

Eu já estou sofrido, de coração partido, não entro em qualquer conversa, o sentimento é sim um lugar muito íntimo. Sou apreciador das mulheres, sei que elas gostam de atenção, de sentir sua voz de igual pra igual, elas precisam sentir o ciúme moderado para sentir o cuidado. Minha mente sempre foi aberta para perceber as pessoas, prestar atenção nelas, seu jeito, seu comportamento e converso mesmo, não tenho medo de chegar, gosto de flertar com os olhos, mas olhos sem vida não me interessam, sou egoísta, não tenho afeição à psicologia, quero saber de mim, não minto, nem prometo, mas tenho certo talento com as palavras e boas palavras abraçam, fazem sorrir e gargalhar até deixar as bochechas vermelhas e quentes e nesse meu jeito de ser, eu vivia muito bem. Não levava nada adiante, mesmo sabendo de quantas meninas maravilhosas cada uma com seu ponto atraente, ainda assim eu preferia fechar meu coração e olhar apenas para mim.
Meu Primo esperava o dia dele e em seu respeitoso silêncio havia um dançarino desinibido, um avesso a si mesmo. Decidimos passar no Shopping Mueller, centro de Curitiba. Ao entrar no Shopping descia um Del Rey conversível, os olhos de meu primo brilharam quando ele disse:- Tu viu aquela Princesa? Preciso conhecer ela! Olhei no retrovisor a placa era de Foz do Iguaçu, ele voltou me olhar e disse: - Eu vi nos olhos dela que ela é minha.- Eu dei uma olhada, dei um sorriso, estacionei o Chevette 77 ao lado de um Monza no qual a placa também era de Foz do Iguaçu. Surgiu uma espalhafatosa dizendo: - Seu tio já foi? Um Piá respondeu: - Claro! Olha a sua demora!  - Vamos logo, eles já devem estar na Ilha do Mel. 

Eu mais que ligeiro entrei no Shopping Mueller, saí lá na frente, atravessei a rua dei a volta na quadra e fui ao passeio Público, fiquei viajando nos animais, pirando com os macacos e meu primo viajando em sua Princesa. 
Atravessei a rua, fomos dar um role de roda gigante no Parque Alvorada, trem fantasma, carrinho bate-bate e meu Primo só na imaginação, criando sua vida com sua Princesa.
Era Carnaval eu não aguentava mais aqueles olhos de quem quer muito. Dei uma ficha telefônica a ele e pedi que avisasse em casa que iríamos para praia e assim ele fez.
Eu queria testar o motor de Opala seis "canecos" no Chevette 77. Passei na loja Mesbla, compramos umas bermudas, camisetas e descemos sentido a Ilha do Mel. Até chegar ao topo da serra na Br 277 sentido praia, fui de boa. Coloquei minha fita, equalizei o tojo, aumentei o volume, o carro e eu nos fundimos com a música,
Música: Nowhere Fast - Streets of Fire
o pé vai sentido assoalho, a mão ao cambio, curvas diversas, entre reduzidas, trocas habilidosas, uma ou outra a mão ao freio de mão, fazia o Chevette sem as rodas para fazer as curvas e entre fumaças surgia o astuto Chevette 77, nos retrovisores, carretas e movimento pouco. Já é meia noite, a lua em três dias irá sorrir. Ao terminar a descida da serra, retiro o pé do assoalho e seguimos viagem.
Chegamos a Pontal, entro no barco, olhando o Chevette 77 de coração apertado, fomos à procura da Princesa para dar um sentido à vida de meu Primo.
Diz ele que o mais belo Amor é o dos puros que desde cedo levam a vida juntos na ideia da verdade de o amor ser um só. Eu às vezes até sonho quando viajo em pensamento sozinho que talvez um dia o amor me encontre, pois eu ainda não sei sentir ele, por muitas nem mesmo por mim, então procurar o que?  Mas, vai que vai, barulho da "barca" da travessia, o sorriso de Piá faceiro no Primo e é essa mesmo a ideia:  a pessoa quem gostamos e não querer dizer, que isso que aquilo. Não temos esse direito né? Pra que? Se a vida já é um se vira louco e alma dia a dia pra mim não serve, eu me preservo.
Meu Primo então que não faz mal nem a ele. Eu já sou mais terrível um pouco e legal. –Ah! Como é bom ser livre, pensar. Que delicia ir e vir de pé ou de ponta cabeça. É assim que eu me sinto bem, nem adianta eu querer me envolver, a menina vai sofrer. Sou largadão demais para que me cuidem, nem pra minha mãe digo de mim, fujo de conversa séria e em casa com meu Pai não rola desde muito cedo. Sou assim. Meu Pai xucro, sem vergonha até com as cunhadas se der mole, minha mãe pilar, guerreira família. Minha irmã só de corpinho com os caras pra pagar faculdade, meio estranho, mas é assim.
Já na casa do Primo se é grato até a um copo de água, tipo outro mundo, a casa da avó, mesmas conversas, lembranças e comidas, mas é isso mesmo de todo tipo, cores e aparências. São as famílias que brigam e brincam.

Já na Ilha do Mel, meu Paraná encantado, enfim o chão e os dois sem barraca e nada além da alegria em um bolso e em outro dinheiro. Chego a uma pousada, eu já dei um jeito de ir pescar. Com meu jeito gentil e fácil de lidar, com aquela fome que a alegria causa.
Voltando da pescaria, encontro a tia espalhafatosa toda toda se achando, e podia, porque  naquele biquíni ela estava muito menina, mas a Princesa não estava junto dela. Eu mais que malandro desviei o caminho e vi onde eles estavam acampados, pois naquela hora eu estava até mais interessado na tia que meu Primo na Princesa.

Voltei a pousada, dominei a cozinha, nem falei nada ao meu Primo que ia rolar uma fervo no camping onde estava a Princesa e assim foi...
Na cozinha da pousada, eu a fazer peixe para todos que ali estavam, muita harmonia, a música "Daddy Cool" rolando e meu Primo em seus passinhos perfeitos com  graça em sua ginga. Ali me senti voltando no tempo, cheio de alegria e sorriso bobo acabei entrando dança. 
Jantamos. Eu no grau da cerveja, aquele toque simpático, ousado que fala, conversa e mais meu jeito. Quando me dei conta, nem sabia o nome da menina.

Saí da pousada e fui com meu Primo até sua surpresa envolta a Princesa e assim fomos.  Quando a Princesa viu meu Primo quase levitou em um sorriso, até eu que sou desprovido de sentimentos me comovi. Ali eu acreditei!! O amor existe!!!  Peguei uma cerveja, meu Primo um suco e cada gole que eu dava, mais cara de pau eu ficava. Já me envolvi, fiz amizades com as meninas de Maringá que ali estavam, "deram ideia" e eu fui brincando sorrindo, o carnaval rolando, apenas violão e percussão.

O Pai da Princesa com aquela cara de mal, mas logo percebi que era só cara, nem olhava pro lado. A Patroa devia ser da braba. 

Naquela noite a lua quase em sorriso, num momento de bebedeira do Pai que apagou dando a chance para o encontro. Iniciaram a conversa entre o Primo e a princesa com brilho nos olhos. 
A tia espalhafatosa me acompanhou, fomos ao mar. Lá fora os dois a namorar, olhando a lua, cena perfeita, enquanto eu sem vergonha, na segunda intenção com a tia e em meio as palavras, ela se sentiu a mais bela e desejada, aí foi o primeiro passo a fazê-la se sentir realizada. Assim ambos, no outro dia durante uma conversa, ela contou-me que a Princesa estava muito doente e que esse passeio veio para lhe realizar um desejo e que tudo esta indo mais lindo que o impossível. Então eu de coração apertado, nó na garganta de saber que a Princesa sofre "uns apagos” sem um porque e que por várias vezes sua vida correu e corre risco, mas como vou contar ao Primo isso tudo?  Resolvi não falar nada, apenas peguei o contato da tia, em Foz do Iguaçu.

Assim os dias foram passando, a Princesa era só alegria que até o Pai havia percebido e nesses dias eu
vi o amor, seu poder e fiquei tocado.

Voltamos a Colombo nossa cidade mãe. Eu com aquilo na cabeça sobre a saúde da Princesa e o que eu vi o amor fazer. Então liguei para a tia espalhafatosa e ela contou-me o quanto a Princesa melhorou, que não havia tido mais aqueles "apagos" ou ficado por segundos sem respirar e na graça do Anjo sempre volta, mas deixa o medo de que não volte, a medicina não consegue explicar.
Peguei meu Primo fomos pra Foz do Iguaçu, ficamos na casa da tia espalhafatosa e ali em cada passo, de mãos dadas, naquelas cenas tão belas dos passeios nos parques de Foz do Iguaçu, eu vi amor e vontade de viver. Na minha mente de desacreditado, acreditei que o amor que um tinha pelo outro podia ser a cura.

Voltamos a Colombo. Passado um tempo, a tia espalhafatosa veio a Colombo na casa do Primo, ambiente educado e abençoado. A tia espalhafatosa veio posar em minha casa e assim criamos nossa amizade colorida.

Os meses foram passando, não havia dado mais nenhum ataque na Princesa, ela estava curada pela maior força no mundo “o Amor” que é capaz até mesmo de afastar a morte, é energia viva, divina que precisa de duas almas fundidas se completando que tornam um único gigante chamado Amor e que sim é o mais lindo e também a mais difícil conquista em vida. 
Dois anos se passaram... 

A caminho da Ilha do Mel onde o primeiro beijo foi dado. Voltamos eu com uma nova garota no banco do passageiro do Chevette 77, olho no retrovisor o amor estava ali no banco de trás de mãos dadas e ele cantava essa musica a sua Amada .

 Musica/Letra/Tradução:You and I - Scorpions 
 
 24/03/2019

sexta-feira, 22 de março de 2019

Amor de Mula - Rodrigo 'cC'


Amor de Mula
1898 Sul do Brasil Paraná. Uma égua baia ao andar se depara com uma cadela fila brasileira morta com seus filhotes, pela temida onça. Ouve um resmungo: - Olha um filhote!! Então o pega com os dentes com maior cuidado, da uma cheirada, umas lambidas e volta ao seu abrigo, lugar seco coberto de palha sobre chão e ele resmungando, não mamava à horas, mas na bondade natural de mãe que sabia que naquela noite iria parir e assim foi. Nasce a Mula enquanto a pequena Mula se vira no equilíbrio na urgência natural da sobrevivência para sua própria defesa mesmo ali não necessária, mas esta gravada no gene da espécie e no mais belo instinto.  a Égua guia o pequeno Fila até sua teta, qual foi chamado na fazenda de “Fio de uma Égua” e assim seguiram o chamando de “Fio”. 

O tempo foi passando, o Fio e a Mula eram inseparáveis o único apego da Mula e do Fio era a pequena “Cachos Dourados” filha do Senhor da fazenda, a qual havia recebido uma carta de seu irmão Padre contando da fome e da miséria e de como eram as coisas no Nordeste. Ele estava pensativo, comovido sai varanda da fazenda olha a fartura lembra-se de como seu irmão desde pequeno era sem apego e altruísta, pensa em sua vida egoísta sabe da humildade, das conversas de varandas do sul, das conversas evolutivas na criação de gado, no plantio, a fartura que é o Sul. Já há dias sem dormir, voltando ao passado, na infância nas lembranças de seu irmão que poderia ser tão poderoso quanto ele, mas não quis o desapego do dinheiro e sim lutar contra seu efeito. Desde pequeno na fazenda dava atenção aos negros os quais nunca permitiu serem escravos, entendia suas tradições, jogava capoeira como se fosse um deles. A vida o guiou a uma vida ao próximo e o Senhor da fazenda um em prol de si mesmo.
Já cansado do tempo, sua senhora uma verdadeira prenda, conversam e decidem junto irem ao nordeste visitar seu Irmão e levar uma tropa de mulas carregadas de mantimentos, uma pequena boiada, sementes e uma muda de pessegueiro. Seguem em Viagem, descartando a Mula e o Fio.

Tudo pronto saíram em viagem, mas a teimosa Mula e o Fio foram atrás. Quando se deram conta lá estavam os dois, a Cachos Dourados solta seu sorriso de princesa e sai correndo em direção a eles.  A Mula reage abaixa-se, a pequena sobe em seu lombo e seguem viagem. O Fio com seu grosso latido, babava tudo na Cachos Dourados e assim a viajem a ela se tornou mais alegre.
Foi passando os dias às brincadeiras em rios à beira mar, o andar livre à volta da tropa e da boiada e em horas quando ela cansada ia às carroças.

Passaram-se semanas ela ao lombo da Mula e o Fio conhecendo as cidades, estados nas paradas para que o gado e as mulas se alimentassem, também  para alimentar os pintinhos, viveiros nas carroças que levavam os porquinhos.
O senhor da fazenda e sua prenda gostavam de namorar, visitar lugares, era como se pela primeira vez o senhor da fazenda esquecesse-se de si próprio e assim na ideia de quem planta, colhe, seus dias ficaram mais felizes, menos cansativos e fáceis de resolver. Havia conquistado o bem maior, a paz.

Passaram-se meses e chegam ao extremo norte da Bahia, tristeza em vida, um povoado muito simples paisagem quase árida na sua totalidade, prenuncio ao cangaço já era dito no Nordeste dessa cultura vagante na caatinga. Sua vestimenta de couro, seu chapéu amenizando o sol do rosto.  Encontra seu Irmão que surpreso com a chegada do senhor da fazenda, sendo altruísta, mostrando a sua filha o que não via na ideia de tornar a Cachos Dourados a mais linda, sábia e bondosa Prenda do Sul.
 Os dias foram passando, Cachos Dourados comparando o Sul, farto nas diversidades de clima, fauna e flora com o lugar onde estavam árvores pequenas e raras de pouca vida, quase não havia água.

Não muito distante, um povo no seu inicio, com vestimentas em couro uma honra e fé em si mesmos, um olhar para vida não aceito, mas em meio a tanta fome, falta d’água e direitos, faz o que parece não ser certo, ser gigante, ser luta constante, ser aceito sem medo, sem culpa de lutar pela vida, pelo que se acha justo. Acontece um confronto sangrento e um menino em meio a isso sai vivo. Órfão andando só pelo mundo seco, com sede, fome, incertezas de onde está, de quem é, para que veio ao mundo, injusto ao seus olhos que nem sabe que o mundo é diferente do que seus olhos e dias o contam em meio as mulas e a boiada Já cercada, A teimosa Mula foge, um rapaz percebe e a rouba.
Ao acordar seu irmão, o Fio e o Fila Brasileiro em meio às babas de suas bochechas, o olhar caído, preguiçoso, atenta-se para sua irmã e assim seguem há horas atrás do ladrão e não será difícil recordar, aquele se esconder, aquele pega-pega da infância com sua irmã, sem dizer do cheiro do rastro que o calor amplia. Sai em seu latido rouco, sentido sem nem saber para onde.
Já há um dia andando, encontra sua irmã Mula e ao chegar nela é percebido o Rapaz. Ela Tenta chegar perto e é agredido violentamente pelo Fio, que estraçalha sua cocha e o deixa no chão. Abre a boca em seu pescoço, dá uma apertada e solta olhando nos olhos do rapaz como se dissesse:- --Tu não és nada seu fraco!!!  Vai e rói a corda da Mula, a solta e assim voltam sentido ao pequeno vilarejo. No meio do caminho um poço fundo em um pequeno córrego, eles encontram o pequeno Órfão se afogando, mais que rápido a Mula pula na água e salva o Órfão e assim inicia-se uma amizade.
O Órfão já não está sozinho no mundo, irá viver uma dessas obras de Deus que não se entende. As linhas tortas que sempre é guia ao sentido de tudo isso e em meio ao nada uma família, um alguém em quem confiar é tudo e sem se quer uma palavra dita, apenas lealdade e o amor, precisando somente de atitude. Assim foi a do Fio que puxava o Órfão pela mão como se dissesse:--- Vem!!! E a Mula se deitou e Órfão a montou e assim foram os três.

Voltaram. Foi um dia de caminhada e o Senhor da Fazenda de missão cumprida havia voltado ao Sul. Cachos Dourados era a preocupação da Mula e do Fio. O Órfão nem fazia ideia do que se passava. O Padre chegou no Fio e na Mula, conversa com o Órfão, pergunta o que aconteceu, se ele está bem, se precisa de ajuda, mas ele confiava apenas em seu silencio e em seus novos amigos.
O Fio sai no rastro das carroças da Tropa e assim seguem viagem. O Órfão sem rumo na vida segue no lombo da Mula e a estrada é seu rumo, seus dias. A Mula se virava, o Fio caçava para ele e para o Órfão que conhecia as frutas e plantas e assim contribuía. Foram os dias, o mundo aos olhos do Órfão muda, sem ter quem respondesse de palavras, apenas nos olhos. A Mula e o Fio encantavam-se juntos na aventura que era estarem largados no mundo,  na estrada há meses do Sul, noites, dias que traziam aos olhos do Órfão a mudança de vegetação, o verde começa a predominar, depois vem as grandes árvores, a água, até a chegada do mar. Ele nem podia acreditar no que via, a Mula e o Fio que levam a vida como num passeio, bagunçam nas ondas. O Órfão entre brincadeiras já cansados, vão atrás do Fio que vai ao ponto mais alto da praia e olham o mar. O dia vai indo embora, vem surgindo a lua gigante, iluminando o Órfão já a tempos sem usar as palavras, aprende a ficar quieto, observa, sentir as coisas da natureza bem viva nos seus amigos.

No decorrer da viagem, uma encruzilhada uma cumbuca com comida e uma vela, o Fio querendo comer o Órfão fala: - O que será isso?  E sai uma Menina de Cachinhos Negros e diz: - É para mim! Estou fugindo! E assim boas almas ser, meu povo tem costume de colocar essa comida para quem esta fugindo. Meu povo é do bem, sofrido, sente na pele o preço de simplesmente existir, assim como os povos nativos, os índios. Diz o Órfão: - Eu entendo o que é fugir, o que é ter culpa simplesmente por nascer. Então a Menina de Cachinhos Negros diz: -  Para onde você vai?  Ele responde: - Estou indo com eles, meus amigos! Quer ir junto? Ela com um sorriso apaga a vela, pega a comida, divide com ele e assim vão os quatro soltos ao Sul.

 A Cachos Dourados que não para de olhar para trás. Seu pai só no pensamento que a Mula e o Fio voltem, pois nada é difícil para ambos achar o caminho de casa. Na certeza que animal bem tratado, te tem como um deles para sempre. Vai acalmando a Cachos Dourados .
A Mula agora com duas crianças ao seu lombo segue a viagem.  Os dois encantados com a mudança de clima e vegetação, quanto mais ao Sul chegavam mais pessoas, casas civilizações. Nesse momento a Mula e o Fio já se sentiam em casa, o frio chegando.

O Senhor da fazenda dá uma parada na fazenda de um Amigo, já no Paraná e isso faz com que o Fio e a Mula diminuam a distância. Passam os dias, a Cachos Dourados já nem olha mais para trás, triste com a primeira grande perda da vida. Seus amigos. De repente ouve aquele latido rouco, ela olha e corre na direção o Senhor da Fazenda e sua esposa de lágrimas nos olhos. A Tropa num todo festeja a alegria da pequena e do Fio e já aparece a Mula montada por duas crianças. O Senhor da fazenda olha as crianças tão distintas de tão longe de aparência as acolhe na fazenda.
Suas histórias são ouvidas, a mensagem é entendida, seu coração o manda da um rumo em suas vidas e assim é feito. Aquele homem egoísta já não existe. Entende que com que se tem a mais é compartilhar com quem precisa e assim foi. Escola, catecismo, ensinamentos de vida e os tratava igual sua filha Cachos Dourados e a gratidão daquelas crianças nem tão pequenas assim veio no entender o ensinamento e praticar o bem.

A Menina de Cachinhos Negros já mulher linda demais por dentro e por fora, entende a mensagem em sua vida, que ensinar é o que faz valer saber e esse dom qual o Senhor da Fazenda nem tinha em seu egoísmo agora no altruísmo, encaminha essa alma qual ele não trouxe ao mundo com a mesma vontade que sua Filha e assim ela se torna professora e o Órfão já na intimidade de ser homem, ter uma conversa com o Senhor da Fazenda onde aprendeu que ser homem é aquilo mesmo que seu Pai enquanto vivo dizia e para lá decide voltar ao seu nordeste, com os ensinamentos que teve na sua caminhada pela vida, pelo Sul.

Já adultos à mesa em um Jantar, a gratidão desses dois irmãos do mundão anunciam que estão de partida, que vão aplicar as lições de Deus no caminho da vida e que educar é onde se muda tudo e que educar é expressar o amar a qualquer alma que nessa terra habite sem diferença de cor ou crença, é um dom de natureza pura que faz bem a vida, evolui a mente, a alma a entender, ver o próximo. Há ensinamentos para fora do portão de casa, que prepara para vida na forma sagrada de amar a si, a vida.
O Fio do nada como se entendesse cada palavra, vem com dois de seus pequenos Filhotes e coloca uma no colo da cada um. Fica em pé os lambe abraça. A Mula na Janela baixa a orelha como se tivesse brava com a ideia de eles irem embora, mas amor de Mula é assim mesmo primeiro o carinho, depois a briga para um novo carinho e nessa teimosia a Mula entende o seu irmão Fio que sabe que ninguém merece ficar só nessa vida e oferece seus filhos a lhes acompanharem paro resto de seus dias.

A Mulher de cabelão lindo para cima pra baixo gigante, encontra o amor em um sulista e vão morar em uma região em Minas Gerais,  com mais condição a criação, apaixonado pelo gado pelo leite, nessa tropa também vai as videiras e outros frutos.

O Órfão um nordestino na essência, nunca deixou de ser um guerreiro um cangaceiro, Menino faceiro, homem direito que anda pelo certo, entre erros e acertos é o mesmo  e para sua casa volta com sua Irmã do mundo em Minas Gerais vai a Bahia no seu interior distinto a sua beira mar viver o resto de seus dias como Professor. Fez sua obra para tornar sua terra um lugar melhor e ficou ao Lado do Padre, uma obra altruísta em vida irmão do Senhor da Fazenda que o ensinou o quem nem ele no seu tempo de egoísmo fazia, mas que agora fez sua obra em sua vida, dando destino se tornando melhor, antes do fim de sua vida, antes que nada mais possa se dito, antes que se torne apenas preço o fim da vida..

 -Por Rodrigo 'cC'-
22/03/2019

quinta-feira, 7 de março de 2019

Meninocídio - Rodrigo 'cC'


Meninocidio!!
(por Rodrigo 'cC)

Sul do Brasil 1991, ruas de saibro, ainda existe valetas, cercas de madeira, crianças de poucas roupas, descalças, milharais, hortas pela vila, poucos carros, galinhas, alguns carneiros, vira latas nas ruas, uma mata linda, uma bica, um campo vermelho, raia no ar num pega e não pega. Brincávamos muito com a imaginação, as meninas com um simples elástico, seus papeis carta coloridos, diários, esconde-esconde, pega- pega, pé na lata, bets .

Aí de um dia para o outro veio o caderno de confidencia, o casamento atrás da porta, os piás já não queriam empurrar as meninas e sim puxar para perto, os corpos mudando, a infância indo em um desejo, um mistério, um perigo, um sábado a tarde, o REC e o Pause do rádio ligado, eu gravando a fita para festa, minha primeira vez em uma noite na rua que ia até a meia noite, as notas, tudo certo, bom comportamento, mas eu sofria um certo preconceito, os piás da vila me zoavam, por nem ser do skate ou rock, nem do dance, nem da bola. Meu cabelo que ia até a dobra do joelho, meu silencio, meu comportamento, meu olhar, tudo que parecia bom pra mim era usado contra mim. Tiravam-me de “viadinho” porque as meninas falavam comigo e eu nem ai.
Chegando á noite a galerinha toda entre treze e dezessete anos, juntamos umas fitas, discos de nossos irmãos, a casa que rolaria a festinha é de boa uma garagem pela idade e época em que vivíamos. Torta salgada, cuca, nega maluca, gasosa sobre a mesa e dentro das japonas daquela noite fria o vinho strobo, meia dúzia de luz piscando,
meu corpo se agitando, eu com meu tirar a franja do rosto com a mão, calça do avesso, uma camiseta preta com o desenho do Pateta, M2000 no pé, todos juntos nos panos, sem estar de roupa de brincar ou o uniforme da escola, muitos sorrisos, as meninas nem pareciam as mesmas, queriam lambada, uma com um disco do Nazareth na mão, cheia de brilho nos olhos esperando para dançar a lenta com seu príncipe. Na entrada da garagem um caderno de confidência que era quem dizia quem pra quem. Os mais fogosos já no cantinho brincando e brincando de verdade ou consequência ali estava o vinho na garagem lado a lado, quem era da dança só nos passinhos numa euforia só.  

Éramos nascidos nos anos setenta, crianças nos anos oitenta e agora chegou os anos noventa, todos zoando, pulando, cantando. Eu nunca tinha visto meus amigos tão felizes. A festa rolando, descobríamos quem gostava de quem, piás e meninas descobrindo sensações em seus corpos, dia de primeiro beijo, em algum canto alguma virgindade indo embora, alguns de vinho nos lábios, mas ansiando ao pecado, os não tão jovens sedentos de que o mundo abra seus portões as escolhas, se é amor, paixão, desejo, tentação. O alto nível da emoção que quer adiantar o tempo e sem medo, receio deixando a inocência, anos noventa a mudança pós-ditadura, chegada da liberdade de se expressar, dizer, ser. E assim com essa conversa eu sentado à mesa, alguns mais velhos e  eu já estava incomodado do tanto que aquele rapaz me olhava. Saí fui ao banheiro dentro da casa, olhei ele atrás de mim, meia volta dei, passei na porta do quarto entre aberto, o motivo qual os piás todos da vila se alucinavam, a mulher mais linda do mundo me olhando sério dentro dos olhos, eu ali tremi, puxei o trinco e saí. E o Rapaz continuava me olhando e eu na garagem dançando e a mulher mais linda do mundo na janela da garagem olhava a festa. Quando me dei conta, ela me olhando mais no olho e eu com um medo gigante de ser expulso da festa por ter visto ela quase nua na cama. Quando chega o opalão e os maconheiros da vila, dito o maior perigo dos anos noventa e eu tremia. A mulher mais linda do mundo vai a garagem de encontro aos maconheiros e ao passar vem em minha direção, bate seu ombro no meu olhando dentro dos meus olhos, minhas pernas tremiam. Veio um frio na barriga, um não saber o que fazer e então travei, foi a melhor coisa que fiz,  o maconheiro com uma fita na mão todos a olhar ele. Vem essa musica...
(Musica:Nazareth - telegram)
ele solta seu cabelo e passa a mão no meu, me olha, da um sorriso maldoso e começou a mexer o corpo, embala o cabelo e no Strobo ficava alucinante luzes piscando e a mulher mais linda do mundo de all star nos pés, calça rasgada, de camiseta do Iron Maiden colada ao colo. Eu não aguentei soltei minha cabeleira gigante que passava da bunda,  pensei já que está que vá. Fechei os olhos e fui. Ao voltar a mim todos de olhos alucinados com o desenho que meu cabelo fazia ao ar, num lá  e cá, o corpo em sincronia, já de cabelo a costa o maconheiro me deu uma filmada nos olhos, a mulher mais linda do mundo foi em direção ao opalão. Chegando lá, liga o opala e o som do seu motor, era mais musica que a musica e eu feliz que estava saindo fora, vem ao ouvido um assovio, eu olho sem querer olhar, ele aponta para mim e me chama, eu tremia, meio que andava, rosto quente, frio na barriga, era apenas para eu pegar sua fita. Fui ao três em um de pernas moles. Voltei  e ele me deu um punhado de cruzeiros, eu nunca tinha visto tanto dinheiro e os olhos da mulher mais linda do mundo em mim que com silencio agia, venho a perguntar qual é a sua Piá? Quantos anos tem? Quer dar um role? - Eu disse que não. Ele tentou convidar a mulher mais linda do mundo que também disse não e pegou  minha mão, me levou ao centro da garagem, essa musica tocava...
(Musica: Innocence - Debora Blando)  
 Ela me olhava dentro dos olhos, eu tentava virar para o lado e não conseguia, ela estava me colocando em pânico, mas seu colo no meu peito, sua respiração em meu ouvido estava ruim, mas estava bom. O opala vai embora e eu entendi que a mulher mais linda do mundo era maluca. Então eu respiro aliviado, olho ao lado o rapaz me olhando e isso me incomodando, eu solto ela vou pro meu canto, preciso respirar, ela tenta segurar minha mão, mas me vou sem olhar pra ela, se não eu voltaria. Fui à beira da rua sozinho,  na garagem ela percebe uma menina a olhando com inveja, ela esperta vai ao caderno de confidencias, me procura lá, numero sete e vai lendo Qual seu nome?? Quantos anos?? Onde Mora?? Qual série esta?? Gosta de alguém?? Está na festa?? Você vai beber vinho??Quer brincar de casamento atrás da porta?? Já beijou?? Quer beijar?? Gosta de dançar?? Você é virgem??  De última frase no caderno de confidencias dizendo:- amanhã você não será mais o mesmo, essa festa e da bifurcação do tempo e a mulher mais linda do mundo vê que ele é o mais inocente, dança mais não bebe e nem transa. Eu na rua,  volta o opala dos maconheiros, pega o rapaz que tanto me olhava o qual estava roubando na vila levou lá para educar, mostrar que onde moramos é Vila e Vila é mãe e com mãe ninguém mexe e eu já em pânico de como a noite era diferente do dia que a criança que apronta e se arrisca na brincadeira o Anjo salva quando adulto já impuro parece não haver anjo apenas aqui se faz aqui se paga. Ele apertado querendo ir ao banheiro, já faz um tempo. Então vai, e ao sair percebe a porta do quarto aberta, entra e lá está a mulher mais linda do mundo, apenas com a camiseta do Iron Maiden de roupa e um Trinta e Oito na mão cromado, que aumentava o susto. Eu já vesgo grato de acabar de ter ido ao banheiro senão seria ali mesmo. Ela disse: -Tira a roupa! Mas que jeito se só tremia, boca eu parecia que nem tinha, nem piava, só olhava. Ela falou:- Vamos fazer uma confidência olho a olho entendeu? Ele nem estava dizendo que sim, era tremedeira, ela zoeira, passeia em seu corpo com o trinta e oito, vai ao rádio e coloca essa musica..


Musica Like A Virgin - Madonna 

Volta olhar em seu olho, leva o trinta e oito entre as pernas, a mão na sua calça, mas ela está do avesso, se irrita, põe pressão, nem ele estava conseguindo tirar a calça do avesso, mas tira olhando o cano do trinta e oito de perto,  a cueca tira, também tira sua camiseta, ele com a mão protegendo seu intimo em silencio, ela pede para ele tirar a camiseta dela e ele encabulado tira e seu olho leva a sua mente a mais bela cena. A mulher mais linda do mundo nua e malandra, ela o toca com o som da sua voz testando o tom que mexe com o corpo, mas ainda com algo na mão, solta o trinta e oito. O piá afoito, tipo no paraíso, melhor que no sonho maroto, onde ela não era a cena perfeita ,onde ele sempre se via cada lugar toque, beijo, aperto, palavra. Ela o modela e ele se permitia, mais por medo do que por desejo, mas corpo de piá tocado está inflamado. Horas se passaram, acendemos um cigarro, tomamos um vinho. Na hora que se liga amanheceu.  A musica do escape do Opala passando na rua já veio o medo, acabou. Ressaca, preguiça, viu o dia na janela veio o desespero, ela malandra fala para ele ir para casa antes de ele abrir a porta. Ela diz: - Eu confirmo que você pegou no sono e dormiu aqui. Fica de boa, sua mãe vai entender.  Ele já vendo ela com bom olhar em momentos e outros medos. Sai confuso, mas a violência sexual e tortura psicológica continuam, pois tem medo do maconheiro o qual da a grana para fazer agrados, dando vale transporte, pagando curso de datilografia, deu Caloi Cross, um Atari Bogo Ball, televisão , som três em um,  vídeo cassete,  walkmans, roupas do momento, idas ao Shopping, um skate... Tudo podia.

Passaram-se anos, ele ainda sem amar, sem tocar em outra garota, mas podia ir onde queria dava para dar perdido, mas ele tinha medo do lado malvado dela. Chegou um dia o Opala passa devagar olhando em seu olho. Lá está o Maconheiro, o mais temido, qual era de fato seu medo, pois se ele sabe que ele tem a mulher mais linda do Mundo, o mata e se ele falar a verdade ele é coagido, o mata do mesmo jeito. O Opala vira a esquina passa uns minutos começa uma briga, ele ouve os berros: - É mentira!! É mentira!!
Ali permanece em sua inocência. O maconheiro faz pressão para que entre no Opala, ele tremendo entra, da volta na quadra ao lado do terreno vazio. A mulher mais linda do mundo, pela musica do escape do Opala se liga, onde ele levou o Piá sem maldade e pegou seu trinta e oito, chegou devagar. Viu o maconheiro com seu trinta e oito na cabeça do Piá sem Maldade, mais tão culpado quanto vitima, fecha os olhos e a única coisa que imagina é a mulher mais linda do mundo, pois ali era o fim do seu mundo, quando ouviu um tiro, não sentiu dor, abriu os olhos. Ela havia matado o maconheiro e salvo minha vida qual eu estava perdendo por culpa dela ou minha sei lá.
Ela fugiu para outro estado tinha testemunhas, eu voltei a minha vida, voltei a olhar as meninas, a liberdade de minha vida, arrumei um emprego em um projeto para menores e trabalhava meio período, e no outro período estudava, era bem vestido, pois quem me vestia e perfumava era a mulher mais linda do mundo. Ela me deixou muito a frente dos piás e meninas da minha idade.

Passou o tempo um amigo disse que ela andava ligando e pedindo de mim, marcou horários, eu não atendia. Eu estava livre podia enfim viver, ser. Eu não imaginava que ao descer do ponto a noite após eu estar com a garota que eu sonhava em encontrar, ela estaria me esperando para contar que havia ha dias me seguido e trêmula, com a maldade nos olhos queria me obrigar a entrar no carro e ir embora com ela. Eu pela primeira vez disse não á violência sexual, a violência psicológica. No rádio do Santana toca a musica que falava com ele e com o que vivia antes do barulho do tiro, antes de eu não ter mais o que dizer, aos dezesseis anos acaba sua vida, um porta malas, uma família na tristeza pro resto de seus dias, qual a morte é a única que cura a dor de quem nunca mais vai ver ou ouvir a voz de seu filho desaparecido sem um porque, pra onde, pra sempre na memória a saudade, a boa lembrança do filho levada ao infinito, a esperança do reencontro mesmo que depois de mortos em espíritos em um lugar chamado paraíso..
No medo não contou a sua mãe que sem perceber perdeu seu filho!! ..


07/03/2019

sábado, 15 de dezembro de 2018

A Imigrante - Rodrigo 'cC'

A Imigrante
(Por Rodrigo 'cC)

  Polônia 1918. 
 -Filha vem! Vamos ajudar o pai. Sua mãe adorava essas flores. Vamos conservar as sementes e levar à frente, pois a semente é a herança..
-Papai como a mãe era no seu jeito?   Pareço com ela no meu ser?? 
-Rsrsrs - Sim minha pequena!!!  – Responde o pai  – 
-Grã vem aqui seu pulguento – disse o pai – 
- Aí seu arteiro, passou a noite fora de casa né? Está com cara de culpado!!   Agora vá! Vá e me traga as vacas, que eu preciso ir à Capital levar algo muito valioso, é tu que fará minha segurança  – sai em disparada em latidos o Grã seu único amigo – 
-Filha senta aqui e só escuta o papai.  – A Pequena segura sua boneca de pano, senta-se e o pai lhe diz: – que na vida tudo que ele não sabe é como ser mãe, mas que ele ensina tudo que sabe de homens, pois eles são o que há de pior no mundo..
-Filha seja educada com todos  –  continua o pai – seja conhecida de todos, mas seja sua amiga, a aproximação muito grande trás uma liberdade que pode não ser tão boa assim. É bom não falar de sua vida pessoal, para que não se tenham muito a dizerem de ti e assim tu se protege do mal, da inveja que não se pode ver..
-Cristo, filho do Deus da sua mãe, – prossegue o pai – foi morto na traição, e da traição ninguém se livra. Assim dizia ela. O que eu posso te dar de herança da sua mãe é a fé em Deus. Eu não o conhecia, nasci em outro ambiente, minha visão das coisas e do mundo são mais primitivas.
- Filha vem!  Vou lhe ensinar como funciona tudo, como e para que serve cada coisa aqui.  – como se não prestasse a atenção, não lhe escapava uma sequer palavra, seus olhos já haviam gravado o dia a dia de trabalho. Nada lhe era segredo. Moravam sós e o seu próprio lar era seu parque seu mundo seu abrigo .

A Pequena Glapinska em risos com a bagunça e latidos do arteiro Grã e as vacas teimosas, seu pai atencioso, pois longe de tudo e de todos, vive uma vida serena. Conta de como era feliz, ativo e muito vivo antes da partida da mãe da pequena que curiosa pergunta: 
- Mas para onde foi a mãe? – o pai sem saber direito sobre a fé cristã, entrega à pequena a Bíblia que pertencia a sua mãe e diz:
- Minha pequena, leia com toda sua fé e amor, não tire duvidas comigo,  pois sou de uma fé mais antiga que a Cristã.
- Então filha. – diz o pai – Ai vai dizer para onde sua Mãe foi. – A pequena com o sorriso do tamanho do mundo corre para área na casa velha..
Chega a casa a incrível vizinha Aurek,  uns anos mais velha  – ela vai ficar comigo, pois papai irá à capital negociar o seu bem mais precioso. O bom e velho queijo que acompanha os seus há muito tempo. O tempero é um segredo de família. –  Eu presto atenção em tudo, tenho pouco a olhar. –  Amo quando a vizinha Aurek vem ficar comigo,  é divertido, fico sabendo de como é o mundo fora da fazenda  –  eu gosto muito dela, é boazinha, me ensina das letras, ela diz que toca piano, eu nem sei o que é um piano, mas um dia vou ouvir um.
Após esse gostoso pensamento, envolto a sentimento de quem é amiga, com sorriso até nos olhos, um abraço de saudade limpa contida na pequena que é enfeitada com as belas palavras da doce vizinha Aurek de coração limpo, sabe o quão grandioso é o dom do ensino. Com a energia a flor da pele as duas de mãos dadas, vão ao quarto. Um presente!! Um belo vestido à pequena Glapinska, com sorriso nos olhos, uma simples lágrima dizia mais que todas as palavras, a gratidão dita sem palavras, no conforto do abraço de quem diz: – muito obrigada por existir.. 

Tantas palavras novas, as histórias do piano, o sentimento que transparecia, tocava a pequena Glapinska e encantava os olhos do seu pai, que tudo que deseja para sua filha é uma boa vida, com todos os momentos possíveis de alegrias, pois assim seu coração machucado pela perda do amor que o castiga todo dia, conforta-se no sorriso da sua pequena que irradia como a luz do dia, que reflete em seus olhos cor de mel, seu sonho para um dia qual não serão segredos as letras quais vão lhe dizer de Deus, para onde sua mãe foi em sua chegada. A pequena sedenta por vida, pelo sentido de ser senhora de seu destino. Um sentido que se sente aprender a fé no que não se vê. 
A vizinha Aurek, toda extrovertida em brincadeiras com as letras ensina a pequena Glapinska o sentido de cada uma, como formar as palavras e interpretá-las. A pequena se encanta e encanta com a expressão de alegria, diz da musica, fala do piano, diz que sonha tanto, longe de tudo e de todos na vida rustica da fazenda, entende de tudo, diz que ali faz e sabe como fazer cada trabalho. Crescendo aos olhos do calmo pai, ficou fácil sentir a vida, o mundo a sua volta, mas sua adrenalina grita ao desconhecido..

O Pai na capital fica sabendo da guerra e entra em desespero, está perto, não há tempo e volta mais que correndo acompanhado de Grã seu leal amigo. Os cavalos correndo muito mesmo, como se a vida fosse um momento, sem medo o homem pacifico sereno torna-se gigante na ideia de que protegerá sua pequena com sua vida como sacrifício. O amor é invencível. Os cavalos em alta velocidade, a roda da carroça quebra. Um acidente, mas com o instinto a flor da pele, nem percebe seu grave ferimento e do jeito que cai, levanta. Assovia!  –  Seu cavalo ileso, volta e dispara sem olhar para trás, seguem em direção da fazenda..

Na fazenda as duas unidas no dom da vizinha Aurek de direcionar a vida, mostra para menina Glapinska o quão grande é o mundo e conta que vai embora no outro dia para um lugar chamado Paraná no Brasil.  A menina triste, curiosa pergunta:  O que é esse Brasil?  – a vizinha na mais bela feição de alegria diz:
-É a mãe gentil. – A Pequena de bíblia na mão diz:  
-Ela é mãe para todos? –  a vizinha Aurek diz: 
 -Sim!  – e a Pequena Glapinska responde sorrindo:
- Sim! Sim. –  A Pequena muito "cabreira" diz: 
- Será que ela poderia ser minha mãe? Eu nunca tive uma, mas se tiver eu serei um orgulho a ela. – A vizinha se encanta, e explica que a mãe gentil é um país no mundo novo que de braços abertos entende que todos os humanos são um só povo. 
-Vamos todos pela manhã   – diz Aurek  –  e eu vim me despedir.  – a pequena em lágrimas, não diz, apenas sente e abraça como se não houvesse palavras que confortasse..

Seu pai em disparada, já perto da fazenda sente seu ferimento, equilibra-se e foca em sua filha. Ao chegar na fazenda, se depara com a cena mais linda!  –  as duas tão ligadas como mãe e filha  – a maior idade da vizinha não a livra de ainda ser uma menininha. O pai com um sorriso, a guerra no pensamento, cai do cavalo e elas correm para o socorrer, mas já não há o que fazer e a pequena sem palavras, apenas o próprio desespero contido num silêncio, aonde a maior expressão vem aos olhos que teme nunca mais ter seu pai para ver o sentimento único. 
O Pai ao entender que a vida se ia, abraçado pela pequena Glapinska,  olha para a vizinha Aurek, com olhar sorrindo que diz tudo. A Pequena que anseia o abrigo perdido, o colo do pai o lugar mais protegido. A vizinha Aurek a acolhe em seus abraços uma vida, a Pequena sentida em silencio, não diz nenhuma palavra.  Aurek a leva para sua casa e diz ao seu pai que cuide das formalidades e pede a ele para que a leve junto a eles ao Brasil. O cãozinho Grã, não sai de perto da pequena por nada.

Amanhecendo o Grã late, a pequena Glapinska pega a vizinha Aurek pela mão, pede silêncio. Os soldados inimigos já haviam entrado na casa e rendido todos da família. Aurek ciente do perigo, fogem levando as passagens do navio e a poucos passos ouvem os tiros. Sua família inteira morta só por existir, nascer do lado de cá da fronteira. Nesse instante a vizinha Aurek pergunta para a  pequena Glapinska se em sua casa havia dinheiro. Sem dizer uma palavra a pequena a pega na mão e puxa. Voltam para a fazenda da pequena. Chegando lá pegam tudo que precisam e tão assustadas sem tempo para sofrer, vão pegar o navio em direção ao Brasil..

De passagens em mãos na espera da chegada do navio, centenas de imigrantes Poloneses. A pequena Glapinska, o cãozinho Grã e e a vizinha Aurek num silencio único, olhando a passagem que era de sua irmã, agora morta simplesmente por existir, numa guerra que não lhe pertence. A pequena Glapinska se passara por ela sua irmã de hoje ao sempre, pois essa ligação única é divina. Essas coisas do Senhor da vida que une vidas distintas para fazer a mesma obra na vida.

Já em viajem a Pequena Glapinska como se por benção, distrai a sua curiosidade do mundo qual nunca tinha visto, pois a cerca da fazenda era seu limite. Hoje sozinha no mundo, não solta sua bíblia por nada, pois precisa descobrir para onde foi sua mãe, para poder ir para lá um dia, olhar em seus olhos, agradecer pela vida e pedir perdão por sua chegada ser sua partida..
Quieta a pequena ouve um som lindo que nunca tinha ouvido antes, corre na direção  –  é a vizinha Aurek que tinha encontrado seu piano no navio que havia com a parte da mobília chegado ao navio um dia antes do embarque. A Pequena como estivesse nas nuvens se descobriu pela primeira vez, senta-se ao lado da vizinha, fecha os olhos e sente o que nunca sentiu –  é o poder da musica que naquele momento veio em forma de cura, como se num passe de mágica o som do piano curava a ferida da perda da vida daquele que era seu guia, seu protetor. Tudo que ela sabia é que ele sentia a vida, sua visão do mundo era pura, assisti-lo dia a dia me mostrou como viver com ou sem ele, como se ele soubesse que um dia eu precisaria ficar sozinha na vida..

Do outro lado do navio um rapaz encanta-se com a musica e vem namorar a cena que toca seu coração, a emoção exata para ser retratada. Mais que ligeiro com seu belo sorriso, aproxima-se na mais perfeita sintonia de quem sabe o que dizia, tem suas modelos e o Grão deitado encima do piano, com o por do sol colorindo lá no fundo, a lua sorrindo esta retratada. 
A vizinha Aurek, toda convencida, pois nunca se viu tão linda, a pequena encantada, de estar sendo eternizada e o Grã latindo, como se percebendo que essa união de arte, era a magia do amor que sem  perceber já existe. Ele dá uma rodada em si e deita como se tranquilo, pois além dele tem os dois também a pequena amaria protegeria..

Há dias de viajem a sintonia só crescia, nem eram, mas pareciam a mais bela família que buscava a Mãe Gentil, uma terra nova chamada Brasil, um lugar qual ainda existe a pureza do mundo novo, um lugar de terras produtivas, de climas mais variados, muitas águas, frutas animais, cenas e belezas únicas, onde se diz que Deus é Brasileiro e é essa a busca. Um lugar abençoado por Deus e bonito por natureza, a beleza aos olhos da Pequena Glapinska, a tristeza guardada qual ela não fala, a energia boa do amor que se constroem entre o Pintor e a vizinha Aurek que encanta os olhos da Menina Glapinska, a certeza do Pintor que a arte deve se herdada, pois é um dom divino o faz ensinar a Pequena a retratar a cenas, a ter o olhar sensível, preciso, que mostra ao mundo que é nos detalhes que está o lindo.
O olhar da vizinha Aurek cada vez mais apaixonada, toca seu piano tocando o coração de todos a sua volta, fazendo a união entre todos que também são retratados aos olhos do pintor, fazendo dessa viagem ter a energia precisa para se chegar na mãe gentil com a vontade pra vida, para se reconstruir, após serem perseguidos por uma causa boba, mundana qualquer fixada na mente de um orador mal intencionado, pela falsa impressão que se não está do seu lado deve ser exterminado, estando em terra mãe ou não..

A Pequena Glapinska há tempos sem dizer uma palavra, senta-se no piano e começa a tocar a musica que lhe toca a alma, as lágrimas dos olhos da vizinha Aurek vem do coração, é muita emoção. A Pequena era uma nota, o Grã em balanços e em saudação, o uivo de tanta energia contida ao ver que a Pequena de seu único amigo o qual lhe veio na lembrança o sorriso que soltava quando a Pequena Glapinska fazia algo que o encantava. No pensamento do Grã, a jura de lealdade daquele momento que seu amigo o escolheu no ninho é repassada a Pequena que protegerá por toda sua vida.Todos no navio surpresos e lá vai alegria, tudo era festa por mais difícil a viagem, a paz e a calmaria eram rotina. 

Mas ao entardecer, uma tempestade vindo de longe, ali no momento o pavor do forte vento todos medrosos, chega a chuva violenta, todos aterrorizados, mas o cãozinho Grã no ponto mais alto, como se tivesse sentindo na violência da natureza a vida por um fio, como se a certeza do valor da vida viesse mais forte. A Pequena Glapinska trêmula, pela primeira vez abre a Bíblia assustada, pois temia pela vida, ansiava pela palavra que diria para onde sua mãe havia ido quando partiu, pois sabia que seu pai era de uma visão da vida antiga e que tinha sido abençoado por ter ele em sua pequena enquanto ele tinha a vida e que a vontade do coração dela era conhecer sua mãe, pois encantada por tanto amor nas palavras do seu pai que todo dia dizia o quanto era linda e abençoada sua amada, que seus olhos brilhavam em sorrisos, por outros em lágrimas, mas nunca a mal dizia e sim, bem dizia com se fosse sua maior riqueza na vida, os dias que passou com seu único amor. Ali a pequena lê o primeiro dia, o segundo dia, o terceiro dia, o quarto dia, o quinto dia, o sexto dia e a calmaria vem. A pequena Glapinska fecha a bíblia encantada com a ideia de ao ler, ver as cenas se formando como se não existisse mais nada. Sua descoberta divina lhe tocou a vida deu uma vontade de ler sem parar e assim foi até sua chegada a Mãe gentil..

Ao avistar o Brasil o cãozinho Grã em latidos, como se dissesse:  –   Graças minha Mãe Natureza pela terra – há meses o mar aos seus olhos – a Pequena não estava. A Pequena Glapinska corre ao lado de Grã e os dois olham a terra com um ar de alivio!! Um sorriso,  a vizinha Aurek chega de mãos dadas ao seu Pintor qual sem perceber, agora seu amor. 
Navio atracado o cãozinho Grã deita e rola no chão aliviado, sentindo livre, com seus pés no chão. A Pequena Glapinska encantada, com seus olhos namora o Porto de Santos, as pessoas, vestimentas, palavras de uma língua que nem sabia que existia, pessoas negras. 
A vizinha Aurek pergunta a pequena sobre os bens valiosos que pegou em sua casa na fuga e a pequena lhe entrega, cinco barras de ouro e um saco de pedras preciosas e ali sabem que poderão chegar ao Paraná e recomeçar a vida. Agora em sim!!! 

A pequena Glapinska agarrada a bíblia começa a viagem a colônia do Paraná, encantada com tamanha variedades de vidas, passarinhos dos mais coloridos, árvores floridas, frutas tão deliciosas, tantos animais, tantas diversidades, rios e fartura de peixes, índios quase despidos com poucas penas e pinturas, uma sensação de pureza, de ingenuidade, de liberdade, do descobrir o mundo fora da cerca da fazenda, uma certeza de segurança para encarar a vida. Já não me é de direito ser uma pequena menina, preciso do continuar da vida mesmo sozinha serei destemida, a viagem se torna um encanto aos bons olhos da arte que retrata as cenas na mão do pintor que diz do mundo nas entrelinhas da tela, na mistura de poucas cores que faz a diversidade infinita tão bonita que pende os olhos no entender ou não a mensagem contida nos bons olhos de quem a cria..

Chegando em Curitiba Paraná a Pequena se depara com uma cena de um Piá negro de olhos azuis pedindo, para continuar vivo. Ela não conseguia parar de olhar um segundo. Foi até ele e após se choca com  a lágrima nos olhos dele ao ver um adulto se alimentando. Com toda sua calma o toca o rosto, ele arredio sai. O pintor toma a cena e vem já com o alimento na mão e fala com o menino que responde, – ter sido criado por um imigrante travesso que tomava pinga e cuidava do pequeno negro de olhos azuis que já com seus quatorze anos de idade, como a Pequena Glapinska que se encantava com o Piá negro de olhos azuis, que dizia que estava assim no mundo, qual vivia do que lhe restava. 
A vizinha Aurek, mais que rápido o convidou para fazer parte dessa família  – que já tinha família, – mas que construiria a paz, o amor e a vida de forma digna. E mais que rápido o Piá negro de olhos azuis, da água e alimenta os cavalos. Dotado da sua atitude da qual não tem medo da lida, da vida, do desafio pra lutar e continuar vivo na força poderosa da terra antiga, alma de guerreiro, de corpo ligeiro se joga em viagem sem destino à procura da terra que estará abaixo de seus pés nos restos de seus dias.

Grã não sai um segundo do lado da Pequena Glapinska  que esquece o mundo e se encanta com aquele Piá negro que anda descalço junto ao comboio de carroças, hora na árvore pegando frutas, nos mostrando os sabores, outras atento nos protegendo, é tão boa fé que até o ciumento Grã vem se rendendo aos seus encantos, andam correndo nos campos. Há dias de viagem sem se sentirem ainda em casa, seguem rumo ao sul enquanto a Pequena diz ao Piá negro de olhos azuis de como era, de onde vivia, do queijo, do gado, do engenho, sem tirar a atenção do que ela dizia.

O tempo passava, ele curioso pergunta sobre a bíblia que ela não solta e lhe fala de Deus ao ponto de lhe tocar o coração e ao chegar à região de União da Vitória sul do Paraná, há uma paixão imediata pelo Rio Iguaçu, as cachoeiras, o clima, ás belezas. Então a Pequena Glapinska e a Vizinha Aurek decidem que ali vão ficar.

Já entrosados com os Colonos ali presentes, ficam sabendo que às margens do Iguaçu tem terras acidentadas, muitos barrancos, quase improdutiva. A Pequena diz em tom alto:  – Meu pai dizia que não existe terra improdutiva, e essa que ninguém quer que será nosso lar.
Com o negocio feito, chegam às terras e a pequena encanta-se com uma cachoeira e lembra-se de como era o engenho de seu pai e as cenas criam-se em sua mente ao lado de onde corria o córrego que vinha da cachoeira com vista para o majestoso Iguaçu, ali constroem a casa e assim que fica pronta, o piano em uma área grande é colocado e assim inicia-se a vida. 

O tempo passou. A pequena Glapinska já moça, seu corpo muda, sua visão sobre o Piá negro de olhos azuis muda, a conversa muda e ao se sentarem em um tronco de Araucária caída na beira da cachoeira, ela conta sobre o engenho que seu pai tinha e a atenção dada ás palavras dela tinha o entendimento preciso e ali nasceu a primeira atitude juntos. 
O Pintor interessado descrevia as engrenagens do engenho como tudo em suas pinturas. Ali o Pai da Pequena Glapinska fez-se vivo, fez sua vida não ter sido em vão. A lembrança de um homem que dizia da vida e a pequena mesmo que quieta parecendo distraída com a boneca de pano na mão, sabia de cada palavra dita e o Piá negro de olhos azuis junto com a Pequena Glapinska construíram uma relação mais estreita ao ponto de um dia qualquer, em um segundo, sem pensar, se beijaram e juntos conheceram seus corpos, e o que haviam sentindo chamava-se amor.

Engenho funcionando, os morros ditos improdutivos repletos de erva mate,  a vizinha Aurek se delicia em ser mãe e ali Deus toca sua vida, entende o sentido de ser responsável por uma vida e dar o alimento não é o mais difícil, pois educar e dar o caminho é o verdadeiro desafio.
Seu  Pintor ali encantado retratando a beira da área da casa sua bebezinha tão linda, acompanhada do sabiá laranjeira que entre cantos e beliscos se delicia com a banana que está ali de cena pensada de quem malícia tem, pois retrata a arte que vem da imaginação ou da própria vida. 
A vizinha Aurek com o dom de ensinar como se fosse o seu real motivo aqui na vida, constrói uma escola. 

A Pequena Glapinska que já sabia o que dizia a bíblia, sempre em sintonia com a vizinha Aurek, constroem  a capela de Nossa Senhora de Czestochowa em sua propriedade na qual já muitas famílias trabalhavam a terra improdutiva, produziam alimentos, esperança e dignidade aos seus e esse era o sentido da vida de seu pai na sua uma obra ao mundo, – onde todos são iguais, onde nos protegemos, nos ajudamos, nos curamos, nos damos chance à igualdade da existência dada, não importando por quem, quando e onde, somos um só, estamos todos conectados pelo chão, pelo ar que passa aqui logo está aí, a fé em Deus herdada por um simples livro que complementa o para onde ir, o que não fazer, que Jesus foi a verdade, que o seu poder veio do sacrifício e da fé de quem recebia a cura bem vinda na forma linda do poder infinito de acreditar no que não se vê, que o mal é sorrateiro e usa alguns de nós mesmos, que é tudo energia e que precisamos na nossa alma da luz que ilumina o caminho, pois a escuridão confunde os olhos e perde-se o sentido, é como viver e não ter vivido..

O cãozinho Grã velho e cansado, deitado em cima do piano ouve o choro. Chegam as gêmeas da Pequena Glapinska ao mundo, ela esta viva. Durante sua gravidez seu medo foi partir assim como sua mãe e não poder ver aqueles olhos lindos, tantos cachinhos das suas Brasileiras, filhas da mãe gentil. Agora eu velho, cansado dos meus próprios passos, posso descansar, deixar o mundo, na certeza meu amigo!!  – Que não lhe traí deixando sua pequena sozinha no mundo.

De última cena, o rio Iguaçu, uma araucária carregada e o canto da gralha azul, um suspiro de alivio para nunca mais ..