segunda-feira, 9 de março de 2020

Super Lua - SamBennett

 
Amor Sem Fim!!
Samantha Bennett

Uma lua gigante, brilhante
Surge em minha janela
igual uma pintura em tela
Enorme, imponente, tão bela.
De repente...
nuvens negras se reúnem,
anunciando uma tempestade furiosa
obscurecendo essa luz gloriosa,
escondendo a luz da verdade
de quem ama seu resplendor,
que aprecia seu brilho, seu fervor.
Onde estás lua?
Que os oceanos
lamentam sua ausência,
o brilho de sua beleza
derramando como uma bênção
sobre as ondas com tanta singeleza,
deixando impaciente o coração.

domingo, 8 de março de 2020

O Silêncio da Musica - SamBennett (Vídeo)


Não há música 
sem a perfeição do silêncio.
 Os silêncios permitem espaço preciso 
para compreendê-las.
 ... De repente tudo é música,
    no ar, no peito, no sangue
    nas células, poros e até nos ossos.
Uma fonte de sons desperta o vulcão
    adormecido em meio ao ser.
Agora a música não é mais um convite,
    mas a batida do próprio coração
    em perfeita comunhão

 ao som que viaja no ar.
  No entanto, sem remédio,
    sua natureza efêmera
    leva-a mais uma vez para o nada
    e o silêncio passa do segundo 
para a permanência,
    anunciando que a música cessou.
 Mas é mentira,
    simplesmente mudou a paisagem
 e agora ainda sonha quietinha
 em um canto da alma
     de quem foi movido
    por essa magia ancestral e infinita
    ao qual sempre pertencemos.

 Entre silêncios e sons se tecem sonhos,
 viagens, poesias e poemas musicalizados.

-Samantha Bennett-

08/03/2020

Musica/Letra/Tradução: Tears In Heaven - Eric Clapton
(Obrigada meu pai )
Obrigada minha mãe, obrigada meu irmão
 
 E a musica... Silenciou...

sábado, 7 de março de 2020

Bãããão!! Rodrigo 'cC'


Hoje por um motivo simples,
sou aquele louco 
com cara de bobo 
com sorriso no rosto, 
com a certeza de ser 
o mais feliz 
desse mundo torto!!!! 
 
Por Rodrigo 'cC'
 

sexta-feira, 6 de março de 2020

Conto: O Filho do Silva - Parte 01

O Filho do Silva - Parte I
(Por Rodrigo 'cC')

Paraná...
Sete dias antes do assassinato de meu pai, ele havia pegado sua maior obra. Ele estava construindo o supermercado da vila, ganhando um bom dinheiro. Eu de kichute que era só alegria, uniforme novo. Ele comprou uma geladeira que não tínhamos, a casa era humilde, mas não faltava alegria e música. Meu pai tinha um toca fitas, ele gravava suas músicas do rádio -- play, rec, solta o pause e era um sorriso de rosto inteiro.  Minha mãe no fogão cantando junto ao rádio essa musica.
Musica: Think about the way - Ice Mc
O cheiro do sagrado alimento, minha pequena arteira irmã que adorava dançar os passinhos lado a lado, no pai, na mãe.
Naquela semana eu saia da escola e ia direto à obra com o meu pai, ele nunca havia trabalhado perto de casa e ir ao trabalho dele era um sonho, pois eu ficava só a imaginar, quando nas conversas a mesa ele falava de seu dia pra mãe e a mãe contava o dela e eu e minha irmã fazíamos o mesmo. 
Eu me sentia protegido perto do pai e sempre após o jantar brincava, assistia o jornal qual era o momento onde o pai não falava nada e nem gostava que falasse, depois vinha a novela, ai quem não queria que falasse era a mãe.

 Na obra queria ver o pai trabalhar, ele estava fazendo a fundação e me ensinou esquadro, tudo sobre a mistura da massa, tudo que ele fazia falava: - Ó Filho, é assim! Eu ali comendo marmita, tudo muito legal. Eu sentava num tijolo, o pai trabalhando, eu fazendo a lição da escola, pois meu pai nessa semana contou que onde ele morava quando criança, nem escola havia. Com dez anos estava na colheita de algodão e teve uma chance de vir a capital na casa de um primo e já arrumou emprego de servente de pedreiro com seu primo. Então um somou com o outro compartilhando as contas e assim deu para ficar na capital. No primeiro baile, se apaixonou pela musica e pela minha mãe, os olhos dele brilhavam.
Eu estudava e prestava atenção na professora, pois meu pai e mãe não sabiam me ajudar nas lições de casa.  Eu não podia perder uma palavra sequer e se tinha alguma dúvida, pedia ajuda para professora.
Certo dia eu me senti mal, mas eu não sabia que meus pais eram analfabetos, então pedi ajuda na lição ao meu pai e pela primeira vez vi uma lágrima nos olhos dele, aí quis estudar mais e mais, pois um dia eu vou ensinar para ele.

Naquela semana em especial não tinha o silêncio do jornal do pai, nem da novela da mãe, pois estava meu pai e os amigos da dança ensaiando. Iria ter um concurso de passinhos e toca essa música e alegria naqueles sorrisos. Uns cantavam junto ao toca fitas.
Musica: Rap do Solitário - Mc Marcinho 
Uma das Moças perguntou para minha mãe se ela não tinha ciúmes. Minha mãe respondeu: - Não. Eu tenho é Amor e onde tem Amor não tem dor, não tem traição.
Meu pai do grupo era o único casado, o resto era largado no mundo, mas entre o pai e a mãe não tinha desperdício de vida, eles namoravam e brincavam, aceitavam a vida como ela é. Eu nunca vi meu pai erguer a voz ou a mãe. Nunca vi eles brigarem e sim entrar no quarto e conversar e quando um estava errado nem teimava. Eles nos ensinaram a aceitar o erro, pois quem não admite o erro discute ele e discussão é feio, deixa nervoso à toa, se machuca. O Pai disse que tem que respeitar a mulher que ama e se fazer respeitar, mas não com agressão, mas na moral construída, não nas palavras, mas na atitude, pois a atitude tem que correr lado a lado com a palavra, senão sou mentira. Meu Pai disse que quem mente brilha por pouco tempo e quem é verdade fica intacto ao longo do tempo.

Minha mãe era diarista, quase tudo que tínhamos em casa era doação e éramos gratos de bom coração. A Mãe dizia que a gratidão do obrigado sincero não há o que pague e era só acordar cedinho, entrar no quarto da mãe e ela estar agradecendo e pedindo proteção ao dia que vem vindo ao minuto depois.
Ela toda palhaça na mesa com seu café e cigarro acelerando eu e minha irmã pra ir pra aula. No rádio essa musica
Musica: Purple Rain - Prince
Meu Pai sai do banho vem e toma minha mãe em seus braços a beija, solta um bom dia Amor trás ela grudada a seu peito, deita a cabeça em seu ombro e juntos em silencio de olhos fechados se deliciam a música e ao amor. Meu Pai gosta de silêncio no jornal a mãe na novela, mas eu gostava do silêncio para ver minha família enquanto o pai e a mãe dançavam. Minha irmã dançando com o urso de pelúcia dela, eu deliciando meu café, pois hoje tinha leite, ficava mergulhando o pão no copo e comendo lentamente, preguiçoso, muito cedo.

Meu pai na alegria, hoje seria o dia do concurso de passinho.
Na volta da aula passei na obra meu pai bem maluco assentando tijolos, dançando e cantando. Parou pra almoçar e surpresa!! Eu nunca tinha comido X salada, meu Deus !! Que delícia!! Nem imaginava que era tão bom, só imaginava “-- Um dia vou ter dinheiro e comer --“ Foi muita alegria.
Na conversa de hoje o pai me explicava o valor do trabalho, a importância de ser um Homem correto, colher bons frutos, ser respeitado como uma pessoa de bem e foi dito e por mim gravado, pois nem mamadeira da minha irmã eu deixava meus pais fazer, nem arrumar cama nem lavar o meu copo e prato. Eu amo e quero ver bem, então os poupo de qualquer incomodo, nunca quero ver meu pai e minha mãe tristes comigo e assim cuido da minha Irmã para que nada a aconteça, pra não preocupar o pai e a mãe.
No meio da tarde fomos para casa hoje era um dia encantado, minha menor nota no semestre foi oitenta e cinco, ia ter churrasco caipira de groselha e menta.  Eles iam dar uma ensaiada, pois era véspera do concurso do baile e toca a musica que vão dançar.
Musica: The Silence - Enjoy  
Vi claramente quatro pessoas felizes lado a lado no passo, na sincronia, naquela pequena cozinha. Na porta o cachorro esperando o osso entre as pernas dos passos ensaiados, pequenas meninas passando com as bonecas nas mãos e na mão do piazinho um caminhão que ao som da sua voz fazia o ronco do motor, uma carteira de cigarros e um isqueiro de carga, pois seu caminhão era tombeira .
Em minha casa eu nunca tinha visto tanta fartura, meu pai em brilho de alegria toda hora namorando minha mãe com os olhos, risadas ecoavam e de fundo a música. Eu nunca havia dormido tão tarde, nem eu e minha irmã faltado a aula, nem meu pai e minha mãe ao serviço.
Acordamos os quatro largados na cama, uma preguiça, mas levantamos, nos ajudamos, arrumamos a bagunça, colocamos nossa melhor roupa e fomos pra cidade e pra minha surpresa meu pai havia visto o brilho nos meus olhos ao ver uma bicicleta passar. Ele me presenteou com uma Caloi Cross e minha irmã com uma Ceci. Fomos num restaurante almoçar e na mesa meu pai dizia que nossa vida iria mudar, pois havia pegado outra grande obra e que iria seguir esse caminho do bem que juntos construíram, onde não existe traição e ninguém subtrai e sim compartilha a vida, as dificuldades e alegrias.
Ele então deu um dinheiro pra mãe fazer o que quisesse. Saímos dali os quatro de mãos dadas, fomos ao fliperama o Atari já era incrível, mas ali era o paraíso. A mãe e a mana saíram fazer compras.
A tarde fizemos outro lanche, mas dessa vez eu já conhecia o gosto do X salada e agora vou experimenta outro X. O X bacon, tem tantos X que vai demorar um pouco, mas que vou experimentar todos!! Eu vou!!

Voltamos para casa. Que delícia andar de ônibus. Na hora que chegar à vila vou puxar a cordinha para o ônibus parar, vai ser muito legal!!! Assim fiz.
Chegando à vila a noite, todo mundo cumprimenta o pai, brinca com ele desde o padre ao bandido. Ao entrar em casa minha irmã diz: - Que calor!! Meu pai abre a geladeira nova e diz: Então se refresca, dois pote um pra cada.
Não precisávamos mais de bombril na ponta da antena da televisão, tínhamos antena externa. Meu pai foi tomar banho, a mãe tirou da sacola uma roupa a cara do Pai. Eu perguntei: - Mãe a senhora está ganhando mais? Ela disse: - Não. Esse foi o dinheiro que seu pai me deu pra comprar meu presente. Então comprei para ele, mas não conta nada.
Eu corro abraço ela e ela diz: - Amo seu pai, não sei viver um dia sem o ele.
Quando ele sai do banho vê a roupa, abre o sorriso, chega em minha mãe lhe dá um beijo e agradece. Se veste fica lindão para ir ao concurso de passinho, nos beija a testa, beija a mãe, se despede com o sorriso mais lindo que ele já deu e o eu te amo mais tocante e sai olhando para sua família feliz.
Música: Era só mais um Silva - Mc Marcinho 
- Mãe, mãeeeeee, mãeeeeeeeeee!!!
- Fala, fala o que aconteceu por favor que cara é essa? -Não me assusta meu filho.
- Mataram o pai mãe!!.
 ...

(👉Continua na parte 02)
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quinta-feira, 5 de março de 2020

Conto: O Filho do Silva - Parte 02

 Parte 02  - (Continuação)
-Por Rodrigo 'cC-

Minha mãe ajoelhada, sem reação, senão olhos parados e verter a triste água.
Sigo em direção a minha Irmã, a seguro no colo, pois chora triste com a mãe sem nem saber ainda o porquê. Vou me roubar o direito a lágrima e de minha Irmã e mãe vou cuidar, vou em direção á mãe e sinto seu desespero, antes mesmo do abraço minha mãe pega minha irmã no abraço qual me junto e são três corações partidos. Enxugo as lágrimas que escorrem ao rosto da mãe e digo que se acalme, pois estou aqui e as protegerei. Ela de sorriso no rosto solta um som de afago que dizia: -- Te Amo-- contenho a lágrima e o nó na garganta.

Chegam os amigos do meu pai, minha mãe de olhar perdido, nem querendo saber o que aconteceu, pois não queria aceitar, mas seu amor foi vítima da maldade solta, de nome preconceito que nas mãos carregam armas e no coração o ódio de que o mundo não é de seu jeito sem um espelho pra olhar a si mesmo, olha, julga e condena os outros.
Mesmo em lágrimas a mãe diz: - Meu amor morreu por ser ele mesmo.
Eu sem entender o preconceito não fui longe à verdade, pois o imaginei um monstro, uma obra do diabo no chão. De repente um bom coração entra em nosso lar. Era o patrão da vila tirando o desespero do coração da mãe que não sabia onde e como enterraria o pai.

Já no final da tarde adentra nossa casa pela última vez, meu pai em um caixão. Amigos familiares solidários, de poucas palavras, noite de muitos abraços e minha mãe em uma cadeira, de olhar sem vida a seu amor já sem vida. Minha irmã pequena coloca suas mãos a beira do caixão e tenta se erguer pra olhar, eu a tomo em meu colo, ela toca o rosto do pai e diz: - Ele está dormindo, temos que levar ele para cama.  Eu digo: - Não, minha irmã esse sono do pai é para sempre. Ela me olha e sorri e diz: - Ê pai dorminhoco. Pediu-me para dar o mamá e levá-la pra cama e assim faço. Já deitada me pede seu urso de pelúcia e fala:- Canta uma música para eu dormir? Então eu canto sua musica preferida.
Musica: Ursinho Pimpão (A turma do Balão Mágico) 
De olhos quase fechando, o sono dominando minha irmã, de sua boca sai um “eu te amo,” seguido de um sorriso de olhos fechados e de rosto inteiro. Ali não me contenho e solto a lágrima presa, fico a fazer carinho nos cachos de anjinho dela que dorme sem nem perceber o que seria aquele sono profundo do pai.

Volto para sala da casa, seguro a mão de minha mãe largada na cadeira com sua outra mão a acariciar o rosto do corpo morto de meu pai na forma da despedida do tocar,  mas na lembrança de quem amamos, não morre e por ser amor nessa rica relação onde a pobreza era só dinheiro, por muitas só arroz e feijão e quatro corações que transbordavam emoções e agora na realidade, o enterro, um desespero, um corpo se indo, sem saber o motivo, efeito do preconceito, mas no que eu mesmo me pergunto: --- E agora? Como será meu mundo sem meu guia? Não! Não! Não!! Eu não importa. Preciso cuidar da mãe e da irmã.

A noite vem o dia passa, a alegria não adentra mais a porta, elogiando minha mãe e dizendo: -Humm... que cheirosa essa comida. Pegando-a num gira baixo alto. Minha pequena irmã cantarolando algo, a pipa jogada em cima da geladeira, a bola num canto. -- Quem vai brincar comigo? –Não, não, não, eu não importa, preciso cuidar dos meus amores e assim faço.
Levanto-me brincando, vou ensinando minha irmã as cores em desenhos de flores de todas as cores, enganando a tristeza com um pouco de alegria.
Minha mãe no sofá, a casa uma bagunça. Eu faço a mamadeira da minha irmã a coloco dormir e vou limpando a casa, eu preciso ajudar minha mãe e assim faço.
Olho para ela olhando o rádio toca fitas, num pensar liga, aperta o play e toca essa musica.
Musica: No dia em que eu saí de casa – (Zezé di Camargo e Luciano) 
Eu sem saber o que fazer, apenas a me comover com a minha mãe que me viu sendo forte, me abraçou e em silencio ficou. Eu sentia no peito e ouvia o coração dela bater e o eco da alma que dizia: ---Fica com Deus amor, no final do meu ciclo aqui no chão, vou a você. Nunca tive outro homem e nem terei, pra ti no eterno vou permanecer---.

Os dias passam, vou entendendo o efeito do dinheiro e vejo que minha mãe precisa de ajuda. Falta tudo dentro de casa, minha irmã precisa do seu leite, andar bem vestida.
Sai em busca de trabalho, pois aprendeu com seu pai o valor do trabalho, mas é apenas uma criança e não consegue nada mesmo que Implore e assim faz. Implora a Deus e aos Homens trabalho e nada. Aprende sem seu pai o que é o desespero, sente o medo, mas não do maconheiro ou o velho do Saco e sim da fome, de não ter onde morar. Questiona o céu em gritos sem sair uma palavra da boca.  Injustiça! Injustiça! Injustiça! Nada mais quero que ajudar minha mãe no maldito dinheiro preciso pra vida. Como pode um mal tão grande estar na terra Deus? Ele tira a igualdade entre os homens, promove guerra, morte, diferença, ganância. Nascemos de igual pra igual, mas se temos ou não dinheiro, quem tem já esta longe da fome do sofrimento, da dor, mas quem não tem, conhece a fome, o frio, a dor. Como vou fazer?  Em desespero vai ao patrão da vila e diz que quer entrar no tráfico, que precisa ajudar sua mãe que não quer a fome, o frio e o medo. O patrão o olha, no Opala Diplomata toca essa musica.
Musica: Soldado do Morro - (MV Bill) 

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👉(Continuação na parte 03)
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Conto: O Filho do Silva - Parte 03

Parte 03 - (Continuação)
-Por Rodrigo 'cC'-

Diz o Patrão: - Piá do Silva admiro sua atitude. Sacrificar a alma a vida pela sua família, mas o  que sua mãe vai achar?? O que seu pai acharia??
Responde o Piá do Silva: - Antes me responde. O que é se prostituir?
Diz o patrão: - É vender o corpo por "grana" por algum motivo!!
Diz o Piá do Silva: - É isso que vi sua irmã convidando minha mãe a fazer para poder pagar as contas! - Eu quero evitar isso e com minha mãe deixa que eu falo, pra debaixo da ponte minha irmã não vai e nem minha mãe se prostituir..
Diz o patrão: - Então volta aqui com uma resposta que lhe darei a minha!!
Chega a mãe e entra na conversa, pois nada havia no armário, na geladeira, nem grana para luz e água só a do aluguel. Minha mãe disse: -Não!!
Eu respondi que iria do mesmo jeito e saio. Vou em direção ao patrão e assim que viro a esquina vejo o Opala Diplomata parado no fliperama, sigo em sua direção. Quando me aproximo chega uma guria linda em seu Scort XR3 ouvindo essa musica..
Musica:Revolução Por Minuto - RPM
 Então ela desce do carro falando enrolado e assim que me aproximei na educação em silêncio o patrão falou: - Piá do Silva está com fome. Grita para a "tia" do fliperama: - Faz dois xsaladas e traga duas garrafas de Coca-Cola pro Piá.
E pergunta: - E dai Piá? O que sua mãe falou?
Eu digo: - Ela não quer, mas não tem jeito se alguém vai se sacrificar que seja eu.
Diz o patrão: Então vai trabalhar para o patrão da vila?
Eu respondo: - Vou.
Patrão diz: - Se alimenta, leva o outro para sua irmã. Passa no material de construção e diz que mandei pegar uma enxada, um rastelo e um carrinho de mão e vem aqui.
Assim fiz, sem questionar nada.
Ao voltar com tudo que foi pedido, o patão fala assim: -Então vai carpir a frente desses lotes que lhe dou o dinheiro para sair desse sufoco.
E me olha dizendo: -Vai fazer ou não?
Na hora fui. Aprendi a carpir com meu Pai no quintal e horta de casa. Ali passei dez dias, limpei a frente de todas as casas da rua. Minha mãe passava orgulhosa, minha irmã a brincar ao meu lado. Ali mesmo fazia minha lição. Todos os dias chegava Coca-Cola e marmita.

Enquanto isso os piás da correria passava por mim, riam, mas o patrão me respeitando ao máximo.
A guria linda do Scort XR3 presenteou a mim e minha irmã com diversidades, toda vez que chegava do Paraguai os próprios vizinhos ao ver minha atitude, me deram trabalho. Limpava quintais,  caixa d'água, fazia hortas, me virava, fui ficando conhecido como o Piá do Silva.
O Patrão contou de meu pai várias coisas positivas. Dizia de seu talento com passinhos, do amor pela minha mãe, que ele jogava um futebol arte e várias pessoas me contavam algo. Meu pai era muito querido e em um momento na conversa o patrão diz: - Piá do Silva tu quer cuidar do Fliperama?- A "Tia" voltou para o norte. Rapidamente a guria linda já me pegou pela mão e me levou para cozinha. Me ensinou a fazer todos os X's, ligou o três em um e toca essa musica:
Musica: Ace Of Base -The Sign
Cheguei em casa faceiro, possuo conta em todos os comércios se eu quiser é só pegar que o patrão paga. Vivo levando cesta básica e remédios a quem precisa na vila, se alguém precisar de emprestar dinheiro a algo de fato sério é comigo, o pagamento também é comigo tudo no balcão do Fliperama. Tenho total confiança do patrão. Não me envolvo na parte do tráfico, para isso tem o Polaco, um piá ruim que cresceu comigo, mas hoje para mim é claro que não gosta nem um pouco de me ver aqui com autoridade no Fliperama qual não passa mais nada do tráfico e ele esta lá, isolado num canto da vila com sua correria.
O Fliperama é o fervo na vila, sorvete, espetinho, cerveja, caldo de cana, refrigerante, pebolim, sinuca e a Vila está se dividindo: um lado bom e social cuidado por mim e um lado de poder, o do tráfico. Dois piás lado a lado ao mesmo "Patrão" na mesma vila, de visões distintas. Um corajoso, cruel, audacioso, o outro um bondoso.
O "Patrão" nascido na vila qual o único crime era seu tráfico, pois ninguém roubava, matava ou estuprava, corre o respeito modelado a anos noventa, pós ditadura, um salto a liberdade e diversidade, primeiros passos pós, era preconceito, um novo Brasil, um novo momento onde os gritos de liberdade, o rock'n'roll era muito forte, a chegada da musica falada na força do rap, as primeiras reboladas com as letras de entrelinhas do axé, o real com poder de compra a diversidade vinda do Paraguai. Época de festas nas casas, na vila muitos passinhos.
 Um mil novecentos e noventa e sete (1997) dia de meu aniversário. Festa no Fliperama, hoje sem jogos, salão livre, strobo no teto, luzes coloridas e esse som rolando
Musica: I Miss Her - Olodum
Festa bombando, galera dançando, até na rua as meninas lado a lado no rebolado pós ditadura, festa onde a polícia passava e só olhava sem guerra, sem nada. A vila controlada por um "Patrão" forte na ideia, eu de corpo leve no embalo do som a lua gigante no céu, eu viajando na minha brisa e olho a frente no mais belo movimento o corpo da mais bela, a gaúcha prenda linda loira, em um vestido simples branco e eu todo largado, de havaianas no pé, bermuda jeans rasgada, sem camiseta, cabelo surfista. Nem tráfico tinha na vila nesse dia, nada estragaria essa noite, mas o "Piá Ruim" chegou para pegar a prenda pelo braço, ela se assustou, não quis ir. Eu "capotei" o sem noção, que já tinha mágoa, não éramos amigos. Ali nasceu a guerra na vila, o "Piá Ruim" de rosto sangrando, pois apanhou, mas deu as suas também, me machucou. Levantou-se e saiu da festa o "Patrão" me olhou e disse: - Vamos atrás para levar essa ideia, não quero maldade entre os dois.
Assim foi feito, mas nenhum ali de fato deu ouvido ao "Patrão" uma hora iria rolar e o Piá Ruim iria cobrar.
Chega a guria linda em seu Scort XR3 e me leva dar uma volta e explica a gravidade da briga, dizendo que posso morrer, que devo matar o Piá Ruim que guerra é perigosa, que tenho uma irmã na vila, que da traição ninguém se livra é preciso tomar cuidado. Fomos ao centro de Curitiba, sentamos no Largo da Ordem em frente ao Relógio das Flores.
Fiquei pensando:---Nunca entrei no crime, nunca matei ou roubei e agora estou nessa guerra. --- Sei que o Piá Ruim não gosta de mim, humilhei ele que se achava o terrorista da vila, mas que foi bom, foi calar a boca daquele "loque" que me irritava ver ele diminuindo a piazada, desrespeitando as meninas, mas agora já era ou mato ou morro.
Voltei para a vila e dou de cara com a mãe no portão, entrei e conversei com ela que se preocupa, eu sinto o medo dela que eu morra e isso me pressiona mais a matar o Piá ruim.
Enquanto isso de sangue nos olhos chorava em sua casa na vila de tanto ódio que sentiu, mas era "cobra criada," sabia que tinha de ser na surdina para matar o Piá do Silva e ao ligar o rádio em casa a pensar, olhando em minhas mãos, as duas Pistola 380 dada pela guria linda a Paraguaia vem na mente a imagem da gaúcha.... vem a musica
Musica:Tente Outra Vez - Raul Seixas
Saio de casa, minha mãe se assusta ao me ver com as pistolas. Vou até a casa do Piá Ruim, chamo no portão, ele já vem de revolver mãos na cintura e de boa pergunto: - E aí qual vai rolar? -Paz ou guerra? - Sabe que não nos gostamos, mas defendemos a mesma vila, cada um de um jeito. -Não quero guerra, mas se for, que seja já.
O Piá Ruim saca o revolver,  puxo as pistolas...
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👉(Continuação parte 04)
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Conto: O Filho do Silva - Parte 04

 Parte 04 - (Continuação)
-Por Rodrigo 'cC'-

No mirar uma arma ao outro, olho por trás do ombro do polaco, o Piá Ruim e vejo a guria linda, a qual saca a pistola e coloca na nuca do "Piá Ruim". A guria me olha nos olhos e atira no Piá Ruim matando-o.
Rapidamente ela vem em minha direção e diz:- Tu não vai pro inferno se depender de mim.
E diz: - Vamos entre! Vamos sair daqui!
Entrei no Scort XR3 e fomos para o Shopping Mueller. Marcamos de encontrar o "Patrão" da vila para contar como morreu o "Piá Ruim". No tempo de espera a Guria linda me diz o porque o matou, pois a ideia era proteger a minha alma e que não desejava a tormenta dada em sono aos que aqui na terra matam, que sou um Piá bom e que ela tem um apego especial por mim.
No centro da praça de alimentação um rapaz de violão a mão toca essa musica:
Música: Sangue Latino - Ney Matogrosso
De olhos em lágrimas a linda Paraguaia me tocou o coração e minha única reação foi entrar fundo nos olhos dela com os meus. Ali algo mudou e o meu coração ela tocou. Levantei-me, andei em passos lentos até ao músico e lhe dei cem reais por acalmar uma alma aflita que acabara de matar por mim e sua  música linda o quanto faz bem às vidas com suas palavras e som que tão bem faz, tenho a certeza de que a vida na terra sem ti não seria amena. Volto em passos lentos. A minha alma vejo em um momento, penso em minha culpa pela morte do "Piá Ruim," mas me perco em pensamento--- sou ou não o culpado? --- Tentei defender a Gaúcha doce prenda que não faz mal ao mundo e sim o encanta.
Chega o "Patrão" e a conversa se inicia: - Foi assim diz a paraguaia: - Eu matei o Piá Ruim para salvar a alma do Piá do Silva, tu sabes tanto quanto eu que também morre quem atira e o pesadelo nos vem em forma de tortura na madrugada vez ou outra e nunca acaba.
O Patrão vira-se para mim e pergunta: - Tu iria matar mesmo?
Eu digo: - O medo estava me movendo e por medo, acuado eu mataria. No meu pensamento sobre minha alma ou ir ou não pro inferno era igual toda onça na mata a lutar para defender sua vida, merece o inferno? - Nosso julgador é o Deus único o Senhor dos Exércitos de Israel dono das lições em vida, o único que sabe de fato o que sentimos por dentro e o tamanho do desespero e medo que em meio a guerra nos guia.-- Dessa mesma maneira, me sinto culpado, mesmo sabendo que não fiz mal ao "Piá Ruim" e sim defendi a Gaúcha.
A Paraguaia me diz: - Vamos comigo pro Paraguai?
Eu digo sim e peço ao "Patrão" que avise minha mãe.
Saímos andar no Shopping  Mueller. Paramos na Mesbla, comprei roupas, fomos ao subsolo brincar de autorama, pego um coelho em uma máquina e presenteio a Paraguaia, percebo que ela esta mais calma. Então vamos ao Scort XR3, saímos Rua Mateus Leme, viramos na Inácio Lustosa sentido a BR 277, ela baixa a capota do Scort XR3 e o céu é nosso teto e vem a música:
Musica: Self Control - Laura Braningan
Chegando em Guarapuava paramos em um sitio e ali é feita a troca, deixamos o Scort XR3 e pegamos uma D20 Bonanza de placa Paraguaia e seguimos sentido ao Paraguai.
No caminho vejo que se silencia a Guria Paraguaia, lágrimas escorrem em seu rosto e eu em respeito mantenho-me em silêncio. As lágrimas aumentam, sua voz soltava o som do choro. Peço que pare o carro no acostamento e trocamos de lugar. Pego a direção da D20 Bonanza e num trocar de marchas ao som do escape direto, a turbina a gritar nas trocas de marchas em seu alivio, o rádio desligado, ela com sua mão esquerda sobre a minha direita, descansando sobre o frigobar entre os bancos. Olho no retrovisor vem uma F1000 a me emburrar e o racha começa. Duas brutas camionetes cortando a BR277  entre curvas, decidas, retas, subidas, um duelo parelho, onde um passava e era ultrapassado, o velocímetro no limite, turbinas a gritar nas trocas repetidas, pneus no limite quase a deslizar nas curvas. A Paraguaia se alegra, procura uma fita cassete no porta luvas e encontra uma música e a põe a acelerar, a adrenalina na pilotagem agressiva a musica:
Musica: Nowhere Fast - Fire Inc
Já chegando na cidade de Laranjeiras do Sul, paramos em frente a um hotel e a F1000 parou também. Descemos e o Ruivo já adulto se espantou de eu ser um piá de quinze anos. Desce ao seu lado da F1000 uma negra feliz brincando com seu Ruivo: - Que isso!! Levando um coro de Piá?!
Rindo o ruivo responde: - Fazer o que!? Na risada todos.. 
O ruivo diz: - Então eu pago o jantar.
Assim foi, o seguimos, chegamos a beira da represa de Salto Santiago, um pasto com muito gado Nelore, uma casa na beira do alagado da represa. Que cena!! A lua sorrindo no céu e no reflexo da água, nenhuma nuvem, estrela bem visível, até estrela cadente rolou. O Ruivo tirou da carroceria da F1000 uma churrasqueira, um isopor recheado de garrafas de vinho no gelo. A Negra feliz, fez uma caipira, era umas sete da noite, horário de verão. Eu e o Ruivo fomos pescar pegamos cinco tilápias pra mais de quilo na ceva do Ruivo que sempre vinha de Carambeí só para se deliciar da cena com sua Negra feliz. Me apaixonei... Com ela era só risada. O Ruivo sofria com suas tiradas, mas ria junto, pois quem não ri de si é chato.
Fogueira duas belas camionetes, faróis ligados, a barraca do casal na carroceria da F1000, a tilápia aberta sobre a grelha, por cima queijo coloniais, tomate, salsinha e cebolinha, um toque de sal grosso, um banho de limão e brasa,  me senti como se conhecesse o casal a vida toda, um momento de vida. Então a Negra muito feliz fez uma proposta de cada um cantar uma música e pegou seu violão. O Ruivo cantou..
Musica: Ruby Tuesday - Nazareth
A cena continua, tilápia assada, vinho, já no grau da mente momento alegria, terminamos a refeição. A Paraguaia era a alegria em natureza levanta-se e fala para a Negra cantar uma música, que feliz conhecia a letra pedida e começa a tocar e a  Paraguaia a cantar ...
Musica: Fernando - Perla
O Ruivo e a Negra me olham fico meio sem entender, ai matei um copo de vinho de Colono docinho, tomo coragem, mas meio que sem respirar a Negra percebe e fala: - Minha vez!!! E começa a cantar, hora voz de Fred Mercuri e outras de Montserrat Caballe, sobre o teto da F1000 sem parar de olhar a lua e sem parar um segundo de chorar, molhando seu violão
Musica: How Can I Go On - Freddie Mercury e Montserrat Caballé
Chegou minha vez, meu pai me veio na mente, uma música qual ele gostava de cantar junto ao toca disco, no seu disco preferido, uma noite de estrelas na beira da represa me vem forte a lembrança e canto livre, leve..
Musica: S.O.S - Raul Seixas
A música e a noite me veio em conforto a até então o meu pior momento na vida, o casal se recolheu na barraca da F1000, a Paraguaia entrou na D20 Bonanza com uma garrafa de vinho. Entrei na camionete no banco do motorista, ela já havia aberto a cama no banco detrás e começamos a conversar. Ela pulou no banco do passageiro, me olhou no olho e foi sem nem ver, transamos a noite toda, perdi a virgindade e a vergonha ali mesmo, fui que fui, dormimos de sorriso, acordamos envergonhados, pegamos a estrada sem dizer uma palavra.

Chegamos em Foz do Iguaçu e novamente trocamos de carro e a Paraguaia assumiu a direção da Mercedes. Chegamos na aduana, polícia parando, vi no rosto dela o medo...
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👉(Continua na parte 05)
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