quarta-feira, 8 de maio de 2019

O Mateiro - Rodrigo 'cC'


 O Mateiro
(Por Rodrigo 'cC)
 
Eu sou um Paranaense raiz, nascido no Vale do Ribeira, vivo do que tenho a minha volta aqui não dá pra criar nada, tem muita onça, jaguatirica, Leãozinho da cara suja, não da pra se plantar nada, muitos insetos. Alimento-me das varanas do palmito Jussara, frutas, caça, pesca, meus companheiros são dois cachorros urrador, o "Marelo e o Maiado" e meu cavalo baio. Aqui na minha casinha de pau a pique uso de luz lampião, um fogão de barro, um colchão de palha, uma espingarda, um facão na bainha, na parede um velho e rústico crucifixo e uma antiga pintura da mãe do Paraná, Paranaguá na parede retratando sua beleza.

Do meu rancho até Curitiba dá um dia no lombo do baio a moeda vem da caça e do Palmito, compro quase nada, só o fumo, a pinga, o sal e munição. Não gosto de pessoas, não confio nelas pois, vi meu pai ser morto por seu compadre em uma tocaia, por causa de um pote de ouro encontrado em uma caverna no Vale do Ribeira, vitima da ganância, que matou pra ficar com todas as moedas de ouro, eu consegui escapar e sair.
Fui pra casa, chegando lá minha mãe estava morta, eu era ainda muito pequeno, tinha muito pouco a dizer, quase não sabia as palavras, meu vulgo era Jacu, assim era conhecido pela minha timidez, eu era o mais puro bicho do mato, mas fui obrigado a cair no mundão e assim me tornei sozinho na vida. Pensar em vingança naquele momento seria a morte, cavalguei até me sentir seguro, construí meu próprio rancho, desbravei toda a mata, conhecia cada carreiro de paca, cotia, veado, cada fruteira, sua época, as aves que ali se alimentavam, conhecia a onça no cheiro, percebia a buia no mato, era um atirador habilidoso.
-O Marelo e o Maiado, pode acredita! Que num faia.- Essa onça mesmo que senti o cheiro se num fosse eles, eu tava morto, ela veio de trairagem pelas costas, o maiado percebeu, o marelo ja foi num pega e num pega com ela, ai tive de atira, pois ela queria me cumê. Eles tava me defendendo, foi só o barulho, ela gritou os cachorros grudaram em cima. Matei-a de faca, bem no meio do coração, sem dó. Depois disso, nunca mais voltou onça rodear o rancho à noite.

Eu estava até mais tranquilo, tirando palmito, caçando. Mas num dia, eu no rancho, chega um pescador conhecido dos tempos que derrubávamos árvores a machado, as vezes na empreita, ele tinha uns bois, bem lidado, era só dizer, que eles levavam a tora em uma pequena serraria movida a roda d’água. Ele me convidou para ir pra Paranaguá, eu aceitei na hora, peguei uns trocados o Maiado e Marelo nem precisava chamar, subi no lombo do baio e fomos que fomos, duas espingardas, mais os bulldogs do pescador, tínhamos dias, Mata Atlântica adentro, casa no caminho num há, temos que cuidar de onça, cobra, de não se perder ter atenção de algum mal intencionado por ai.
Na primeira noite uma lua gigante linda, uma fogueira, uma paca no fogo caçada pelos cachorros no caminho, que nem foi morta à tiro, bananeiras carregadas, morcegos a degustar nos buracos feito pelos passarinhos na banana, uma rede alta, um fogo alto, pois tirando o homem, nenhum animal tem apreço pelo fogo, assim se afastam.
O pescador gosta de dormir ao lado dos cachorros, os cavalos, ali juntos passaram a noite tranquila. Vai amanhecendo tinha tantos passarinhos diferentes naquela penca madura de bananas que nem deu vontade de sair dali, mas precisávamos ir e fomos nos alimentar com os passarinhos. Os cachorros não deixaram nem o osso da paca. E o pescador com suas histórias de que já havia pescado uma tal de baleia gigante, quem nem acreditei, pois nadar é com ele tipo peixe mesmo, some no fundo da água e eu nem banho sou muito chegado, mas vamos ver essa baleia.

Mais uma noite chega, fogueira, um frango que o pescador trouxe ainda vivo, uma polenta, a parte nobre do Palmito, uma varana refogada, mais uma noite de lua gigante e hoje de historia, o pescador fala de sua irmã artesã, que chama de Sardentinha, fala de sua mãe, de seu pai e que é um Caiçara e eu até gostei desse Caiçara, um povo abençoado no seu levar a vida e que se orgulha de sua cultura.

Estou curioso com o mar e o pescador retruca: -Sua mãe devia ser Caiçara. Aquele quadro é do Porto de Paranaguá. Eu bem “Jacu” pergunto: --O que é um Porto? O pescador na educação responde: -É aonde chegam os navios. - Mas o que é um navio? Ele diz: -- É uma escultura de madeira que dá pra ir além dos olhos. Eu digo: -- Não entendi nada!! Mas vou ver né?  Ele retruca: - Pescador não é só historia. Sim estamos perto, faltam dois dias, para tu ver água que não acaba nunca.  -- Mas é tanta água assim? digo eu. Ele diz: --Você está vendo aquela pedra lá, bem grande e gorda? Eu no ato digo:- - Sim!!  Ele diz: A baleia é maior. Eu retruco: -- Mas, credo que existe isso de onde?  -Está de história pescador?  O pescador explica: -Estou falando!!  Tu vai ver, tem até historia de sereia no mar. Dizem que é linda demais, te encanta com seu canto, te leva para o fundo do mar pra nunca mais. Credo!! Pensei eu: -- Essa de sereia. Eu curioso pergunto: - Mas é verdade mesmo? Tu já viu uma? Ele diz: Não, eu não vi, mas o meu avô falava que o avô dele, contava que era verdade sim. Eu sei lá!

Com essa sua historia passaram os dias, apenas puxando os cavalos, terrenos íngremes, muito araçás, cambuís, uvaia, grumixama, guabiroba, cereja, pitangueira, banana, jerivá pra tudo lado, pássaros que nunca ouvi e por eles sou apaixonado, é a música da mata diz o Pescador. Do ponto certo, ele me mostra. -Está vendo o mar? Eu impressionado só me delicio com a grandeza, ele me mostra onde esta a sua Vila, onde é de fato seu lar e pra lá fomos.
Chegamos à beira do mar, ele se jogou no mar com tanta vontade que até eu que não gostava muito de banho me joguei naquela imensidão de água, ruim salgada não gostei não pra beber, mas pra nadar é bom demais.

Cavalgamos na praia após andar puxando os cavalos por dias dentro da mata em carreiros, os cachorros em urros e latidos, tão impressionados quanto eu. Mais a frente eu vejo fumaças, umas casas e quatro moças sentadas embaixo de uma corticeira florida, quando uma percebe grita lá de dentro do mar, eu abobado com tanta beleza falei ao pescador: --Olha!! Uma Sereia!!  Ele disse: -Tá burro? Aquela é minha Irmã. Eu falei:- Foi mal, estou encantado. O pescador diz: - Tá bom! Sei... -Vamos pra casa pra tu ver o tamanho do protetor dela lá em casa.

Chegamos lá, eu jacu, na minha, quieto, com vergonha que nem consegui responder um simples bom dia. Ao contrário de mim, era a Sardentinha de cabelos de fogo, olho cor de mel, a mais bela cena que eu já havia visto que falava por nós dois. A mãe e pai do pescador me receberam muito bem, contei de minha historia, que estava largado no mundo e toda tristeza e simplicidade de vida. A tagarela Sardentinha não dizia uma palavra, só me olhava, eu tinha cara de brabo, de poucas palavras.
Passaram os dias, comi animais e peixes vindos do mar que nem sabia que existia,  ali eu senti o que era ser um Caiçara mais de perto, mas nessa vila em especial, tinha uma caravela e assim seguiram ao estremo Sul caçar uma baleia. A Sardentinha iria cuidar do baio e dos cães.
Apaixonei-me perdidamente, achava que seria impossível viver, se nunca havia sentido meu coração bater tão forte, minha mente não parava de desejar o mar, a vontade de ficar pra sempre na caravela. Nos momentos onde eu dava uma viajada nas ideias, me vinha a imagem da Sardentinha, mas eu sou do respeito, jamais a olharei de outro jeito, nem sei se seria capaz de atrair uma mulher se até virgem sou, nem beijar sei.

Há dias ao mar, chegamos ao ponto de caça. Eu vejo as baleias, nunca nem acreditei no que o pescador dizia e estou aqui cheio de coragem de caçar ela. Instinto de macho, mas primitivo que gosta de guerra, de aventura, de desafiar o perigo, de mostrar a si e ser capaz, como se ser caçador estivesse no seu mais íntimo, nasceu pra isso desde os mais primitivos existe carne passando gene preciso pra coragem habilidade de ouvir ver sem ser ouvido ou visto, mas aqui era mar, a caça gigante. Mas não da nada! Vamos que vamos e assim foi..

Arpoamos a baleia, a trouxemos pra caravela e retornamos.
Chegou à noite, olho a lua sorrindo e a única cena que se forma é a da Sardentinha, e meu coração batendo gostoso, meu corpo reagindo ao pensar nela durmo.
(--) Uma festa à beira da praia, todos felizes, a Sardentinha feliz em um vestido, uma coroa de flor na cabeça, toda linda, uma musica alegre, fartura nas mesas sobre a areia, a lua nascendo através do navio ancorado, a festa rolando, a Sardentinha vem de dentro da canoa, dentro da agua parecia a tal sereia, me encantei de vez.. Ela chega perto de mim com o vestido colado, molhado, senta sobre mim e me beija, eu nem sabia o que estava fazendo, foi instinto de macho. Entramos na canoa e nos descobrimos à noite inteira. (--)
 Do nada no susto acordo, uma gaivota me bicando já amanhecendo, olho na direção onde segundos atrás havia uma lua, agora vem o sol lindo, pulo da caravela no mar, dou uns mergulhos, volto a caravela, a gaivota que me acordou,  ficou voando sobre mim e agora se tornou minha amiga, acompanhando o tempo todo o navio, mora no mastro, ganha peixes está de boa, até fica me ouvindo fala da Sardentinha.

Passando em frente do Porto de Paranaguá, o pescador diz: - Tu conhece essa cena?  Eu digo: Sim! É a mesma da pintura do quadro da Mãe. Ele diz: - Será que um dia ela passou bem aqui? Eu digo: - Não sei , mas fiquei feliz agora!
Chegam na vila Caiçara de Guarapirocaba e a primeira coisa que vi quando desci da caravela, foi a Sardentinha me olhando.  Aí eu penso(--) Como não se encantar?? (--)
Todos em clima de festa, a noite chega, a lua sorri e como no sonho tudo se realiza. Descobrem-se e sentem a paixão no fogo do corpo, um bem querer de segunda cena o respeito a eles mesmo passado a noite de amor puro, de primeira entrega mutua. O Mateiro pede a mão da Sardentinha e o pai dela permite.

Nos meses no mar percebeu a boa alma que faria feliz sua pequena Sardentinha, que de primeira engravidou e trouxe o fruto do mais puro amor, que fez de volta a vida do Mateiro ser uma vida feliz..

Música Paranaense Beguine Caiçara - Reinaldo Godinho

08/05/2019

terça-feira, 7 de maio de 2019

Com Você - SamBennett (Vídeo)


Com Você
-Samantha Bennett-

 Com você 
quero a liberdade de dizer coisas sem sentido,
e ouvir de volta um elogio inesperado.
Quero te abraçar bem forte sem nenhum motivo,
chorar de alegria e sorrir de euforia.

Com você 
quero estar sempre por perto,
com vontade de ir logo ali,
sentir no peito aquele aperto
e querer voltar correndo.

Com você 
quero beijos apaixonados
mesmo quando o beijo deixar de ser novidade.
Quero deixar a vergonha de lado, ser atrevida
e fazer você se sentir amado.

Com você 
quero dividir todos meus segredos,
e saber que mesmo assim.
eles continuarão sendo meus segredos,
e você meu confidente até o fim.

Com você, 
quero sentir saudades
juntos ou separados por um metro.
Quero recostar no seu peito
e ouvir seu coração bater com vontade.

Com você
 quero que as mensagens no celular
nunca parem e que as ligações terminem
com promessas de sentimentos verdadeiros
e sorrir com os olhos me vendo no brilho no seu olhar.

Com você, 
quero marcar encontros inesperados
 no lugar de sempre, 
em lugares inusitados.
Quero ouvir e apreciar o nosso silêncio.
e fazer barulho nos seus pensamentos.

Com você, 
quero rir das piadas sem graça
chorar com uma cena de um filme emocionante.
Quero ouvir a chuva incessante
e desenhar uma gaivota na vidraça.

Com você 
quero me surpreender todo dia
com coisas que eu ainda desconhecia.
Quero descobrir aquela dobrinha nova no seu sorriso,
e aquele ruga que há pouco não existia.

Com você 
quero estar sempre junto pra comemorar
e prometo no calendário assinalar
todas as datas importantes de nossas vidas
pra que nunca passem despercebidas

Com você 
quero um amor
que me faça cada dia melhor
que me faça bem
pra que eu possa te fazer bem também.
07/05/2019

Música/Letra/Tradução - The End - Earl Grant

domingo, 5 de maio de 2019

Meu Pai que disse!! - Rodrigo 'cC'


Meu Pai que disse!! 
(Por Rodrigo 'cC') 
Sou um Canário da Terra, nasci entre os campos e araucárias, em um galho de Paineira num velho ninho de João de barro. Meu pai um velho guerreiro que em seu canto nos contava de como foi sua vida.
Que ele ainda de cor parda foi capturado, pois se encantou pela sua pequena em uma gaiola e assim caiu em um alçapão e na tortura humana foi obrigado a sobreviver seus dias muito agressivo. Meu pai era de canto alto e dobrado, corricho continuo, leal a sua amada foi obrigado a lutar em rinhas.
Ele conta que havia um circulo, vários canários pendurados em suas gaiolas, nervosos grudados à grade, cantando muito alto, muita raiva havia neles, prontos a morrer ou a matar.

Ele continua a contar:..
Eu que era só minha amada na cabeça, cantei como nunca havia cantado, entre corrichos rodava ao fundo da gaiola pronto pra briga! Tinha de vencer para voltar a ver minha amada e assim fiz, pois ou era ele ou eu e foi pensando assim que me mantive vivo, eu na minha gaiola onde vivia com sua mãe, quando não me tiravam dela só pra ouvir meu canto alto e nervoso, dobrando, canto em cima de canto. Eu nunca entendi se eu canto solto pra que me prender.

Um dia eu vi a chance de fugir, sai pela porta, sua mãe trancada na parte menor da gaiola onde ficava a cumbuca de ninho, num duelo entre a razão e o coração sua mãe no cantar diz: -Vai! Vai, vai!! Então o dono percebeu que fugi, colocou um alçapão, eu com raiva.
Tinha um canário que vivia solto e sempre ia cantar e me desaforar. Voei no poste dei um pau nele, cantei em seu território, o humilhei e ele teve que ir embora, pois é assim na lei da natureza. O território é sagrado. Aí voltei pra gaiola por onde saí, nem entrei naquele alçapão e percebi que no outro dia a porta estava aberta, me fui, cantei , voltei pra gaiola e assim todos os criadores de canários de rinhas me queriam, eu ia nos torneios com minha amada. Agora abria a porta eu ia buscar os canários nas gaiolas, postes, árvores não tinha, virei lenda. Até que um dia num ciclo de estação tínhamos acabado de trocar as penas no verão, é chegada a hora de se alimentar muito, outono, logo chegará o inverno, frio de racha o bico.

Um gavião Piem muda-se para uma araucária próxima a casa onde morávamos na gaiola, eu tinha o privilégio de sair e voltar pra gaiola. Ali quem cantava alto era eu,  numa dessas saídas fui provocar o Piem, ele ficou nervoso comigo, eu estava tirando capim de seu ninho, era o que eu queria, a raiva dele!!! Precisava desequilibra-lo e assim foi..
Chegou um dia que ele veio atrás de mim, eu no ar livre, não ia longe, fui em meio as árvores, casas e sentei em cima da gaiola, ele cego em ódio se choca com a gaiola que cai e livra sua mãe e assim voamos pra longe, mas muito longe! Sua mãe e eu e assim nos tornamos livres como Deus Pai e Mãe Natureza nos fez.

Vou te contar já filho: - O único ser que cria vagabundo é o humano, eu sou fiel, leal a sua mãe e a vocês, até aprenderem o que vim te passar em vida e depois “sai fora”, “se vira”. A ideia é assim: -Tu vai ter sua amada, vai trata-la no ninho enquanto choca seus filhos, se ela sair relaxa e se estica, tu vai enquanto ela não voltar, tratar seus filhos, ensinar a eles o que deve e vai passar seus dias com sua amada, protegê-la com sua vida, proteger seus filhos até que chegue o dia em que tu vai deixar que eles se vão, voar e cantar sua própria vida, fazer sua parte no equilíbrio preciso feito lá no início. Sua alma sobe, sua matéria desce e se manter vivo no eterno é com o gene, tu só se faz vivo no ensinamento.

Então já sabe né!! -Voa vai!! Logo deixará de ser pardo. Nos verões com suas trocas de penas o tornará amarelo, de cabeça laranja, e "fica a dica" a casa do João de barro e do bem-te-vi, não chove dentro.
 -Nunca vá onde têm telhados, a comida ali sai caro. - Eu e sua mãe iremos tirar outra ninhada, já tem poucos Canários da Terra e da tempo ainda nessa primavera e que o bom da Criação lhe proteja, que o mau da Criação não lhe veja.

E assim voei em direção aquele sol se pondo da cor da coroa na cabeça de meu Pai alaranjada e assim atrás da luz fui..

(05/05/2019)

sábado, 4 de maio de 2019

Pedra Lapidada - RoSa


Pedra Lapidada
(Por ROdrigo 'cC'

No seu olhar me imagino, no reflexo de seus olhos quero ver o mar, e as cenas de nosso dia a dia caipira ver o brilho de mãe e a paixão feminina, em seu rosto o riso, o sorriso quero vê-lo de todo jeito, até bagunçado amanhecendo ou brava comigo mesmo, pois ao meu lado é impossível nunca sorrir. Sou piá e já tenho quarenta, mas em suas mãos sinto esse tempero tão seu, na magia da cozinha que só a sabor, se feito com amor, assim como tem em seu piano, quero ver o lápis em sua mão escrever as mais belas poesias, quero olhar  sua horta e ver que veio da lida de suas mãos, um alimento cheio de vida, no guidão de sua motona enquanto eu tiro as fotografias, quero ver sua mente lado a lado com a minha na boa fé nos guiando na mesma direção.

Mesmo os dois nascidos no dia dez de setembro, eu sou tão travesso que de tu já fui o avesso, um Piá que de Deus ganhou o dom da escrita. Assim que nasceu e aos cinco anos de idade já contava coisas que ninguém via, achavam que eu era “fora da casinha”, me levaram para psicologia que conheceu um Piá dando aula a eles, me levaram a espiritualidade. –Quanta bobagem!!! Mas não sabiam. E eu?? -Como poderia saber que era a escrita? Se nem escrever sabia?? Guardei-a e nem queria lembrar, mas e tempo passou,  nos conhecemos, tu uma princesa de fato, eu o mais puro sapo ou tu a dama e eu o vagabundo, mas é tipo isso ai!! A vida terrena nos veio ao avesso, mas as almas vieram gêmeas. E eu confesso! Nunca fui um Piá fácil de lidar. Nunca fui de acreditar em ninguém, senão em mim. Eu presto atenção em tudo, meus olhos filmam, meus ouvidos captam, minha mente grava a mensagem. Eu amo a vida e viver. Fiz o que quis, fui quem quis, fui onde quis.
Apesar de ter sido pai solteiro aos vinte e seis anos, até então possuía sentimento apenas pela minha Família, mas amor mesmo, eu nunca tinha sentido. Aprendi em casa mesmo, como educar e não educar e vou dizer: - Sou melhor pai, do que fui filho!! 

Ao chegar aos trinta e seis anos conheci o amor de homem para mulher e então vi que eu ser eu, não iria rolar!! A conexão de almas foi forte algo que eu nem acreditava de onde alma gêmea. Capaz! Mas enfim, eu a sentia, nem falávamos nada, apenas tínhamos a internet.
Eu aqui no meu “rolê” na periferia no Paraná, ela na ”gringa.” Pensa. . Eu me deixar por alguém.: - Mas nunca!! Era eu e meu filho naquele momento. Mais não! Eu acreditei em alguém a muitos km, sofri em vê-la sofrer, ter perdas familiares e até então não sofria, nem por mim mesmo. O primeiro sentimento que tive antes de me apaixonar ou ter alguma intenção foi o cuidado. Eu do mundo, ela uma princesa, então fui mostrando a ela, suas fraquezas e inocências. Vi uma alma que toca animais selvagens, plantas, árvores como eu quando criança.

Éramos os dois, dez de setembro, nascidos no Paraná, que foram a lugares que o outro foi, tenho minhas dúvidas que nunca nos vimos, então comecei a ver que minha Gata era de dons diferentes, assim como eu. Passei a instiga-la escrever, a desafiei com imagens e minha Princesa de pronto me surpreendeu, logo no primeiro.  Aí criei outro sentimento forte por ela que foi um que tenho pelo meu Filho que é de torna-lo uma pessoa melhor e ela da mesma forma fez comigo. Ela me lapidou e se deixou lapidar. Tem que ser assim, pois o amor pode até ser imortal, mas a relação não, e não pode ficar batendo de frente, tem de andar na mesma direção e dois é mais fácil, a vida fica mais leve, cada um com sua loucura e jeito de ser a vontade. 

Nessa loucura quando conheci o Amor me vi fazendo os sacrifícios preciso pro amor, tipo Cristo, o sacrifício por amor, o céu é certo e é assim mesmo que eu entendi que o amor é minha forma mais poderosa e o relacionamento bem vivido é pra malandro, que malandro não vai na rua procurar nada, tem tudo em casa, faz de sua jovem Gata, Mulher realizada e Filho é a mesma ideia, tem de ouvir pra se ouvido, abraçar pra se abraçado, mas um relacionamento tem que nascer e manter-se vivo e evolutivo e é preciso quando adulto, do casal pra isso, mas quando é Pai é tudo contigo, até que ele tenha tamanho, educação e carinho em conversas e toques diários pra criar o discernimento, que o melhor caminho é o bom sentimento, base pra confiança no que tu está dizendo, senão o exemplo do mundão vai valer mais que o seu mesmo. Eu nesses amores tão poderosos, no momento feliz. E quem está feliz está em paz e quem está em paz não tem tempo pra bobagem.
Voltei a escrever pelo Amor e a pedido de minha Gata.
Passaram quase cinco anos pra eu olhar ela nos olhos pela primeira vez e é um amor criado de longe, no sentir um o outro, na certeza que somos almas gêmeas, sendo grato a esse presente da Criação para duas pessoas criadas tão diferentes em ambientes distintos, tão parecidos que nas diferenças se completam.

Hoje juntos se conhecem tanto, que não há duvidas. Esse amor foi modelado com certezas de quem não desperdiça a vida..
Hoje eu vivo o que nunca acreditei, um Amor de Almas Gêmeas. E essa aversão ao amor que eu tinha foi bom, pois eu nunca amei outra se não você minha Princesa, e o amor protege, salva, faz bem até pra aparência, a luz vem e deixa a alma transbordando, tipo te deixa com aquela estrela.

Me gosto mais assim amando, amado. Mas numa coisa eu sempre estive certo, no meu antigo ser primeiro eu amava eu e acreditava em mim. Sofrer a toa não né!! Uma vida só ia passar me incomodando, não estava afim. Agora eu amo minha Gata igual amo a mim.
Com meu filho é assim, amor verdade, de papo reto, de igual, direito de palavra. Ele é um adolescente de quinze anos, mora comigo desde os seus três aninhos e é um presente na minha vida ter o prazer da experiência de ser Pai solteiro. Meu filho é a prova viva, assim como minha Gata que o amor é diário.
Regar a relação para fluir, para que seja possível manter o para sempre..
 
Musica: Versos Simples - Chimarruts

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Pedra Lapidada
(Por SAmantha Bennett)

No momento certo busquei seu colo e com um cuidado espontâneo você me acolheu, protegeu. Como se nos conhecêssemos há tempos e já sabíamos que ali uma força maior nos aproximava sem ao menos saber um do outro a idade, sobrenome, de onde éramos, o que fazíamos. Até mesmo sem um expressar para o outro o que de verdade vínhamos sentindo. Em suas palavras eu sentia abrigo, confiança, sentia algo muito bom, sentia protegida e a alma fazia o coração dar pulos incontroláveis.

Eu uma garota nascida em um lar que vibrava amor, música, piano, violão, gaita, flauta, onde ao contar meus dias pela minha mãe (uma professora que alfabetizava e com crianças gostava lidar), me dizia que o meu primeiro sorriso, foi ao ouvi-la tocar e cantar uma canção de ninar no piano. Piano este acompanhado de uma doce gaita que ainda em seu ventre me ensinava a gostar.

O tempo passou... Cresci. Sem dificuldades aprendi o piano que era mais forte em meu dom herdado de avó e de mãe, um pouco de violão vindo da vontade de meu pai, o qual nos sustentava com o trabalho vindo da terra.
Tive uma vida pacata, boa aluna, amadora da natureza e animais, frequentadora assídua da igreja na minha terra natal, no meu Paraná. Nessa fase, já me achava diferente das outras meninas da minha idade, era reservada, não ia nas conversinhas delas, não gostava daqueles assuntos adolescentes bobos, comportamentos estranhos, vestimentas exageradas, eu não era de falar muito, não me achava naquele mundo, mas eu tinha um amigo que eu contava tudo, com ele eu podia ser eu, me abria com transparência e com ele fazia minhas confidências. Esse amigo era o meu diário que dos doze anos para os treze, ganhei de presente de minha mãe e esse foi o melhor presente que eu tinha ganhado nesse período, lá escrevia sobre meus sonhos futuros, sobre meu amor que reencontraria, sobre os filhos que eu teria, minhas alegrias, minhas frustrações e de como eu me valorizaria para não me arrepender de nada que eu fizesse sem que o amor estivesse sempre em primeiro lugar e assim me blindei e segui a vida do meu jeito e minhas convicções.

Até que com vinte e cinco anos fazendo uma pós-graduação fora do meu país, com o incentivo dos meus pais, me dando asas para buscar minha independência profissional, sem que isso fosse minha real vontade, pois amo meu país, mas aproveitando uma oportunidade oferecida a mim, agarrei-a e foi nesse período que abri uma página na internet, por estar em uma vida completamente diferente daquela que eu estava acostumada e foi através dessa página que num dia encontrei o meu amor que eu descrevia em meu diário.

A conversa fluía solta, leve e em meio a tantos assuntos, novas descobertas surgiam e tudo era muito comemorado pelos dois. Ele me abria os olhos, me corrigia quando via a menina muito inocente, falava da vida sem restrições e me fazia ver o que muitas vezes eu não via. E a mesma coisa eu fazia com ele.

Sem que eu percebesse ele me instigava a escrever, me desafiava com imagens e eu escrevia como se fosse natural aquilo, foi lindo. Então comecei a me atentar mais nele e vi que ele se sentia realizado em meus escritos, mesmo ele não gostando muito de poesias me elogiava muito. 
Passei cuidadosamente a pedir que ele escrevesse e ele escrevia timidamente e não gostava que eu postava seus escritos, os quais eram muito bons, mas eu postava assim mesmo, fuçava na página dele, colhia as frases que ele postava na antiga e fazia uma montagem e postava. Até que um dia meu amor numa sintonia deliciosa, passou a escrever incrivelmente. Assim, fomos nos deixando lapidar, um permitindo que o outro consertasse e descobríssemos a nós mesmos.

Atravessávamos madrugadas, domingos inteiros conversando e ainda queríamos mais. Almas gêmeas explodindo o amor mais puro e poderoso. E foi ali que conheci o poder do amor. O meu avesso era o meu amor, o meu tudo, a minha vontade de viver. Sentimentos afloravam sem termos controle, nos protegíamos tanto que um sentia as dores do outro, as alegrias. Assim: Como se do nada, uma alegria surgia ou uma aflição e ao conversarmos um contava o que realmente naquele momento aconteceu. Ficávamos surpresos.

Era muito interessante, quando percebíamos que os acontecimentos aparentemente difíceis, eram os que mais nos auxiliavam no processo do nosso crescimento. Essas dificuldades agregavam valores e nos permitia amadurecer e a nos aproximar cada vez com mais intensidade, desenvolvendo a nossa capacidade de enfrenta-las sem um soltar à mão do outro.
Afinal, duas 'pedras brutas' lapidadas com esmero, um pouco a cada dia, com muita atenção, um tanto de intuição e muito Amor. Nascidos em 10 de setembro, virginianos, tão iguais, tão diferentes e é dessa forma que nos fundimos no mesmo poder, no mesmo amor. Almas gêmeas que sentem, que se doam, que se anulam, que enfrentam tudo um pelo outro.

Amor que suportou a mais dura distância, amor na mais bela flor na junção de nossas iniciais. Amor modelado, esculpido. Amor puro, lapidado que ainda hoje faz o coração dar pulos de alegria.
Amor hoje vivido sem dúvidas e sem desperdícios, com a dedicação contínua de lapidação de um ao outro, sempre com paciência, persistência e muito amor. Para alcançarmos nossa forma e brilho ideal, dando-nos o contorno desejado para a realização plena de nossa existência e toda nossa beleza interior.

Musica: Andança - Beth Carvalho
04/05/2019

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Jamais Imaginei - Ro/SamBennett


JAMAIS acreditei 
que um sorriso mudaria tanto minha vida,
que a distância pudesse ser tão curta e
que por momentos nada mais importasse
ou que um minuto durasse uma eternidade
ao ouvir o timbre de uma voz.

 NUNCA pensei
que o coração pudesse bater tão forte
e tão acelerado ao mesmo tempo,
que um telefonema pudesse desabrochar
o mais doce sorriso e desejar
 que esses momentos deixassem de ser loucura
 para se transformar em amor e ternura.

JAMAIS acreditei
que poderia sorrir feito doida ao compartilhar
os momentos simples do dia a dia.
onde você para de pensar 
e tudo que você faz, é imaginar e divagar 
sobre como juntos podemos construir uma vida.

NUNCA senti 
tanta necessidade de alguém como agora,
que as horas de espera por você
pudessem ser tão longas,
 e de como uma simples fotografia 
 mil suspiros me roubaria.
 
 JAMAIS pensei
que desejaria estar com você
onde quer que a vida queira nos levar,
muito menos imaginar que amaria tanto você,
 que me sentiria tão feliz e boba ao mesmo tempo,
 quando minha voz ao se juntar à sua,
dizendo: Te amo!
formasse a melodia mais doce.

 NUNCA imaginei 
que poderia ser quem sou,
poder rir com a loucura de dois,
compartilhar meus planos e minhas paixões,
  que esse amor pudesse me dar
o sabor mais doce que eu nunca havia sentido antes,
  que o nome de um homem significasse tanto para mim,
que dos meus sonhos de amor você seria o propulsor.

JAMAIS pensei
que seria você quem estaria ao meu lado
e que é o seu amor que esperei por tanto tempo
 e que o destino nos colocaria juntos.
Que eu poderia passar longas horas
do meu dia e da noite pensando em você sem
ser capaz de imaginar
como seria minha vida sem você.

Eu não acreditava ou entendia
sobre nada disso antes,
até o dia quando reencontrei você.
Tudo ficou muito claro,
e minha vida finalmente fez sentido.
RoSa
-Samantha Bennett de Oliveira-
01/05/2019


domingo, 21 de abril de 2019

Pérolas são feridas curadas

Imagem do artista: Vladimir Kush - Title: Pear

Pérolas são frutos da dor, é a resposta do organismo da ostra quando alguma coisa estranha, sem que ela queira, invade seu interior, como um parasita ou um grão de areia. Então a concha sentindo que algo indesejado, a incomoda, a machuca, isola esse tumor dentro de sua cápsula.

Na parte interna da concha de uma ostra, há uma substância lustrosa chamada nácar. Quando esse grão de areia penetra, as células do nácar começam imediatamente a trabalhar, cobrindo o grão de areia com muitas e muitas camadas, durante dias e dias, para proteger  o corpo indefeso da ostra.

Com o resultado, uma linda pérola é formada.
Uma ostra que não foi ferida, de algum modo, não produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada.

Você já foi ferido por pessoas que você gosta?
Você já foi acusado de ter dito coisas que não disse?
Você já teve suas ideias rejeitadas ou mal interpretadas?
Você já foi mal entendido, pelo seu jeito de ser?
Etc...

Então!!! Em todas as adversidades da vida , quando de alguma forma acabamos recebendo algo indesejado, que nos causa estranheza ou nos fere...

Vamos produzir uma pérola!!
Tentar isolar a dor, ás mágoas, rejeições, incompreensões, cobrindo com camadas e mais camadas perdão, paciência e muito amor. Trabalhando nisso com afinco.
E quando olharmos pro nosso interior, veremos que a ferida que tanto incomodava, devagarinho vai sendo cicatrizada e uma linda pérola de luz e paz vai  surgindo dentro de nós, abrindo lindos horizontes e novo modo de enxergar os percalços da vida.

Não é fácil, mas vale a pena tentar e insistir. 

......~~~......

Paz e bem  pra você sempre! 

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Culpado por Nascer - Rodrigo 'cC'


Culpado por Nascer
-por Rodrigo 'cC' -

Sou um filho do Paraná, criado na metropolitana da Capital, uma vila pobre. Nos anos noventa comecei a sofrer na escola. Primeiro eu sou o piá que as meninas querem, ficam em cima e os outros piás sentem raiva. Aí vem a pior parte, tu ser obrigado a viver uma situação de desconforto, e nada é bom ter medo, isso atrapalha até os estudos.  Os piás te tiram, ficam encarando e dão apelidos de viadinho, mas até onde vejo quem gosta de se encostar em piá são eles. Vai saber né??  E não há o que faça! Em todo lugar as meninas vem conversar, me namoram com os olhos, até uns papéis de carta vem na caixa de correio de casa, meu nome é o que mais tem no caderno de confidências, mas sempre aparece um piá do invejoso e ruim que gosta logo da menina que gosta de mim. Pronto!!! Já vem com agressão. Eu com medo da reação dos outros piás que faziam pressão, fiquei me defendendo dos piás sem revidar, foi a pior coisa que fiz, pois as meninas se revoltaram com o piá. Aí  fui mais maltratado ainda pelos piás.
As meninas no decorrer dos dias começaram a ter cuidados comigo. Aí “ferrou” de vez, eu perdi a paz na escola. Então conversei em casa meus "coroas" e eles me trocaram de escola. Agora eu estudava no Colégio Estadual do Paraná, mas até ai, eu já havia mudado de escola por quatro vezes e era sempre a mesma ideia, inveja e maldade por eu ter um ímã feminino. Mas agora era diferente eu havia feito amizade com o "Ogro" que também andava excluído pelos piás e as meninas nem olhavam. Dito e feito!!! E em alguns dias de aula, os piás vieram, me bateram, eu mandei um dane-se, e fiz o que meu "coroa" falou: - Fica na sua, até que te encostem, a partir dai defenda-se!! E assim fiz, era soco e bicuda de lá e de cá, ai entraram mais uns dois, fui me virando até a chegada do amigo Ogro, no que deu ruim para os piás. Desse momento em diante os piás na escola passaram a nos respeitar.  As meninas olhavam até pro "Ogro", ele tornou-se meu primeiro amigo de verdade. Empenhamos nos estudos.
 Todos os dias saíamos da escola a tarde e íamos do outro lado da rua no Passeio Público e uma “Maluca” com um violão canta essa musica.
Musica: Olhar 43 - RPM
O centro era o paraíso, ninguém sabia quem eu era, estava solto no mundão e num desses rolês, saímos da escola fomos ao shopping Mueller, numa sexta a tarde, pista de skate bombando, galera do colégio Tiradentes, do cursinho do Dom Bosco na praça dos Pelados no Passeio Publico centrão, na sua bela diversidade de tribos. Nós no Top Mueller, aquele fervo, gente de todos os lados, em uma mesa sentada me olhando e vendo a quantia de corte que eu dava nas meninas, o olhar das meninas e mulheres à minha volta, eu me irritava, não tinha paz, e é um perigo ser assim, alvo da inveja e da maldade de quem tem pelo diferente. Essa Mulher que me olhava veio até a mesa e me disse: - Dou lhe mil reais agora pra me acompanhar daqui até a noite. Eu perguntei: - Mas pra que? Ela disse: - Quero te conhecer na conversa. Então pensei: ---Será?? -Mas enfim vamos até sua mesa.  
Chegamos, lá as meninas já de maior idade, todas lindas, poucas roupas, uma me pergunta: - Tu mora no Atuba né? Eu disse que sim e fui conversando com a mulher. As meninas todas encantadas com o Ogro de simpatia e clareza no dizer, eu e ele conversamos sobre tudo e isso foi agradável. Chegou uma hora na conversa que a mulher tirou mil reais da bolsa, me deu e me disse que se eu quisesse ganhar muito mais, era pra eu ligar e ir fazer uma visita em sua mansão. Eu peguei seu cartão.
Passou uma semana eu e Ogro fomos ao Largo da Ordem e encontramos uma daquelas meninas que estava com a mulher que tinha me dado os mil reais, sentamos na mesma mesa, lá pela madrugada fomos levá-la na tal mansão, no Dodge Polara do Ogro que tocava essa musica.

Musica: Rhytm is a dance -Snap
Chegamos à mansão. Nem queriam abrir o portão quando viram o Polara, mas ai a Menina sai do carro cheirando a gasolina, um perfume que muitas meninas mais gostam.  Entramos e as meninas em volta aos bonitões bombados, e eu de calca rasgada, Adidas Marathon nos pés, peita branca e cabelo surfista, eu era mais feio que qualquer um ali, tinha músico bombado, modelo lutador, almofadinhas, todos com talentos, bem vestidos, cheirosos e bem penteados e Eu só precisei nascer. De repente vejo a mulher com um sorriso no rosto, eu educado e esperto a retribuí com um sorriso, ela gritou:!! - Segurança vai lá e paga três mil reais e de àquele Piá ali!! E ela me diz: - Isso é só por você ter entrado aqui. Nesse momento senti a maldade e a inveja na pele vinda da maioria ali. Eu na conversa com o Ogro e as meninas dominamos a churrasqueira e tomamos cerveja e meio de gole o Ogro qual eu havia ensinado tudo que aprendi sobre meninas. Ele até pegava mais que eu e nas ideias nada bobo conseguia entender as meninas. Passou pouco tempo, vieram duas gatas me buscar, fui apresentado a uma Paraguaia cheia do ouro que me ofereceu cinco mil, por uma noite, eu fui!!!  Era pobre cheio de dívidas, a calça rasgada, nem era estilo e sim a que tinha. Eu morava com minha mãe na Metropolitana da Capital e passávamos altos perrengues. Aceitei dar prazer por dinheiro, deixei a Paraguaia mais mole que a vida que ela levava.  Saímos quase amanhecendo, o Ogro para com seu Polara no sinaleiro, chegam uns playboys de Gol GTI rindo do Polora do Ogro, abre o sinal e morre o Polara o Ogro ficou verde, os Plays em vez de sair fora, ficaram se achando, tinha duas meninas muito gatas. Eu desci do Polara fui empurrá-lo, os plays se achando e as meninas que eles tentavam impressionar, me viram, se derreteram, tiraram o salto e vieram empurrar o Polara. Os piás saíram moendo com o Gol GTI, bravos e nós levamos as gatas de Polara, empurramos mais duas vezes até chegar na vila.. Tudo certo!

O tempo passou, comecei a ganhar muita “grana”, fazia o que queria, ia onde queria, me tornei um piá da noite Curitibana gostava mais do Studio 1250 e da Mustache. Me aperfeiçoei na dança sensual, fui convidado na mansão a ir pra outra em São Paulo capital. Fomos eu com meu inseparável amigo Ogro, só que agora de Puma GTB, um sonho dele que eu realizei, eu não tinha carro, levava minha vida na escondida, eu mentia um emprego que não tinha, colocava o básico em casa e o resto guardava.

Já na mansão em São Paulo, fui apresentado como o Piá do Sul, eu iria me apresentar em um palco, seria feito um leilão de vários piás e garotas. Quando chegou a minha vez escolhi essa musica,
começo a sensualizar, olhar sem vergonha, faço o contrário de todos, vou entre os patrões e patroas da grana e sensualizo, olho a olho, deixei que me tocassem, ali os lances foram lá pra cima, o Ogro só que ria, a mulher que havia me descoberto orgulhosa de seu Piá do Sul. Naquela noite entrei para o time dos profissionais do sexo anos 90, estava a nível nacional, viagens, apresentações em clubes de mulheres, fazia viagens por todo país para satisfazer as mulheres dos maiores figurões do país, conheci artistas, frequentei as melhores casas noturnas de todas as Capitais desse país, ao lado do "Ogro", rasgamos esse país em sua Puma GTB.
Chegou um momento, onde fiquei conhecido internacionalmente, turistas sexuais frequentavam essas mansões pessoas milionárias, famosas, mas a mulher que me descobriu não me vendia. Todas as meninas que foram pra fora do país, nunca mais ouvi falar, acredito que na maioria nem a família sabia delas. Eu tinha certa proteção da mulher que me descobriu, eu percebia que era a segunda coisa que ela mais gostava, primeiro vinha a "grana".

Passados já alguns anos e quanto mais postura de homem eu tinha mais atraia as mulheres e mais dinheiro eu ganhava, mas chegou um momento onde conheci em uma viagem, a Morena atendente de balcão em uma lanchonete no Rio de Janeiro e acabei por me encantar. Menti a ela sobre o que eu fazia. Comecei a deixar dos compromissos pra ir ao Rio de Janeiro
  
Musica: Alceu Valença - Dois animais
pra vê-la, que me enlouquecia, era tão humilde e simples, como eu podia não me apaixonar, não deseja-la todo instante, seu rosto é minha visão predileta, o som de sua voz a mais bela musica, seu corpo passeio de mão, de olhos fechados vejo ela, lá dentro as almas se tocam, o orgasmo vem no corpo, na mente no dizer dos lábios.

A mulher que me descobriu começou a me cobrar eu já “de saco cheio” a mandei a “merda” e ela em vingança, ordenou seus capangas a matar a Morena que eu havia me apaixonado. Aí começou a perseguição, a mulher queria que eu voltasse a fazer sexo por dinheiro, ameaçou minha mãe. Preocupado tirei minha mãe do Paraná, sai do país, fui para Espanha onde vivi por cinco anos trancado em um apartamento, vivia como um fugitivo e sem tocar uma mulher sequer. Eu tinha medo que mais meninas morressem. Acabei fechando meu coração e meu corpo em uma depressão.
Mas chegou uma hora que tive de me render, acabou a grana veio à fome e foi embora minha depressão. Conheci uma baiana e começamos a dançar em publico a troco de umas moedas, musicas brasileiras e a primeira foi essa.
Musica: Lambada -  Kaoma
Passado um tempo, tornamos famosos nas ruas da Espanha e a baiana me contou que tinha vindo atrás de sua irmã, que ela estava desconfiada que era escrava do sexo. Contei minha história a ela e decidi ajudá-la e assim fiz. Me infiltrei na noite da Espanha e conheci uma dona de mansão e em seu coração e corpo eu era só dela e ela minha. Eu sempre fui um bom ator, fazia com que as coisas seguissem ao meu desejo.
Já reconhecido por ser o Piá do Sul comecei a fazer shows nas mansões e clube de mulheres e dei de frente com a irmã da Baiana, reconhecendo-a pela sua mancha de nascença na bunda. Conversei com ela que me contou onde era seu cativeiro e pra quem trabalhava. Armei-me e os dias passaram. Criei uma confusão entre as senhoras do sexo, mudando meu talento de uma pra outra e com os dias dei um jeito de fazê-la esquecer o cofre aberto, chegando de pegada forte a fazendo sentir-se desejada, após amada e depois” fodida” que quando parei ela não se aguentou e os olhos fechou. Então roubei os passaportes de cinco brasileiras, tramei o dia da fuga e na cara de pau.

Vinte minutos para o embarque, os tiros da mansão, a força e começa uma perseguição. Eu em um Opel Kadett em uma direção agressiva e ao limite, duas BMW na minha cola, consigo chegar ao aeroporto, às meninas correm para o embarque, eu saco a pistola e atiro contra as BMW, logo chega a polícia, os seguranças da senhora do sexo fogem, eu sou detido e nessa confusão as meninas voltam ao Brasil e eu acabo sendo executado pela máfia do sexo. Me sentindo livre desse pesadelo que corta milênios que faz pessoas objetos de desejo, culpados por ou não, ainda existe escravidão e na memória vem o rosto da Morena que morreu por eu me apaixonar...

Musica: Belos e malditos - Capital inicial

19/04/2019