Puta...
(Por Rodrigo 'cC)
Inicio dos anos noventa Paraná..
Um Lar pobre, meus pais evangélicos de educação rígida. A
maior força dentro do lar era Deus. Eu “porra loka” nada gostava do que vivia,
panelas sempre vazias, parei de estudar no primário, pois mais que o lápis, o
feijão era necessário. Vida de favela, valeta aberta, cercas banguelas de
madeira, no campinho a bola ia e atrás a piazada levando a poeira, num ouvir
dizer do tal do filme do Rambo, hoje brincaremos de novo com a imaginação,
armas de madeira a mão: Matei? -Não matou. - Não? Pronto, dois piás saindo no
soco e bem louco ficou o ancião: -Parem! Parem com isso! Mas que nada, é assim
mesmo a piazada que sai na “porrada” e no outro momento saem correndo no olhar mãe
se esconde e na pergunta: - limpou a casa? – Não. Então ai vem a surra que
fazia gritar no ar a vara de marmelo, quando era do pai a escolha era humilde,
batia com o que via, vassoura, fio de luz, com mão, nem media a força que
machucava no fundo da alma, mas que nada é assim que se educa, pois dizia que
em seu tempo de criança nem falar podia ,que era hora pra tudo, que nem
lembrava de brincar, apenas as sementes de café catar uma a uma, dia após dia.
Até que se viu grande na vida, mas só no tamanho, pois o trabalho agora na
cidade era árduo, fazia a tal massa, construía casas, mas não tinha a sua,
pagava até pra respirar, pois nem doente podia ficar. Quanta judiaria era manter
uma família, minha mão era mágica na agulha, fazia de um trapo dado pelas
patroas, pois quase todas trabalhavam em diárias pra Famílias ricas e esses
trapos que já não serviam tornavam-se uma nova roupa, cheia de vida, nem a
mesma parecia. Em seu olhar a alegria de transformar reciclar e do que já não servia
um sorriso roubar, mas que nada sua filha ingrata, mas preferida, pois fazia
tudo que os meus pais queriam. Ela
fingia, fazia a boa menina, eu era sapeca guria tipo moleca pulava feito
perereca, gostava mesmo de aprontar.
Tornei-me a dita sapeca, mas era verdadeira, não conseguia
viver a mentira que nada mais é do que uma traíra que vai te morder um dia e
nada dura para sempre. Por isso a dura árvore solta à semente, mas não há o que
faça. Quem gosta sempre mente, tem problema de ser si mesmo e arruma jeitos e
argumentos para ser mais do que é, como se ninguém a conhecesse, pensa que a
mentira para sempre será segredo, mas que tolice desperdiçar a vida criando ferida
as quais te acompanharão para o resto da vida.
A adolescência chegou,
minha irmã tipo àquelas que passam o dia e a noite pela janela falando tipo
tagarela do que não interessa.
Eu a maluca sem estudo, sem coragem, a passar a vida sendo diarista.
Virei puta!
Musica: No soy una señora - Loredana Berte
Da minha casa fui expulsa, mas não estava nem vendo. Por
dentro já vinha doendo desde pequena por ser tratada na indiferença, pois para
minha família toda correta, eu já estava perdida muito cedo na vida ser assim,
eles mesmos me diziam o que podia esperar da vida.
Fui para o mundo, nada para mim era absurdo.
O tempo passou, sou muito gata, bundão, peitão, rosto
perfeito, mais que rápido um velho desses que gosta de ter uma “novinha” para
se sentir “O Cara” queria me bancar, mas que nada: - O que vou querer com um
velho babão direto, de papo besta se achando o garotão? -Credo! - Isso não é
pra mim não. -- Minha Irmã toda certinha, trinta anos, dentro de casa, tipo
parasita com filho de mais de um e sou eu que sou a puta. Mas vai que vai, não
tem o que faça minha mãe por mim de coração partido e pra minha irmã
decepcionada, mas para o pai eu sou a vergonha da família. Na verdade não sou
vergonha e sim sem vergonha. Sem vergonha de ser quem sou e me aceitar. “Dane-
se” o que tu venhas pensar. Sim na adolescência eu estava perdida, mas agora
sei bem o que faço da vida, por isso para marido de tantas eu “dei” e hoje estou
formada, mas por muitos fui julgada. Há anos quando fui mãe, meu Filho sofria, mas
o engraçado é que eu que brincava com o filho no parque, ia ao estádio gritar
junto torcendo ao seu lado, foi eu que com meu filho nunca dei um grito, foi eu
que sentava todo dia na mesa da sala fazer a lição, assim junto, foi eu mãe
solteira que conquistei a amizade do meu filho ao ponto de nele nem mais doer o
dito “o filho da puta”, tudo na conversa, na palavra bem dita, na verdade de
dizer meus porquês.
Hoje já adolescente, meu filho de mim tem orgulho, sou médica
oncologista pediatra, acalmo essas crianças, dou esperança a elas no leito de
morte, que nada tem culpa e nem me veem como uma puta, pois quando Deus toca
nossa vida precisamos apenas deixar que toque a cura e não que ser puta tenha
sido uma doença, pois sem essa puta não existiria essa oncologista, mas assim
que deixei a “puta” me veio a maior maravilha, o Amor da minha vida, um homem
que nesse meio tempo que me amou incondicionalmente, me fez ver a vida
diferente. Um anjo desses sem asa que
Deus envia e a gente nem desconfia e na moral e no respeito uma me mostrando o
outro lado da vida. Conheci-o na noitada, numa balada, pois tirando o de casa e
vaidade o resto era cerveja e balada. Mas que nada!! Eu “puta” fui ludibriada
pelo poder da boa palavra, por um homem que me amava mais que tudo, me ajudou a
entender o que eu mesma por mim podia fazer.
Voltei mulher para os estudos na escola parecia que em minha
testa estava estampado “Puta”, mas sem amargura o foco é a cura que vinha na
palavra mansa de quem o meu bem queria na vida e assim fomos nos envolvendo. Eu queria transar, mas o homem só fazia amor,
então ao vestido branco eu me envolvia e meu filho nos olhos sorria. Uma nova
vida, um lar, pena foi o Julgamento, porque da vila onde nasci precisei ir
embora, pois ali meu Filho feliz, nada mais era que um filho da puta e meu homem
um “corno”, mas que nada!! Isso são só palavras. O perigo é a energia ruim,
essa sim faz mal, o que nos é lançado pelos maus falados da vida que se apagam
e iluminam e que por muitas não dependem apenas da gente que se não dermos
atenção é capaz de nos deixar doentes na mente. Eu nunca me deixei abalar com o
simples errado, julgado da palavra maldita, presto atenção na palavra bendita
que sim soma. A vida nada me diminuiu e nunca fui puta, pois até onde sei “puta”
é a namorada, a casada que se faz de santa, mas é safada, que faz do homem “corno”.
Aquele que sabe e aceita ou o traído que nem sabe que está lhe desperdiçando a
vida. Mas digo que quando fui garota de programa eu não procurava sexo, eram eles
que me procuravam e tinham de tudo.
O Mal amado só colocava lágrimas sobre o lençol, sendo que a
analista é mais barato. Tinha os que nunca tinham acontecido, davam aquela
desculpa por da uma broxada. Tinha o chato carente que pensava que eu era sua
amada. Mas que nada!! Ficava falando, a hora passava e já mandava pra lá. Tinha
os bêbados que nada fazia, nem sabiam o que diziam. Tinha os rapidinhos já
chegava e saía todo sem graça. Tinha os bravos, esses davam problemas era só
soco e grito, mas logo passava, no fundo era comédia, mas quer sexo.
Hoje estou curada pelo Amor de um homem de prazer gostoso,
sabe tudo onde, quando e como. Até o som
da sua voz me leva a delirar, não peco nos olhos, pensamentos, não comparo meu homem ao da amiga, não me
apego a vaidade, na atração a homens, estou salva, mudei minha vida, minha alma,
mas não me arrependo, pois essa foi minha vida, minhas escolhas, minha escola..
Musica: O Amor - Novo Tom