domingo, 5 de maio de 2019

Meu Pai que disse!! - Rodrigo 'cC'


Meu Pai que disse!! 
(Por Rodrigo 'cC') 
Sou um Canário da Terra, nasci entre os campos e araucárias, em um galho de Paineira num velho ninho de João de barro. Meu pai um velho guerreiro que em seu canto nos contava de como foi sua vida.
Que ele ainda de cor parda foi capturado, pois se encantou pela sua pequena em uma gaiola e assim caiu em um alçapão e na tortura humana foi obrigado a sobreviver seus dias muito agressivo. Meu pai era de canto alto e dobrado, corricho continuo, leal a sua amada foi obrigado a lutar em rinhas.
Ele conta que havia um circulo, vários canários pendurados em suas gaiolas, nervosos grudados à grade, cantando muito alto, muita raiva havia neles, prontos a morrer ou a matar.

Ele continua a contar:..
Eu que era só minha amada na cabeça, cantei como nunca havia cantado, entre corrichos rodava ao fundo da gaiola pronto pra briga! Tinha de vencer para voltar a ver minha amada e assim fiz, pois ou era ele ou eu e foi pensando assim que me mantive vivo, eu na minha gaiola onde vivia com sua mãe, quando não me tiravam dela só pra ouvir meu canto alto e nervoso, dobrando, canto em cima de canto. Eu nunca entendi se eu canto solto pra que me prender.

Um dia eu vi a chance de fugir, sai pela porta, sua mãe trancada na parte menor da gaiola onde ficava a cumbuca de ninho, num duelo entre a razão e o coração sua mãe no cantar diz: -Vai! Vai, vai!! Então o dono percebeu que fugi, colocou um alçapão, eu com raiva.
Tinha um canário que vivia solto e sempre ia cantar e me desaforar. Voei no poste dei um pau nele, cantei em seu território, o humilhei e ele teve que ir embora, pois é assim na lei da natureza. O território é sagrado. Aí voltei pra gaiola por onde saí, nem entrei naquele alçapão e percebi que no outro dia a porta estava aberta, me fui, cantei , voltei pra gaiola e assim todos os criadores de canários de rinhas me queriam, eu ia nos torneios com minha amada. Agora abria a porta eu ia buscar os canários nas gaiolas, postes, árvores não tinha, virei lenda. Até que um dia num ciclo de estação tínhamos acabado de trocar as penas no verão, é chegada a hora de se alimentar muito, outono, logo chegará o inverno, frio de racha o bico.

Um gavião Piem muda-se para uma araucária próxima a casa onde morávamos na gaiola, eu tinha o privilégio de sair e voltar pra gaiola. Ali quem cantava alto era eu,  numa dessas saídas fui provocar o Piem, ele ficou nervoso comigo, eu estava tirando capim de seu ninho, era o que eu queria, a raiva dele!!! Precisava desequilibra-lo e assim foi..
Chegou um dia que ele veio atrás de mim, eu no ar livre, não ia longe, fui em meio as árvores, casas e sentei em cima da gaiola, ele cego em ódio se choca com a gaiola que cai e livra sua mãe e assim voamos pra longe, mas muito longe! Sua mãe e eu e assim nos tornamos livres como Deus Pai e Mãe Natureza nos fez.

Vou te contar já filho: - O único ser que cria vagabundo é o humano, eu sou fiel, leal a sua mãe e a vocês, até aprenderem o que vim te passar em vida e depois “sai fora”, “se vira”. A ideia é assim: -Tu vai ter sua amada, vai trata-la no ninho enquanto choca seus filhos, se ela sair relaxa e se estica, tu vai enquanto ela não voltar, tratar seus filhos, ensinar a eles o que deve e vai passar seus dias com sua amada, protegê-la com sua vida, proteger seus filhos até que chegue o dia em que tu vai deixar que eles se vão, voar e cantar sua própria vida, fazer sua parte no equilíbrio preciso feito lá no início. Sua alma sobe, sua matéria desce e se manter vivo no eterno é com o gene, tu só se faz vivo no ensinamento.

Então já sabe né!! -Voa vai!! Logo deixará de ser pardo. Nos verões com suas trocas de penas o tornará amarelo, de cabeça laranja, e "fica a dica" a casa do João de barro e do bem-te-vi, não chove dentro.
 -Nunca vá onde têm telhados, a comida ali sai caro. - Eu e sua mãe iremos tirar outra ninhada, já tem poucos Canários da Terra e da tempo ainda nessa primavera e que o bom da Criação lhe proteja, que o mau da Criação não lhe veja.

E assim voei em direção aquele sol se pondo da cor da coroa na cabeça de meu Pai alaranjada e assim atrás da luz fui..

(05/05/2019)

sábado, 4 de maio de 2019

Pedra Lapidada - RoSa


Pedra Lapidada
(Por ROdrigo 'cC'

No seu olhar me imagino, no reflexo de seus olhos quero ver o mar, e as cenas de nosso dia a dia caipira ver o brilho de mãe e a paixão feminina, em seu rosto o riso, o sorriso quero vê-lo de todo jeito, até bagunçado amanhecendo ou brava comigo mesmo, pois ao meu lado é impossível nunca sorrir. Sou piá e já tenho quarenta, mas em suas mãos sinto esse tempero tão seu, na magia da cozinha que só a sabor, se feito com amor, assim como tem em seu piano, quero ver o lápis em sua mão escrever as mais belas poesias, quero olhar  sua horta e ver que veio da lida de suas mãos, um alimento cheio de vida, no guidão de sua motona enquanto eu tiro as fotografias, quero ver sua mente lado a lado com a minha na boa fé nos guiando na mesma direção.

Mesmo os dois nascidos no dia dez de setembro, eu sou tão travesso que de tu já fui o avesso, um Piá que de Deus ganhou o dom da escrita. Assim que nasceu e aos cinco anos de idade já contava coisas que ninguém via, achavam que eu era “fora da casinha”, me levaram para psicologia que conheceu um Piá dando aula a eles, me levaram a espiritualidade. –Quanta bobagem!!! Mas não sabiam. E eu?? -Como poderia saber que era a escrita? Se nem escrever sabia?? Guardei-a e nem queria lembrar, mas e tempo passou,  nos conhecemos, tu uma princesa de fato, eu o mais puro sapo ou tu a dama e eu o vagabundo, mas é tipo isso ai!! A vida terrena nos veio ao avesso, mas as almas vieram gêmeas. E eu confesso! Nunca fui um Piá fácil de lidar. Nunca fui de acreditar em ninguém, senão em mim. Eu presto atenção em tudo, meus olhos filmam, meus ouvidos captam, minha mente grava a mensagem. Eu amo a vida e viver. Fiz o que quis, fui quem quis, fui onde quis.
Apesar de ter sido pai solteiro aos vinte e seis anos, até então possuía sentimento apenas pela minha Família, mas amor mesmo, eu nunca tinha sentido. Aprendi em casa mesmo, como educar e não educar e vou dizer: - Sou melhor pai, do que fui filho!! 

Ao chegar aos trinta e seis anos conheci o amor de homem para mulher e então vi que eu ser eu, não iria rolar!! A conexão de almas foi forte algo que eu nem acreditava de onde alma gêmea. Capaz! Mas enfim, eu a sentia, nem falávamos nada, apenas tínhamos a internet.
Eu aqui no meu “rolê” na periferia no Paraná, ela na ”gringa.” Pensa. . Eu me deixar por alguém.: - Mas nunca!! Era eu e meu filho naquele momento. Mais não! Eu acreditei em alguém a muitos km, sofri em vê-la sofrer, ter perdas familiares e até então não sofria, nem por mim mesmo. O primeiro sentimento que tive antes de me apaixonar ou ter alguma intenção foi o cuidado. Eu do mundo, ela uma princesa, então fui mostrando a ela, suas fraquezas e inocências. Vi uma alma que toca animais selvagens, plantas, árvores como eu quando criança.

Éramos os dois, dez de setembro, nascidos no Paraná, que foram a lugares que o outro foi, tenho minhas dúvidas que nunca nos vimos, então comecei a ver que minha Gata era de dons diferentes, assim como eu. Passei a instiga-la escrever, a desafiei com imagens e minha Princesa de pronto me surpreendeu, logo no primeiro.  Aí criei outro sentimento forte por ela que foi um que tenho pelo meu Filho que é de torna-lo uma pessoa melhor e ela da mesma forma fez comigo. Ela me lapidou e se deixou lapidar. Tem que ser assim, pois o amor pode até ser imortal, mas a relação não, e não pode ficar batendo de frente, tem de andar na mesma direção e dois é mais fácil, a vida fica mais leve, cada um com sua loucura e jeito de ser a vontade. 

Nessa loucura quando conheci o Amor me vi fazendo os sacrifícios preciso pro amor, tipo Cristo, o sacrifício por amor, o céu é certo e é assim mesmo que eu entendi que o amor é minha forma mais poderosa e o relacionamento bem vivido é pra malandro, que malandro não vai na rua procurar nada, tem tudo em casa, faz de sua jovem Gata, Mulher realizada e Filho é a mesma ideia, tem de ouvir pra se ouvido, abraçar pra se abraçado, mas um relacionamento tem que nascer e manter-se vivo e evolutivo e é preciso quando adulto, do casal pra isso, mas quando é Pai é tudo contigo, até que ele tenha tamanho, educação e carinho em conversas e toques diários pra criar o discernimento, que o melhor caminho é o bom sentimento, base pra confiança no que tu está dizendo, senão o exemplo do mundão vai valer mais que o seu mesmo. Eu nesses amores tão poderosos, no momento feliz. E quem está feliz está em paz e quem está em paz não tem tempo pra bobagem.
Voltei a escrever pelo Amor e a pedido de minha Gata.
Passaram quase cinco anos pra eu olhar ela nos olhos pela primeira vez e é um amor criado de longe, no sentir um o outro, na certeza que somos almas gêmeas, sendo grato a esse presente da Criação para duas pessoas criadas tão diferentes em ambientes distintos, tão parecidos que nas diferenças se completam.

Hoje juntos se conhecem tanto, que não há duvidas. Esse amor foi modelado com certezas de quem não desperdiça a vida..
Hoje eu vivo o que nunca acreditei, um Amor de Almas Gêmeas. E essa aversão ao amor que eu tinha foi bom, pois eu nunca amei outra se não você minha Princesa, e o amor protege, salva, faz bem até pra aparência, a luz vem e deixa a alma transbordando, tipo te deixa com aquela estrela.

Me gosto mais assim amando, amado. Mas numa coisa eu sempre estive certo, no meu antigo ser primeiro eu amava eu e acreditava em mim. Sofrer a toa não né!! Uma vida só ia passar me incomodando, não estava afim. Agora eu amo minha Gata igual amo a mim.
Com meu filho é assim, amor verdade, de papo reto, de igual, direito de palavra. Ele é um adolescente de quinze anos, mora comigo desde os seus três aninhos e é um presente na minha vida ter o prazer da experiência de ser Pai solteiro. Meu filho é a prova viva, assim como minha Gata que o amor é diário.
Regar a relação para fluir, para que seja possível manter o para sempre..
 
Musica: Versos Simples - Chimarruts

💎💎💎💎

Pedra Lapidada
(Por SAmantha Bennett)

No momento certo busquei seu colo e com um cuidado espontâneo você me acolheu, protegeu. Como se nos conhecêssemos há tempos e já sabíamos que ali uma força maior nos aproximava sem ao menos saber um do outro a idade, sobrenome, de onde éramos, o que fazíamos. Até mesmo sem um expressar para o outro o que de verdade vínhamos sentindo. Em suas palavras eu sentia abrigo, confiança, sentia algo muito bom, sentia protegida e a alma fazia o coração dar pulos incontroláveis.

Eu uma garota nascida em um lar que vibrava amor, música, piano, violão, gaita, flauta, onde ao contar meus dias pela minha mãe (uma professora que alfabetizava e com crianças gostava lidar), me dizia que o meu primeiro sorriso, foi ao ouvi-la tocar e cantar uma canção de ninar no piano. Piano este acompanhado de uma doce gaita que ainda em seu ventre me ensinava a gostar.

O tempo passou... Cresci. Sem dificuldades aprendi o piano que era mais forte em meu dom herdado de avó e de mãe, um pouco de violão vindo da vontade de meu pai, o qual nos sustentava com o trabalho vindo da terra.
Tive uma vida pacata, boa aluna, amadora da natureza e animais, frequentadora assídua da igreja na minha terra natal, no meu Paraná. Nessa fase, já me achava diferente das outras meninas da minha idade, era reservada, não ia nas conversinhas delas, não gostava daqueles assuntos adolescentes bobos, comportamentos estranhos, vestimentas exageradas, eu não era de falar muito, não me achava naquele mundo, mas eu tinha um amigo que eu contava tudo, com ele eu podia ser eu, me abria com transparência e com ele fazia minhas confidências. Esse amigo era o meu diário que dos doze anos para os treze, ganhei de presente de minha mãe e esse foi o melhor presente que eu tinha ganhado nesse período, lá escrevia sobre meus sonhos futuros, sobre meu amor que reencontraria, sobre os filhos que eu teria, minhas alegrias, minhas frustrações e de como eu me valorizaria para não me arrepender de nada que eu fizesse sem que o amor estivesse sempre em primeiro lugar e assim me blindei e segui a vida do meu jeito e minhas convicções.

Até que com vinte e cinco anos fazendo uma pós-graduação fora do meu país, com o incentivo dos meus pais, me dando asas para buscar minha independência profissional, sem que isso fosse minha real vontade, pois amo meu país, mas aproveitando uma oportunidade oferecida a mim, agarrei-a e foi nesse período que abri uma página na internet, por estar em uma vida completamente diferente daquela que eu estava acostumada e foi através dessa página que num dia encontrei o meu amor que eu descrevia em meu diário.

A conversa fluía solta, leve e em meio a tantos assuntos, novas descobertas surgiam e tudo era muito comemorado pelos dois. Ele me abria os olhos, me corrigia quando via a menina muito inocente, falava da vida sem restrições e me fazia ver o que muitas vezes eu não via. E a mesma coisa eu fazia com ele.

Sem que eu percebesse ele me instigava a escrever, me desafiava com imagens e eu escrevia como se fosse natural aquilo, foi lindo. Então comecei a me atentar mais nele e vi que ele se sentia realizado em meus escritos, mesmo ele não gostando muito de poesias me elogiava muito. 
Passei cuidadosamente a pedir que ele escrevesse e ele escrevia timidamente e não gostava que eu postava seus escritos, os quais eram muito bons, mas eu postava assim mesmo, fuçava na página dele, colhia as frases que ele postava na antiga e fazia uma montagem e postava. Até que um dia meu amor numa sintonia deliciosa, passou a escrever incrivelmente. Assim, fomos nos deixando lapidar, um permitindo que o outro consertasse e descobríssemos a nós mesmos.

Atravessávamos madrugadas, domingos inteiros conversando e ainda queríamos mais. Almas gêmeas explodindo o amor mais puro e poderoso. E foi ali que conheci o poder do amor. O meu avesso era o meu amor, o meu tudo, a minha vontade de viver. Sentimentos afloravam sem termos controle, nos protegíamos tanto que um sentia as dores do outro, as alegrias. Assim: Como se do nada, uma alegria surgia ou uma aflição e ao conversarmos um contava o que realmente naquele momento aconteceu. Ficávamos surpresos.

Era muito interessante, quando percebíamos que os acontecimentos aparentemente difíceis, eram os que mais nos auxiliavam no processo do nosso crescimento. Essas dificuldades agregavam valores e nos permitia amadurecer e a nos aproximar cada vez com mais intensidade, desenvolvendo a nossa capacidade de enfrenta-las sem um soltar à mão do outro.
Afinal, duas 'pedras brutas' lapidadas com esmero, um pouco a cada dia, com muita atenção, um tanto de intuição e muito Amor. Nascidos em 10 de setembro, virginianos, tão iguais, tão diferentes e é dessa forma que nos fundimos no mesmo poder, no mesmo amor. Almas gêmeas que sentem, que se doam, que se anulam, que enfrentam tudo um pelo outro.

Amor que suportou a mais dura distância, amor na mais bela flor na junção de nossas iniciais. Amor modelado, esculpido. Amor puro, lapidado que ainda hoje faz o coração dar pulos de alegria.
Amor hoje vivido sem dúvidas e sem desperdícios, com a dedicação contínua de lapidação de um ao outro, sempre com paciência, persistência e muito amor. Para alcançarmos nossa forma e brilho ideal, dando-nos o contorno desejado para a realização plena de nossa existência e toda nossa beleza interior.

Musica: Andança - Beth Carvalho
04/05/2019

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Jamais Imaginei - Ro/SamBennett


JAMAIS acreditei 
que um sorriso mudaria tanto minha vida,
que a distância pudesse ser tão curta e
que por momentos nada mais importasse
ou que um minuto durasse uma eternidade
ao ouvir o timbre de uma voz.

 NUNCA pensei
que o coração pudesse bater tão forte
e tão acelerado ao mesmo tempo,
que um telefonema pudesse desabrochar
o mais doce sorriso e desejar
 que esses momentos deixassem de ser loucura
 para se transformar em amor e ternura.

JAMAIS acreditei
que poderia sorrir feito doida ao compartilhar
os momentos simples do dia a dia.
onde você para de pensar 
e tudo que você faz, é imaginar e divagar 
sobre como juntos podemos construir uma vida.

NUNCA senti 
tanta necessidade de alguém como agora,
que as horas de espera por você
pudessem ser tão longas,
 e de como uma simples fotografia 
 mil suspiros me roubaria.
 
 JAMAIS pensei
que desejaria estar com você
onde quer que a vida queira nos levar,
muito menos imaginar que amaria tanto você,
 que me sentiria tão feliz e boba ao mesmo tempo,
 quando minha voz ao se juntar à sua,
dizendo: Te amo!
formasse a melodia mais doce.

 NUNCA imaginei 
que poderia ser quem sou,
poder rir com a loucura de dois,
compartilhar meus planos e minhas paixões,
  que esse amor pudesse me dar
o sabor mais doce que eu nunca havia sentido antes,
  que o nome de um homem significasse tanto para mim,
que dos meus sonhos de amor você seria o propulsor.

JAMAIS pensei
que seria você quem estaria ao meu lado
e que é o seu amor que esperei por tanto tempo
 e que o destino nos colocaria juntos.
Que eu poderia passar longas horas
do meu dia e da noite pensando em você sem
ser capaz de imaginar
como seria minha vida sem você.

Eu não acreditava ou entendia
sobre nada disso antes,
até o dia quando reencontrei você.
Tudo ficou muito claro,
e minha vida finalmente fez sentido.
RoSa
-Samantha Bennett de Oliveira-
01/05/2019


domingo, 21 de abril de 2019

Pérolas são feridas curadas

Imagem do artista: Vladimir Kush - Title: Pear

Pérolas são frutos da dor, é a resposta do organismo da ostra quando alguma coisa estranha, sem que ela queira, invade seu interior, como um parasita ou um grão de areia. Então a concha sentindo que algo indesejado, a incomoda, a machuca, isola esse tumor dentro de sua cápsula.

Na parte interna da concha de uma ostra, há uma substância lustrosa chamada nácar. Quando esse grão de areia penetra, as células do nácar começam imediatamente a trabalhar, cobrindo o grão de areia com muitas e muitas camadas, durante dias e dias, para proteger  o corpo indefeso da ostra.

Com o resultado, uma linda pérola é formada.
Uma ostra que não foi ferida, de algum modo, não produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada.

Você já foi ferido por pessoas que você gosta?
Você já foi acusado de ter dito coisas que não disse?
Você já teve suas ideias rejeitadas ou mal interpretadas?
Você já foi mal entendido, pelo seu jeito de ser?
Etc...

Então!!! Em todas as adversidades da vida , quando de alguma forma acabamos recebendo algo indesejado, que nos causa estranheza ou nos fere...

Vamos produzir uma pérola!!
Tentar isolar a dor, ás mágoas, rejeições, incompreensões, cobrindo com camadas e mais camadas perdão, paciência e muito amor. Trabalhando nisso com afinco.
E quando olharmos pro nosso interior, veremos que a ferida que tanto incomodava, devagarinho vai sendo cicatrizada e uma linda pérola de luz e paz vai  surgindo dentro de nós, abrindo lindos horizontes e novo modo de enxergar os percalços da vida.

Não é fácil, mas vale a pena tentar e insistir. 

......~~~......

Paz e bem  pra você sempre! 

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Culpado por Nascer - Rodrigo 'cC'


Culpado por Nascer
-por Rodrigo 'cC' -

Sou um filho do Paraná, criado na metropolitana da Capital, uma vila pobre. Nos anos noventa comecei a sofrer na escola. Primeiro eu sou o piá que as meninas querem, ficam em cima e os outros piás sentem raiva. Aí vem a pior parte, tu ser obrigado a viver uma situação de desconforto, e nada é bom ter medo, isso atrapalha até os estudos.  Os piás te tiram, ficam encarando e dão apelidos de viadinho, mas até onde vejo quem gosta de se encostar em piá são eles. Vai saber né??  E não há o que faça! Em todo lugar as meninas vem conversar, me namoram com os olhos, até uns papéis de carta vem na caixa de correio de casa, meu nome é o que mais tem no caderno de confidências, mas sempre aparece um piá do invejoso e ruim que gosta logo da menina que gosta de mim. Pronto!!! Já vem com agressão. Eu com medo da reação dos outros piás que faziam pressão, fiquei me defendendo dos piás sem revidar, foi a pior coisa que fiz, pois as meninas se revoltaram com o piá. Aí  fui mais maltratado ainda pelos piás.
As meninas no decorrer dos dias começaram a ter cuidados comigo. Aí “ferrou” de vez, eu perdi a paz na escola. Então conversei em casa meus "coroas" e eles me trocaram de escola. Agora eu estudava no Colégio Estadual do Paraná, mas até ai, eu já havia mudado de escola por quatro vezes e era sempre a mesma ideia, inveja e maldade por eu ter um ímã feminino. Mas agora era diferente eu havia feito amizade com o "Ogro" que também andava excluído pelos piás e as meninas nem olhavam. Dito e feito!!! E em alguns dias de aula, os piás vieram, me bateram, eu mandei um dane-se, e fiz o que meu "coroa" falou: - Fica na sua, até que te encostem, a partir dai defenda-se!! E assim fiz, era soco e bicuda de lá e de cá, ai entraram mais uns dois, fui me virando até a chegada do amigo Ogro, no que deu ruim para os piás. Desse momento em diante os piás na escola passaram a nos respeitar.  As meninas olhavam até pro "Ogro", ele tornou-se meu primeiro amigo de verdade. Empenhamos nos estudos.
 Todos os dias saíamos da escola a tarde e íamos do outro lado da rua no Passeio Público e uma “Maluca” com um violão canta essa musica.
Musica: Olhar 43 - RPM
O centro era o paraíso, ninguém sabia quem eu era, estava solto no mundão e num desses rolês, saímos da escola fomos ao shopping Mueller, numa sexta a tarde, pista de skate bombando, galera do colégio Tiradentes, do cursinho do Dom Bosco na praça dos Pelados no Passeio Publico centrão, na sua bela diversidade de tribos. Nós no Top Mueller, aquele fervo, gente de todos os lados, em uma mesa sentada me olhando e vendo a quantia de corte que eu dava nas meninas, o olhar das meninas e mulheres à minha volta, eu me irritava, não tinha paz, e é um perigo ser assim, alvo da inveja e da maldade de quem tem pelo diferente. Essa Mulher que me olhava veio até a mesa e me disse: - Dou lhe mil reais agora pra me acompanhar daqui até a noite. Eu perguntei: - Mas pra que? Ela disse: - Quero te conhecer na conversa. Então pensei: ---Será?? -Mas enfim vamos até sua mesa.  
Chegamos, lá as meninas já de maior idade, todas lindas, poucas roupas, uma me pergunta: - Tu mora no Atuba né? Eu disse que sim e fui conversando com a mulher. As meninas todas encantadas com o Ogro de simpatia e clareza no dizer, eu e ele conversamos sobre tudo e isso foi agradável. Chegou uma hora na conversa que a mulher tirou mil reais da bolsa, me deu e me disse que se eu quisesse ganhar muito mais, era pra eu ligar e ir fazer uma visita em sua mansão. Eu peguei seu cartão.
Passou uma semana eu e Ogro fomos ao Largo da Ordem e encontramos uma daquelas meninas que estava com a mulher que tinha me dado os mil reais, sentamos na mesma mesa, lá pela madrugada fomos levá-la na tal mansão, no Dodge Polara do Ogro que tocava essa musica.

Musica: Rhytm is a dance -Snap
Chegamos à mansão. Nem queriam abrir o portão quando viram o Polara, mas ai a Menina sai do carro cheirando a gasolina, um perfume que muitas meninas mais gostam.  Entramos e as meninas em volta aos bonitões bombados, e eu de calca rasgada, Adidas Marathon nos pés, peita branca e cabelo surfista, eu era mais feio que qualquer um ali, tinha músico bombado, modelo lutador, almofadinhas, todos com talentos, bem vestidos, cheirosos e bem penteados e Eu só precisei nascer. De repente vejo a mulher com um sorriso no rosto, eu educado e esperto a retribuí com um sorriso, ela gritou:!! - Segurança vai lá e paga três mil reais e de àquele Piá ali!! E ela me diz: - Isso é só por você ter entrado aqui. Nesse momento senti a maldade e a inveja na pele vinda da maioria ali. Eu na conversa com o Ogro e as meninas dominamos a churrasqueira e tomamos cerveja e meio de gole o Ogro qual eu havia ensinado tudo que aprendi sobre meninas. Ele até pegava mais que eu e nas ideias nada bobo conseguia entender as meninas. Passou pouco tempo, vieram duas gatas me buscar, fui apresentado a uma Paraguaia cheia do ouro que me ofereceu cinco mil, por uma noite, eu fui!!!  Era pobre cheio de dívidas, a calça rasgada, nem era estilo e sim a que tinha. Eu morava com minha mãe na Metropolitana da Capital e passávamos altos perrengues. Aceitei dar prazer por dinheiro, deixei a Paraguaia mais mole que a vida que ela levava.  Saímos quase amanhecendo, o Ogro para com seu Polara no sinaleiro, chegam uns playboys de Gol GTI rindo do Polora do Ogro, abre o sinal e morre o Polara o Ogro ficou verde, os Plays em vez de sair fora, ficaram se achando, tinha duas meninas muito gatas. Eu desci do Polara fui empurrá-lo, os plays se achando e as meninas que eles tentavam impressionar, me viram, se derreteram, tiraram o salto e vieram empurrar o Polara. Os piás saíram moendo com o Gol GTI, bravos e nós levamos as gatas de Polara, empurramos mais duas vezes até chegar na vila.. Tudo certo!

O tempo passou, comecei a ganhar muita “grana”, fazia o que queria, ia onde queria, me tornei um piá da noite Curitibana gostava mais do Studio 1250 e da Mustache. Me aperfeiçoei na dança sensual, fui convidado na mansão a ir pra outra em São Paulo capital. Fomos eu com meu inseparável amigo Ogro, só que agora de Puma GTB, um sonho dele que eu realizei, eu não tinha carro, levava minha vida na escondida, eu mentia um emprego que não tinha, colocava o básico em casa e o resto guardava.

Já na mansão em São Paulo, fui apresentado como o Piá do Sul, eu iria me apresentar em um palco, seria feito um leilão de vários piás e garotas. Quando chegou a minha vez escolhi essa musica,
começo a sensualizar, olhar sem vergonha, faço o contrário de todos, vou entre os patrões e patroas da grana e sensualizo, olho a olho, deixei que me tocassem, ali os lances foram lá pra cima, o Ogro só que ria, a mulher que havia me descoberto orgulhosa de seu Piá do Sul. Naquela noite entrei para o time dos profissionais do sexo anos 90, estava a nível nacional, viagens, apresentações em clubes de mulheres, fazia viagens por todo país para satisfazer as mulheres dos maiores figurões do país, conheci artistas, frequentei as melhores casas noturnas de todas as Capitais desse país, ao lado do "Ogro", rasgamos esse país em sua Puma GTB.
Chegou um momento, onde fiquei conhecido internacionalmente, turistas sexuais frequentavam essas mansões pessoas milionárias, famosas, mas a mulher que me descobriu não me vendia. Todas as meninas que foram pra fora do país, nunca mais ouvi falar, acredito que na maioria nem a família sabia delas. Eu tinha certa proteção da mulher que me descobriu, eu percebia que era a segunda coisa que ela mais gostava, primeiro vinha a "grana".

Passados já alguns anos e quanto mais postura de homem eu tinha mais atraia as mulheres e mais dinheiro eu ganhava, mas chegou um momento onde conheci em uma viagem, a Morena atendente de balcão em uma lanchonete no Rio de Janeiro e acabei por me encantar. Menti a ela sobre o que eu fazia. Comecei a deixar dos compromissos pra ir ao Rio de Janeiro
  
Musica: Alceu Valença - Dois animais
pra vê-la, que me enlouquecia, era tão humilde e simples, como eu podia não me apaixonar, não deseja-la todo instante, seu rosto é minha visão predileta, o som de sua voz a mais bela musica, seu corpo passeio de mão, de olhos fechados vejo ela, lá dentro as almas se tocam, o orgasmo vem no corpo, na mente no dizer dos lábios.

A mulher que me descobriu começou a me cobrar eu já “de saco cheio” a mandei a “merda” e ela em vingança, ordenou seus capangas a matar a Morena que eu havia me apaixonado. Aí começou a perseguição, a mulher queria que eu voltasse a fazer sexo por dinheiro, ameaçou minha mãe. Preocupado tirei minha mãe do Paraná, sai do país, fui para Espanha onde vivi por cinco anos trancado em um apartamento, vivia como um fugitivo e sem tocar uma mulher sequer. Eu tinha medo que mais meninas morressem. Acabei fechando meu coração e meu corpo em uma depressão.
Mas chegou uma hora que tive de me render, acabou a grana veio à fome e foi embora minha depressão. Conheci uma baiana e começamos a dançar em publico a troco de umas moedas, musicas brasileiras e a primeira foi essa.
Musica: Lambada -  Kaoma
Passado um tempo, tornamos famosos nas ruas da Espanha e a baiana me contou que tinha vindo atrás de sua irmã, que ela estava desconfiada que era escrava do sexo. Contei minha história a ela e decidi ajudá-la e assim fiz. Me infiltrei na noite da Espanha e conheci uma dona de mansão e em seu coração e corpo eu era só dela e ela minha. Eu sempre fui um bom ator, fazia com que as coisas seguissem ao meu desejo.
Já reconhecido por ser o Piá do Sul comecei a fazer shows nas mansões e clube de mulheres e dei de frente com a irmã da Baiana, reconhecendo-a pela sua mancha de nascença na bunda. Conversei com ela que me contou onde era seu cativeiro e pra quem trabalhava. Armei-me e os dias passaram. Criei uma confusão entre as senhoras do sexo, mudando meu talento de uma pra outra e com os dias dei um jeito de fazê-la esquecer o cofre aberto, chegando de pegada forte a fazendo sentir-se desejada, após amada e depois” fodida” que quando parei ela não se aguentou e os olhos fechou. Então roubei os passaportes de cinco brasileiras, tramei o dia da fuga e na cara de pau.

Vinte minutos para o embarque, os tiros da mansão, a força e começa uma perseguição. Eu em um Opel Kadett em uma direção agressiva e ao limite, duas BMW na minha cola, consigo chegar ao aeroporto, às meninas correm para o embarque, eu saco a pistola e atiro contra as BMW, logo chega a polícia, os seguranças da senhora do sexo fogem, eu sou detido e nessa confusão as meninas voltam ao Brasil e eu acabo sendo executado pela máfia do sexo. Me sentindo livre desse pesadelo que corta milênios que faz pessoas objetos de desejo, culpados por ou não, ainda existe escravidão e na memória vem o rosto da Morena que morreu por eu me apaixonar...

Musica: Belos e malditos - Capital inicial

19/04/2019

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Meu Ipê Florido - SamBennett (Video)

 Olho a exuberância natural do meu Ipê florido
vejo a natureza mostrando todo seu esplendor
Meu Ipê é singelo, glorioso e solitário
É um atrativo, gerando encantos
contrastando com a plantação.
Orgulhosa fico em ver seu vigor
que de uma sementinha
nasceste para alegrar a multidão.

~Samantha Bennett~
18/04/2019

Musica/Letra/tradução: Over the Rainbow & What a Wonderful World - Israel Kamakawiwo'ole


segunda-feira, 15 de abril de 2019

Matei meu Pai - Rodrigo 'cC'


África do Sul... Unamandla em seu lar de olhos fechados, vento ao rosto, sentindo sua espiritualidade a flor da pele, conectada à natureza, percebendo cada forma de vida. Seus olhos fechados a levava aonde ninguém mais ia, seu silêncio era seu guia, seus instintos bem vivos, tinha um dom quase instinto, o dom de filtro, trazendo para si a dor do outro.
Muito pequena precisou sair de sua tribo, todas as espécies de animais do Sul da África a olhava de perto, vivendo apenas com Impi seu pai, um astuto habilidoso com o corpo, que a amava que entendia que Unamandla era diferente de tudo e a todos, não se surpreendia quando as leoas deitavam a sua volta ou os elefantes brincavam com ela. Era o encanto em vida e como se já soubesse ainda criança, dizia ao seu pai que iria precisar ficar longe e que talvez nunca mais o visse, pois o seu destino era ajudar os filhos da mãe África que estão muito distantes e sofridos. Seu Pai se entristece com isso, mas o destino não falha.

Enquanto Impi sai buscar alimento para a pequena Unamandla, ela é capturada e segue em direção ao Brasil para ser vendida como escrava. Acorrentada sente a dor e a maldade em cada um naquele navio e segue em seu destino. Impi ao voltar para o seu lar, entende o que tinha acontecido e em choros se conforta ao saber que a filha tinha sua missão na vida e em seu melhor desejo por mais que triste, joga ao vento: -Você vai conseguir filha!!!

 Unamandla assustada com tanta covardia se assusta com os olhos e atitudes de crueldade qual ela nem sabia que existia. Em sua tribo de origem, o perigo era fazer parte do equilíbrio virando presa pra existir a vida que vem da morte, mas o sofrimento foi criado pelo humano, não vem da criação onde apenas a hierarquia precisa para que se entenda quem sim, quem não, quem nunca e o para sempre, que carrega no gene em qualquer espécie o melhor, possuir a sabedoria precisa para que se tenha êxito na vida, na defesa, no ataque, no que comer, aonde ir, por que ir. Estações que mudam a vida mudam junto, calor, frio, flores e frutos, que mudam, todos mudam, alimentação, comportamento, está gravado em todos os que a Criação desenhou: a vida, o destino vem individualizando, os caminhos nem são tão diferentes assim, por muitas nem precisamos sofrer. O exemplo faz situações parecidas, da para desviar o ruim da vida, da para olhar para o lado e aprender, sem dizer ou julgar e se preciso, abraçar mais, não dizer apenas observar e se sim, fazer e se não! Se afastar.

Enquanto isso no Brasil em uma oca... Pioca, nativa se agita em mais um sonho como pressentimento do que vem acontecendo de espiritualidade viva, também filtro, também sente a vida, sabe o que precisa fazer como se uma missão dada pela criação que tem seus escolhidos. Sai em partida sem dizer nada a ninguém com seu arco em direção ao mar, ela sabia o que faria, tinha visto no sonho e assim foi andando como se tivesse se vendo de cima, cada cena já vivida.

 Unamandla em solo Brasileiro acorrentada ao pesadelo de sofrer apenas por nascer, sente Pioca que vem em sua direção em uma trilha. Acorrentada Unamandla cansada cai de joelhos e no ato vem as chicotadas de imediato. O Covarde é atacado pelos cães que em fúria não paravam nem mesmo a tiros, todos os filhos na mãe África entenderam que ela era única, seu sorriso em meio a tanta dor era alivio, suas palavras em meio a tanta tristeza era riso, seu silêncio em meio à dor era energia.

Pioca há dias na mata sente a energia, o chamado de Unamandla a noite no mundo das almas chamado sonhos, as duas haviam interagindo em uma mesma missão e assim foi...
Já perto da Unamandla ela se deixa capturar e como se combinado a Pioca foi acorrentada a sua alma amiga.
Os dias passaram, foram vendidas em uma feira de escravos, seguiram a uma fazenda e ali conhecem o “demônio”. Ele vestia pele branca e assim que as vê, as separa, as alimenta, da banho, acolhe a cozinha da fazenda e assim passam os dias e mal elas sabiam que a pior coisa que podia acontecer naquele momento era nascer linda, eram as mais perseguidas, tomadas de suas famílias, estupradas, obrigadas a viver a pior das vidas, a tortura psicológica, física, a corrente, o tronco e quando não aguentavam mais a única ideia era o fim disso que nada tinha de vida, a morte do corpo era a liberdade da alma que não crescia, pois não sabia do amor apenas da dor.

Há dias da chegada do filho do “demônio” que vestia pele branca e que tratava sua mulher como qualquer uma, tinha maldade viva aos olhos, o filho, seu oposto, com ideia de igualdade o “demônio” de pele branca, tinha suas meninas, viviam machucadas, a tristeza nelas fazia morada, seus corpos, rostos lindos e sua pele marcada pela tirania do povo de alma cinza que não sabe o sentido da vida, veem o poder no que não os permite enxergar a ganância que lança na falsa impressão que o que vale na vida, brilha, se modela em dourado. Mas está errado, pois um erro de impressão leva a alma à escuridão que vem do fundo da terra como se fosse inevitável colher o que foi plantado.

 Unamandla e Pioca a espiritualidade em vida sentia as dores de seus povos e a maldade do “demônio” de pele branca.
Os dias seguiram o filho do “demônio” de pele branca com as cenas da fazenda, bebedeiras, estupros, escravidão, torturas, as vezes em que seu pai espancava ele e sua mãe.
Já crescido não vai conseguir engolir isso, é um ser de alma, não tem apreço, sua ganancia não tem preço, está com coragem de afrontar seu pai e assim vai ser.

Do outro lado da cena o “demônio” de pele branca, criando a cena para o filho com as duas ainda pequenas e indefesas, pagando o preço de nascerem lindas, mas ele estava enganado com as risadas de maldade dos senhores amigos de seu pai. A revolta nasce de um piá manso, mas de alma antiga, essas que tem missão na vida que de fato andam envolvidas no confronto não visto entre a bondade e a maldade, algo preciso vital ao equilíbrio. Dizem que os sábios não são apenas malvados ou apenas bonzinhos, a paz está no conforto caminhando no equilíbrio e para o bem. No chão algumas almas fazem sacrifício mesmo que o encontro com a morte seja seu único caminho.

A fazenda já perto...  Unamandla e Pioka conectadas com a cozinheira que as olhava com pena, elas nem percebiam, “pensava a cozinheira”, mas não!! Elas eram almas, viam à frente tinham instintos antigos, se enganava quem pensava que o negro e o índio que eram primitivos, pois estavam muito á frente, no entender, no sentir, no respeitar, no amar, no viver. Estavam no nível mais evoluído no ser que se pode, viviam em harmonia com a natureza tirando o preciso, acreditando no seu espírito, levando ele ao bom caminho sem se importar com o que tu tem, pois esse não é seu valor, se olham dentro, se conhecem no olhar até mesmo no caminhar, não mentem uns aos outros, pois não se contaminam, se preservam respeitam a terra, as vidas diversas, como as tribos hoje aqui reprimidas pela ganância na forma de moeda maldita.
A cozinheira conhecedora de muitas línguas que passaram ali naquela cozinha qual ela arrastava sua corrente, chega na fazenda o filho do “demônio” que veste pela branca e as meninas são preparadas, haverá festa no próximo dia, a cozinheira triste por ele ter voltado, pois a fazenda é um pedaço do inferno na terra e ele sempre foi muito humilhado pelo pai qual havia mandado pra Portugal resgatar os costumes, se colocar em seu lugar de branco, mas chegando lá ele conheceu uma alma perdida , uma estrangeira também cozinheira e ali conheceu o amor e que importa que é a crença do bem ,a igualdade, o direito de existir sendo quem seja, que o melhor vem do bem da paz da simpatia e educação, que por mais diferentes no seu jeito, nos é de direito ir e vir, viver sem julgar o que não, é tu que é o diferente e sim todos chegam.
A festa de comemoração pronta o Filho pergunta para a cozinheira e para mãe: - Vou ser obrigado a ser quem eu não sou? A Mãe diz:- Sim. Ele pergunta a ela:- A senhora está cansada? Ela diz:- Sim. Ele diz: - A partir de hoje, vamos viver entre meu céu e meu inferno, eu sou por todos. E assim foi indagado do que havia visto em Portugal ele responde: - Vii um lugar qual eu me nego a dizer, direi da África, fonte de nosso trabalho escravo, um povo livre ao mundo, vê a vida de seu primitivo, mas será que tem aqui também nesse Brasil o índio com sua espiritualidade e bondade que transborda, também primitivos e também fonte de trabalho e por que deixa-los viver como Deus fez quando criou o mundo. É porque nos sentimos como somos superiores e evoluídos??- Não!! Eu lhes digo, somos nós os primitivos que acorrentamos não os amamos ou os vemos como nós mesmos.
E no ato o “demônio” que veste branco, mandou que o levasse ao tronco e assim foi...
Virou gargalhada a senhores bêbados, agora com os olhos dos traumatizados escravos virados a ele tem a força precisa vinda de seu próprio sacrifício.

Dias se passaram ele na senzala, mas a cozinheira qual havia permitido Unamandla e Pioca conversarem e dizer de si, por conhecer muitas línguas e por ter a bondade natural e divina, pede para que as duas que se cuidem.

Passaram-se dois meses o filho retorna a casa da fazenda, mas agora com sangue nos olhos e coloca seu plano em prática, com muitas garruchas. Fora da fazenda a cozinheira as pega e traz para dentro de casa e da uma para cada menina que vai servir aos senhores dos horrores e o “demônio” que veste pele branca, seu Filho mesmo vai pegar e assim foi..  O circo e pão dos horrores acabam na hora da violência, da maldade nos olhos dos senhores dos horrores. As culpadas por nascerem lindas, em ira matam seus terroristas. O filho entra no quarto de seu pai o qual começa humilha-lo num tom irritante preciso, para se fazer isso, minha alma sacrifico, mas não vai ser em vão, muitas almas descansarão ao ver esse “demônio”  destruído. A verdade nos olhos do seu pai era covardia, um bosta e medo da morte que o carrega e após o último suspiro de ser morto por seu próprio filho que sem dó do pai, apenas de si mesmo, se preciso carregará esse peso, mas por outro lado com a certeza de que acabará ali. Da meia volta, da arma aos escravos que matam todos os carrascos que acompanhavam os senhores do horrores e recebem a liberdade. Foge junto com sua mãe, abandonando a fazenda sentido a liberdade.
Um lar pesado é igual âncora, não deixa que se esqueça não deixa que ande.

Já longe, dias antes da notícia no reino da matança da fazenda ele e sua mãe levam Pioca e Unamandla, todos os escravos foram para quilombos e para suas tribos indígenas. Eles fugiram para terras da Família de sua mãe qual foi obrigada ainda menina partir para que mantivesse a vida de sua família. Agora volta para nunca mais sentir na alma, no toque o inferno que é viver uma vida depressiva qual não é você que guia.. 
-Por Rodrigo 'cC'-
15/04/2019