quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Lua Vermelha - XX

A Lua Vermelha - '20'

Em seu passeio com a Menina em seu sonho por um deserto, vê o Velho Mago que transforma a cena em uma floresta densa e negra e se aproxima dizendo pro Mensageiro de um novo tempo de uma magia na terra ainda não vista e que essa era sua sina..

A sua Neta entra no sonho quase nua, em poucas roupas vermelhas vai chegando perto. O Mensageiro vai se rendendo, seu lado sombra vai o dominando e o lado luz apagando. A Menina trava um duelo, o Velho Mago reage com Sombras que tenta tocar a Sombra que é impedida pela luz da Menina ..

Chega a Encantadora de Camponesa. A Neta vira-se e começa a briga, uma com poder da luz e a outra escuridão. O Mensageiro vai reconhecendo a Encantadora que é cercada pela escuridão que tenta apagar sua luz. A Menina com o toque de seu dedo na mão do Velho Mago vai o devolvendo aos seus pesadelos e mal feito, em cenas que o tortura. Vem a chama e o leva pra dentro do chão.. 
A Encantadora cansada chama o Mensageiro no pensamento que a sente e da a energia que ela precisa pra vencer a magia da Neta, A Encantadora assim faz, tirando o poder da Neta e agora, frente a frente sem usar poder algum a Encantadora bate com vontade na Neta a aproxima-se do Mensageiro que a recebe com um sorriso e ela pede pra ele chegar logo e se cuidar pra ela...

O Mensageiro acorda com um beijo no rosto, a Neta com um sorriso, pois era o dia, seriam duas alegrias, ter o homem que havia a encantado e iria continuar a linhagem de maldade e bruxaria, pois era chegado o dia da noite da Lua Vermelha...

O Mensageiro livre do feitiço chega perto do Baio e é bem recebido. A Pintada toda faceira,  vem de brincadeira. O Mensageiro chega perto da Neta e vê a luz se batendo dentro dos olhos negros da Neta e entende que ela foi criada assim, não nasceu assim..

A Neta pergunta sobre o que ele sonhou e ele conta. Ela diz que também sonhou e pergunta da camponesa que ele defendeu, ele diz que aquela é o seu amor. E ela diz: -É muito poderoso esse amor. Tu se lembra de mim em outras vidas? Pergunta a Neta. Ele diz que sim .. 
Indignada a Neta pergunta: - Eu vou sempre acabar assim? Ele diz: O  meu amor é de alma, é eterno, sempre tem espinhos e mais de um caminho, mas no fim sempre há o reencontro, pois esse amor é sagrado e sempre tem uma mensagem contida a cada reencontro, a cada nova vida..

A Neta derrotada diz a ele, que essa noite ia ser de Lua Vermelha, que era noite de magia e que ele era um Mestiço. Tinha os dois poderes, o do bem e do mal, que ele não sobe ao céu, nem desce ao inferno, que ele descansa e volta logo a vida, que tinha muito conhecimento e poder em sua alma antiga..

Consciente que poderia matar anjos e demônios o Mensageiro continua sua conversa dizendo pra Neta: - Vai seguir seu caminho! Ela fica quieta sabe que ele pode destruir ela, sem mesmo a tocar. Ela sente medo, pois o Velho Mago morreu...
O Mensageiro pede que ela continue com esse novo jeito que não faça mais bruxarias. Ela em bom tom concorda. Ele pega o Baio e a Pintada e sai em sua jornada. Passa por um rapaz que o acena com a mão. A uns passos dali o rapaz cai nas garras da Neta e vira seu brinquedinho, dominado pelo seu feitiço...

Por Rodrigo 'cC'

O Porto Santo -XXI

O Porto Santo - 21

O Mensageiro já perto de casa, no Porto Santo, um lugar abençoado por si só, desde o tempo que era parada dos Índios. Mar de fartura, parada das Baleias que há tempos não apareciam. No pé dos picos fartura de bananeiras, entre outras fruteiras com uma energia boa. De fato um lugar Santo...

Caminhando encontra uma Moeda que Brilha, senta na praia olhando os navios, pensando sobre tudo que tinha passado, tentando entender tudo e o porquê do lado sombrio é tudo mais fácil e do lado claro que devia ser fácil é tão sofrido. Não achando um sentido, deixa pra lá, se lembrando da mensagem na passagem de Cristo, que usou sua vida pra dar sentido ao maior poder na terra, o amor em sacrifício... 

Chegando à uma taberna é seduzido pelo cheiro maravilhoso do tempero vindo da cozinha. Mais que ligeiro vai entrando e é recebido com um sorriso, por um casal respeitoso dizendo das delicias que serviria.. 

Já de banho tomado, de roupa trocada senta-se à mesa e se delicia. Parecia que não comia há dias mas o tempero era uma delicia, quando ele olha na porta uma Conhecida do vilarejo da Encantadora aproxima-se, senta-se e inicia uma conversa...
O Mensageiro pergunta da Encantadora, a Conhecida diz que ela tinha cansado de esperar e tinha ido embora com um Marinheiro, ali o Mensageiro perde o chão achando que pequeno era seu amor, que ela havia encontrado um amor maior...

Perdido sem rumo o Mensageiro bebendo um vinho, no pensamento um sofrimento que não o deixa em paz um segundo. Resolve fechar seu coração com a Encantadora dentro e sai pelo mundo com a pressa de quem quer chegar logo ao próprio fim... 

Largado sem destino, a vida sem sentido, acompanhado pelo pensamento na forma de veneno que vai entorpecendo como a mentira que tu acredita e entrega sua vida e se perde na decepção da falsa impressão.. 
O Mensageiro ali jogado aos trapos perdendo aquela luz natural que encantava foi se escondendo, fugindo do mundo, perdendo pelo caminho o amor próprio, a alegria, o sentido da vida, os dias iguais, vazios, nas noites intermináveis, duvidas levavam seu sono e sonho.Só olhava pra baixo estava tornando-se invisível... 

Andando, bravo com tudo, havia mudado se tornado estúpido, não via futuro, brigava com Deus gritava, chorava e o pensamento o consumia. Uns passos à frente vê uma Polaca com um Negro nas costas, chega perto e é recebido com um sorriso. O Mensageiro desce do Baio oferecendo á eles os cavalos e vão andando... 

Chega a noite, o Mensageiro que estava há dias mal se alimentando, pega umas frutas e um peixe, faz uma fogueira e fica ali olhando o fogo e o pensamento o corroendo... 
 A Polaca ao perceber sua dor começa contar a sua história, dizendo que a dez anos carregava seu amor nas costas,  andava vagando pelo mundo a procura da cura, pois seu amor foi parando de falar, de ouvir. Depois de um tempo também não enxergava, depois veio os movimentos ... 
O Mensageiro tocado, de novo briga com Deus, achando injusto a vida. Ela diz que mesmo injusto ela é grata por não ser pior, pois dor maior seria não ter mais ele em sua vida, diz ela ao Mensageiro sobre um outro tempo onde ele era vida.. 

Ali sentada dando de comer na boca de seu amor, a Polaca conta sobre o dia em que seu amor salvou sua vida. Ela era muito nova, estava tomando banho em um riacho quando foi cercada por dois rapazes senhores do seu amor que a atacaram tentando a violentar... 
Seu amor cansado de sofrer, com raiva do mundo, odiando a dor, reage aquilo, matando seus senhores. 

Grata  ela chega em sua casa contando a história. Seu pai acorrenta seu amor, recomeçando a tortura.. A Polaca chateada, pois onde tinha enfiado o seu amor que ofereceu sua vida a ela. Ali seu amor reconheceu a dor, a fome, a solidão e o medo. Já não estava na casa dos senhores e sim na senzala onde só por existir estava ali... 

Cansada da violência entendendo que era responsável pelo caminho de seu amor, pois ela o tinha levado até ali, dizendo que sua família seria grata. Mas não foi! O preconceito por ele ser negro foi o que imperou e nem perto eles a deixavam aproxima-se dele. Quando ela não aguentava mais tanta dor, resgatou seu amor. 

Os dias foram passando, foram felizes, fizeram muito das coisas que queriam e que a única coisa que dói nela,  não é carregar ele nas costas, mas saber do tempo perdido, na covardia de não ter tido atitude e deixar passar o tempo, de não ter salvado ele antes, pois a covardia foi maior que o tempo de alegria... 

O Mensageiro encantado como estivesse se resgatado, entendendo, sendo grato por não ter sido pior seu caminho, deixando de olhar para si. Volta a olhar vida como um todo, percebendo que não está morto, continua sua jornada voltando pro vilarejo da Encantadora de coração partido, com pensamentos mais calmo, aceitando seu destino...


-Por Rodrigo 'cC'-

Será? XXII

Será?  '22'

No pensamento do Mensageiro vêm as perguntas: 
“Será que devo me deixar tanto por alguém??” 
Isso poderia levar meus dias, numa incerteza, pois não há obrigações no amor, somos livres no sentimento, ela pode ter pensado assim, pois também somos livres no pensamento...

"Será que não a fiz  sofrer nessa jornada?? 
Pois nada fácil tem sido meus dias, tantos perigos, minha vida sempre em risco, ela me sente assim como a sinto, devo ter deixado ela cansada e fraca. Eu sei que ela ainda me sente, isso pode ser uma tortura.  ”Será que eu não permito mais ela me sentir??”...

"Será um castigo por uma promessa na inocência não cumprida??" 
"Será que o amor puro não vem daí? Uma fase de mais pureza onde se descobre juntos os corpos e os sentimentos,  pois depois de cansado e decepcionado em tentativas é mais difícil construir um amor puro,  penso eu...

"Será que não devo desfrutar desse meu encanto natural que atrai as mulheres??"
Tantas tentações em meu caminho, poderia ter ficado no Projeto na Musica, na Dança ou até mesmo meu passado. Minha inocência me esperou, pois ainda sou seu único e primeiro amor..

"Será que minha liberdade não é mais importante??"
Afinal pra que mais gostoso que ser livre, ir e vir sem compromisso, vivendo o que a vida vai oferecendo. Ficar bem louco, ir aventurar um pouco, aproveitar bem meu corpo ele pede”é né??..

"Será que viver esse sonho do veleiro solitário não é mais gostoso?? "
Sozinho, parando onde quero, dá até pra levar umas duas amigas e viver no vinho, ficar na paz, bem relaxadinho, fazer de mim um aventureiro e aproveitar a vida que passa rápido mesmo. Pra que mais gostoso que corpos em movimento, se deliciando, esquecer o mundo e desfrutar desses momentos, deixando o tempo mais lento: ”Confesso! Isso está me tentando” ... 

Será que deixar o passado longe não é mais seguro??"
Posso até encontrar alguém que me ame mais que ela mesma. Ai fica bom!! Não preciso me doar tanto, dá pra ir levando.... Precisa apenas ser uma mulher de fácil convivência, eu sou de boa mesmo..

"Será que ainda devo esperar algo de quem há tanto não vejo??"
Eu fui tentado, ela também pode ter sido. A deixei e fiquei na carência,  isso é pior coisa que eu podia ter feito.

“Será que mesmo sabendo o motivo da minha partida meu amor me deixaria??"
Está cruel essas duvidas, que vão corroendo sua consciência, deixando de lado a própria existência...
Como posso ficar bravo ou pensar algo que a diminua se ela pra mim sempre foi vida. Fechar ela em meu coração a respeitando por quem foi é o que eu quero,  o que aconteceu foi consequência da minha jornada,  a culpa é minha! Até mesmo da fraqueza dela... 

O Mensageiro segue cavalgando, falando pro Baio que estava bem com si pois tinha honrado seu amor e lutou pra reencontrá-la,  mas que jamais a diminuiria, pois na vida cada escolha muda a direção de sua vida e as dele o levaram a distância, mas foram precisas.

”Será que ela liga??"...
"Será que eu a desejar ela mais que tudo, não vou estar atrapalhando sua energia com a minha??" Pode ser que isso interfira, pois em tudo na terra há energia. Preciso passar a minha boa,  no desejo de quem ama muito, querendo o bem, mesmo não estando junto, abençoando seu futuro... 

"Será que eu vou ao vilarejo??"
-É!!! Eu vou sim!! Vou rever meus amigos,  tirar às duvidas, isso esta acabando comigo. Desejo mesmo resolver tudo isso, seja reencontrando meu amor ou vivendo sem ela, mas em paz e livre, cuidando de mim, pra que ela fique bem, pois esse amor é assim: ”Acho que esse amor gigante mora apenas em mim e eu fico me alugando”...

Olhando pro céu diz: - Pai essa é minha última luta, já não sou tão forte, já nem sei da minha razão, sei que estou sofrendo no pensamento, no corpo e no coração. Sei que minha jornada é difícil e não acredito que seja em vão, pois tem uma mensagem no motivo qual eu existo.

Olhando a frente vê um Piá e segue seu caminho, com um ar de quem vai bater de frente com o destino, pois o perigo o persegue por toda sua vida.  
Agora vai lutar pelo bem ou pelo mal, tratando os dois de igual pra igual e vai vencer o que o convencer... 

Por Rodrigo 'cC'

O Sonho - XXIII

O Sonho  '23'

Cavalgando sentido a Terra Alta depara-se com uma mata pequena de maioria Ipês e pinheiros, ao entrar na mata se impressiona  com a beleza; barbas de velho nos galhos, muitas bromélias, orquídeas, algumas Palmeiras um lugar de paz. As sinfonias das diversas, sabiás, beijas flores de todas as cores...

 No centro da mata uma gigante Figueira onde a vida era fartura nos galhos os bugios,  jacus, serelepes, no chão pacas, cotias e saracuras, a terra virada pelos queixadas. Toda a vida ali não  incomodavam-se com o Mensageiro, o baio e a pintada pastando nos campos envolta da mata onde gritavam o perdiz, as codornas, as lebres e veados em abundâncias,  onde o canto era do tiziu, do Coleira e o sangue de boi, colorindo o campo, entre outros passarinhos um lugar divino...

O Mensageiro cansado de tudo, muito confuso olhando aquelas belezas, o pensamento corroendo dúvidas cruéis sobre si, sobre a Encantadora. Já não sabia se bem ou mal a ela ele fazia, muito zonzo com tudo, olha à frente e vê uma Luz, que gira lentamente vindo em sua direção. .. Ao se aproximar a Luz, o Mensageiro vê uma menina, Olhos de Céu e Cabelos  por de Sol com um lindo sorriso, dizendo pra que ficasse calmo e ele encantado por ela, retribui o sorriso, ela o tocou no centro da testa com o dedo e disse: - Eu vim cuidar de você, pois esta muito fraco e confuso e o Mensageiro foi  adormecendo...

Em seu sono de respiração muito baixa, Olhos de Céu o acompanha em uma caminhada em um campo, lá na frente ele vê uma casa de pedra um telhado de palha e vem de lá correndo um menino, ele vai em disparada em sua direção e chegando perto ele vê um Piá de sorriso grandão que voou em seu colo...
Naquele momento ele se delicia ao olhar, vindo a Encantadora de Camponesa, toda linda dizendo:  -Nossa história não tem fim, acredite!! Esses são nossos filhos que também nos acompanham ao longo de nossas vidas, aquela é Olhos de Céu e esse é o Sorriso...
Ali vai embora a falsa impressão deixada pela Conhecida que dizia sobre o Marinheiro. Uma mentira pode virar veneno em um momento onde os dias são de sofrimentos, a cabeça fica perdida em muitos pensamentos que jamais seriam levados a sérios se fossem em outro momento, pois uma cabeça e um coração sofrendo são de fácil acesso ao veneno...

Ali relembrando de como é bom, se ele pode viver esses amores e reencontros ao longo dos tempos,  novas histórias, novos tempos e ir aprendendo, evoluindo a alma pra um momento de descanso pleno, ou um outro lugar quem sabe de anjo ou quem sabe um dia em uma história contada, pois as vezes parece que o segredo da vida é a morte mesmo...

Ali olhando o Sorriso, um Piá divertido, companheiro, grudado nele. A Encantadora o chama pra entrar, está  anoitecendo diz ela: - Vamos jantar, eu sabia que tu vinha e estava fazendo codornas,  eu sei que você ama. Os quatro na mesa interagindo, muita alegria, muitos sorrisos, Olhos de Céu encantada,  pois de novo colocava seu pai no sentido...

Já tarde as crianças dormindo o Mensageiro pega pela mão sua amada, leva ela pra fora da casa ,com olhar maroto, a lua sorrindo, um olho no olho,  um beijo contido, a respiração em alta, uns gemidos, a mão do Mensageiro em um passeio vai despindo sua amada que enlouquece de desejo. O Mensageiro dá um passo atrás, se deliciando com a cena de como é linda sua amada... 

Olhando no olho, ele a toma em seus braços, com um beijo a deitando, vai passeando em seu corpo, com sua boca e ela em gemidos, segura forte suas mãos, surrando palavras de amor que vão acariciando seu coração. O Mensageiro vai subindo o corpo da Encantadora, passeando em cada curva, com sua mão e sua boca... 

Chegando o olho no olho,  um beijo e os corpos se unem e começam  a energia viva, capaz de gerar vida em corpos distintos, unidos em prazer e gemidos, palavras gostosas ao ouvido indo ao mais selvagem desejo contido. É a loucura gostosa que mantém o fogo aceso. As horas vão passando, se amam de todo jeito, falam e gritam esse amor ...

Amanhecendo o Mensageiro vai despertado, o Baio lambendo sua cara, seu corpo relaxado, uma preguiça gostosa, vontade de ficar ali deitado,  quando ele percebe um barulho vem chegando um bando de queixada, tudo bravo, mais que rápido ele vai pro lombo do Baio num risco e volta a sua Jornada...

Por Rodrigo 'cC'

No Cume - XXIV

No Cume - '24'

Empolgado com sonho, pois nada tão lindo tinha acontecido nesse caminho de espinhos. Volta a si o Mensageiro se reencontrando em seu pensamento, totalmente livre dos venenos que nesses tempos entre o perigo da libido e do inimigo trouxeram, transformado em medo, mas a vida é de momentos e de volta, estão vivos os seus sonhos lá do começo, quando vivia e não sobrevivia, de olhar de novo nos olhos da Encantadora, fazer seu Veleiro, sair sem destino e viver esse amor que se fez forte no sacrifício... 

Cavalgando nos campos de natureza farta, apreciando esse novo mundo tão lindo e puro, seu povo não serve a Reis, mas também são explorados por eles, sua crença é a Mãe Natureza. Veem a vida com beleza, tendo certeza que a alma precisa estar na pureza. Na pele pinturas, poucas vestimentas e muitas penas. O último povo na terra ainda puro, até a chegada do velho mundo e muda tudo trazendo a má fé, a ganância entre outros absurdos... 

À frente reconhece o Cume onde subia com a Encantadora, a Graciosa e seu amigo Arpoador. Que saudade sentia, do tempo de jovem, onde parecia estar passeando pela vida, praia, musica, diversão e alegria, mas amadurece-se, vai embora a inocência, as brincadeiras, vem a adolescência, tempo de adrenalina e logo chega a idade e vem a responsabilidade cercada de dificuldades... 
Chegando ao Cume avista os navios no mar, a vila na praia. De repente ele sente uma sensação ruim, olha pra trás e vê o Arpoador,  mas não da atenção, apenas faz um desejo a Deus que acompanhe seu amigo. Ali no Cume lembra-se de uma floresta de árvores pequenas carregadas de vidas, em seus galhos muitas orquídeas e folhagens um lugar lindo... 

A Encantadora em seu lar, cuidando do seu pomar e jardim que construiu com os mimos do Mensageiro que sempre saia e voltava ligeiro. Na esperança do retorno de seu amado que a meses tinha saído e ela apenas tinha o sentido, mas não sabia se estava indo ou vindo, isso a torturava, pois ela mais que si o amava, ele a tinha tornado encantada, mas ela sabia que ele estava vivo... 

A Graciosa a dias ansiosa, como se assustada com o que tinha lido no abraço do Arpoador que também tinha partido à meses. Ela tentando entender o que seria isso de ela ver antes de acontecer e ela sabia que ele ia atrás da lenda da Menina Pequena e do protetor das geleiras, pois em suas últimas palavras, falava com verdade nos olhos como se também soubesse que se despedia e que aquele abraço seria o último em seu amor pra nunca mais ser visto... 
Nervosa a Graciosa vai até a casa da Encantadora de coração apertado contando sobre esse Don Proibido que ultimamente quando tocava ás pessoas, as almas que iam partir, ela sentia e que estava assustada, pois ao abraçar o Arpoador, ela leu sua despedida, sentindo algo tão bom e perigoso naquele abraço, que deu vontade de não soltar mais e viver ali. Mas esse Don da cura precisa de um sacrifício: Ter um coração puro, uma mente limpa e o amor entre um homem e uma mulher ás vezes deixa tudo turvo...  

A Encantadora diz: - O Arpoador sempre respeitou e nós duas sabemos desse amor dele por você, mesmo sem ele nunca ter lhe dito, ele vive só até hoje, guardando o amor dele pra você.
Diz a Graciosa: - Eu sei, mas meu amor é por todos, dedico minha vida a ajudar o próximo. Minha alma veio pra cumprir essa missão, mas eu penso em parar, eu não quero saber nada do que vai acontecer com as pessoas, pois eu amo todas...
Diz a Encantadora: - Estou com saudade do meu Mensageiro! Eu não devia ter dito pra ele ir, ele não queria! Mas eu insisti e agora estou aqui sozinha e ele por ai. É difícil isso de sentir, às vezes é bom em outras dói, é como se nossas almas fossem ligadas.
Diz a Graciosa: - Esse amor é eterno, é um amor entre almas, tem pureza, nada o corrompe, nem mesmo a riqueza, nem a tentação, nem mesmo a maldição!... 

Sentado, relaxando, fumando seu cachimbo bem na paz, olhando seu destino, de coração aliviado fala pra Deus: - Eu sei que o mal está no chão e anda entre nós, eu consigo distinguir hoje o que é de Deus  e o que é do Homem,  o que é do Mal. Não gosto da Moeda que Brilha! Invenção do Mal, dada aos homens pra desviar o real sentido da vida trazendo diferença entre nós e acredito que o Senhor não intervém no mal que causa tudo isso, pois assim separa os bons dos ruins. Vejo a guerra e tudo que gira em torno da Moeda que Brilha, tenho medo do que essa maldição do velho mundo possa vir a fazer no novo mundo e eu te agradeço essa vida difícil, pois assim me conheci melhor e evolui. Sei que o Senhor é gigante e está em tudo eu te vi de várias maneiras em minha jornada, entre outros povos, outras crenças. O Mensageiro levanta-se e desce do Cume sentido seu lar...

-Por Rodrigo 'cC'-

Chegando - XXV

Chegando - '25'

Vindo no lombo do Baio, é recebido por um dos marinheiros do navio do Arpoador dizendo: -Voltou maloqueiro! Chega aí! Me de um abraço. O Mensageiro mais que ligeiro entra no abraço de carinho de seu velho amigo do Vilarejo e pergunta do Arpoador e é recebida a pergunta com uma lágrima no olho... O Mensageiro entristecendo, pois tinha visto seu amigo. Pergunta o que aconteceu e o Marinheiro conta sobre a lenda da Pequena Menina em que o Arpoador desafiou o Protetor da Geleira matando-o e morrendo junto, parecia que ele queria isso, passamos a noite bebendo e ele dizia que a vida não era mais pra ele...

Me conte mais disse o Mensageiro, o Marinheiro começou a falar que após morrer a Pequena Menina, os tubarões começaram a atacar o Baleeiro. Eram muitos golpes, as baleias começaram a se aproximar, nem tínhamos armas e homens suficientes pra se defender, estávamos perdidos. O Baleeiro estava entrando muita água,  éramos prezas fáceis... As geleiras começaram soltar pedras gigantes de gelo, as ondas cresceram e nós ali vendo a morte. O Baleeiro quase submerso, surge do fundo uma gigante baleia Branca e uma Luz verde clara. Era a Pequena menina, os tubarões pararam o ataque, as Baleias todas envolta a Pequena Menina pede pra todos subirem na Baleia, na mesma hora subimos todos... 

A gigante Baleia Branca nada em direção a margem e a Pequena Menina diz: -Eu não morri, eu viro o Polvo, eu protegerei as Baleias, mas não serei uma sobra e sim uma Luz Verde. Estou voltando pro mar minha casa, nasci menina mas morri luz. Voltem pra suas casas também, cumpram sua missão...
O Malvado, um dos marinheiro do Baleeiro amigo de infância, assim como todos ali diz: -Minha missão é defender as Baleias, a loucura de meu irmão meu amigo Arpoador não vai ser em vão vou doar minha vida nessa razão!! E todos em um grito de guerra decidem o mesmo caminho...

A Pequena Menina sabia que precisaria da ajuda que guerreiros, seriam bem vindos dizendo: 
--Tem um navio sozinho aqui perto, vou levar vocês lá. Voltem a seus lugares e tragam seus amorés, existe uma cidade antiga na fenda entre o gelo e a terra, vivam ali, acendam a fogueira sempre que verem perigo. Existe no ponto mais alto um lugar próprio...
Chegamos ontem e vamos voltar nossas namoradas e mulheres estão de acordo diz o Marinheiro. O Mensageiro diz:  --Assim eu vou doar um navio, perguntando: _Tu viu o Comerciante? O Marinheiro disse: -Ele está ali na peixaria. Mais que rápido o Mensageiro vai à peixaria dizendo ao Comerciante: - Tu quer ainda minhas terras?? O Comerciante empolgado diz que sim. 
O mensageiro responde: - Eu quero um navio e dois casais dessas espécies, sementes e essas ferramentas que estão aqui na lista. O Comerciante aceita..

Ao se virar, dá de frente com o Padre, um homem bondoso, o Mensageiro diz: - O o senhor não tem nenhum Jovem pronto pra mandar junto com esses marinheiros e família? O padre responde: -Tenho sim filho. Diz o Mensageiro: - Que bom!! Vou providenciar o que a Igreja vai precisar. O Comerciante diz assim: - Deixa Mensageiro, eu vou fazer isso! Grato fica o Padre com um bondoso sorriso de agradecido...

No Pensamento fica o Mensageiro sobre como ia dizer isso, para a Graciosa e a Encantadora que estavam no Vilarejo, que dava horas de viagem e sai em direção a casa do Armeiro, que lhe devia a tempos umas Moedas que Brilha para pegar armas e barris de pólvora pra essa Vila que se formaria. O pedido do Mensageiro era que o nome da vila fosse Graciosa, onde se protegeriam as Baleias dando sentido a morte de seu amigo aventureiro que amou tanto e não viveu o amor...
O navio que ele doou se chamaria Arpoador e na bandeira ele mandou bordar um coração cercado de alecrim dourado, simbolizando o amor e a cura vinda da Graciosa, o amor de seu amigo, sua eterna amiga.

Com tudo acertado em uma semana sai os navios. O Mensageiro deseja boa fé e paz em seus caminhos e vai seguindo sentido ao seu reencontro de um amor quase impossível que a tempo o mantém vivo...

-Por Rodrigo'cC'-

A Luz - XXVI


A Luz - '26'

Caminhando,  seguido pelos passos do Baio e a Pintada, com a Encantadora no sentimento,  nos olhos as cenas se formavam, pois onde olhava via os quatro eternos amigos,  as bagunças, o som das músicas, as risadas, as fogueiras.
Óh Lua quantas vezes tua luz de testemunha da promessa de boa fé de que quando acabasse a vida iríamos esperar pra voltar todos juntos,  pois se tem algo abençoado é o bom amigo verdade...

Alguns passos à frente a Pintada em disparada, vai sentido a cachoeira, mais que rápido o Mensageiro sai correndo, saltando sobre a anca do Baio e sai na corrida, na ‘cola’ da Pintada seu coração acelera, uma sensação gostosa. Ele desce do lombo do Baio, se aproxima e vê uma menina com uma flor na mão. 
Abre um sorriso e a Menina diz: Tudo bem?? 
Ele diz: Que sim!! 
Diz ela: Foi difícil?? 
Diz ele: Por muitas achei que não conseguiria... 
Diz ela: Sabe quem sou?? 
Diz ele: Meu Anjo! 
Ela sorri e diz: Força maior que a minha e a sua juntas,  foi a de seu Amor pela a Encantadora. O amor é muito poderoso. 
Ele responde:  É! Eu não sabia da força que eu tinha, até eu precisar me sacrificar, lutar pra voltar aqui onde tudo começou. Tantas lembranças. Preciso dizer à Graciosa sobre o Arpoador. Meu Amor tão perto, tantos sentimentos juntos, suga demais a vida, preciso de um pouco de paz, e ela está a passos de mim. Meu amor, minha vida, meu lar, meus simples afazeres, que delícia!! Que delícia!! Que delícia!! 
A menina sorri com uma lágrima nos olhos,  pois sabia que estava chegando a hora de descer à vida, pois por um momento cuidou desse amor e agora esse amor aqui na terra a cuidaria...

Cansado ele vai pescar. A noite chegando precisa se alimentar não só o corpo, mas também seu espírito, pois está muito sofrido, atacado por todos os lados nesses dias difíceis que tem sido amar. Se sentir vivo é difícil, mas é preciso.  Quando se é alma absorve muito mais dos que vivem pra Moeda que Brilha, é difícil ter sensibilidade nos olhos, ouvidos e jeito de ver e levar a vida. É difícil combater o inimigo, a tentação e a fraqueza...

Volta o Mensageiro com a madeira e o peixe, a Menina deitada sobre a Pintada, a Lua sorrindo, a fogueira acesa,  uma energia boa. O Mensageiro adormece, inicia-se a viagem espiritual. Já fora de si, vai a um lugar único, tão íntimo, que poucos se permitem. É o de julgar a si mesmo permitindo-se aceitar o que realmente é, o que realmente ver  para que serve, para que veio. Se é alguém ou se não é nada, se é bom ou ruim, sombra ou luz, dia ou noite, vida ou morte, azar ou sorte, e a Menina ali o iluminando garantindo sua volta com a real consciência do que é do que quer...

Amanhece, o Mensageiro acorda.  A Menina tinha partido. Uma sensação gostosa. Ele todo largado olhando o céu, desenhado um anjo na areia. A Menina no pensamento, a Encantadora no coração, o bom caminho na razão, uma vontade de não fazer nada, tudo tão perfeito que não dá vontade de mexer, ha tantos e tantos dias a vida batia, tudo dando errado, tipo fase maldita. Agora ali paz, alegria, há um passo de seu amor, sua força na luta e nos momentos só é também de dor, sorrindo, chorando, tudo junto o desejo do amanhã com a alegria, do ontem onde ela se fez vida e viva pra todo sempre com a força do amor de almas que de tão abençoado. Que pra uns é pura fantasia...

Levanta todo preguiçoso, entra na cachoeira e ali fica largado, deixando lavar até a alma, sem pensamentos, apenas quieto, sentido- se vivo. Aos olhos, a cena de namoro e brincadeira do Baio e a Pintada, amigos de caminhada nessa difícil jornada. Já animado coloca seu melhor pano, agradece seu anjo, conversa com Deus e sai em direção à sua amiga Graciosa com uma dor no coração, saudade de seu amigo, seu irmão Arpoador que tanto lê, trouxe alegrias, hoje trás a dor da perda e a alegria da boa saudade...

Por Rodrigo 'cC'