De repente tudo vai ficando tão simples que assusta.
A gente vai perdendo algumas necessidades,
antes fundamentais e que hoje chegam a ser insignificantes.
Vai reduzindo a bagagem e deixando na mala apenas
as cenas e pessoas que valem a pena.
As opiniões dos outros são unicamente dos outros,
e mesmo que sejam sobre nós,
não têm a mínima importância. Nada vai mudar.
De repente passamos a valorizar
o que tem valor de verdade,
e a amar de forma diferente de todas já vividas.
De repente vamos abrindo mão das certezas,
pois com o tempo já não temos mais certeza de nada.
E de repente isso não faz a menor falta,
pois o que nos resta é ser apenas feliz.
Percebemos que o hoje é apenas agora,
e nada, absolutamente nada além disso.
Paramos de julgar,
pois já não existe certo ou errado,
mas sim a vida que cada um escolheu experimentar.
De repente não existe pecado,
mas sim ponto de vista.
O improvável passa a ser regra.
O extremo passa a ser meio termo,
pois no dia a dia percebemos que nada é exato,
e tudo chega a ser inconstante demais
para ser determinante ou absoluto.
De repente o inverso vira verso.
Por fim entendemos que tudo que importa
é ter paz e sossego.
É viver sem medo,
e simplesmente fazer algo
que alegra o coração naquele momento.
É ter fé.
E só.
De repente a saudade se torna um sentimento devastador
e descobrimos que o coração fala mais alto,
então este sentimento único e profundo
fica acima de qualquer razão.
De repente tentamos compreender
sentimentos, jamais compreensíveis
aos olhos de outras pessoas.
Descobrimos o verdadeiro valor da verdade
e com ela chega a plena certeza de que ter
dignidade, transparência e retidão de caráter
são qualidades obrigatórias
para se viver bem com os outros, com o mundo e,
principalmente, consigo mesmo.
De repente descobrimos
que os planos traçados e escolhidos por nós
são unicamente nossos,
pois de repente, em meio aos nossos planos,
chegam as escolhas de Deus.
(Enviado pela jornalista: Elaine Matos)