Há dias com fome, sem talento natural. Eu vivia na rua roubar
eu não sabia, meus olhos pedia, minha mão eu estendia, havia tortura no som do
pacote de salgadinho, um calor, um dia eu mato ele com um simples sorvetinho..
Sentado abaixo da marquise já tonto e fraco olhei à frente,
uma mão estendida, era um pacote de leite, eu fraco trouxe à boca e com calma
na respiração fui me alimentando, forte ficando. Essa mão estendida levantou-me e ao passar os olhos, todos me viam. Que
alegria! Saí andando muito vivo, já não havia perigo, nem fome ou preconceito.
Na televisão atrás da vitrine, um balão mágico, muita alegria crianças tão
vivas...
Ao sair cantarolando a alegria, crianças brincando o mundo
sem guerra, a gentileza solta, os velhos da marquise sorrindo, dignos e felizes,
nem os cães viravam as latas, os pombos já não pediam nas praças...
Olhando pra minha mão o pacote de leite e cada vez que o trazia na boca menos
fome, dor e melhor me sentia, ao
perceber na mão, um sorvete existia. Hoje seria o dia que meu sonho
realizaria...
Vou em busca da minha família. Saí disparado que era só alegria, mas pra onde eu iria? Se nem de onde eu tinha vindo sabia... Mas nada me impediria. Na minha mão o pacote de leite... Fui buscar minha família, entre a fantasia, pela avenida colorida. Tropeço. Meu pacote de leite cai a frente, cego vou até ele. Nem deu tempo, o grito do pneu me assustou, fechei os olhos pensei em Deus...
Vou em busca da minha família. Saí disparado que era só alegria, mas pra onde eu iria? Se nem de onde eu tinha vindo sabia... Mas nada me impediria. Na minha mão o pacote de leite... Fui buscar minha família, entre a fantasia, pela avenida colorida. Tropeço. Meu pacote de leite cai a frente, cego vou até ele. Nem deu tempo, o grito do pneu me assustou, fechei os olhos pensei em Deus...
Abri os olhos, um homem de preto me olhando, um frio já não
sentia o sopro da vida em meus pulmões, quando me vem o alívio, o respiro, olho
ao lado uma moça de branco com uma luz incrível, dizendo: ele não tem culpa,
vai vir comigo o homem de preto me saúda com respeito e vai desaparecendo... Eu
aliviado, me sentindo muito bem digo: Moça preciso ir. Hoje vou encontrar minha
família, ela com um sorriso diz: -Vai sim. Ele se diz feliz, dando a moça o
mais alegre sorriso e o abraço mais apertado dizendo: Eu não lembrava mais o
que era um abraço.., A moça o olha abismada. Ele dizendo que não se lembra de
ter se sentindo tão protegido. A moça o acalma tocando seu rosto e é
instantânea, já não há lembranças do que tinha acontecido, uma leve sonolência.
Comecei a caminhar em lugar igual a terra, só que sem prédios, carros, aviões,
tudo tão lindo e puro tipo paraíso... Um campo à frente, pessoas conversando, crianças brincando, lá no
canto um jovem casal que ao se virar me tocou a alegria. Conforme eu fui
chegando, me veio a lembrança da noite do assalto, no qual perderam suas vidas,
meu pai covardemente e minha mãe se atirando sobre meu pequeno corpo, protegendo-me
com a vida. Num pensamento a Deus pede não me deixa saber como vim aqui. Realizou
meu sonho da vida, hoje aqui eu sou grato e abençoado por saber que não fui
abandonado...
Por Rodrigo 'cC'
24/02/2018