segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

As coisas mais leves


"No fim tu hás de ver 
que as coisas mais leves 
são as únicas que o vento 
não conseguiu levar:
um estribilho antigo,
um carinho no momento preciso,
o folhear de um livro de poemas,
o cheiro que tinha um dia o próprio vento. 

-Mario Quintana

sábado, 15 de dezembro de 2018

A Imigrante - Rodrigo 'cC'

A Imigrante
(Por Rodrigo 'cC)

  Polônia 1918. 
 -Filha vem! Vamos ajudar o pai. Sua mãe adorava essas flores. Vamos conservar as sementes e levar à frente, pois a semente é a herança..
-Papai como a mãe era no seu jeito?   Pareço com ela no meu ser?? 
-Rsrsrs - Sim minha pequena!!!  – Responde o pai  – 
-Grã vem aqui seu pulguento – disse o pai – 
- Aí seu arteiro, passou a noite fora de casa né? Está com cara de culpado!!   Agora vá! Vá e me traga as vacas, que eu preciso ir à Capital levar algo muito valioso, é tu que fará minha segurança  – sai em disparada em latidos o Grã seu único amigo – 
-Filha senta aqui e só escuta o papai.  – A Pequena segura sua boneca de pano, senta-se e o pai lhe diz: – que na vida tudo que ele não sabe é como ser mãe, mas que ele ensina tudo que sabe de homens, pois eles são o que há de pior no mundo..
-Filha seja educada com todos  –  continua o pai – seja conhecida de todos, mas seja sua amiga, a aproximação muito grande trás uma liberdade que pode não ser tão boa assim. É bom não falar de sua vida pessoal, para que não se tenham muito a dizerem de ti e assim tu se protege do mal, da inveja que não se pode ver..
-Cristo, filho do Deus da sua mãe, – prossegue o pai – foi morto na traição, e da traição ninguém se livra. Assim dizia ela. O que eu posso te dar de herança da sua mãe é a fé em Deus. Eu não o conhecia, nasci em outro ambiente, minha visão das coisas e do mundo são mais primitivas.
- Filha vem!  Vou lhe ensinar como funciona tudo, como e para que serve cada coisa aqui.  – como se não prestasse a atenção, não lhe escapava uma sequer palavra, seus olhos já haviam gravado o dia a dia de trabalho. Nada lhe era segredo. Moravam sós e o seu próprio lar era seu parque seu mundo seu abrigo .

A Pequena Glapinska em risos com a bagunça e latidos do arteiro Grã e as vacas teimosas, seu pai atencioso, pois longe de tudo e de todos, vive uma vida serena. Conta de como era feliz, ativo e muito vivo antes da partida da mãe da pequena que curiosa pergunta: 
- Mas para onde foi a mãe? – o pai sem saber direito sobre a fé cristã, entrega à pequena a Bíblia que pertencia a sua mãe e diz:
- Minha pequena, leia com toda sua fé e amor, não tire duvidas comigo,  pois sou de uma fé mais antiga que a Cristã.
- Então filha. – diz o pai – Ai vai dizer para onde sua Mãe foi. – A pequena com o sorriso do tamanho do mundo corre para área na casa velha..
Chega a casa a incrível vizinha Aurek,  uns anos mais velha  – ela vai ficar comigo, pois papai irá à capital negociar o seu bem mais precioso. O bom e velho queijo que acompanha os seus há muito tempo. O tempero é um segredo de família. –  Eu presto atenção em tudo, tenho pouco a olhar. –  Amo quando a vizinha Aurek vem ficar comigo,  é divertido, fico sabendo de como é o mundo fora da fazenda  –  eu gosto muito dela, é boazinha, me ensina das letras, ela diz que toca piano, eu nem sei o que é um piano, mas um dia vou ouvir um.
Após esse gostoso pensamento, envolto a sentimento de quem é amiga, com sorriso até nos olhos, um abraço de saudade limpa contida na pequena que é enfeitada com as belas palavras da doce vizinha Aurek de coração limpo, sabe o quão grandioso é o dom do ensino. Com a energia a flor da pele as duas de mãos dadas, vão ao quarto. Um presente!! Um belo vestido à pequena Glapinska, com sorriso nos olhos, uma simples lágrima dizia mais que todas as palavras, a gratidão dita sem palavras, no conforto do abraço de quem diz: – muito obrigada por existir.. 

Tantas palavras novas, as histórias do piano, o sentimento que transparecia, tocava a pequena Glapinska e encantava os olhos do seu pai, que tudo que deseja para sua filha é uma boa vida, com todos os momentos possíveis de alegrias, pois assim seu coração machucado pela perda do amor que o castiga todo dia, conforta-se no sorriso da sua pequena que irradia como a luz do dia, que reflete em seus olhos cor de mel, seu sonho para um dia qual não serão segredos as letras quais vão lhe dizer de Deus, para onde sua mãe foi em sua chegada. A pequena sedenta por vida, pelo sentido de ser senhora de seu destino. Um sentido que se sente aprender a fé no que não se vê. 
A vizinha Aurek, toda extrovertida em brincadeiras com as letras ensina a pequena Glapinska o sentido de cada uma, como formar as palavras e interpretá-las. A pequena se encanta e encanta com a expressão de alegria, diz da musica, fala do piano, diz que sonha tanto, longe de tudo e de todos na vida rustica da fazenda, entende de tudo, diz que ali faz e sabe como fazer cada trabalho. Crescendo aos olhos do calmo pai, ficou fácil sentir a vida, o mundo a sua volta, mas sua adrenalina grita ao desconhecido..

O Pai na capital fica sabendo da guerra e entra em desespero, está perto, não há tempo e volta mais que correndo acompanhado de Grã seu leal amigo. Os cavalos correndo muito mesmo, como se a vida fosse um momento, sem medo o homem pacifico sereno torna-se gigante na ideia de que protegerá sua pequena com sua vida como sacrifício. O amor é invencível. Os cavalos em alta velocidade, a roda da carroça quebra. Um acidente, mas com o instinto a flor da pele, nem percebe seu grave ferimento e do jeito que cai, levanta. Assovia!  –  Seu cavalo ileso, volta e dispara sem olhar para trás, seguem em direção da fazenda..

Na fazenda as duas unidas no dom da vizinha Aurek de direcionar a vida, mostra para menina Glapinska o quão grande é o mundo e conta que vai embora no outro dia para um lugar chamado Paraná no Brasil.  A menina triste, curiosa pergunta:  O que é esse Brasil?  – a vizinha na mais bela feição de alegria diz:
-É a mãe gentil. – A Pequena de bíblia na mão diz:  
-Ela é mãe para todos? –  a vizinha Aurek diz: 
 -Sim!  – e a Pequena Glapinska responde sorrindo:
- Sim! Sim. –  A Pequena muito "cabreira" diz: 
- Será que ela poderia ser minha mãe? Eu nunca tive uma, mas se tiver eu serei um orgulho a ela. – A vizinha se encanta, e explica que a mãe gentil é um país no mundo novo que de braços abertos entende que todos os humanos são um só povo. 
-Vamos todos pela manhã   – diz Aurek  –  e eu vim me despedir.  – a pequena em lágrimas, não diz, apenas sente e abraça como se não houvesse palavras que confortasse..

Seu pai em disparada, já perto da fazenda sente seu ferimento, equilibra-se e foca em sua filha. Ao chegar na fazenda, se depara com a cena mais linda!  –  as duas tão ligadas como mãe e filha  – a maior idade da vizinha não a livra de ainda ser uma menininha. O pai com um sorriso, a guerra no pensamento, cai do cavalo e elas correm para o socorrer, mas já não há o que fazer e a pequena sem palavras, apenas o próprio desespero contido num silêncio, aonde a maior expressão vem aos olhos que teme nunca mais ter seu pai para ver o sentimento único. 
O Pai ao entender que a vida se ia, abraçado pela pequena Glapinska,  olha para a vizinha Aurek, com olhar sorrindo que diz tudo. A Pequena que anseia o abrigo perdido, o colo do pai o lugar mais protegido. A vizinha Aurek a acolhe em seus abraços uma vida, a Pequena sentida em silencio, não diz nenhuma palavra.  Aurek a leva para sua casa e diz ao seu pai que cuide das formalidades e pede a ele para que a leve junto a eles ao Brasil. O cãozinho Grã, não sai de perto da pequena por nada.

Amanhecendo o Grã late, a pequena Glapinska pega a vizinha Aurek pela mão, pede silêncio. Os soldados inimigos já haviam entrado na casa e rendido todos da família. Aurek ciente do perigo, fogem levando as passagens do navio e a poucos passos ouvem os tiros. Sua família inteira morta só por existir, nascer do lado de cá da fronteira. Nesse instante a vizinha Aurek pergunta para a  pequena Glapinska se em sua casa havia dinheiro. Sem dizer uma palavra a pequena a pega na mão e puxa. Voltam para a fazenda da pequena. Chegando lá pegam tudo que precisam e tão assustadas sem tempo para sofrer, vão pegar o navio em direção ao Brasil..

De passagens em mãos na espera da chegada do navio, centenas de imigrantes Poloneses. A pequena Glapinska, o cãozinho Grã e e a vizinha Aurek num silencio único, olhando a passagem que era de sua irmã, agora morta simplesmente por existir, numa guerra que não lhe pertence. A pequena Glapinska se passara por ela sua irmã de hoje ao sempre, pois essa ligação única é divina. Essas coisas do Senhor da vida que une vidas distintas para fazer a mesma obra na vida.

Já em viajem a Pequena Glapinska como se por benção, distrai a sua curiosidade do mundo qual nunca tinha visto, pois a cerca da fazenda era seu limite. Hoje sozinha no mundo, não solta sua bíblia por nada, pois precisa descobrir para onde foi sua mãe, para poder ir para lá um dia, olhar em seus olhos, agradecer pela vida e pedir perdão por sua chegada ser sua partida..
Quieta a pequena ouve um som lindo que nunca tinha ouvido antes, corre na direção  –  é a vizinha Aurek que tinha encontrado seu piano no navio que havia com a parte da mobília chegado ao navio um dia antes do embarque. A Pequena como estivesse nas nuvens se descobriu pela primeira vez, senta-se ao lado da vizinha, fecha os olhos e sente o que nunca sentiu –  é o poder da musica que naquele momento veio em forma de cura, como se num passe de mágica o som do piano curava a ferida da perda da vida daquele que era seu guia, seu protetor. Tudo que ela sabia é que ele sentia a vida, sua visão do mundo era pura, assisti-lo dia a dia me mostrou como viver com ou sem ele, como se ele soubesse que um dia eu precisaria ficar sozinha na vida..

Do outro lado do navio um rapaz encanta-se com a musica e vem namorar a cena que toca seu coração, a emoção exata para ser retratada. Mais que ligeiro com seu belo sorriso, aproxima-se na mais perfeita sintonia de quem sabe o que dizia, tem suas modelos e o Grão deitado encima do piano, com o por do sol colorindo lá no fundo, a lua sorrindo esta retratada. 
A vizinha Aurek, toda convencida, pois nunca se viu tão linda, a pequena encantada, de estar sendo eternizada e o Grã latindo, como se percebendo que essa união de arte, era a magia do amor que sem  perceber já existe. Ele dá uma rodada em si e deita como se tranquilo, pois além dele tem os dois também a pequena amaria protegeria..

Há dias de viajem a sintonia só crescia, nem eram, mas pareciam a mais bela família que buscava a Mãe Gentil, uma terra nova chamada Brasil, um lugar qual ainda existe a pureza do mundo novo, um lugar de terras produtivas, de climas mais variados, muitas águas, frutas animais, cenas e belezas únicas, onde se diz que Deus é Brasileiro e é essa a busca. Um lugar abençoado por Deus e bonito por natureza, a beleza aos olhos da Pequena Glapinska, a tristeza guardada qual ela não fala, a energia boa do amor que se constroem entre o Pintor e a vizinha Aurek que encanta os olhos da Menina Glapinska, a certeza do Pintor que a arte deve se herdada, pois é um dom divino o faz ensinar a Pequena a retratar a cenas, a ter o olhar sensível, preciso, que mostra ao mundo que é nos detalhes que está o lindo.
O olhar da vizinha Aurek cada vez mais apaixonada, toca seu piano tocando o coração de todos a sua volta, fazendo a união entre todos que também são retratados aos olhos do pintor, fazendo dessa viagem ter a energia precisa para se chegar na mãe gentil com a vontade pra vida, para se reconstruir, após serem perseguidos por uma causa boba, mundana qualquer fixada na mente de um orador mal intencionado, pela falsa impressão que se não está do seu lado deve ser exterminado, estando em terra mãe ou não..

A Pequena Glapinska há tempos sem dizer uma palavra, senta-se no piano e começa a tocar a musica que lhe toca a alma, as lágrimas dos olhos da vizinha Aurek vem do coração, é muita emoção. A Pequena era uma nota, o Grã em balanços e em saudação, o uivo de tanta energia contida ao ver que a Pequena de seu único amigo o qual lhe veio na lembrança o sorriso que soltava quando a Pequena Glapinska fazia algo que o encantava. No pensamento do Grã, a jura de lealdade daquele momento que seu amigo o escolheu no ninho é repassada a Pequena que protegerá por toda sua vida.Todos no navio surpresos e lá vai alegria, tudo era festa por mais difícil a viagem, a paz e a calmaria eram rotina. 

Mas ao entardecer, uma tempestade vindo de longe, ali no momento o pavor do forte vento todos medrosos, chega a chuva violenta, todos aterrorizados, mas o cãozinho Grã no ponto mais alto, como se tivesse sentindo na violência da natureza a vida por um fio, como se a certeza do valor da vida viesse mais forte. A Pequena Glapinska trêmula, pela primeira vez abre a Bíblia assustada, pois temia pela vida, ansiava pela palavra que diria para onde sua mãe havia ido quando partiu, pois sabia que seu pai era de uma visão da vida antiga e que tinha sido abençoado por ter ele em sua pequena enquanto ele tinha a vida e que a vontade do coração dela era conhecer sua mãe, pois encantada por tanto amor nas palavras do seu pai que todo dia dizia o quanto era linda e abençoada sua amada, que seus olhos brilhavam em sorrisos, por outros em lágrimas, mas nunca a mal dizia e sim, bem dizia com se fosse sua maior riqueza na vida, os dias que passou com seu único amor. Ali a pequena lê o primeiro dia, o segundo dia, o terceiro dia, o quarto dia, o quinto dia, o sexto dia e a calmaria vem. A pequena Glapinska fecha a bíblia encantada com a ideia de ao ler, ver as cenas se formando como se não existisse mais nada. Sua descoberta divina lhe tocou a vida deu uma vontade de ler sem parar e assim foi até sua chegada a Mãe gentil..

Ao avistar o Brasil o cãozinho Grã em latidos, como se dissesse:  –   Graças minha Mãe Natureza pela terra – há meses o mar aos seus olhos – a Pequena não estava. A Pequena Glapinska corre ao lado de Grã e os dois olham a terra com um ar de alivio!! Um sorriso,  a vizinha Aurek chega de mãos dadas ao seu Pintor qual sem perceber, agora seu amor. 
Navio atracado o cãozinho Grã deita e rola no chão aliviado, sentindo livre, com seus pés no chão. A Pequena Glapinska encantada, com seus olhos namora o Porto de Santos, as pessoas, vestimentas, palavras de uma língua que nem sabia que existia, pessoas negras. 
A vizinha Aurek pergunta a pequena sobre os bens valiosos que pegou em sua casa na fuga e a pequena lhe entrega, cinco barras de ouro e um saco de pedras preciosas e ali sabem que poderão chegar ao Paraná e recomeçar a vida. Agora em sim!!! 

A pequena Glapinska agarrada a bíblia começa a viagem a colônia do Paraná, encantada com tamanha variedades de vidas, passarinhos dos mais coloridos, árvores floridas, frutas tão deliciosas, tantos animais, tantas diversidades, rios e fartura de peixes, índios quase despidos com poucas penas e pinturas, uma sensação de pureza, de ingenuidade, de liberdade, do descobrir o mundo fora da cerca da fazenda, uma certeza de segurança para encarar a vida. Já não me é de direito ser uma pequena menina, preciso do continuar da vida mesmo sozinha serei destemida, a viagem se torna um encanto aos bons olhos da arte que retrata as cenas na mão do pintor que diz do mundo nas entrelinhas da tela, na mistura de poucas cores que faz a diversidade infinita tão bonita que pende os olhos no entender ou não a mensagem contida nos bons olhos de quem a cria..

Chegando em Curitiba Paraná a Pequena se depara com uma cena de um Piá negro de olhos azuis pedindo, para continuar vivo. Ela não conseguia parar de olhar um segundo. Foi até ele e após se choca com  a lágrima nos olhos dele ao ver um adulto se alimentando. Com toda sua calma o toca o rosto, ele arredio sai. O pintor toma a cena e vem já com o alimento na mão e fala com o menino que responde, – ter sido criado por um imigrante travesso que tomava pinga e cuidava do pequeno negro de olhos azuis que já com seus quatorze anos de idade, como a Pequena Glapinska que se encantava com o Piá negro de olhos azuis, que dizia que estava assim no mundo, qual vivia do que lhe restava. 
A vizinha Aurek, mais que rápido o convidou para fazer parte dessa família  – que já tinha família, – mas que construiria a paz, o amor e a vida de forma digna. E mais que rápido o Piá negro de olhos azuis, da água e alimenta os cavalos. Dotado da sua atitude da qual não tem medo da lida, da vida, do desafio pra lutar e continuar vivo na força poderosa da terra antiga, alma de guerreiro, de corpo ligeiro se joga em viagem sem destino à procura da terra que estará abaixo de seus pés nos restos de seus dias.

Grã não sai um segundo do lado da Pequena Glapinska  que esquece o mundo e se encanta com aquele Piá negro que anda descalço junto ao comboio de carroças, hora na árvore pegando frutas, nos mostrando os sabores, outras atento nos protegendo, é tão boa fé que até o ciumento Grã vem se rendendo aos seus encantos, andam correndo nos campos. Há dias de viagem sem se sentirem ainda em casa, seguem rumo ao sul enquanto a Pequena diz ao Piá negro de olhos azuis de como era, de onde vivia, do queijo, do gado, do engenho, sem tirar a atenção do que ela dizia.

O tempo passava, ele curioso pergunta sobre a bíblia que ela não solta e lhe fala de Deus ao ponto de lhe tocar o coração e ao chegar à região de União da Vitória sul do Paraná, há uma paixão imediata pelo Rio Iguaçu, as cachoeiras, o clima, ás belezas. Então a Pequena Glapinska e a Vizinha Aurek decidem que ali vão ficar.

Já entrosados com os Colonos ali presentes, ficam sabendo que às margens do Iguaçu tem terras acidentadas, muitos barrancos, quase improdutiva. A Pequena diz em tom alto:  – Meu pai dizia que não existe terra improdutiva, e essa que ninguém quer que será nosso lar.
Com o negocio feito, chegam às terras e a pequena encanta-se com uma cachoeira e lembra-se de como era o engenho de seu pai e as cenas criam-se em sua mente ao lado de onde corria o córrego que vinha da cachoeira com vista para o majestoso Iguaçu, ali constroem a casa e assim que fica pronta, o piano em uma área grande é colocado e assim inicia-se a vida. 

O tempo passou. A pequena Glapinska já moça, seu corpo muda, sua visão sobre o Piá negro de olhos azuis muda, a conversa muda e ao se sentarem em um tronco de Araucária caída na beira da cachoeira, ela conta sobre o engenho que seu pai tinha e a atenção dada ás palavras dela tinha o entendimento preciso e ali nasceu a primeira atitude juntos. 
O Pintor interessado descrevia as engrenagens do engenho como tudo em suas pinturas. Ali o Pai da Pequena Glapinska fez-se vivo, fez sua vida não ter sido em vão. A lembrança de um homem que dizia da vida e a pequena mesmo que quieta parecendo distraída com a boneca de pano na mão, sabia de cada palavra dita e o Piá negro de olhos azuis junto com a Pequena Glapinska construíram uma relação mais estreita ao ponto de um dia qualquer, em um segundo, sem pensar, se beijaram e juntos conheceram seus corpos, e o que haviam sentindo chamava-se amor.

Engenho funcionando, os morros ditos improdutivos repletos de erva mate,  a vizinha Aurek se delicia em ser mãe e ali Deus toca sua vida, entende o sentido de ser responsável por uma vida e dar o alimento não é o mais difícil, pois educar e dar o caminho é o verdadeiro desafio.
Seu  Pintor ali encantado retratando a beira da área da casa sua bebezinha tão linda, acompanhada do sabiá laranjeira que entre cantos e beliscos se delicia com a banana que está ali de cena pensada de quem malícia tem, pois retrata a arte que vem da imaginação ou da própria vida. 
A vizinha Aurek com o dom de ensinar como se fosse o seu real motivo aqui na vida, constrói uma escola. 

A Pequena Glapinska que já sabia o que dizia a bíblia, sempre em sintonia com a vizinha Aurek, constroem  a capela de Nossa Senhora de Czestochowa em sua propriedade na qual já muitas famílias trabalhavam a terra improdutiva, produziam alimentos, esperança e dignidade aos seus e esse era o sentido da vida de seu pai na sua uma obra ao mundo, – onde todos são iguais, onde nos protegemos, nos ajudamos, nos curamos, nos damos chance à igualdade da existência dada, não importando por quem, quando e onde, somos um só, estamos todos conectados pelo chão, pelo ar que passa aqui logo está aí, a fé em Deus herdada por um simples livro que complementa o para onde ir, o que não fazer, que Jesus foi a verdade, que o seu poder veio do sacrifício e da fé de quem recebia a cura bem vinda na forma linda do poder infinito de acreditar no que não se vê, que o mal é sorrateiro e usa alguns de nós mesmos, que é tudo energia e que precisamos na nossa alma da luz que ilumina o caminho, pois a escuridão confunde os olhos e perde-se o sentido, é como viver e não ter vivido..

O cãozinho Grã velho e cansado, deitado em cima do piano ouve o choro. Chegam as gêmeas da Pequena Glapinska ao mundo, ela esta viva. Durante sua gravidez seu medo foi partir assim como sua mãe e não poder ver aqueles olhos lindos, tantos cachinhos das suas Brasileiras, filhas da mãe gentil. Agora eu velho, cansado dos meus próprios passos, posso descansar, deixar o mundo, na certeza meu amigo!!  – Que não lhe traí deixando sua pequena sozinha no mundo.

De última cena, o rio Iguaçu, uma araucária carregada e o canto da gralha azul, um suspiro de alivio para nunca mais ..


quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Tanta Gente - SamBennett

 

Tanta gente me estudando, tentando me entender.
Não percebem que me entender
não é uma questão de inteligência,
e sim SENTIR. 

-Samantha Bennett-
11/12/2018


sábado, 8 de dezembro de 2018

Guerreira - Rodrigo 'cC'


Quando ela vira ira,
menina que protege com a vida.
 alma antiga, na sua naturalidade
dons antigos divinos bem vivos
uma visão antiga,  já quase extinta,
musica por si só.
Agora meu verso, que me alucina
quão guerreira pelo amor puro
atravessa mundos, onde ninguém imagina
mas sim um sonho,  um caminho,
a verdade escondida dentro do amor 
que essa menina protege até com a vida
de doce, toda toda linda
de bem com a vida.
é a gigante Camponesa
que habitava outra era,
na terrena, na divina
no continuar da vida..

Rodrigo 'cC'
08/12/2018

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

O tempo não existe


"E se disserem que o amor enfraquece com o tempo, 
diga a eles que o tempo não existe"...

Jack Johnson

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Seres Espirituais


Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual
Somos seres espirituais vivendo uma experiência humana."

-Pierre Teilhard de Chardin-

sábado, 1 de dezembro de 2018

...e pronto! Rodrigo 'cC'


"Meu coração se parece como uma criança.
Não raciocina, diz sempre a verdade,
faz o que sente e ponto..."

- Rodrigo 'cC -
16/09/2015