o pé vai sentido assoalho, a mão ao cambio, curvas diversas, entre reduzidas, trocas habilidosas, uma ou outra a mão ao freio de mão, fazia o Chevette sem as rodas para fazer as curvas e entre fumaças surgia o astuto Chevette 77, nos retrovisores, carretas e movimento pouco. Já é meia noite, a lua em três dias irá sorrir. Ao terminar a descida da serra, retiro o pé do assoalho e seguimos viagem.
Chegamos a Pontal, entro no barco, olhando o Chevette 77 de coração apertado, fomos à procura da Princesa para dar um sentido à vida de meu Primo.
Diz ele que o mais belo Amor é o dos puros que desde cedo levam a vida juntos na ideia da verdade de o amor ser um só. Eu às vezes até sonho quando viajo em pensamento sozinho que talvez um dia o amor me encontre, pois eu ainda não sei sentir ele, por muitas nem mesmo por mim, então procurar o que? Mas, vai que vai, barulho da "barca" da travessia, o sorriso de Piá faceiro no Primo e é essa mesmo a ideia: a pessoa quem gostamos e não querer dizer, que isso que aquilo. Não temos esse direito né? Pra que? Se a vida já é um se vira louco e alma dia a dia pra mim não serve, eu me preservo.
Meu Primo então que não faz mal nem a ele. Eu já sou mais terrível um pouco e legal. –Ah! Como é bom ser livre, pensar. Que delicia ir e vir de pé ou de ponta cabeça. É assim que eu me sinto bem, nem adianta eu querer me envolver, a menina vai sofrer. Sou largadão demais para que me cuidem, nem pra minha mãe digo de mim, fujo de conversa séria e em casa com meu Pai não rola desde muito cedo. Sou assim. Meu Pai xucro, sem vergonha até com as cunhadas se der mole, minha mãe pilar, guerreira família. Minha irmã só de corpinho com os caras pra pagar faculdade, meio estranho, mas é assim.
Já na casa do Primo se é grato até a um copo de água, tipo outro mundo, a casa da avó, mesmas conversas, lembranças e comidas, mas é isso mesmo de todo tipo, cores e aparências. São as famílias que brigam e brincam.
Já na Ilha do Mel, meu Paraná encantado, enfim o chão e os dois sem barraca e nada além da alegria em um bolso e em outro dinheiro. Chego a uma pousada, eu já dei um jeito de ir pescar. Com meu jeito gentil e fácil de lidar, com aquela fome que a alegria causa.
Voltando da pescaria, encontro a tia espalhafatosa toda toda se achando, e podia, porque naquele biquíni ela estava muito menina, mas a Princesa não estava junto dela. Eu mais que malandro desviei o caminho e vi onde eles estavam acampados, pois naquela hora eu estava até mais interessado na tia que meu Primo na Princesa.
Voltei a pousada, dominei a cozinha, nem falei nada ao meu Primo que ia rolar uma fervo no camping onde estava a Princesa e assim foi...
Na cozinha da pousada, eu a fazer peixe para todos que ali estavam, muita harmonia, a música "Daddy Cool" rolando e meu Primo em seus passinhos perfeitos com graça em sua ginga. Ali me senti voltando no tempo, cheio de alegria e sorriso bobo acabei entrando dança.
Jantamos. Eu no grau da cerveja, aquele toque simpático, ousado que fala, conversa e mais meu jeito. Quando me dei conta, nem sabia o nome da menina.
Saí da pousada e fui com meu Primo até sua surpresa envolta a Princesa e assim fomos. Quando a Princesa viu meu Primo quase levitou em um sorriso, até eu que sou desprovido de sentimentos me comovi. Ali eu acreditei!! O amor existe!!! Peguei uma cerveja, meu Primo um suco e cada gole que eu dava, mais cara de pau eu ficava. Já me envolvi, fiz amizades com as meninas de Maringá que ali estavam, "deram ideia" e eu fui brincando sorrindo, o carnaval rolando, apenas violão e percussão.
O Pai da Princesa com aquela cara de mal, mas logo percebi que era só cara, nem olhava pro lado. A Patroa devia ser da braba.
Naquela noite a lua quase em sorriso, num momento de bebedeira do Pai que apagou dando a chance para o encontro. Iniciaram a conversa entre o Primo e a princesa com brilho nos olhos.
A tia espalhafatosa me acompanhou, fomos ao mar. Lá fora os dois a namorar, olhando a lua, cena perfeita, enquanto eu sem vergonha, na segunda intenção com a tia e em meio as palavras, ela se sentiu a mais bela e desejada, aí foi o primeiro passo a fazê-la se sentir realizada. Assim ambos, no outro dia durante uma conversa, ela contou-me que a Princesa estava muito doente e que esse passeio veio para lhe realizar um desejo e que tudo esta indo mais lindo que o impossível. Então eu de coração apertado, nó na garganta de saber que a Princesa sofre "uns apagos” sem um porque e que por várias vezes sua vida correu e corre risco, mas como vou contar ao Primo isso tudo? Resolvi não falar nada, apenas peguei o contato da tia, em Foz do Iguaçu.
Assim os dias foram passando, a Princesa era só alegria que até o Pai havia percebido e nesses dias eu
vi o amor, seu poder e fiquei tocado.
Voltamos a Colombo nossa cidade mãe. Eu com aquilo na cabeça sobre a saúde da Princesa e o que eu vi o amor fazer. Então liguei para a tia espalhafatosa e ela contou-me o quanto a Princesa melhorou, que não havia tido mais aqueles "apagos" ou ficado por segundos sem respirar e na graça do Anjo sempre volta, mas deixa o medo de que não volte, a medicina não consegue explicar.
Peguei meu Primo fomos pra Foz do Iguaçu, ficamos na casa da tia espalhafatosa e ali em cada passo, de mãos dadas, naquelas cenas tão belas dos passeios nos parques de Foz do Iguaçu, eu vi amor e vontade de viver. Na minha mente de desacreditado, acreditei que o amor que um tinha pelo outro podia ser a cura.
Voltamos a Colombo. Passado um tempo, a tia espalhafatosa veio a Colombo na casa do Primo, ambiente educado e abençoado. A tia espalhafatosa veio posar em minha casa e assim criamos nossa amizade colorida.
Os meses foram passando, não havia dado mais nenhum ataque na Princesa, ela estava curada pela maior força no mundo “o Amor” que é capaz até mesmo de afastar a morte, é energia viva, divina que precisa de duas almas fundidas se completando que tornam um único gigante chamado Amor e que sim é o mais lindo e também a mais difícil conquista em vida.
Dois anos se passaram...
A caminho da Ilha do Mel onde o primeiro beijo foi dado. Voltamos eu com uma nova garota no banco do passageiro do Chevette 77, olho no retrovisor o amor estava ali no banco de trás de mãos dadas e ele cantava essa musica a sua Amada .
Musica/Letra/Tradução:You and I - Scorpions
24/03/2019